Portugal, Bragança, Carrazeda de Ansiães, Lavandeira
Arquitectura militar, medieval. Castelo de planta ovalada, com muralhas ostentando alguns cubelos quadrangulares, sendo a porta de acesso, ladeada por dois torreões, junto à Igreja de Santiago, surgindo a torre de menagem, quadrangular, no lado oposto. A povoação apresentava uma cerca, também ela com cubelos, rasgada por quatro portas, viradas aos pontos cardeais. Os vãos de acesso são todos de volta perfeita, com a moldura formada pelas aduelas do arco. Cisterna com cobertura em abóbada de granito.
Número IPA Antigo: PT010403070002
Categoria
Monumento
Descrição
Restos de fortificação em alvenaria granítica, com muralha de planta ovalada irregular, com cerca de 2,65 m. de espessura e uma altura que atinge, em certos pontos, os 6,6 m. e reduto mais pequeno no ponto mais elevado, formando um quadrilátero. O recinto interior tem uma entrada a S., a de São Salvador, em arco de volta perfeita com moldura dupla, constituída por duas fiadas de aduelas, as interiores mais estreitas e largas, guardada por duas torres rectangulares, a do lado esquerdo parcialmente destruída, surgindo os vestígios da torre de menagem, a N., de planta quadrangular e que tinha dois andares; é ladeada pelo Postigo da Traição *1. Neste perímetro, vestígios da cisterna, actualmente obstruída, com cobertura em abóbada de granito, tendo a zona inferior cavada na rocha.
A cerca, igualmente ovalada, envolvia a vila velha, criando um segundo perímetro defensivo, nos lados E. e S., em algumas zonas assentes em afloramentos graníticos, onde ainda são visíveis restos de casas de habitação e cubelos, alguns com vestígios de barbacãs. Esta zona defensiva é servida pela porta da Fonte Vedra, a S., em arco de volta perfeita, assente em impostas salientes, tendo, a E., a porta principal, que dava caminho para a Lavandeira, denominada Porta da Vila. A O., fica a porta de São João e a de São Francisco, de volta perfeita, emoldurada pelas aduelas do arco e mais alta no interior, compensando o desnível do terreno, que abre para uma primitiva estrada romana. A partir de cada porta desenvolve-se um caminho em pedra, que converge para o centro.
Acessos
EN 214, no lug. de Carrazeda de Ansiães, a 3 Km. da vila de Carrazeda, com acesso por estrada esfaltada que liga directamente ao castelo
Protecção
MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910
Grau
1 – imóvel ou conjunto com valor excepcional, cujas características deverão ser integralmente preservadas. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Monumento Nacional.
Enquadramento
Rural, isolado, inserido numa envolvente rochosa, a Serra da Vila, rodeado de zonas cobertas de vegetação e, a cerca de 200 metros de entrada, zona cultivável. Implementado num pequeno planalto, tem, acima dele, uma pequena cordilheira e numa cota inferior uma sequência de três pequenos montes. A cerca de 40 m. da entrada do castelo existem as ruínas do Convento de São João (v. PT010403070030), datado do período românico, surgindo, dentro do perímetro da muralha exterior, a Igreja de São Salvador (v. PT010403070003).
Descrição Complementar
Utilização Inicial
Militar: castelo
Utilização Actual
Marco histórico-cultural: castelo (aberto das 10:000 às 12:00 e das 14:00 às 17:00, encerrando às 2.ª e 6.ª feiras e nos feriados de 1 Janeiro, Páscoa, 1 Maio e 25 Dezembro)
Propriedade
Pública: estatal
Afectação
DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009
Época Construção
Séc. 12 / 14
Arquitecto / Construtor / Autor
ARQUITETO: Baltazar de Castro (1930); Francisco José Melo da Cunha (1993).
