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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

A viagem…

 
A viagem não tem regras. O caminho é o nosso caminho. A viagem começa e termina e ninguém sabe onde fica a meta..
Honestidade. Coragem. Amor. Seriedade e solidariedade. Empatia. Trabalho. Responsabilidade… Mãos dispostas a ajudar e “coração” disposto a “escutar”… E SONHO. O sonho comanda a vida… “como pedra colorida”…
Nascemos e vamos crescendo como se tivesse que ser SÓ assim, como nos moldaram... Como se estivesse escrito que é e será sempre assim. Não como nós queremos mas como querem os outros, quando temos a certeza que nascemos para fazer algumas coisas de maneira diferente… 
A ser verdade essa percepção da vida que piada tinha? Seríamos sempre e para sempre, umas cópias uns dos outros.
A ser verdade tudo o que nos foram dizendo, que piada tinha viver? Seria sempre, mais do mesmo.
A vida é a descoberta do NOSSO dia-a-dia. A vida são as surpresas e também as previsões e que nunca falhem e nos tragam felicidade.
A nossa vida é feita de sorrisos e lágrimas, de conquistas e derrotas, de amor e ódios. A vida de todos... 
A vida, a nossa vida, a de todos, tem um começo e um fim que nem todo o dinheiro do mundo consegue evitar.
Mas… na nossa vida temos que ser nós a mandar. Mais ninguém! Só temos uma... e somos os únicos donos dela.
Quem estabeleceu as “normas” podia estar errado.
Antes que seja tarde quero gritar “aos 4 ventos” que vos AMO meus filhos… com toda a força da minha alma e do meu coração.
Amanhã…. Podia ser tarde. Como nunca fui muito pelo “politicamente correto” fica aqui mais este beijo e apeteceu-me dá-lo agora.

HM

🌟 Feira dos Gorazes 2024: Inscrições e Regulamento 🌟

 Visite o nosso site, consulte o regulamento e tenha acesso à ficha de inscrições AQUI.

𝗣𝗿𝗲́𝗺𝗶𝗼 𝗟𝗶𝘁𝗲𝗿𝗮́𝗿𝗶𝗼 𝗱𝗮 𝗟𝘂𝘀𝗼𝗳𝗼𝗻𝗶𝗮 𝗣𝗿𝗼𝗳𝗲𝘀𝘀𝗼𝗿 𝗔𝗱𝗿𝗶𝗮𝗻𝗼 𝗠𝗼𝗿𝗲𝗶𝗿𝗮

 Estão abertas as inscrições para a 4.ª edição do 𝗣𝗿𝗲́𝗺𝗶𝗼 𝗟𝗶𝘁𝗲𝗿𝗮́𝗿𝗶𝗼 𝗱𝗮 𝗟𝘂𝘀𝗼𝗳𝗼𝗻𝗶𝗮 𝗣𝗿𝗼𝗳𝗲𝘀𝘀𝗼𝗿 𝗔𝗱𝗿𝗶𝗮𝗻𝗼 𝗠𝗼𝗿𝗲𝗶𝗿𝗮, promovido pelo Conselho de Curadores da Biblioteca Adriano Moreira, tendo como entidade promotora a Academia de Letras de Trás-os-Montes e a colaboração do Município de Bragança, do Instituto Politécnico de Bragança e da Diocese de Bragança-Miranda.

➡ Um Prémio que visa contribuir para a divulgação e prestígio da obra de autores da Lusofonia.

🔗 Mais informações e regulamento completo disponível AQUI.

Mirandela acolhe a segunda edição do jantar de gala "𝐄𝐦𝐩𝐫𝐞𝐞𝐧𝐝𝐞𝐝𝐨𝐫𝐢𝐬𝐦𝐨 𝐧𝐨 𝐅𝐞𝐦𝐢𝐧𝐢𝐧𝐨" a 27 de setembro. Inscrições abertas.

 Promovida pelo NERBA e com o apoio da Câmara Municipal de Mirandela, esta atividade surge com o propósito de valorizar e reconhecer o grande valor do trabalho no FEMININO.

🔗 inscrições até 16 de setembro AQUI.

Seminário de São José em Bragança vai acolher estudantes num protocolo estabelecido entre Diocese e IPB

 O Seminário diocesano São José, em Bragança, vai acolher estudantes bolseiros do Instituto Politécnico de Bragança


Esta manhã, a Diocese Bragança-Miranda e o IPB assinaram um protocolo no âmbito do programa "Alojamento Estudantil Já", que permite o reforço de camas, tendo em conta as carências neste âmbito.

Para o Bispo, D. Nuno Almeida, esta é uma forma de aproximar os jovens da diocese, mas também dar utilidade às instalações. “Tendo o seminário com disponibilidade, podendo oferecer alojamento, criámos aqui o serviço, damos vida a uma casa e estamos a seguir as orientações que a Santa Sé nos transmite, de sempre que há um edifício que não tem o uso original, procurarmos usá-lo para algo semelhante e algo que seja bom e útil para a sociedade”, frisou.

O protocolo estará em vigor durante este novo ano lectivo. Foram disponibilizadas 20 camas para os estudantes. “É quase um piso inteiro do seminário que será disponibilizado aos estudantes do IPB, que tem excelentes condições, são quartos individuais, com casa de banho privativa, com condições de estudo, há espaços comuns que os estudantes também poderão utilizar e, portanto, as condições são muito boas e este acordo permitirá aproximar os nossos alunos da diocese”, adiantou o presidente do Politécnico de Bragança, Orlando Rodrigues.

O programa "Alojamento Estudantil Já" consiste na criação de protocolos entre as instituições de ensino superior e entidades públicas, privadas e do sector social.

A medida financia cerca de 60 camas para alunos do IPB. Orlando Rodrigues considera este número insuficiente para as necessidades. “Ainda não atingimos esse limite. Naturalmente que seriam necessárias muitas mais, mas o financiamento que temos é para essas. Estamos também em negociações em Mirandela, com instituições sociais e com privados também e esperamos aí disponibilizar algumas camas, até porque não temos residências e se aqui em Bragança surgirem outras oportunidades, certamente que o faremos também”, frisou.

Das 60 camas financiadas, já foi assinado esta manhã o protocolo para atribuição de 20. Os alunos que sejam bolseiros podem ficar este ano lectivo 2024/2025 no Seminário de São José, em Bragança.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

