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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Espera-nos a coragem ou estaremos todos num gueto daqui a uma meia dúzia de anos, Portugal será um gigante bairro social

Há 6 meses dissemos num debate da Apre que o plano era cortar as reformas para metade. Ouvi na altura um mmmmmna sala. Seria exagero? Aquilo que hoje é normal era há 6 meses difícil de acreditar. Dissemos, com cuidado, que o plano era fazer descer todos os salários ao nível da simples possibilidade de comer e no dia a seguir ir trabalhar. Que quem ganha 432 vai passar a ganhar 300. E quem ganha 1500 vai ganhar 500.

O Governo anunciou hoje o que todos os estudos de académicos críticos sobre mercado laboral tinham escrito – um corte de 60% no salário dos funcionários públicos. Nos da mobilidade agora, depois em todos, é esse o argumento deste texto. 60% obviamente será o lema a aplicar aos trabalhadores do privado e às reformas. Recordo um dado técnico - o salário do funcionalismo público na Europa ocidental é um regulador de todo o salário nacional (e reformas).

Digo-o agora com a mesma certeza que disse que os salários iam cair abaixo do mínimo: sem uma revolta social, sem um conflito corajoso, isto é o princípio de uma vida que se resumirá a comer frango de aviário, ficar preso às terras ou ao bairro, sem dinheiro para transportes ou férias, beber zurrapa. Com o tempo ficaremos mais atrasados, por isso mais desinteressantes, de vistas curtas da terra ou bairro onde estamos presos, até menos inteligentes, porque a inteligência é um talento que precisa de ser regado todos os dias. Com alguns anos, estaremos mesmo mais baixos, com olhos encovados como quem tem pouca proteína e falta de ferro. Mais feios por isso. Mais incultos, mais infelizes e claro, mais brutos… Este país era pobre, e por isso feio, baixo, atarracado, com bócio endémico, atraso mental e outras maleitas. E triste, muito triste, antes do 25 de abril. Por mais duro que seja ler estas palavras a verdade é que sair da pobreza com dignidade é um conto de fadas, que só existe na mesma escala em que se fica rico vindo de uma origem pobre. Quase zero portanto.

Espera-nos a coragem ou estaremos todos num gueto daqui a uma meia dúzia de anos, Portugal será um gigante bairro social. O nome dado aos lugares onde a sociedade abdicou de ser social e onde tantos lutam diariamente, desesperadamente, para se manterem humanizados, contra a barbárie da pobreza.

Excepto para aqueles, meia dúzia de intelectuais, que fartos, fugirem, como fizeram e bem em 1950-60-70, sabendo eles que uma sociedade pode entrar numa vertigem de retrocesso social por décadas.

Se isto for para a frente a direita fez o que lhe estava na alma, a culpa será por isso também da esquerda, e de quem alimentou a ideia de que isto ia lá sem conflitos radicais. E claro, a culpa será também individual. De quem tem tanto medo de viver que acabará com medo na mesma, só que despojado de tudo, da vida, da dignidade, da felicidade, da possibilidade de ser melhor, de ver os filhos serem melhores. Sobrar-lhes-á o medo, nada mais.

Raquel Varela

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