quinta-feira, 20 de janeiro de 2022

Utentes queixam-se de dificuldades para contactar centros de saúde de Bragança e de Mirandela

 Os centros de saúde de Bragança e de Mirandela estão praticamente incontactáveis.
Em alguns casos o telefone toca e ninguém atende e noutros apenas se ouve uma mensagem que indica que não há possibilidade de estabelecer a ligação.

Cristina Brochado, natural de Mirandela, não consegue contactar com o centro de saúde. Esteve infectada com covid-19 e não necessitou de alta médica para sair de casa, porque as normas mudaram, mas o contacto com a médica deveria ter sido feito por causa da baixa.

“Primeiro tentei ligar para o centro de saúde, para falar com a minha médica de família, para pedir uma baixa, senão não tinha direito a nada e ninguém me atendeu, o que é vergonhoso”, sublinhou.

A utente disse que já por outras vezes tentou marcar consultas por telefone e nunca conseguiu e afirma que agora, em tempos de pandemia, há muita gente a queixar-se.

“Pelo menos duas ou três colegas minhas também estiveram infectadas com o covid, isoladas mais de sete dias sem conseguir entrar em contacto com o centro de saúde”, referiu.

Cristiana Baptista, também é de Mirandela e também se diz revoltada. O pai foi diagnosticado com cancro, fora do país, mas quis ser tratado em Portugal. Tentou então marcar uma consulta no centro de saúde, para que este fosse encaminhado para os devidos tratamentos. O problema é que nunca lhe terão atendido o telefone e quando lá foi presencialmente diz que também não teve sorte.

“Disseram-me que o médico de família estava de férias. Eu disse que o meu pai estava nesta situação, que precisava de consultar com o médico de família para perceber o que se poderia fazer, foi-me respondido que não poderiam fazer nada teria que aguardar que o médico voltasse”, conta.

Por não conseguir contactar com o centro, o pai de Cristiana Baptista teve que recorrer ao privado, durante meio ano.

“O meu pai estava com muitos sintomas da quimioterapia, mal se segurava de pé. Dirigi-me à porta e o funcionário veio ter comigo e eu disse que não consegui marcar, porque ninguém me atendia o telefone e era para ver se alguém me ajudava a tirar um cateter. Disseram que a enfermeira não estava e para não deixar o meu pai lá fora à espera, fui à clínica, a pagar”, afirma.

Como não podia trabalhar, o pai de Cristiana Baptista precisou de um relatório, passado pelo médico de família, mas também aqui houve problemas.

“Mais uma vez, passei semanas a telefonar e nada”, esclareceu.

Até agora, a Unidade Local de Saúde do Nordeste ainda não prestou esclarecimentos, sendo que foi questionada a veracidade ou não dos factos e, caso haja verdade, o porquê da situação.

À ULS do Nordeste também foi perguntado se há falta de telefonistas e se há algum contacto alternativo para o qual os utentes possam telefonar. 

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

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