IDA AOS TRALHÔES

Por: Luís Abel Carvalho
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Quando Dominguinhos chegou a casa, perguntou-lhe a Mãe:
      - Atão o pitrolho?
      - Ich... alembrei-me! Mas bou l´agora – disse de modo atrapalhado, rodopiando sobre o calcanhar esquerdo.
      - Pois é! Encomenda sem dinheiro esquece-se no primeiro ribeiro.  Agora já no é preciso – disse a Mãe sorrindo da atrapalhação do filho . – Eu já lá fui. Agora anda cá a  cumer, qu´inda hoje no comestes nada.  Já sei o qu´aconteceu à baca do ´Smael. Quanto mais pobres mais azares tenem!! – disse enquanto enchia a malga de caldo de feijões.
        Dominguinhos engoliu de sopetão a malga do caldo sentado no banquinho de madeira feito pelo Ti Domingos Carpinteiro, com um buraquinho no meio. ( Não sabemos qual o propósito desse buraquinho; se para facilitar a mobilidade do mesmo, se para corresponder ao objectivo do buraco nos catres dos monges e astecas ). Meteu uma mão cheia de figos secos no bolso e dirigiu-se à porta.
  -  Anda cá rapaz. Prondé que já bais todo alceiro, filho de Deus?
  - Bou ter co ´Smael e lebo-le um punhado de figos.
   A Mãe ficou enternecida com o acto solidário do filho. 
   - Bais daqui a um cibo, ´stá bem? E leba-le tamãe este bocado de pão e queijo.
   -  Dê-mo cá, atão. Mas porqu´é que no posso ir agora?
   - Agora tanho que talhar a cabaça e as nabiças prá bianda das crias e dos porcos e tu tães qu´embalar a menina.  Daqui a nada tchega aí o teu Pai tcheio de fome.
  - Mas a Mãe  pode fazer isso tudo sozinha!!
  - Sozinha?! Cumo?! Atão tu no bês ca menina stá a tchorar e preciso di a embalar?!
   - Assim. Ó ...faiz assim. Quer ber? Sante-se aqui nesta cadeira. Põe aqui um pé no berço e  embal´á  menina, põe o alguidar no regaço e coas mãos talha as cabaças e as nabiças! 
      Desmontou tudo com uma simplicidade tal, que a Mãe só teve um sorriso de orgulho e de amor para lhe passar carinhosamente a mão pelo cabelo. E lá foi para o seu sonho: as ratoeiras dos tralhões. O mundo era dele e o sonho esperava-o.
        Era Ismael e Dominguinhos que faziam as suas próprias ratoeiras com arame da vinha para os aros e o " tchabilhão " e arame fino de aço para as molas e para a grileira. Tudo isso pregado a dois pedaços de madeira em cruz. Iam ao pormenor de as fazer com a mola mais forte ou mais fraca! Precisavam apenas de arame, um martelo e um alicate!
         Um dia Caetano reclamava desesperado:
     - Rais partá sorte. Já nem pra biber ganhemos. Só de caso tibesse saúde, ia pró Brasil.
     - Ias e dexá-bas-m´aqui sozinha co ganau. E pagabas a biage com que dinheiro?
     - Pediamo-sio emprestado. O Lérias tamãe o pediu ó Januário.
     - Pois pediu, mas hipotecou-l´o lameiro da Por Deus! E nós, o qu´é que temos pra dar de bolta? – desarmou-o a mulher. – E além do mais, ondé qu´ irias tu sem capa nem capote, tchairel cmo ´stás?
      - Tães rezão, mulher. Era só um suponhor – disse em tom completamente derrotado.
      - Bá...Tudo s´hád´arranjar coa graça de Deus – animava-o a mulher.
     - Eu bem bejo as garotas a preciar de roupa e de calçado. O nosso ´Smael já me pediu uns sapatos.
      - Si os num tiberem, andam descaços c´mós oitros, que num morrem por bia disso. Calcei as minhas primeiras socas já eu tinha onz´anos e num morri!
     - Pois ´stá bem, mas a nossa Guidinha já num ´sta na idade d´andar descalça. Já tãe bergonha.
     -  Bou ber s´Abó do Dminguinhos tãe lá alguma roupa que dê pró nosso ´Smael.
         A amizade entre Ismael e Dominguinhos era incentivada pela Dona Albertina, devido à amizade e estima que tinha por Deolinda e pelo Caetano, mas mais pela Deolinda, por um motivo ainda desconhecido da Deolinda.
       Quando um dia Deolinda foi a casa da senhora Adelaide, perguntar se tinha alguma roupa que Dominguinhos já não usasse, D. Albertina abriu o coração: 
       - Ó m´nha filha, canto o meu Artur sofreu por ti!!
        - Por mim?! Ess´é boa...
        - Sim, por ti. Sofreu calado, sem nada decer a ninguém. Só eu o sabia!
         - Mas que grande nobidade me dá, Ti´Albertina!!
        - É assim mesmo cmo te digo: Muntas bezes eu tamãe sofri por i o ber a sofrer . Mas deixa lá, que tamãe casastes cum home às direitas. Por o menos, gostemos todos munto do Queitano.
       - Coa graça de Deus, tibo munta sorte, no desfazendo do Artur. Mas juro-le  pel´alminha dos meus filhos que nunca futurei tal cousa. 
      - Num é por ser meu filho, mas é uma jóia de rapaz. Mas isso agora já são augas passadas – disse num gesto como quem afasta algo. – Tudo o que precisaares pró teu ´Smael, no t´acanhes.
       - Obrigadinho. A Senhora Albertina tem-me balido munto.
      - Agadece a Deus a familha que te deu. Mas tamãe gostemos munto da Rosário, qu´é munto boa rapariga: boa mulher pró meu Artur e boa Mãe pró meu Dminguinhos e prá Amparinho( Maria do Amparo).
           Como Ismael era mais pequeno e mais magro do que o Dominguinhos, a roupa lutava em vão para encontrar o corpo de Ismael, que bailava dentro da roupa larga, apesar da Deolinda a ir apertando e encolhendo.
            Uma outra razão de fomentar a amizade entre os dois garotos, era  porque Ismael era calmo, sossegado, inimigo de brigas e aventureiro, tal como Dominguinhos. Ambos tinham igual fascínio por pássaros, por um banho proíbido no ribeiro ou no rio, por amoras, por pescar peixes no Sabor, pela fisga, pelas ratoeiras, pelo pião, por dar uns pontapés numa bola de trapos e também por roubar cerejas, melões e outras frutas, muitas vezes aos próprios avós do Dominguinhos. Certo dia, um grupo de seis ou sete  raparigos foram aos pêssegos no Prado. Havia os melacotos e os de “ `scatcha”.  Por descuido, um deles partiu uma grande pernada do melacoto. Fugiram todos assustados. Dois dias depois, Dominguinhos foi ao terreno com a Mãe e ouviu-a praguejar como nunca: “  ´Scamongados dos infernos. Diabos do inferno. No se le partirem as patas a quem fez isto. Que lindo serbiço! ´Sgalharam-me o pessegueiro todo! No se tolherem as mãos ós malbados do demónio ”.
           Dominguinhos tremia todo de medo.
            Uma manhã Dominguinhos foi a casa de Ismael chamá-lo para irem aos ninhos e viu-o comer batatas cozidas, sem peguilho, duma panela de ferro, com as mãos e sem azeite. Uma voz de justiça e de revolta clamou mais alto dentro de si e Dominguinhos sentiu um arrepio na espinha  e um desconforto imcompreensível.  Mesmo quando iam sair de casa, Ismael meteu ao bolso meia cebola e uma tomate que estavam em cima da mesa, além dum punhado de figos secos, para repartir com o amigo. Passaram a manhã aos ninhos percorrendo olivais, lameiros e amendoais, mas Dominguinhos estava inquieto  com algo a atormentar a sua alma pura de criança.
            Passou o dia todo incomodado, triste e atormentado. Quando chegou a casa contou o sucedido à Avó e esta mandou-lhe levar um garrafão de cinco litros de azeite. Não há nada mais agregador e comovente do que um gesto de compaixão e de desinteressada estima.
       A amizade entre aqueles dois garotos estava acima de qualquer maldade humana e  cimentada com suor e lágrimas. Como diz o Aquilino : “  A amizade é a única providência cautelar dos nossos passos transitórios “.                 
             Num Domingo à tarde, depois de assistirem ao Santo Sacrifício da missa, e tal como combinado, depois do jantar, Dominguinhos e Ismael foram ao Pinhal da Franga, colher duas cabaças na horta do Avô de Dominguinhos.  Escolheram as  duas que melhor se adaptavam à função e cortaram-nas mais ou menos pelo meio, onde adelgaçavam. Colocaram-nas em cima duma fraga  a secar ao sol. Iam combinando e acertando pormenores da empresa de que  se iriam ocupar nas próximas semanas.
        Efectivamente, nas semanas seguintes,  passaram  os  dois  Sábados e as tardes  dos  dois  Domingos de volta das ratoeiras na varanda dos avós de Dominguinhos – isto porque Domingos de manhã tivnham que ir à missa.  Embalados no sonho e no êxtase, nem deram pelo passar do tempo. Com arame da vinha – que roubaram aos avós de Domingos dum rolo pendurado num prego na adega, com  uns metros  de arame de aço do pneu dum carro, com uns pedaços de madeira, um  serrote, um alicate e um martelo, tudo isso aliado à imaginação fértil, conseguiram fazer trinta e cinco ratoeiras!
-   Ó Clementina, no bistes por aí o meu `Smael?
- ´Staba agora  mesmo co Dominguinhos na baranda em roda das ratoeiras!
- Que consumição... Aquel rapaz só bê tralhões e ratoeiras. Inté s´olbida de bir  a comer .
- Atão que le queres? Os garotos são imbicionados nos tralhões.
- Mas o meu ´Smael é uma cousa sem conta!. Arre tchiça, qué demais!! – barafustou.
- Há os piores – condescendeu a Clementina.
     Ismael chegou sorrateiro já ao cair da tarde.
- Atão isto é que são horas de tchigares? – perguntou-lhe a Mãe nada meiga.
- Oh...`Stibo co Dminguinhos. Inté ciei em casa dele. – desculpou-se.
