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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Montesinho: Barragens e estradas destroem valores naturais e afetam a integridade do parque

A construção de barragens e de estradas está a destruir os valores naturais e a afetar a integridade do Parque Natural de Montesinho, alerta a Quercus ao assinalar-se o 35º aniversário desta Área Protegida.

No dia 30 de Agosto, comemorou-se o 35º aniversário da criação do Parque Natural de Montesinho. A Quercus, à semelhança do que tem feito para outras Áreas Protegidas faz uma retrospetiva do que foi feito de positivo e negativo neste Parque Natural e cria cenários com base na identificação de ameaças e de oportunidades.

O Parque Natural de Montesinho (PNM) foi criado em 1979, tendo em vista a preservação e conservação da riqueza natural e paisagística do maciço montanhoso de Montesinho - Coroa e dos terrenos adjacentes, abrangendo parte dos concelhos de Bragança e Vinhais. 

A posição geográfica do sistema montanhoso, a amplitude das altitudes atingidas, a variedade geológica e geomorfológica e a atividade humana desenvolvida ao longo de séculos, são fatores que promoveram uma extraordinária diversidade de comunidades vegetais e espécies da flora e da fauna. 

O bom estado de conservação dos ecossistemas e a extensão do Parque dão garantias de manutenção de populações viáveis de algumas espécies ameaçadas da flora e da fauna. O Lobo-ibérico possui aqui algumas alcateias, albergando cerca de 15% do efectivo populacional.

Devido às suas características, o Parque Natural de Montesinho foi inserido na Rede Natura 2000 através da criação do Sítio de Importância Comunitária e da Zona de Proteção Especial para Aves Selvagens “Montesinho - Nogueira”. 

Contudo, nesta área protegida são diversos os factores que colocam em causa os objectivos propostos aquando da sua criação, sendo exemplo disso os impactes provocados pelas actividades humanas, nomeadamente, a implementação injustificada de infraestruturas como barragens - sendo o exemplo de Veiguinhas algo que não poderá repetir-se - e vias de comunicação, a exploração descontrolada e ilegal das massas minerais (rochas ornamentais e rocha rústicas) e a exploração inadequada dos recursos florestais com o corte e destruição dos bosques autóctones e da vegetação ribeirinha. 

Verifica-se ainda o abandono de práticas agro-pecuárias tradicionais que beneficiam a manutenção de espécies/habitats relevantes, a recorrência de incêndios, a instalação de monoculturas de espécies de crescimento rápido, lixeiras clandestinas e construções de edifícios visualmente dissonantes das habitações tradicionais e a ausência de gestão e monitorização dos cursos de água e das comunidades naturais associadas. 

O PNM é ainda afectado por vários factores de ameaça como a florestação de áreas naturais com resinosas e espécies exóticas em detrimento da promoção da regeneração natural, a introdução de espécies aquícolas exóticas, a elevada pressão cinegética e turística e também a crescente procura por este local para a prática de desportos motorizados. 

Neste contexto, a Quercus volta a reiterar a necessidade de se aplicar medidas de gestão direccionadas para a preservação e recuperação dos valores naturais, tendo em conta a conservação dos habitats e espécies que ocorrem neste espaço natural. 

Posto isto, é urgente condicionar a construção de infraestruturas como barragens, parques eólicos e a expansão dos aglomerados urbanos, a introdução de espécies exóticas e a exploração de recursos mineiros. 

É importante criar um programa de conservação de recursos hídricos que inclua a recuperação da vegetação ripícola e o ordenamento e gestão dos recursos aquícolas, bem como um programa dirigido de incentivos às práticas agrícolas e silvícolas tradicionais que promovam a recuperação dos bosques autóctones e a pecuária extensiva. 

Por fim, a Quercus considera indispensável que, para além da monitorização e vigilância das serras de Montesinho e Coroa em períodos de elevado risco de incêndio, deverão ser estruturadas e bem definidas acções de controle selectivo mecânico da vegetação arbustiva complementado por pastoreio.

Para avaliar a Área Protegida foi elaborado um quadro, que é colocado em baixo, com base numa análise que apresenta o diagnóstico (Forças e Fraquezas) e o prognóstico (Oportunidades e Ameaças).

Lisboa, 30 de Agosto de 2014

A Direcção Nacional da Quercus - Associação Nacional de Conservação da Natureza
A Direcção do Núcleo Regional de Bragança da Quercus

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