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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 25 de janeiro de 2015

Aldeia recupera "chocalhada" para afastar pragas e lobos

A aldeia de Brunhosinho, no concelho de Mogadouro, distrito de Bragança, está apostada em recuperar uma "ancestral chocalhada", que tinha por missão afastar as pragas, doenças e até os lobos dos rebanhos que circundavam a população.
Segundo a população local, o gado, quer ovino, caprino, quer bovino, que abundava e ainda abunda no Nordeste Transmontano usava chocalhos e campainha para anunciar a sua presença e para indicar aos pastores por onde andava, quando algum se tresmalhava.

Para uns, tratava-se de uma forma de "ritualizar" os medos que os pastores sentiam quando, isolados em noites escuras de inverno enfrentavam as intempéries e os perigos da proximidade dos lobos "esfomeados", , quanto mais não fosse pela solidão e impossibilidade de ter ajuda, caso algo corresse mal.

Esta tradição tão ruidosa era uma forma de "espantar os maus espíritos", para que não exercessem as suas más influências sobre si e os seus rebanhos.

Segundo o investigador Antero Neto, esta tradição que agora se pretende recuperar são "reminiscências" das velhas "Festas de Rapazes", que se realizavam em Brunhosinho, a 20 de janeiro, e que passava pela tradicional "chocalhada" em honra de São Sebastião.

"O santo aparece, naturalmente, devido à cristianização da festividade, outrora pagãs que a comunidade dedica à proteção dos animais e à expulsão dos espíritos malignos da aldeia. Ancestralmente, esta função desenrolava-se ao longo de três dias, tendo o seu apogeu a 20 de janeiro, e após nove dias de orações, também conhecidas por novenas", explicou.

No entanto, se a festa era reservada aos rapazes, muitos acabaram por deixar a terra e foi uma jovem rapariga que, na companhia do seu irmão mais novo que e desde tenra idade conseguiu manter viva a tradição.

"Herdei o gosto por estas chocalhadas do meu avô, já que era pastor e sempre nos ensinou a forma de manter viva esta tradição", contou Marcela Pereira.

Atualmente, as migrações levaram a juventudes local para outras paragens, e a que festa passou a ser realizada num altura em que se possa juntar o maior número de residentes e mais próximo possível do dia de São Sebastião.

Para "compensar" o santo, pela sua proteção aos animais, no último dia da chocalhada, que hoje termina, acende-se a fogueira, sendo igualmente feito um peditório ao longo da localidade.

"As pessoas ofereciam peças de fumeiro e outras partes dos animais, que no final eram leiloados, revertendo o respetivo pecúlio para a mordomia da festa", observou.

Antero Neto lembra que estas chocalhadas, ou "pandorcas", chegaram a ser "fortemente perseguidas pela hierarquia católica".

Porém, conseguiram sobreviver fruto da resiliência do povo, que "as manteve contra tudo e contra todos".

Para António Galvão, um dos promotores, foi preciso criar uma entidade coletiva, sob a forma de confraria, e agora se tornou responsável pela preservação e divulgação dos valores inerentes a esta tradição.

Lusa

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