- De berdade? Atão no teins fome?
- Não Senhora.
               Entretanto, como  já  tinham ido ao  Pinhal da Franga colher as duas cabaças  em forma de guitarra – ou em forma de uma mulher esbelta, no pensamento dos adultos -   e também já as tinham  cortado  mais ou menos a meio,   e  exposto ao sol a secar, parte do trabalho já estava feito.  Com uma navalha e dois pedaços de cortiça, modelaram duas rolhas  à medida e, com um arame em brasa, furaram as cabaças   e passaram a chamar-se  “ cabaço das aludras “.  Também já lhes tinham tirado previamente  todas as pevides. Muitos substituíam o cabaço por uma lata de tinta , também furada.
        De sacho às costas e com os cabaços a tira colo, saíram a meio da manhã à procura de aludras.  Procuraram em terrenos arenosos – terrenos “ sairinhos”.  Foram até ao Sesmo.  Seguiram os carreiros no chão que iam dar a umas fragas de pequenas dimensões. Levantaram as pedras e só viram os buracos redondos por onde entravam e saíam as formigas na terra seca, arenosa.  Cavaram até fundo, mas nada de aludras. Com o calor a apertar regressaram a casa desiludidos, de mãos vazias,mas com uma solução na cabeça para o dia seguinte. Pelo caminho foram à vinha do Ti Belmiro e colheram uns cachos de “ Códega do Larinho “  e meteram o cango nos respectivos cabaços, que serviria para  alimento das aludras.
           Na tarde seguinte, depois do jantar com um bonito sol a aquecer a vida, lá foram novamente os dois com o sacho  às costa e os cabaços e uma cantarinha de lata cheia de água. Voltaram ao mesmo sítio do dia anterior. Cavaram um pouco mais fundo e em mais dois  locais. Em todos eles havia o caminho que denunciava a presença das aludras. Agora era uma questão  de aplicar a  observação à prática. Despejaram um pouco de água  onde tinham cavado e esperaram. 
           Enquanto esperavam e visto que Dominguinhos punha pouca fé na “ tecnologia natural”, disse:
     - Só de caso no apanharmos ninhuma, bamos ós grilos à Moreirinha do meu Abô, que debe haber lá muntos por baixo das erbeiras das batatas, qu´ias andaram ápanhar num há munto tempo.
     - No há-de ser preciso – respondeu-lhe Ismael convicto do sucesso da empreitada.
      Quando por algum motivo não conseguiam as aludras, usavam os grilos como isco, mas só  na falta daquelas.
                Ainda não tinham passado dez minutos e já as benditas aludras viam a luz do dia e espreguiçavam as suas asas brancas prateadas, reluzentes e transparentes ao sol quente. Era um regalo vê-las subir pelas galerias feitas na terra dura e seca. Cá em cima,  à superfície e ao ar livre, pareciam crianças soltas num lameiro, em  liberdade total. Cada um encheu o cabaço onde previamente tinham posto  os  cangos de uva para as  alimentarem.
      A amizade entre aqueles dois garotos estava  a salvo e cimentada contra ventos e marés:
             No início de uma manhã morna e límpida de  finais de Setembro,  por volta das seis da manhã, Ismael saiu de casa  com o sacho ao ombro e com as ratoeiras e o cabaço  das aludras suspensos no cabo da enchada e com o coração cheio de sonhos e de ilusões. Encontrou-se com o seu maior amigo à hora combinada, em frente à casa do Dr. Ramiro Salgado.  Entretanto, já tinham “ seibado” as ratoeiras com as aludras presas pelo ventre com  pêlos pretos da crina e do rabo do macho preto do avô do Dominguinhos.  
               Desceram a íngreme e pedragosa  rua da Costa da Ferrada em direcção aos lameiros da Quintã. Passaram pelo olival do ti Zé Francisco e saltaram para o lameiro do Adérito Raúl.  Perscutaram o som ambiente e conseguiam distinguir  o pio dos tralhões dos outros pássaros: folecras, marantéus, pintassilgos, rouxinóis, papa -  figos, pica-  paus, gaios, piscos, carriças... Os tralhões tinham um voo  em ondulações rasante e  curto, de árvore em árvore.  O piar , pxim,pxim,pxim... de curta duração e o voo característicos dos tralhões eram inconfundíveis.
     - Ich...Oube-zios? Hoje bamos acaçar mais de catchaquinze ! No nos oubes?– perguntou  o Dominguinhos entusiasmado.
     - Hoje bamos acaçar pra uma arroçaça – concordou o Ismael.
            Estudaram o terreno em termos topográficos e arbóreos e, de acordo com o conhecimento prático dos hábitos dos tralhões , começaram a distribuir as trinta e cinco ratoeiras que tinham levado. Armavam a primeira e seguiam em frente e para os lados; nunca para trás. 
           Quando armavam a última  ratoeira, voltavam ao  local da primeira a fazer a ronda. ( Iam assomar-se às ratoeiras).  Isso exigia deles uma extraordinária memória  visual e espacial, pois teriam que se recordar de todos os  “ tentos “ onde tinham armado as ratoeiras. Quando, por qualquer motivo, acontecia esquecerem-se de uma, era uma tristeza e, acima de tudo, uma vergonha. Eram caçadores de tralhões, mas com honra!
                  Tinham passado as tardes dos dois Sábados e Domingos  anteriores a construir de raiz e a rectificar as armadilhas para os tralhões incautos e inocentes. Também há quem, com idêntica sabedoria e paciência, arme ratoeiras  a humanos inocentes e incautos. ( Há aquele célebre diálogo enter as andorinhas e os tralhões quando se cruzaram  lá para os lados do Norte de África: “ Olá, andorinhas putas: fostens poucas e vindes muitas “. Ao que as andorinhas responderam: “ Adeus, tralhões loucos, ides muitos e vireis poucos”. 
         A ilusão, o sonho e a sensação de glória tomou conta deles .  O ar puro , fresco  e  ralo da manhã acalmava todas as angústias da alma e batia-lhes com suavidade no rosto sonhador.  Até os pequenos cirros se espreguiçavam sem nenhuma vontade em continuar a existir. Eram duas crianças em êxtase, pedindo a todos os Santos  para que a caçada fosse boa. Distribuiram-se pelos campos e lameiros de freixos, de carrascos, amendoeiras e oliveiras  e cada um armava as suas ratoeiras. Colocavam-se no lugar do tralhão e anteviam o seu comportamento. Seleccionavam  o local perfeito para os enganar.  Um terreno lavrado com meia dúzia de amendoeiras, de preferência pequenas e com uns merouços  nas extremidades, era o “ habitat “ natural. Escolhiam  as árvores mais pequenas e isoladas. Sempre que havia uma amendoeira, uma ginjeira ou uma árvore de fruto de pequeno porte e separada das outras, aí era o  “ tento “  propício. Não eram muito clientes de de árvores altas e frondosas, como os sobreiros ou as oliveiras.
       Cavavam uma pequena cova pouco profunda e ligeiramente inclinada, onde colocavam a ratoeira seivada com duas aludras presas pelo abdómen com um pelo da crina ou do rabo do macho preto do Avô do Dominguinhos, com o “ tchabilhão “ no início da pequena abertura no terreno. ( Havia quem as cobrisse levemente com terra, deixando apenas ver as asas  cintilantes das aludras).
       O tralhão, do alto, ao ver a terra fresca, remexida e, ao ver reluzir as asas das pobres aludras que se debatiam debalde contra  a prisão, avançavam uns, em voo picado outros, mais cautelosos, analisando  de forma inútil o cenário, em ambas as situações, para a morte. Ao bicar as aludras, o “tchabilhão “ soltava-se da grileira, o aro de arame disparava, apanhando-o incauto. Depois, era estrebuchar com todas as forças até ao estertor da morte.
      Houve, entretanto, uma situação assaz curiosa: numa das ratoeiras do Dominguinhos, o tralhão conseguiu , por duas vezes, ludibriá-los e comer as aludras sem ser apanhado.  Intrigados com o fenómeno, aconselhou-o o Ismael , conhecedor profundo dos hábitos dos pequenos passarinhos: “ birá ratoeira ó contrário, co tchablhão pra baixo “. Dito e feito: na próxima “ abença “ o tralhão pagou as favas, ficando preso. E assim, aquele foi mais um a juntar aos muitos que já traziam, em coleira, amarrados à cintura, com o osso da pata do anterior espetado no bico do seguinte, fazendo uma corrente de elos.
       Quando já vinham para casa, satisfeitos com a empreitada, Ismael notou que Dominguinhos olhava  triste e absorto para algo no chão:  o esqueleto de um pisco, ao toro de uma oliveira, já comido o mole pelas formigas que, ainda em abundância o rodeavam: só o bico e  a caveira restavam. E os dois amigos ficaram uns instantes em silêncio, a lamentar a sorte do passarinho.
     Aqueles pequenos pássaros, parecidos com os piscos, mas de papo  claro –branco – sujo – com algumas penas brancas na parte superior das asas e no rabo, era um manjar dos deuses.  Cortavam-lhes a cabeça e as patas,  depenavam-nos, abriam-nos ao meio pela barriga e, temperados apenas com sal grosso e bem tostadinhos nas brasas da lareira, era de saborear até às lágrimas: ia tudo... até os ossos!
     Por sorte, por coincidência ou por habilidade, Ismael tinha apanhado dezasseis tralhões e Dominguinhos apenas sete. Ismael deu quatro ao seu amigo e este devolveu-lhos e ainda lhe  deu três dos dele. “ Pega. Pra mim abondam - me bem estes quatro; os meus Pais e os meus Abôs no ligam munto e bós sendes mais”.

