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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Santuário de Santo Amaro, Vilarinho. “Nihil Amori Christi Praeponere”!

 Vilarinho fica 16 km a Noroeste de Bragança, inserida no Parque Natural de Montesinho. Pertence à freguesia de Espinhosela, que inclui as aldeias de Terroso e de Cova de Lua. Freguesia autónoma e foreira do rei nas Inquirições de 1258, foi taxada por D. Dinis em 70 libras anuais para custear a guerra contra os mouros. Entre os séculos XVI-XVIII, o Colégio de Jesus de Bragança deteve aqui bens patrimoniais. Tanto a Igreja matriz de São Cipriano, edificada no interior da povoação, como a Capela de Santo Amaro, implantada 1 km a Sudeste, num cabeço de 819 mt, têm existência secular. A atual Capela assenta num antigo e fortificado povoado da Idade do Ferro, de atestáveis vestígios arqueológicos. Posteriormente foi romanizado e cristianizado.


Em meados do século XVI, os Templos estavam num estado deplorável em termos de sustentabilidade e dignidade. Em 1699, com a frontaria arruinada e de portas abertas, aventou-se demolir a Capela e utilizar e vender materiais para intervencionar a Igreja. Optou-se pela sua recuperação e, em 1726, o corpo estava recuperado, conforme inscrição no dintel do portal frontal e visitação do prior da colegiada de Santa Maria de Bragança. Nas décadas posteriores as intervenções incidiram no interior: altar/retábulo em estilo barroco, púlpito e sacristia. Em 1949, a data gravada no dintel do portal lateral indica nova intervenção e, em 2014, a Capela foi sujeita a cuidadoso restauro a expensas do povo. Três meses de trabalhos conducentes à sua distinção em Santuário Diocesano, conforme Decreto 07/2014 exposto na sacristia, chancelado pelo Bispo de Bragança-Miranda, D. José Cordeiro, datado de 11 de junho, solenidade de São Bento. Trata-se de um dos poucos santuários concelhios formalizados à luz do «Código de Direito Canónico» (Livro IV: Do Múnus Santificador da Igreja / Parte III: Dos Lugares e dos Templos Sagrados / Parte III: Dos Santuários). Em espaço isolado, arborizado, delimitado e adaptado à inclinação do terreno, o templo, de triplo escalonamento, é de generosas dimensões. Tem alpendre fechado frontalmente, a denotar nártex. A nave apresenta portal de verga reta moldurada de ângulos salientes e frontispício em empena truncada por campanário. Este assenta em pilastras almofadadas, ladeadas por pináculos piramidais, com vão em arco de volta perfeita a acolher sino, sobrepujado por cruz latina sobre acrotério. A fachada esquerda é cega, tal como a posterior, e a direita tem portal reto, saimento respeitante à sacristia e fresta em capialço a dar luz para a nave. O interior contém púlpito no lado do evangelho, de guarda em madeira balaustrada a castanho, assente em plataforma de granito sobre mísula e escadas de acesso adossadas à parede. O arco triunfal é abatido e o espaço do presbitério mais largo e elevado que a nave. O altar-mor tem embasamento em madeira a castanho com portas molduradas, centrado por mesa paralelepipédica, onde se apoia o Sacrário, com porta rosa e cruz enrolada por vegetalismos. O bonito retábulo barroco, de eixo único, é de talha cromada a vermelho e rosa e decoração dourada. Está ornado nas pilastras por acantos enrolados e, nas colunas, de capitel coríntio, por pâmpanos, fénices e putti, unidas por cornija interrompida pelo nicho. Neste expõe-se, sobre trono, Santo Amaro, Orago do Santuário, com vestes beneditinas debruadas a ouro, Rosário pendente, báculo na mão direita e Livro na esquerda. O ático compõe-se de três arquivoltas unidas por aduelas, com florões e acantos.
A ladear o retábulo e apostas na parede estão duas pinturas sobre tábuas de cada lado, emolduradas. Descobertas aquando dos trabalhos de restauro em 2014, narram a Anunciação do Arcanjo São Gabriel à Virgem Maria, a Natividade em Belém, a Fuga da Sagrada Família para o Egipto e a Crucificação de Jesus. Santo Amaro, discípulo predileto e herdeiro espiritual de São Bento de Núrsia!

Susana Cipriano e Abílio Lousada

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