SUÇÃES é uma aldeia e também freguesia do concelho de Mirandela, donde dista cerca de 10 km para noroeste. Situada entre a Serra de Passos e o Rio Tua, e na margem direita deste.
Nesta freguesia existem várias lendas e lugares identificados com os Mouros, levando nos a verificar que o seu povoamento é anterior ao século VIII. Aparece referenciada nas Inquirições de 1258 (com o nome de Suxães) e de 1280, e nos forais quer de Mirandela quer de Lamas de Orelhão a cujo concelho pertenceu.
A sua história passa um pouco pelas leis da época, e, mais tarde, à volta da família Pavão, cuja casa Brasonada ainda lá se encontra, bem assim as suas extensas propriedades rurais. A Ordem do Hospital tinha lá também algumas das suas terras. Tem como orago N.ª Sr.ª da Assunção. Segundo alguns autores, a freguesia de Suçães não existia no século XII, mas aparece já no seguinte, filial de Santa Luz de Lamas, cujo abade devia apresentar até à doação a fidalgos por D. Sancho e por D. Dinis. Ainda no século XVIII o padroado não era da coroa, pois o Vigário de Suçães era apresentado pelo Colégio de S. Jerónimo de Coimbra. O decreto de 27 de Março de 1867 cria ali a sede de uma escola primária.
A sua população atingia os 1.292 habitantes em 1950, sendo 685 do sexo masculino e 607 do feminino, altura em que ali havia 1 professora, 1 mercearia e 5 lavradores/agricultores registados. Em 1991 eram 918 residentes, para no censo de 2001 serem 766 pessoas, das quais 382 eram do sexo masculino. Claro que nestes dados se inclui a sede de freguesia e as anexas, ou seja, respectivamente, Suçães, Eivados, Eixes e Pai Torto. Em todas estas aldeias, a base da economia é a agricultura e a pecuária, com terras de cereais, oliveiras, vinha frutas e algumas amendoeiras.
Em Suçães há até um viveiro de estufas de diversas plantas, já em moldes modernos, onde não faltam as futuras oliveiras, e que muito contribui para o emprego diário de alguns trabalhadores. A juventude costuma reunir junto de Casa do Povo e da escola primária e telescola, à entrada do povoado. De resto, é a rua que atravessa a aldeia e segue para Pai Torto, o centro do viver das suas gentes. No Largo do Eirô estão as casas apalaçadas, símbolo da enorme riqueza rural de outros tempos. A seguir está o tanque construído em 1948, junto do bairro do seixo. Depois é a Sede da Junta de freguesia, o Lavadouro, a Igreja Matriz. Esta, em linda cantaria, é horizontal, simples mas cheia de características rústicas. Ali perto jogam à malha ou conversam das suas vidas calmas e de trabalho. Continuando rua abaixo, no sentido norte, casas modernas misturam se com as antigas, em xisto, escadas e patamares exteriores.
Carroças a lembrar carros de bois, um Cruzeiro onde está o Sr. dos Aflitos. Depois são os campos de cultivo e a ligação para outras aldeias da freguesia. Nas soleiras das portas, as senhoras ainda vão fazendo as suas colchas de renda. Jogando às cartas, brincando à sua maneira, fazendo a renda, jogando à malha, passeando pela estrada, é assim o pulsar das gentes de Suçães nos tempos de lazer. O mesmo acontece com as anexas. Não podemos deixar de indicar o Lar da Terceira Idade, o Polidesportivo e campo de ténis, e o Museu Rural instalado nos baixos da Sede da Junta de Freguesia, imensamente rico em materiais etnográficos e ligados à vida social, económica e cultural das gentes de Suçães.
Pai Torto tem um núcleo de casas já comidas pelo tempo donde sobressai uma ou outra mais recente e de materiais modernos.
Eixes foi freguesia independente, pertencente ao mesmo concelho, Lamas, até este ser extinto em 1853. Parece ter origem árabe e teve o culto local a S. Frutuoso, seu orago na altura. Esta povoação junto do rio Rabaçal e da estrada para Valpaços tem crescido nas margens dessa via, pois torna se um local mais aprazível e de mais fácil acesso para a cidade de Mirandela, donde dista pouco mais de três quilómetros.
Eivados é uma aldeia com cerca de 40 moradores, tem o Largo do Prado ao fundo do povo com boas árvores, ou mais acima o Largo do Terreiro. É aqui neste que os locais gostam de estar à sombra ou nas soleiras e escadas das habitações, passando os tempos de calor ou domingos e feriados. A rua principal é a Rua do Fundo do Povo, onde se podem admirar as suas casas rurais típicas em xisto.
In III volume do Dicionário dos mais ilustres Transmontanos e Alto Durienses, coordenado por Barroso da Fonte.
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