(Texto extraído e adaptado do romance “ Por Entre a Solidão das Fragas”, a publicar)

Fontes de Carvalho

Fontes de Carvalho
, pseudónimo de Luís Abel Carvalho, nasceu no Larinho, uma aldeia transmontana do Concelho de Torre de Moncorvo, Distrito de Bragança. É o filho do meio de três irmãos.
Estudou em Moncorvo, Bragança e no Porto, onde se formou em Engenharia Geotécnia. É casado e Pai de três filhos.
Viveu no Brasil, onde passou por momentos dolorosos e de terror, a nível económico e psicológico. Chegou a viver das vendas de artesanto nas ruas e a dormir debaixo de Viadutos.
No ano de 1980 e 1981 foi Professor de Matemática em Angola, na Província de Kwanza Sul, em Wuaku-Kungo. Aí aprendeu a desmistificar certos mitos e viveu uma realidade muito diferente da propagandeada.
Em Portugal deu aulas de Matemática em diversas cidades, nomeadamente em São Pedro da Cova, Ponte de Lima, Cascais (na Escola de Alcabideche, onde deu aulas aos presos da cadeia do Linhó), Alcácer do Sal, Escola Francisco Arruda e Luís de Gusmão, em Lisboa. Frequentou durante quatro anos, como trabalhador-estudante, o curso de Engenharia Rural, no Instituto Superior de Agronomia.
Em 1995 fundou a empresa Bioprimática – Reciclagem de Consumíveis de Informática, onde trabalha até hoje como sócio-gerente.

1971 – Um incêndio arruína o Cineteatro Camões, deixando a Cidade de Bragança sem casa de espetáculos.

Quanto custa pensar… Bragança...sem demagogia? "MEMÓRIAS"

Tenho lido, em páginas pessoais e colectivas, no facebook, muitas opiniões e comentários sobre o “imbróglio” causado por um autocarro que ficou imobilizado em plena Praça da Sé.
Uns, culpam o motorista que não esteve atento, como lhe competia, ao sinal de trânsito que o impedia de prosseguir pela respectiva via. Outros culpam os responsáveis pela actual estrutura da Praça da Sé e da Zona Histórica.
Permitam-me que me pronuncie sobre o assunto com base num outro prisma…O MEU.
O que queremos para Bragança? O que queremos para a Zona Histórica?
O que está feito, feito está.
Vale a pena, com coragem, alterar o paradigma, que levou a uma Praça da Sé e ruas limítrofes, preferencialmente para peões, e há anos sem peões?...nem pionças…
Deixamos estar como está e, que se lixe, os motoristas dos autocarros que olhem, como lhes compete, para os sinais de trânsito.
A época propicia o discurso demagógico. Ano de eleições. É assim em todo o lado e nós não poderíamos ser a exceção. Populismo, demagogia, mentira, bluf…hipocrisia, memória curta etc, etc.
No caso em apreço o que importa?
- Saber de quem é a culpa do acontecido? Do motorista…provavelmente. E é isso que importa?
NÃO, NÃO E NÃO.
O que importa é saber se queremos, ou precisamos mesmo, que os autocarros possam circular “à vontade” na Zona Histórica! Os autocarros, os carros ligeiros, as motas, as bicicletas, as carroças de burros, os burros sem carroça e as pessoas.