Cronologia
Período Calcolítico - datam deste os primeiros vestígios arqueológicos encontrados no local; época Romana - o local era habitado, sendo encontrados vários vestígios arqueológicos deste período; 409 - invasão dos bárbaros saqueia a povoação; 711 - saque pelas tropas muçulmanas; séc. 11 - os mouros escaparam às tropas leonesas pelo postigo da Traição, existindo, portanto, uma fortificação no local; 1057 - primeiro foral, dado por Fernando Magno, sendo referida a povoação de Ansilares; 1160 - D. Afonso Henriques confirma o foral da vila; 1198, 6 Abril - foral dado por D. Sancho I; 1219, Abril - D. Afonso II confirma foral; séc. 13 - reconstrução do reduto; 1277 - D. Afonso III concede feira à vila; 1372 - D. Fernando dá a vila a João Rodrigo Porto Carrero; 1384 - João Rodrigues levantou armas por Castela; 1384 / 1496 - carta para os lugares de Freixial, Murça e Abreiro servirem por adua e por dinheiros nas obras do castelo; a vila estava então cercada na sua maior parte por pedra miúda e, para se apressarem a fortificá-la com pedra talhada e torres, precisavam de ajuda, já que para a obra só concorria as terças das igrejas da vila; 1443 - o regente D. Pedro deu aos moradores os impostos das vilas de Freixiel, Abreiro e Vilarinho da Castanheira para conserto dos muros; 1510, 11 Junho - concessão de foral novo por D. Manuel; 1516 - doação do castelo a Rui Dias de Sampaio; 1527 - a vila possuía 35 fogos habitados; a falta de água e a distância relativamente a terrenos férteis e às principais vias de comunicação levam ao progressivo abandono da mesma; 1580 - 1591 - arranjos nos muros; à custa das terças reais; 1640 - reforço da muralha pelo locais; 1734 - sede do concelho passa para Carrazeda de Ansiães; apenas 13 famílias habitavam na vila; séc. 19 - a povoação foi definitivamente abandonada; 1930, 15 maio - Portaria com nomeação do arquiteto Baltazar de Castro para integrar a Comissão administrativa das obras do castelo de Carrazeda de Ansiães (Portaria de 10 maio, DG n.º 110, 2.ª série); 1992, 01 Junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 1995 - início do Projecto Arqueológico do Castelo de Ansiães, pelo Grupo de Estudos de História da Viticultura Duriense e do Vinho do Porto (GEHVID), integralmente financiado por este grupo e pela Câmara Municipal de Ansiães; 1996 - 1998 - escavações arqueológicas no exterior e interior do perímetro muralhado, dirigidas pelo arqueólogo Luís Pereira.
Características Particulares
Castelo muito arruinado, mas cuja estrutura é passível de reconstituição, apresentando algumas particularidades, nomeadamente a existência do postigo da traição junto à torre de menagem e mantendo as suas portas bem conservadas, uma delas com dupla moldura constituída por dois níveis de aduelas e vestígios da barbacã junto aos cubelos da muralha. Este castelo e o de Vila Flor complementavam-se entre si, destacando-se o facto de estar implantado numa zona protegida, num pequeno planalto natural, entre uma cordilheira e três pequenos montes. Mantém a primitiva cisterna em relativo bom estado, embora com o acesso obstruído, tendo a zona inferior cavada na rocha.
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes portantes.
Materiais
Granito argamassado; cimento; madeira nas portas; ferro.
Bibliografia
AGUILAR, José, Carrazeda de Ansiães e seu Termo, Carrazeda de Ansiães, 1980; Castelo de Ansiães visitável até 2006, in O Informativo, 10 Janeiro 2005; IPPAR, Dar Futuro ao Passado, Lisboa, IPPAR, 1993; LOPES, Flávio [coord.], Património arquitectónico e arqueológico classificado. Distrito de Bragança, Lisboa, 1993; MORAIS, João Pinto e MAGALHÃES, António de Sousa Pinto, Memórias de Ansiães, Carrazeda de Ansiães, 1985; PEREIRA, Ricardo Manuel Paninho, De Ansiães a Carrazeda de Ansiães, s.l., 1991; Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; VERDELHO, Pedro, Roteiro dos Castelos de Trás-os-Montes, Chaves, 2000.
Documentação Gráfica
IHRU: DGEMN/DSID; CMCA; GEHVID
Documentação Fotográfica
IHRU: DGEMN/DSID
Documentação Administrativa
IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR; CMCA; GEHVID
Intervenção Realizada
DGEMN: 1930, 15 maio - Portaria publicada no DG n.º 110, 2.ª série, nomeando o arquiteto Baltazar de Castro, diretor interino dos Monumentos Nacionais do Norte, para integrar a Comissão administrativa das obras a executar na Igreja e Castelo Carrazeda de Ansiães, comissão que era constituída ainda por Manuel de Melo Sampaio (Visconde de Alcobaça) e António Bernardo Ferreira Trigo Moutinho; 1944 / 1945 - recuperação dos panos de muralha; 1976 - consolidação da muralha; 1977 - consolidação da base da torre poente do castelo; CMCA: 1996 / 1997 / 1998 - escavações arqueológicas; IPPAR: 1993 - projeto de revitalização e salvaguarda do castelo, pelo arquiteto Francisco José Melo da Cunho, no valor de 6 993 000$00; 2004 - construção de um centro de recepção.
Observações
*1 - existia uma cisterna abobadada que foi desmontada pelo IPPC e nunca remontada, bem como a Torre dos Lameiros, actualmente destruída.
Autor e Data
Ernesto Jana 1994 / Marisa Costa 2001
Actualização
Paula Noé 1999
in:monumentos.pt
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