O Natal em Ousilhão é conhecido pela celebração de Santo Estevão e a tradicional festa dos rapazes, que tem como ritual característico e diferenciadore, a passagem de testemunho do Rei e dois vassalos.
Os caretos, os máscaros, saem à rua nesses dias, fazem mil e uma tropelias, mas não podem ir à igreja, “na missa não entra careto” é incutido desde meninos, apesar da missa a Santo Estevão fazer parte da festa, fazem voltas à aldeia em busca de oferendas e donativos para a festa, chocalham, geram o caos, correm e assaltam as adegas onde são recebidos de braços abertos, por aqueles que antes já fizeram a mesma coisa.
A tradição dos caretos perde-se no tempo, ao tempo dos romanos vão buscar a magia e o diabólico, as máscaras simbolizando animais e cornudos escondem rapazes inebriados que percorrem a aldeia em cortejo após a missa, transportando o rei e vassalos, em cima de um carro de bois puxado e empurrado pelas ruelas enlameadas, que só terminam em volta de uma fogueira numa exaltação regada com vinho e bolos na mesa.
Não falta também a animação, a música com gaiteiros e tamborileiros, as castanholas, e no fim à noite há bailarico, agora animado por um conjunto musical, antigamente por um acordeão chegava para por a dançar toda a aldeia, muitas vezes requisitado a Espanha, como no tempo dos avós de dona Rosa, uma nativa de Ousilhão que nos fala com saudade desses tempos.
Assim se cumpre a tradição e se dá inicio ao inverno mágico em Trás-ao-Montes, onde muitas aldeias como Ousilhão, mantém vivas as tradições únicas e genuínas que mereciam, todas em conjunto, fazer para do Património Imaterial da Humanidade na Unesco.
António Pereira
in:diariodetrasosmontes.com
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