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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 24 de abril de 2018

25 de Abril de 1974-Bragança

O 5.º L do Liceu marcou, provavelmente, a nossa geração.
Mais um ano de exame. Uns já tinham abandonado o ano a meio, quer para irem trabalhar, quer para ingressarem no serviço militar. A sociedade estava conturbada e confusa, o meu Pai estava doente e sempre nervoso. A guerra no Ultramar estava a ser uma sombra. Eu estava a começar a fazer a mochila.
Faltou apertar as correias da mochila.
Em 1972, as propinas já custavam 125$00 x 3, ou seja 375$00 para a frequência mais 250$00 de inscrição. Era dinheiro para a altura…era muito dinheiro. Talvez, em pormenores como este, se entenda melhor a razão porque poucos conseguiam seguir os estudos e optavam pela vida laboral por cá ou no estrangeiro. “O dinheiro era caro”.
25 de Abril de 1974 - Bragança
  Estava eu a menos de 3 meses de fazer 18 anos.
Logo de manhã, no Liceu, ouvimos uns rumores de que algo se estava a passar no País, mas nada a que estivéssemos a dar demasiada importância.
Entretanto, na hora do almoço e no refeitório, o Dr. Subtil não tirava o transístor do ouvido e ia relatando os acontecimentos. Todos estavam em silêncio a escutar o que o Dr. Subtil ia dizendo. Ele ouvia as notícias e transmitia-as para nós todos.
O Governo Caiu. Prenderam o Tomás e o Caetano. As tropas estão fora dos quartéis. O povo, em Lisboa e no Porto, está a invadir as ruas para apoiar o “Movimento das Forças Armadas”.
Apesar de tudo, nada de anormal se passou no Liceu e as aulas recomeçaram na parte de tarde. As horas e os dias seguintes, com muita informação, veiculada pelos órgãos de comunicação social, foram decisivas para começarmos a entender melhor as repercussões do que se estava a passar efectivamente em Portugal.
Chegou a Liberdade! Para nós, no início, não nos pareceu coisa de sobeja importância, mas, alguns de nós ao chegarmos a casa começámos a perceber que, para os nossos Pais, a importância era enorme. Eu sabia, por ele me ter dito, que o meu Pai tinha votado em 1958, no General Humberto Delgado.
Conversámos um pouco e fui entendendo melhor algumas coisas que pouco ou nada me tinham preocupado até ao momento. O meu Pai, que bem sabia a “peça” que tinha em casa, apenas me dizia: - Não te metas em confusões.
Um grupo restrito de amigos, já tinha anteriormente a noção do Portugal das diferenças. Afinal a Ilha do Rei era mesmo ali ao lado do Liceu e muitas vezes surripiamos leite de nossa casa para levar aos miúdos da ilha do Rei. A sensibilidade estava latente.
Dia 27 de abril de 1974 foi o dia de Bragança mostrar, na rua, o apoio ao Movimento das Forças Armadas. Lá estive... e fiquei rouco.
Era hora de mobilizar. Portugal tinha mudado.Não me lembra se, por iniciativa própria ou mobilizados por alguém, já participámos no 1 de Maio de 1974. Eu, mais o Lacerda empunhávamos uma faixa onde se podia ler: “Os estudantes ao lado do povo e sob a direcção da classe operária”.
Eram dias de euforia, talvez pouco racional, mas era assim por todo o lado. O povo estava na rua. E a hora era de festejos.

HM

4 comentários:

  1. Bem haja a quem publicou este texto Também vivi esses momentos nessa linda cidade de Bragança!!!!

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  2. Foi mesmo assim.Bem haja ao autor deste texto e da foto.

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  3. Parabéns pelo seu blog e obrigado por partilhar fotos e textos sobre Trás-Os-Montes, principalmente sobre Bragança, já que a nivel oficial apenas são lembradas em tempo de eleições.
    O seu blog divulga um lado importante sobre essas terras que até os próprios naturais desconehcem, o lado histórico e arquitetctónico que ainda existe, porque infelizmente muito do que havia foi destruido com a convivências entidades governativas locais. Como por exemplo o Antigo mercado junto à Praça da Sé, para já não falar da desertificação da parte antiga da cidade.
    Obrigado!

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  4. Parabéns ao Blog.
    Lembro-me, e de que maneira os vivi, esses tempos no Nordeste Transmontano, em especial na cidade de Bragança, onde o 25 de Abril me apanhou no então Liceu. Já tinha frequentado na mesma cidade, a Escola Industrial e Comercial e - acreditem se quiserem - já tinha umas pequenas "Luzes" sobre a política. Que recordações desses tempos!Olhando para trás, é inacreditável como a malta se "governava" e "contentava" com tão pouco, e a alegria não faltava. Como era a nossa inocência. Como era então a vida, o "modus vivendi".
    Faz bem recordar a malta desse tempo, que no presente, a grande parte já é reformada da sua carreira profissional que a seguir construiu. Foram tempos de recompensa e oportunidade que infelizmente se complicaram.

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