Sonho: Um autocarro, repleto de turistas, chega à Praça da Sé:

- Olhai pessoal….Igreja majestosa. Vamos visitar.
- Curioso aquele edifício redondo ali ao lado.
Saíram do autocarro. Eram 62…mais o motorista, que não viu nenhum sinal que o proibisse, a ele, ao autocarro e a mais 62…de ali irem “aportar”…
Saíram do autocarro. 
Os "travesseiros" do Flórida esgotaram em minutos. Pudera, até eu agora comia um. A esplanada encheu de repente e a velhinha urbe resplandecia. Num “de repente”, o Chave de Ouro serviu mais de 40 cafés, fez mais de 30 sandes, vendeu umas raspadinhas e meteu uns euros milhões. Pronto, também vendeu uns maços do malfadado e perseguido tabaco.
Os mais jovens espreitaram a travessa da misericórdia…a Taska é convidativa, diferente, gerida por jovens e com um ambiente que faz lembrar os tempos de que os Pais e os Avós lhes falam…e cantaram as canções de antigamente, sabiam a letra que tantas vezes ouviram cantar...e gostaram dos petiscos.
Os mais velhotes, cansados da viagem, ficaram-se na esplanada do Goal Keeper…onde beberam uns sumos e comeram uns bolos.
Foram visitar a Igreja da Sé. Encheram a caixa das esmolas e ficaram maravilhados com a nossa velhinha Catedral.
Sete dos turistas, mais conservadores, aproveitaram para engraxar os sapatos nos dois Graxas que ali "montaram" o estabelecimento.

Escurecia…

- E se jantássemos por aqui em vez de irmos, já diretos, para Zamora?
Votaram.
Decidiram por ficar.
O restaurante Poças serviu uns 40 jantares... .
O Emiclau foi um "vê se te avias".
No Praça 16…,para além da exposição sobre a nossa terra e a nossa gente, atuava um grupo de música tradicional. Na Taska um duo de violas tocava música dos anos 70…o Chave d´Ouro continuava a servir muitos cafés, a vender raspadinhas e a meter euro milhões. Na esplanada do Goal Keeper, estava-se tão bem a sentir uma brisa fresca depois de um dia de calor infernal…e ouvia-se música country…
Dois deles olharam para o fundo da rua direita.
- E se fossemos até ao Castelo…é já ali. E foram, eles e mais uns 15…beberam umas garrafas de água na Tasca do Zé Tuga. Gostaram do ambiente e prometeram voltar um dia à Tasca para um regalado repasto.
Um jovem casal "aventurou-se" até à avenida João da Cruz e sentados na taça fizeram juras de amor eterno...
O pessoal do autocarro…que não devia ter passado por ali…juntou-se à festa…!
Para o ano voltamos…e fizeram amigos.
E Bragança esteve viva.
Estão, mesmo agora, a chegar mais dois autocarros. Têm quartos reservados no novo Hotel da Travessa da Misericórdia… .

AFINAL O QUE ESTÁ MAL?

O motorista do autocarro que não reparou no sinal?

Ou o que impede todos os motoristas, de todos os autocarros, de passarem na nossa Praça da Sé?

O sonho comanda a vida!...

HM

Boletim do Grupo Amigos de Bragança - 2ª série, nº2 - Maio 1963

Feira da Pavia pretende divulgar produto pouco conhecido, este fim-de-semana, em Arcas, Macedo de Cavaleiros

 A aldeia de Arcas, no concelho de Macedo de Cavaleiros vai receber este fim-de-semana, a Feira da Pavia. Antes de mais, esclarecer o que é isto… Trata-se de um fruto da família do pêssego, mais pequeno em dimensão, com a polpa pegada ao caroço e possui um bico. Um evento tem como objetivo dar a promover este fruto, com caraterísticas únicas, de excelência, e também auxiliar os produtores a escoar-lo, como destaca a presidente da Junta de Freguesia de Arcas, Ana Martins:


É a terceira edição da Feira da Pavia. O objetivo é ajudar os agricultores a escoar o produto, que neste caso é a Pavia, que é original desta zona, devido à temperatura, ao clima e ao terreno. E por isso, o maior objetivo a dar a conhecer o fruto e ajudar os agricultores. Este fruto é muito parecido a um pêssego, mas tem outras características, que um pêssego normal não tem. Tem um “biquinho” e o sabor é inconfundível.

Um fruto que já foi mais abundante mas que ainda é produzido em alguma quantidade na freguesia de Arcas. Neste evento, vão estar presentes cerca de 18 expositores, deste e outros produtos regionais. Mas o programa abrange mais atividades, como acrescenta, Ana Martins:

Nós vamos ter lá os expositores, em que a maioria é dali da freguesia, e a maior parte comercializarão pavia. Mas além da pavia, podem também adquirir uva moscatel, figos, talvez figo seco e diversas compotas e como não poderia deixar de ser compotas de pavia. No domingo, vamos ter um seminário, sobre boas práticas de fruticultura e também sibre apoios. Para além da primeira caminhada solidária, para ajudar a liga portuguesa contra o cancro, no domingo.

As expectativas são as melhores garantiu Ana Martins da organização. A abertura da feira vai decorrer pelas 16h00 de sábado, depois vão decorrer comemorações dos 50 anos de Abril, com condecorações aos 7 antigos presidentes de junta de freguesia, depois do 25 de abril. Além da venda e mostra de produtos, os dois dias contam com animação, a cargo do Dj Topi, Toka a Bombar e atuação de Nel Monteiro, no domingo, pelas 15h30. No domingo de manhã vai realizar-se a primeira caminhada solidária a reverter para a liga contra o cancro, que como não poderia deixar de ser é a “Rota da Pavia”.

Escrito por Rádio ONDA LIVRE

Município de Moncorvo apoia pastores para combate da brucelose e minimização de custos

 A Câmara de Torre de Moncorvo aumentou o apoio aos criadores de gado, na tentativa de combater o abandono pela criação de animais


O presidente da câmara municipal de Moncorvo, José Meneses, explica que o apoio se mantém nos mesmos moldes que os anos anteriores, mas houve um aumento de 50 cêntimos. “É para fazer face ao pagamento ao agrupamento de defesa sanitário, com o acréscimo de 50 cêntimos, uma vez que a quota também subiu. 3,5 euros por cada cabeça de ovino e caprino e 20 euros por cada cabeça de bovino”, disse.

O autarca destaca também as dificuldades dos agricultores e afirmou que o decréscimo de efectivo é preocupante. “Existem cada vez menos pessoas ligadas à pastorícia e isso preocupa-nos, por isso leva a outras situações, como incêndios no Verão. Hoje um pastor com as mesmas ovelhas tem enormes dificuldades financeiras, o preço do leite está igual há 20 anos, houve pouco aumento do borrego, a lã não tem valor”, apontou, adiantando que num ano houve a redução de “mil cabeças”, o que espelha que pecuária “não é atractiva”.

José Meneses salientou ainda que o Ministério da agricultura tem de olhar mais para este sector. “Cabe ao poder central poder olhar para isto de outra forma, de uma forma de voltar a incentivar novamente as pessoas a dedicarem-se à pecuária”.  

Esta é já a terceira vez que o município de Moncorvo atribuiu um apoio anual aos criadores de gado do concelho. A medida tem por objectivo ajudar a combater a brucelose, mas também a minimizar dificuldades, devido ao baixo preço do leite e o escoamento sazonal dos borregos e cabritos.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Cindy Tomé

Miranda do Douro é palco de festival gastronómico com cinco chefes de cozinha

 Cinco chefes de cozinha vão confeccionar raças autóctones e castanha, num festival que pretende promover a gastronomia, a cultura e acima de tudo a região


Sábado e domingo, Miranda do Douro vai ser palco do Meating. A inovação e a tradição de mãos dadas, nas refeições confeccionadas, sempre com animação musical.

