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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Notícias da aldeia

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

A primavera enganou-me numa promessa de noites quentes e cerejeiras floridas… e somente trouxe este inverno que gela a alma e toda a esperança que ainda habitava rente à linha ténue do horizonte…
… a quadratura do círculo cumpriu-se na sombra das cegonhas que vêm de antiquíssimas paragens e vão embora quando menos se espera… e só fica um rouxinol intemporal, pendurado nos ramos secos dos freixos, avivando uma dor antiga e indefinida… que já nem dói… é somente um eco fortuito `nas arribas alcantiladas da tristeza…. onde a solidão habita… … e há bandos de pássaros sem nome que assombram as memórias…
… e a aldeia dói-me… como se há mil anos aqui vivesse, nas ruinas dos casebres, no forno apagado, no moinho sombrio, no ribeiro que secou… nas lavadeiras que silenciaram o dizer…
… todos partiram, sem acomodar as vacas, sem apascentar o rebanho, sem fazer a segada, sem malhar o trigo… sem embebedar as mágoas, na taberna, domingo à tarde…
… até a tia Caseira se esqueceu de ralhar com a vizinha por causa das pitas que lhe debicavam o renovo!... e foi-se embora… entardecia… ficou somente a sombra deslavada duma mulher errante… para todo o sempre!
… todos se foram deixando dependurado o eco longínquo… dos gritos que se calaram… 
… e fiquei eu … sombra de ninguém… silenciosamente à espera do vento de feição… e das asas da madrugada… para partir… 
… nesse dia começará a primavera!... e haverá ramos floridos em todas as macieiras… e goivos em todos os caminhos!


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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