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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 31 de maio de 2023

SER ALGUÉM

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Quando era adolescente e andava na escola, meus pais, muitas vezes, diziam-me: " Estuda, para vires a ser alguém!" Mas eu não entendia bem o que era ser – " Alguém".
Envelheci, passei sarilhos e cadilhos, meditei e observei a vida, não com olhos de quem a vive, mas como mero espectador, e conclui: ser "Alguém" – para muitos, – é entrar numa Faculdade. Obter licenciatura. Alcançar cargo de relevo e auferir milhões.
Entra-se na escola não para se instruir e adquirir cultura, que possa servir a sociedade, mas para se sobreviver nesse mar encapelado, que é a coletividade, e se possível, vir a ser – " Alguém".
Logo que se dá os incipientes passos, pretende-se que o menino seja o melhor e superior aos condiscípulos da escolinha.
Assim se inicia, na escola, a ser – "Alguém".
Se por infelicidade, fraqueza de memória ou estranha psicose, fracassa, começa a ser – " Ninguém".
No correr dos anos o "Alguém" forma-se, obtêm o pomposo título de "doutor", não para servir, mas para ser servido. Alguns, ainda alimentam o desejo (sádico?) de mandarem e humilharem os "Ninguém". Há, felizmente, muitas honrosas exceções.
Outros, não obtendo o grau académico, mas por herdarem sobrenome ou título nobiliárquico, julgam-se superiores, e portam-se, igualmente, como alguns doutores.
O velho Conde de Campo Belo, Homem de grande cultura, que tertúliava no Café Ceuta (Porto) aconselhava, deste modo, o filho, estudante universitário: " Lembra-te que a fidalguia não traz privilégios, mas sim, obrigações".
Obrigações, bem pesadas, de levar vida honrada e conduta exemplar, respeitando, desse modo, a memória de ilustres antepassados.
D. João de Castro, recomendava o filho ao enviá-lo em socorro a Dio: " Fazei por merecer o apelido que herdaste, recordando-vos que o nascimento em todos é igual, as obras fazem os homens diferentes".
Ninguém, de bom senso, se deve considerar superior: pelo apelido, pelo grau académico ou pelo título de nobreza ou ainda pelos bens que possui.
Todos nascemos do mesmo modo e parecemos da mesma forma.
Todos precisamos uns dos outros, e com o rodar dos anos, após a morte, todos se igualam. Todos se tornam desconhecidos, até para os descendentes, passam a ser meros antepassados, sem nome, como disse Cecília Meireles.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Transmontana mantém viva tradição secular da tecelagem

 Em Lamas de Orelhão, no ​​​​​​​concelho de Mirandela, vive a única tecedeira em lã natural que ainda vai resistindo na região transmontana.

© Fernando Pires/TSF

O som cadente do tear faz parte do dia-a-dia de Fátima Gomes. Desde tenra idade que sentiu o apelo da criação, auxiliada pela mãe que já era tecedeira e lhe incutiu a paixão pela tecelagem. "Isto já vem desde que nasci. A minha mãe estava grávida de mim e saiu do tear para eu nascer. Depois fui aprendendo a fazer uma coisa de cada vez e ainda cá ando", diz Fátima.

É na sua casa, na aldeia de Lamas de Orelhão, no concelho de Mirandela, que a única tecedeira de lã natural que ainda vai resistindo na região da Terra Quente Transmontana, todos os dias se senta em frente a um dos três teares tradicionais que ainda tem para trabalhar. Com 18 anos emigrou para França de onde regressou pouco depois dos 30 anos e, até hoje, agora com 68 anos. "Nunca mais parei. Fiz muitas feiras de Norte a Sul de Portugal", conta.

O trabalho do tear não a desmotiva, e repete meticulosamente os movimentos que darão vida às suas obras. Realiza o fio de uma só cor ou com matizes, misturando lã de várias tonalidades, conseguindo tons extraordinários com as suas cores naturais. Primeiro eram mais cobertores, mas agora também são carpetes e tapetes, muitos tapetes. Um deles estava a ser acabado. "Estou a fazer com as cores todas que há nos rebanhos, nas ovelhas. O branco, o mesclado que é meio cinzento, o castanho e temos esta cor que é a cor das cordeiras quando se tosquiam que é das badanas", explica.

Mas antes da lã de ovelha chegar ao tear, há ainda muito trabalho a fazer. "Tem de ser lavada, cardada, fiada e antes de ser utilizada ainda a passo pela máquina de lavar para acabar de tirar os cheiros e depois o fio que a gente faz do tecido." Depois disso, é trabalhado no tear até à obra final. "Mete-se o fio, o tear abre, o pé está a abrir os liços e mudo o pé e os liços também se mudam, o que faz o cruzamento dos fios", revela.

Para lá da sabedoria e do carinho colocado em cada peça, Fátima confessa que também é necessário alguma destreza física para manusear o tear. "O braço e a perna que abre o tear estão sempre a ser usados", conta.

Esta tecedeira não consegue passar um único dia sem uma visita ao seu ateliê. "Nem que seja só uma pequena coisa tenho de vir, porque isto é a minha paixão. É a minha família, as minhas filhas e o meu marido, e os meus teares", admite.