“Quatro chefes vão trabalhar as raças autóctones da região, conta também com um chefe que vai trabalhar a castanha, um produto icónico da nossa gastronomia, e conta com quatro concertos colaborativos entre artistas locais, que curiosamente cantam em mirandês e artistas nacionais de estilos completamente diferentes”, salientou Pedro Cepeda, da organização.

Óscar Geadas, Diogo Rocha, Michele Marques, Marcelo Dias e Eurico Castro serão os responsáveis por aconchegar o estomago dos mirandeses e visitantes.

O chefe Marcelo Dias, natural de Miranda do Douro, escolheu cozinhar uma das pratas da casa, o cordeiro da raça churra galega mirandesa. Admite que será um desafio e que apresentará um prato inovador. “A ideia será tirar o maior proveito do animal, para não haver desperdícios. Penso que vai ser uma mistura como nunca ninguém viu na zona, a ideia é fazer uma coisa inovadora. Vamos trazer um bocado da América do Sul”, explicou.

Será ainda confeccionado o porco bísaro, o bovino mirandês e a churra galega serrana. O objectivo é divulgar produtos de qualidade.

Para o vice-presidente da Câmara de Miranda do Douro, Nuno Rodrigues, esta é mais uma estratégia de promoção. “Não estamos só a promover o território, estamos também a promover as nossas raças autóctones, a nossa música, a nossa cultura, tudo o que temos de melhor. Como vamos receber milhares de visitantes promove sempre a economia local”, frisou.

O festival gastronómico Meating decorre este fim-de-semana, entre as 12h e as 2h, com entrada livre, junto à catedral de Miranda do Douro. Conta ainda com concertos, animação e mercado criativo.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

🚴‍♀️🎖 𝗩𝗲𝗺 𝗮𝗶́ 𝗮 “𝗩𝗼𝗹𝘁𝗮 𝗮𝗼 𝗡𝗼𝗿𝗱𝗲𝘀𝘁𝗲 𝗲𝗺 𝗕𝗶𝗰𝗶𝗰𝗹𝗲𝘁𝗮”

 De 27 a 29 de setembro, as emoções do ciclismo regressam às estradas do Nordeste Transmontano. A celebrar a 5.ª Edição, a “Volta ao Nordeste em Bicicleta DAITSU” conta com um arranque especial em Bragança - contrarrelógio noturno -, e liga, em duas etapas, a capital de distrito aos concelhos de Miranda do Douro, Vinhais e Mirandela.
📌 A sessão pública de apresentação desta prova aconteceu ontem na Sala de Atos do Município de Bragança.

🔗 Mais informações AQUI.

Foto: CMB

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Feira das Cantarinhas

 Até há bem pouco tempo, a Idade Média continuava presente nalgumas instituições de carácter económico, social e cultural. As feiras polivalentes aproximaram as populações e fomentaram um negócio incipiente para dar resposta à colocação dos produtos de origem rural e pastoril.


Como qualquer instituição social, a feira tem um período de formação, incremento e pujança. Com o objectivo de distribuir os produtos agrícolas, cedo encontramos medidas que visam a protecção Jurídica que dá confiança aos que as procuram com o intuito de colocar os produtos que os lavradores produziam. As cartas de feira eram documentos que os municípios concediam aos que procuravam a feira com a finalidade de garantir os bens e proteger a própria vida. Com o mesmo intuito apareceram as feiras francas e os oito dias anteriores e posteriores à feira que reforçavam a segurança.
A primeira fase, inicial e de formação, sucede numa segunda fase que corresponde ao reinado de D. Afonso III. Multiplica-se o número de feiras e ampliam-se as garantias e os privilégios jurídicos concedidas aos feirantes. As feiras não só fomentaram a riqueza pessoal como também os bens da coroa. Por isso consideramos as feiras factores de ordem económica e social.
As cartas de feira concedidas entre os sécs. XIII e XV foram dadas peles monarcas aos municípios com o intuito de atrair gentes para a região transmontana. D. Afonso III deu a Bragança uma carta de feira em 1272 na qual os feirantes eram isentos de pagar portagens e costumagens. O citado soberano, Afonso III, diz expressamente que concede a Bragança uma carta de feira, a 5 de Março de 1272, com o intuito de que os feirantes estejam seguros na ida e na vinda. D. Fernando (1383, Out., 16), deseja fazer graça e mercê ao concelho e homens bons da nossa villa de Bragança e que haja em cada huum ano feiras frequentadas.
As medidas que os restantes monarcas tomaram (D. João I e D. Afonso V), fomentam o negócio, local, onde se sente a preocupação de defender os interesses dos povos que habitavam certas localidades. Os corregedores só podiam aparecer nas feiras como compradores e vendedores e nunca para defender os direitos do soberano.
A Feira das Cantarinhas, de origem medieval, realizava-se dentro ou fora da Cidadela, conforme a paz da feira o permitia. Manteve-se até há 40 ou 50 anos com marcas tipicamente. medievais. Vem comigo revisitar o tempo e o espaço onde se mercadejavam os produtos. Manhã cedo já os habitantes das aldeias limítrofes convergiam para a cidade. Sem as estradas actuais, serviam-se de caminhos secundários ou de alguma via militar romana que facilitava a passagem de algumas linhas de água.
A Feira das Cantarinhas constituía uma celebração festiva. De véspera, à noite, preparavam-se os alforges com os produtos que se mercadejavam na feira: gradura, batatas. Tudo se acomodava de modo que sobrasse um pequeno espaço onde cabia também a ração dos animais. Enfeitadas iam também as albardas. Uma colcha de lá vermelha eu branca, tecida no tear da casa, enfeitava a burricada que fazia um arraial medonho. Os donos, seguros de que ninguém . iria violar os enfeites festivos dos animais, deixavam-nos seguros, à aldrabe de uma porta velha.
Todos se apressavam para escolher um lugar bom, onde a exposição dos produtos facilitasse a venda. Dos ventres flácidos dos alforges saía a gradura e outros produtos para vender. No largo de S. Vicente, a Praça Velha, junta-se em pequenos montículos a trouxa que vem chegando das aldeias mais distantes: Câmaras de Pinela, latoeiros, ferreiros e mais objectos artesanais. Também os objectos as vasilhas de cobre têm sempre um pequeno espaço para se arrumar. Hortaliça e renovos, chouriços secos, queijos e raminhos de cerejas apetitosas vão atafulhando todos os espaços até à metade da Rua Direita. Da Torre de D. Chama e de Alfaião, pequenos microclimas, vinham em canastras os pimentos, alfaces, tomates, beterrabas, que iam ser plantados no dia seguinte e fazem a fartura dos marranchos de qualquer casa.
Rua abaixo, rua acima, saracoteavam-se os compradores e vendedores. Dos lados do sul, nuvens negras ameaçavam chuva iminente. Fim da tarde aproxima-se. Compram-se os últimos presentes que fazem o enlevo da garotada.
O dia 3 de Maio, dia de feira e festa está quase a findar. Falta a cântara de barro que no campo acompanha os trabalhadores com a água fresca. Nossa Senhora da Serra dá de novo as merendas. Quer dizer, os dias alongam-se mais. Esta mobília, comprada no 3 de Maio, nunca mais se esgota. Ainda falta um caldeiro e um garabano para regar à mão os renovos e os feijões de que falámos.
Os homens vêm do Toural, onde tinham levado um vitelo e uma vaca para vender. O bom negócio foi também pretexto para fechar o negócio com uns copos de vinho.
Em sentido contrário, organiza-se agora o mesmo movimento para casa. À entrada da aldeia já aos filhos lhes tarda a chegada dos pais. Numa saquinha da merenda, feita de remendos de muitas cores, vão uns económicos ou súplicas, quando não alguns rebuçados, para sofrear a gulodice da garotada. Uma flauta de barro, mais um chapéu da palha salpicavam a noite e os dias seguintes de tons musicais. A monotonia nostálgica do pós festa regressa também no quotidiano dos dias que se seguem. Que esta breve descrição nos auxilie na compreensão de uma festa anual que já não se reconhece no barulho de uma multidão que não cabe nos espaços livres da Rua Direita.

