S. SALVADOR é uma aldeia, paróquia e também freguesia do concelho de Mirandela, donde dista 5 km para Sudeste, perto da antiga estação de Latadas, na margem esquerda do rio Tua.
A antiga freguesia era da apresentação do Reitor da Paróquia de Mirandela, passando mais tarde a Reitoria. Há quem lhe chame S. Salvador do Adro ou simplesmente S. Salvados. Tem como orago N.ª Sr.ª da Transfiguração. Foi escolhida nos princípios do século XIX para residência do Bispo de Bragança e Miranda, D. António da Veiga Cabral e Câmara, já que aquela povoação seria de "clima mais benigno" para a cura de uma ferida grave que tinha na perna. Ali acaba por morrer a 13 de Junho de 1819 com fama de Santo. E com o povo local do lado dele, pois chega a juntar se todo para matar o "mestre escola da Cathedral de Bragança, Mathias da Costa Pinto e Albuquerque", que pretendeu apoderar se do cadáver após ser maltratado o Capelão do prelado, o Padre Pedro Nolasco. Aliás, a Fonte do Bispo seria aberta com a ajuda da Bengala do referido prelado, e ganhou fama de boa para fins curativos. Já no século XVII, durante a Guerra da Restauração, o Pároco de S. Salvador, Padre Gonçalo Lopes alistara se para defender a Pátria.
A 30 de Outubro de 1902 é criada a sua escola primária, por decreto régio. No censo de 1950 tinha 391 habitantes. Nessa altura tinha, na sua área, 4 minas de ouro, arsénio e prata: Vale de Pereiro, latadas, Moinhos da Videira e Portela n.° 1. Tinha também 1 professor, 2 mercearias e 17 proprietários referenciados. Em 1960 eram 404. No de 1991 tinha 275 residentes e em 2001 eram 293, dos quais 148 eram do sexo masculino. Repare se que contraria a tendência de diminuição populacional das nossas terras do interior transmontano, aumentando 18 pessoas nos últimos 10 anos.
O facto de ficar próximo da cidade de Mirandela, com acesso melhorado, tem ajudado à fixação das pessoas e combatido a desertificação. É a agricultura o trabalho diário da maioria dos seus habitantes, com produções de vinho, azeite, batata, feijão, alguma amêndoa e frutas. Gado, pouco: apenas 6 rebanhos de cabras e de ovelhas e 2 juntas de vacas. O gado muar e os tractores são usados lado a lado, sendo muito utilizadas as carroças. Mas há também muita gente que procura seus empregos em Mirandela ou no Complexo do Cachão, indo dormir à sua aldeia.
Em 1996 ainda havia lá 2 barbeiros, 2 ferreiros, e alguns comerciantes, três cafés. Alunos da Escola Primária eram 4 do 1.° ano, 1 do 2°, 4 do 3.° e 1 do 4.°. Outros filhos da terra foram para mais longe, destacando se médicos, jornalistas, ou juizes e professores que S. Salvador tem dado ao país. Os lugares de encontro são a Rua do Cruzeiro, o Largo de S. Sebastião. Às vezes ainda jogam por lá o "cltiito" com patacos antigos.
É servida pela estrada que vai de Mirandela para a Trindade e Vilariça, tendo transportes públicos diários. É rodeada pela Serra do Prado logo à entrada, e a Serra do Mogadouro para os lados de Frechas, parecendo escondida das outras povoações e do mundo, pois só se vê de perto. Como pontos de interesse, salientamos: o Campo de Futebol, a Escola Primária, as Casas típicas de xisto, com portões largos e escadas exteriores. A Igreja Matriz com altar mor de rica Talha Dourada, de confessionários antigos, com coro e púlpito de pedra e muito bem conservada. A casa do Dr. Alves com Capela (autêntico Solar rural). A Capela de S. Sebastião, alguns pombais, a Casa Paroquial com um portal de granito, tendo em cima dois pináculos e uma cruz a meio, e com a data de 1752.
In III volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses, coordenado por Barroso da Fonte.
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