Começou esta manhã, em Bragança, o julgamento do casal que o Ministério Público acusou, em junho do ano passado, dos homicídios que aconteceram em Donai, no concelho de Bragança, em 2022. Estão acusados de terem matado uma família, primeiro uma mulher e depois o marido e o filho desta.
Nélida Guerreiro e Sidney Martins, detidos em agosto de 2022, em Zamora, estão acusados de dois crimes de homicídio qualificado, dois crimes de profanação de cadáver na forma tentada, um crime de incêndio e um crime de furto qualificado na forma tentada. Os crimes decorreram, todos eles, em julho de 2022.
O Ministério Público acusa ainda Sidney Martins da prática, em concurso efetivo, de mais um crime de homicídio qualificado e de um crime de ofensa à integridade física qualificada. Este crime do qual apenas o arguido está acusado foi o primeiro a acontecer. No dia 9 de julho de 2022, o arguido terá ido a casa do casal de Donai e matou a mulher do homem mais velho e mãe do mais novo. Ambos morreram passado 10 dias.
À época, segundo a acusação a que o Jornal de Notícias teve acesso, o Ministério Público considerou indiciado que a arguida mantinha uma relação amorosa com o filho do casal que foi morto. A vítima dedicar-se-ia à venda e cedência de droga e os arguidos seriam ambos consumidores de produtos estupefacientes pelo que naquele dia tinham como plano entrar em casa da família e roubar droga e dinheiro. Segundo o JN, o arguido, Sidney, sabendo que a vítima ali não se encontrava, “introduziu-se no interior do logradouro da residência” e ao ser surpreendido pela mãe da vítima, atingiu-a com 10 facadas, na face, pescoço, tórax e abdómen, provocando-lhe diversas lesões que lhe causaram a morte.
O marido da vítima, que ouviu os gritos da mulher, foi perceber o que se passava e ainda foi ferido, na face, mas conseguiu fugir.
Passado 10 dias, com vista a eliminarem provas e testemunhas do homicídio e apropriarem-se de droga e de dinheiro, Sidney Martins regressou à casa da família. Naquele momento, a arguida já lá estava, com a vítima com a qual mantinha uma relação. Os arguidos, “conjuntamente e sempre em conjunção de esforços e intenções”, munidos de facas, desferiram 17 golpes no corpo da vítima. Os ferimentos na cabeça, face, pescoço, tórax e região lombar provocaram-lhe a morte.
Depois, a vítima mais velha, que voltou novamente a ouvir barulhos, acordou e deambulava pelo corredor. Ao tentar sair de casa, o homem foi surpreendido pelos arguidos, que também o esfaquearam. Morreu com 24 facadas, na face, tórax e pescoço.
Após terem matado os dois homens, os arguidos atearam fogo a dois quartos da casa, com a ideia de apagar provas e desfazerem-se dos corpos.
Sidney Martins e Nélida Guerreiro foram detidos em Espanha, em agosto de 2022, pela Guardia Civil, na sequência da emissão de um mandado de detenção europeu, à época por suspeita de o casal ser responsável por vários assaltos e roubos à mão armada, em estações de serviço de cidades como Badajoz, Toledo e Sevilha.
Em setembro de 2022, após a detenção dos arguidos, as perícias, realizadas pela Polícia Judiciária, permitiram encontrar o ADN de pelo menos uma das vítimas mortais num carro usado pelo casal, em roubos a estações de serviço.
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