(Belarmino Afonso)

🎖 𝐌𝐮𝐧𝐢𝐜𝐢́𝐩𝐢𝐨 𝐝𝐞 𝐌𝐢𝐫𝐚𝐧𝐝𝐞𝐥𝐚 recebe 𝐃𝐢𝐩𝐥𝐨𝐦𝐚 𝐝𝐞 𝐌𝐞́𝐫𝐢𝐭𝐨 pelos serviços prestados ao 𝐂𝐨𝐫𝐩𝐨 𝐍𝐚𝐜𝐢𝐨𝐧𝐚𝐥 𝐝𝐞 𝐄𝐬𝐜𝐮𝐭𝐚𝐬 ao longo dos últimos 𝟏𝟎𝟎 𝐚𝐧𝐨𝐬

 O Município de Mirandela foi distinguido pela Junta Central do Corpo Nacional de Escutas (CNE) com o Diploma de Mérito, em reconhecimento pelos serviços prestados à instituição e agrupamentos locais ao longo dos últimos 100 anos.
A distinção reflete o apoio contínuo do Município aos agrupamentos de escuteiros  478 de Mirandela, 777 de Cachão, 778 de Torre D. Chama e 882 de Vale de Gouvinhas.

Destaca-se que Mirandela é o único concelho do distrito com dois agrupamentos no ativo: 777 de Cachão e 478 de Mirandela.

A Presidente da Câmara Municipal de Mirandela, Júlia Rodrigues, recebeu, esta tarde, no Salão Nobre do Paço dos Távoras, o diploma que foi entregue pelas mãos de elementos do agrupamento da cidade.

14 de MAIO de 1971 - MDB

ROCK vai animar Aldeia de Macedo de Cavaleiros no Sábado

 A segunda edição do ROcKorujas regressa, no sábado, 14 de setembro, à aldeia de Corujas, no concelho de Macedo de Cavaleiros. Combater a desertificação e o esquecimento desta localidade é um dos objetivos do festival.


Segundo a organização, o rock vai ser a alma do evento. Corujas vai ser o epicentro “de um festival que se ergue pela paixão e dedicação de um grupo reduzido de voluntários”, explica.

Sublinha ainda que apesar dos “poucos recursos, mas uma vontade inabalável, o ROcKorujas tem como missão revitalizar a cultura local e do esquecido nordeste transmontano”.

Este ano, o festival destaca-se com a presença do power duo californiano System Exclusive e da enérgica banda do Porto, Baleia Baleia Baleia. Além disso, conta com a participação de Dark Alchemy, um projeto de um filho da terra, a estreia do novo projeto concebido especialmente para um concerto ao final da tarde Soundset Ensemble, e três DJ sets ecléticos que prometem dança e andança a cargo de Bionico, Metralha e Mr.MPC.

O festival tem data marcada para sábado, no dia 14 de setembro. Arranca às 18 horas e prolonga-se durante a madrugada. A entrada é livre.

Jornalista: Rita Teixeira

A cultura do diálogo

 Se há uma atitude que hodiernamente se nos é reiteradamente requerida e que devemos assumir, até nos cansarmos, nestes tempos de afastamentos, de relativismos e de calculismos, é o diálogo.
Seja no núcleo fundamental da vida de qualquer pessoa, a família, até à escola, à universidade, ao hospital, à igreja, às religiões, ao estado, ao governo, à assembleia da república, mesmo aos partidos (então após a refrega das eleições ainda muito mais!), às empresas, às nações, etc, é deveras importante promover uma cultura do diálogo, tratando por todos os meios de criar instâncias para que ele seja possível, permitindo reconstruir os laços entre as pessoas, as instituições, enfim, o tecido social.
Isto implica, mesmo para pessoas mais maduras, uma autêntica aprendizagem, quase que uma ascese, que nos permita reconhecer os outros, ainda que nas diferenças e dissensões, como interlocutores válidos.
Trata-se de pugnar pelo encontro e pela negociação, de delinear estratégias, não de exclusão, mas de integração, mesmo dos dissidentes e dos que mantém uma propensão maior para o conflito e para o enfrentamento, assumindo a preocupação de tratar sempre com dignidade e respeito os que assim agem.
Contudo, mais que boas intenções, esta atitude, além de cada vez mais urgente, deveria ser tomada mais a sério, aprofundando o seu real significado e o efeito que provocam, pois, o diálogo é o modo privilegiado de nos encontrarmos com os outros.
Aceitar a diversidade de opiniões, ser sincero, falar e saber escutar com o “coração”, aceitar que ninguém possui toda a verdade, fortalecer os laços interpessoais, afirmar a solidariedade humana em detrimento da competição desenfreada que leva a ver os outros como competidores e potenciais inimigos, são alguns dos princípios fundamentais para o diálogo.
Os outros são assim percebidos como um bem, até como que uma ajuda à nossa própria evolução e realização.
Parece utópico, irrealista e desfasado da realidade assim entendido o diálogo? Talvez o seja.
Todavia, a mentalidade também se muda e evolui quando percebemos que os outros, mesmo por vezes errados, no pensamento e na postura, estão igualmente marcados por uma urgência de realização dos seus projetos, ideias e ambições, da visão que tem de bem e de verdade.
Por isso é importante derrubar os muros com argumentos, com autocrítica, com a clareza e correção das ideias, de regras e de normas, da reflexão construtiva, salvaguardando uma identidade e sem renunciar a valores e princípios, à verdade e à justiça assumidas e reconhecidas.
Não esqueçamos que, entre outros, um dos frutos mais importantes do diálogo é a paz, tão necessária e imprescindível!

