A igreja de Fontes Transbaceiro, no concelho de Bragança, corre o risco de ruir. Há pouco mais de um ano uma parte do muro que delimita o adro da igreja caiu e desde essa altura tem havido um deslizamento de terras que coloca em risco a sustentabilidade do edifício.
Os sinais de derrocada começam a ser visíveis. Mas os problemas desta igreja não ficam por aqui. O interior há 58 anos que não é intervencionado. A humidade e as infiltrações de água, que só ficaram resolvidas com a substituição do telhado há cerca de quatro anos, provocaram danos nas paredes e no soalho.
A população da aldeia lamenta o estado em que esta igreja se encontra e teme pela segurança de quem a frequenta. “Eu tenho medo que as fissuras que se começam a ver entre a derrocada e as paredes da igreja possam entrar nos alicerces e, então, seria a desgraça total. O soalho está completamente podre, está todo carcomido, as paredes estão uma lástima. Antes de pormos o telhado novo, tal foi a humidade que entrou, que nasceram cogumelos no altar de Nossa Senhora”, conta Maria da Conceição Ferreira.
Pedro Ferreira, o juiz da comissão fabriqueira refere que com o dinheiro que conseguiram amealhar e algumas verbas disponibilizadas pela Câmara Municipal foram feitas obras mais urgentes, como o caso do telhado e a requalificação do adro. Pedro Ferreira refere que o objectivo era remodelar o interior do templo, mas a prioridade, agora, é refazer o muro. Obras para as quais não têm verbas.
O juiz da comissão fabriqueira de Fontes Transbaceiro acredita que, na altura em que se procedeu ao calcetamento do adro da igreja, o sistema de escoamento de água não terá sido feito nas melhores condições, o que pode ter provocado a derrocada do muro.“Houve um enchimento bastante acentuado na parte de trás da igreja para fazer com as águas corressem para a parte da frente. Na minha opinião, devido a isso e aos cilindros que circularam por aqui e ao abatimento da terra, existirá um problema estrutural. Ainda não tínhamos dinheiro suficiente para resolver um problema, deparámo-nos com outro ainda pior porque neste momento a igreja está em risco de ruir. O buraco já está a dois ou três metros da igreja e todas as semanas aumenta. Será uma obra de milhares de euros pois é necessário deitar o muro todo a baixo e fazê-lo de novo” , constata Pedro Ferreira.
O pároco de Fontes Transbaceiro afirma que tudo tem feito para solucionar o problema e espera sensibilizar as entidades competentes para que possam apoiar a obra. O padre Estevinho Pires lamenta que este templo se encontre em mau estado de conservação e corra mesmo o risco de desaparecer. “Estamos a falar de um património que é urgente preservar, primeiro para que não deixemos afectar as estruturas do edifício, que estão em risco. O muro tem para cima de seis metros de altura, está adossado a um antigo cemitério e a movimentação de terras pode por em perigo a própria igreja. Não é um património muito valioso, tem valor sentimental, mas tem alguma originalidade e alguma beleza. Há aqui peças únicas, desde um relógio, aos próprios altares, do século XVI e XVI, com talha nacional e um presépio com a sua maquineta… Há aqui peças invulgares que mereciam a visita das pessoas e que merecem a sensibilidade de quem nos puder ajudar” , Nuno Diz, o presidente da Junta de Freguesia do Parâmio, à qual pertence Fontes Transbaceiro, reitera a necessidade destas obras. Afirma que está a tentar pressionar o Município de Bragança para que possa apoiar a requalificação do muro e da igreja. “A junta de freguesia tem, em conjunto com o senhor padre e a comissão fabriqueira tentado junto da Câmara que se resolva situação. Temos apelado à necessidade urgente da resolução do problema uma vez que pode mesmo ruir a própria igreja. Sabemos que, nesta altura, o dinheiro não é muito, mas é um património histórico que é de todo o interesse preservar”, salienta o autarca.
Confrontado com esta situação, o presidente do Município de Bragança, Hernâni Dias garante que fará todos os possíveis para solucionar o problema e apoiar também as obras de restauro do interior da igreja. “Neste momento temos os serviços a avaliar a forma de reabilitar o muro e os custos associados a essa reabilitação e, dentro de pouco tempo, tomaremos uma decisão em relação à forma de resolver esse assunto, uma vez que coloca problemas de segurança.
O Município tem tido uma política muito positiva no que toca à reabilitação do património religioso e não deixaremos, em circunstância alguma, dentro daquilo que são as nossas possibilidades, apoiar essa intervenção”, assegura Hernâni Dias.
O Município aguarda um parecer técnico que indique as reais necessidades da intervenção e os respectivos valores.
A comissão fabriqueira já tem uma estimativa do custo das obras. A reconstrução do muro ronda os 25 mil euros e o restauro da igreja ultrapassará os 150 mil euros.
Escrito por Brigantia
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