(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Segundo Bertrand Russell, a inveja, é a base da democracia.
As alterações políticas, que ocorrem, são motivadas pelas paixões; e “a paixão, que deu forças impulsionadoras às teorias democráticas, foi, sem dúvida, a inveja.”
Bertand Russell, recorda, ainda, na obra. “ A Conquista da Felicidade”, como Madame Roland, se notabilizou na defesa do povo:
Certa vez, ao visitar castelo aristocrático, fizeram-na entrar pela porta de serviço…
Também alguns republicanos, que se batem pela igualdade, fizeram-no, porque não tiveram o privilégio de terem nascido no seio de família fidalga.
Igualmente, nobres empobrecidos, movidos pela inveja, de se verem sem bens e poder, abraçaram os ideais republicanos.
A ideologia politica, muitas vezes, não é defendida por convicção; mas, pela necessidade ou inveja; e ainda, consoante o lugar que se ocupa no xadrez da vida.
Vêm essas reflexões devido ao facto de nos anos cinquenta, haverem surgido, integrados no “ Plano Educação popular”, livros escritos em linguagem simples, mas excelentes para cultivar e esclarecer duvidas.
Os volumes (115 títulos) eram dedicados ao povo; mas, rapidamente foram adquiridos pelos intelectuais, que não tiveram pejo de os colocar nas estantes das suas bibliotecas.
Todos os livros incluíam, antes dos textos, propriamente dito, pensamento de Salazar, de cariz patriótico ou educacional.
Após a Revolução de Abril, as obras foram consideradas “ perigosas” porque as palavras de Salazar e mais tarde de Marcelo Caetano, podiam influenciar os leitores.
Cinco meses após a Revolução, Rui Crácio, a 17 de Outubro, enviou despacho, ordenando destruir os livros de índole “ fascista”.
Os “inofensivos”, para serem conservados, nas bibliotecas teriam de se arrancar a página, que inseria o pensamento de Salazar ou Marcelo Caetano.
Deste modo destruíram-se milhares de livros! …
Era necessário apagar qualquer vestígio do regime anterior.
Também a famosa biblioteca de Alexandria, com 700.000 volumes, foi destruída, por Omar, porque o Corão bastava…
E a Inquisição queimou milhares de livros, porque eram nefastos para a religião e a sociedade.
O mesmo destino levou ricas bibliotecas dos astecas, porque os invasores as queimaram, para se aquecerem nas noites frias de Inverno! …
Para muitos, a democracia, a liberdade, só deve existir, se forem eles a mandar e os outros a obedecer…
Jean Jacques Rousseau, dizia: que a democracia seria o regime ideal… se os homens fossem deuses…
Como o não é… continua a ser, enquanto não se descobre outro mais perfeito…
Humberto Pinho da Silva, nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA.Foi redactor do jornal: “Notícias de Gaia"” e actualmente é o responsável pelo blogue luso-brasileiro: " PAZ".
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