Jorge Novo

L MIRANDÉS

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Percebi a importância do assunto na forma como a secretária da Presidente da Fundação Champalimaud me comunicou que a Dr.ª Leonor Beleza queria falar comigo no dia seguinte, mas apesar de querer que eu fosse ao seu gabinete, logo de manhã, não era urgente pois, ao contrário de outras ocasiões, não quis adiantar nada ao telefone – tinha de ser pessoalmente. A ser recebido no seu gabinete, antes de qualquer outra tarefa da sua exigente e preenchida agenda entendi os “misteriosos” contornos desta inédita convocatória:
– Pedi-lhe para vir aqui porque lhe queria mostrar isto, sabendo que ia gostar de ver!
Em cima de uma pequena mesa vários livros de que identifiquei logo alguns.
– Mirandês! – comentei logo, sorridente.
– Uma coleção do essencial do mirandês, que me foi oferecida pela Presidente da Câmara de Miranda.
Sensibilizado peguei em vários, folheei alguns e, enquanto discorri sobre as obras e os autores, falei da difícil situação da segunda língua oficial portuguesa e que, de certa forma, estava ali plasmada. Um tesouro cultural que, apesar dos últimos desenvolvimentos e esforços na sua divulgação e preservação corre o risco sério e não negligenciável de desaparecimento num espaço de tempo curto. Demasiado curto para um acervo milenar! Agradecido pela deferência para comigo, reconhecendo e apreciando a minha dedicação a esta urgência local, regional e nacional, por ordem de responsabilidades, regressei ao trabalho questionando-me sobre se, nesta mesma ordem e proporção estão as entidades públicas a dar a devida resposta.
O Estado, concedendo ao mirandês a justa condição de segunda língua oficial, pouco faz para o seu ensino nas escolas furtando-se ao dever de promover professores, manuais e gramáticas, aprovando a Carta das Línguas Minoritárias, “esqueceu-se” de a ratificar, criando o Instituto da Língua Mirandesa procrastina a sua concretização; a região, não se furtando a usar a língua como um precioso pin de lapela (é o único território lusitano com duas línguas) nada mais faz de concreto e substancial; e a Câmara, cuja Presidente, divulgando com natural “proua” as várias edições literárias deveria, no meu entendimento, questionar-se quantas destas são de iniciativa municipal, têm a sua colaboração ou, sequer, o seu apoio. Será que das dezenas (centenas?) de milhar de euros dedicadas a festas e romarias, sem qualquer intuito de as questionar, não seria possível retirar alguns milhares para financiar o registo áudio e vídeo, e a sua posterior transcrição, para premiar obras de poesia, ficção, ensaio e monografia, para editar obras, novas ou já existentes (o mirandês, sendo uma língua de tradição oral tem imensas histórias, lendas, ditos e tradições que é necessário preservar), traduções de e para outras línguas, a começar pelo “fidalgo” português?
Alegra-me que uma excelente coleção de obras passe a fazer parte do espólio cultural da Fundação Champalimaud, mas, confortando-me a ideia de o saber ali ao lado do meu habitual lugar de trabalho, inquieta-me a imagem daquela pilha de livros que, apesar da sua pequena expressão volumétrica, encerra em si uma cultura milenar. Sem querer ser injusto para ninguém, correndo o risco de esquecer quem deverá ser lembrado, por trás das páginas ordenadas e coligidas, das letras e imagens editadas vejo uma boina galega levemente tombada, um bigodinho aparado, um sorriso de permanente preocupação otimista, um par de olhos irrequietos e perscrutadores que a mim, aos mirandeses, aos restantes nordestinos e a todos os portugueses questionam o que vamos nós fazer para preservar o tesouro que milhares e milhares de compatriotas mantiveram, contra ventos e marés, ao longo de vários séculos, para no-lo entregarem em condições de impedir a sua perda.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

Língua Mirandesa com novos instrumentos de divulgação em tempo de aniversário

 A Associação de Língua e Cultura Mirandesa (ALCM), em parceria com o município de Miranda do Douro, está a preparar um conjunto de iniciativas para assinalar o 26.º aniversário do reconhecimento dos direitos linguísticos do mirandês em Portugal.


A efeméride acontece no dia 17 de setembro [ terça-feira] e com ela será dado a conhecer um conjunto de novidades que passa pela apresentação do audiolivro de “Mensagem”, de Fernando Pessoa (1888-1935), traduzido para mirandês por Amadeu Ferreira (1950-2015) e que ficará disponível na plataforma digital da Imprensa Nacional da Casa da Moeda (INCM).

Outra das iniciativas previstas será a apresentação do sítio do mirandês na plataforma digital RTP Ensina.

Outro momento será a assinatura de um protocolo de colaboração entre o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e a ALCM, com o objetivo de desenvolver trabalhos que possam ajudar no ensino do mirandês e na investigação desta língua minoritária.

O presidente da ALCM, Alfredo Cameirão, defendeu a continuidade do grupo de trabalho para a promoção da língua mirandesa, criado em 02 de fevereiro através de um despacho do Governo.

Francisco Pinto

Bragança recebe workshop do projeto Acelerar o Norte

 Com o objetivo de sensibilizar, mobilizar e qualificar as Micro e PME da região Norte para as vantagens da implementação de um modelo de negócio digital, o projeto Acelerar o Norte continua a percorrer as 8 sub-regiões do Norte do país com o Roadshow de Capacitação para qualificar as empresas aderentes ao projeto.


No próximo dia 16 de setembro, através da Aceleradora de Comércio Digital de Bragança e em parceria com a Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança, o Acelerar o Norte está em Bragança.

Dirigido aos empresários do Norte de Portugal dos setores do comércio, serviços pessoais e da restauração e similares, o objetivo do Roadshow de Capacitação do Norte é promover, gratuitamente, workshops sobre diversas temáticas para qualificar as empresas (gestores e colaboradores) aderentes ao projeto sobre ferramentas, boas práticas e estratégias de marketing digital.

Desde o Alto Minho, passando pelo Cávado, Ave, Alto Tâmega, Área Metropolitana do Porto, Tâmega e Sousa e terminando no Douro e Terras de Trás-os-Montes, o Acelerar o Norte tem percorrido toda a região com o Roadshow para a Digitalização do Norte, para apresentar o projeto à comunidade empresarial local, e com o Roadshow de Capacitação do Norte, a promover workshops sobre diversas temáticas para qualificar as empresas aderentes ao projeto.

Acelerar o Norte:

A CCP, a AEP, a AHRESP e a ACEPI criaram um consórcio para capacitar as empresas do Norte de Portugal, dos setores do comércio, serviços pessoais e da restauração e similares, para a economia digital.

Com o projeto Acelerar o Norte, apresentado em outubro do ano passado, na Exponor, o objetivo é aumentar a competitividade do tecido económico local e projetar o Norte em direção ao futuro digital.

O projeto, que estima abranger mais de 50 mil comerciantes, empresários e colaboradores de micro, pequenas e médias empresas das oito sub-regiões do Norte do Portugal, tem um investimento de 19 milhões de euros e a duração de dois anos.

Através de parcerias com associações locais (Alto Minho, Cávado, Ave, Alto Tâmega, Área Metropolitana do Porto, Tâmega e Sousa, Douro e Terras de Trás-os-Montes), o Acelerar o Norte vai apoiar e orientar negócios de proximidade com a criação de 16 Aceleradoras de Comércio Digital.

Para facilitar a adoção de estratégias e soluções digitais, que permitam às empresas atrair novos clientes, alcançar mais vendas e simplificar processos, o Acelerar o Norte vai disponibilizar, gratuitamente, ferramentas para avaliar o nível de maturidade digital do negócio, prestar apoio na elaboração de planos de transição digital, disponibilizar vouchers até 2 mil euros para acesso a serviços de transição digital e promover sessões de informação.

O projeto Acelerar o Norte é desenvolvido pela Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), e copromovido pela AEP - Associação Empresarial de Portugal, pela AHRESP - Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal e pela ACEPI - Associação da Economia Digital e financiado pela União Europeia, no âmbito do Programa de Recuperação e Resiliência e do NextGenerationEu, na Componente 16 - Empresas 4.0, e aprovado na sequência da publicação do Aviso N.º 04/C16-102/2022 - Aceleradoras de Comércio Digital.

Workshop “O seu primeiro website”
Data: 16 de setembro
Horário: 20:00 – 22:00
Local: Associação Comercial, Industrial e Serviços de Bragança (Rua Abílio Beça, 92, 1º, 5300-011 Bragança)
Inscrições AQUI.