O chão que pisamos, essa fina película do nosso planeta rica em vida e matéria inorgânica que veste os continentes e que designamos por solo, requer uma melhor compreensão e a nossa melhor atenção.
E, este ano de 2015, é a ele dedicado. De facto, a Assembleia Geral das Nações Unidas, na sua 68º Sessão, declarou o dia 5 de dezembro como Dia Mundial do Solo e 2015 como o Ano Internacional dos Solos.
Esta iniciativa internacional, que se desenvolverá ao longo de 2015, visa aumentar a consciencialização e a compreensão da importância do solo para a segurança alimentar e as funções vitais dos ecossistemas. Tem os seguintes objectivos específicos: consciencializar a sociedade e os decisores públicos sobre a profunda importância do solo para a vida humana; educar o público sobre o papel crucial que o solo desempenha na segurança alimentar, na adaptação e mitigação das mudanças climáticas, nos serviços essenciais dos ecossistemas, na redução da pobreza e no desenvolvimento sustentável; apoiar políticas e acções efectivas para a gestão sustentável e a protecção dos recursos do solo; promover o investimento em actividades de gestão sustentável do solo para desenvolver e manter solos saudáveis para diferentes utilizadores da terra e grupos populacionais; advogar por um reforço rápido da capacidade de recolha de informação sobre o solo e da sua monitorização em todos os níveis (global, regional e nacional).
Mas o que é o solo? Existem diferentes perspectivas sobre o que se entende por “solo”, a que correspondem também diversas definições. No sítio na internet da Sociedade Portuguesa da Ciência do Solo (http://www.spcs.pt/) encontram-se algumas definições que coincidem «quanto à localização do solo (à superfície da Terra), à sua constituição (muito heterogénea) e ao seu papel vital para os ecossistemas e a biosfera (através das plantas e de outros organismos vivos)».Uma das definições é esta: «O solo é geralmente definido como a camada superior da crosta terrestre, formada por partículas minerais, matéria orgânica, água, ar e organismos vivos. O solo constitui a interface entre a terra, o ar e a água e aloja a maior parte da biosfera».
Uma outra definição: «O solo é o material não consolidado, mineral ou orgânico, existente à superfície da terra e que serve de meio natural para o crescimento das plantas». Esta definição sublinha a importância do solo como material de enraizamento das plantas e que é reservatório de nutrientes para elas. Sem solo não seria possível a agricultura e logo toda a civilização humana que se desenvolveu desde há cerca de 10 mil anos.
O solo está em íntima relação com a vida, permitindo que ela exista. Mesmo as formas de vida aquáticas, nos rios, lagos e oceanos, dependem do fluxo de materiais que são para eles transportados a partir dos solos.
Os solos não têm voz e há poucas pessoas a falar por eles, a estudá-los, a protegê-los, a usá-los de forma equilibrada. Uma boa utilização dos solos é crucial para a sobrevivência da espécie humana no planeta Terra. Por isso é de extrema importância estudar o solo para melhor o conservar e utilizar.
O solo é um recurso que está sujeito ao impacto da actividade humana. O solo demora milhares de anos a ser desenvolvido, mas a actividade humana pode destruí-lo em horas! Daí a importância de iniciativas internacionais como o Ano Internacional dos Solos para nos consciencializarmos do que devemos ou não fazer para preservar os solos.
Assim que tiver oportunidade, apanhe um punhado de terra do solo. E observe-a. Sinta a sua importância para todas as formas de vida e para a civilização humana.
António Piedade
Conteúdo fornecido por Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva
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