Se hoje em dia ter um tear é um verdadeiro achado, antigamente era frequente ser até prenda casamento. "Muita gente acabou por queimar os teares. Antigamente, contava a minha mãe e a minha avó, que só aqui nas Lamas chegou a haver 25 tecedeiras. Depois as filhas casavam, e o dote de casamento era um tear, mas depois veio a emigração e acabou-se, agora só resto eu", diz.

Esta tecedeira não consegue passar um único dia sem uma visita ao seu ateliê. "Nem que seja só uma pequena coisa tenho de vir, porque isto é a minha paixão. É a minha família, as minhas filhas e o meu marido, e os meus teares", admite.

Se hoje em dia ter um tear é um verdadeiro achado, antigamente era frequente ser até prenda casamento. "Muita gente acabou por queimar os teares. Antigamente, contava a minha mãe e a minha avó, que só aqui nas Lamas chegou a haver 25 tecedeiras. Depois as filhas casavam, e o dote de casamento era um tear, mas depois veio a emigração e acabou-se, agora só resto eu", diz.

Fernando Pires

O Jogo do Malhão | Jogos Populares Tradicionais

 
O Jogo do Malhão

“O malhão é uma malha de pedra com cerca de quinze quilos para cujo lançamento se exige força e técnica.

É ir a Barroso ou ao Vale de Aguiar, também às povoações das faldas do Alvão, e ver como os homens, por vezes sem aspecto de valentaças, atiram com o calhau a uma distância de se dar dois assobios admirados.

Como muitos outros jogos, o do malhão procede do trabalho rural.

Imaginemos um agricultor a atirar para a borda do campo ou para um qualquer muragalho as pedras que empecilham o cultivo.

Imaginemos ainda que ele, com uma pedra mais pesada, resolve experimentar a sua força, esforçando-se por que a pedra atinja a distância fixada.

O trabalho ganha assim uma nova dimensão, a do prazer lúdico, e o jogo nasce, convertendo-se em competição se outro agricultor está a seu lado e decide fazer a mesma experiência.

Foi assim que o jogo do malhão nasceu e terá sido assim que a modalidade do disco olímpico nasceu também.

Diz Homero na Odisseia (Rapsódia Um) sobre a participação de Ulisses num torneio de jogos no país dos Feácios: «Tomou o disco… Fê-lo girar com o braço e de sua forte mão despediu a pedra que zunia.»

Note-se, entretanto, que nas aldeias transmontanas o malhão não tem obrigatoriamente cerca de quinze quilos: o povo é avesso à rigidez do desporto, sendo flutuantes as regras dos seus jogos que se adaptam frequentemente às circunstâncias.

Regras

1.- A pedra a lançar é a mesma para todos os concorrentes e terá aproximadamente quinze quilos.

2.- Cada concorrente tem direito a lançar seis vezes a pedra, alternadamente.

3.- Sempre que caia a pedrinha colocada em cima da vara, a seus pés, o lançamento é considerado nulo, tal como quando o jogador ultrapassa o risco (onde a vara se encontra horizontalmente) no acto ou logo após o lançamento.

4.- É o local onde o malhão bate, mais próximo do local de lançamento, que marca a distância, vencendo o jogador que mais longe o atirar.

Nota: Há vários jogos do malhão. Este pode ser atirado com uma das mãos – de lado, por cima dos ombros ou dentre as pernas, sendo a primeira a modalidade habitual.”

António Cabral “A perspectiva cultural dos jogos populares”, in Estudos Transmontanos, Vila Real, n.º 2, 1984 (texto editado)

O Jogo do Pião - para quem se quiser recordar

 
O Jogo do Pião

O Jogo do Pião remonta à antiguidade, e em Portugal é um jogo infantil antiquíssimo.

Material

Um pião e um cordel por participante

Nº de participantes

Variável

Espaço de jogo

Um círculo com cerca de 1,50m de raio, para onde todos os participantes deverão lançar o seu pião, segundo uma ordem previamente sorteada.

Objectivos

Conseguir lançar o pião de forma a que gire no chão durante algum tempo arredando para fora do círculo o(s) pião(ões) que lá tiver(em) ficado e simultaneamente saindo também para continuar em jogo .

Depois da primeira rodada de lançamentos, começará o jogo, tendo como objectivo deitar fora do círculo, os pião(ões) lá deixado(s).

Preparação e lançamento do pião

O cordel enrola-se à volta do pião, começando a enrolar da ponta até ao meio do pião. sobrando um bocado que chegue para pôr à volta da mão.Depois pega-se na pontinha do cordel e lança-se ao chão, com um movimento de pulso.

O pião irá girar, devido à força e ao jeito com que se puxar repentinamente o cordel, imprimindo-lhe um movimento de rotação.

Desenvolvimento

Depois da primeira rodada de lançamentos, começará o jogo, tendo como objectivo deitar fora do círculo, o(s) pião(ões) lá deixado(s).

O(s) jogador(es) cujo pião ficar dentro do círculo ficará(ão) “de fora”, deixando lá o pião que os outros jogadores, um de cada vez, procurarão atirar para fora do círculo tentando “picá-lo”. O jogador que o conseguir fazer ganhará 50 pontos.

Nota

O pião poderá ser “aparado” (apanhado do chão, com a mão, enquanto gira e mantê-lo a girar na mão) pelo jogador que o lançou, e que depois de o fazer dançar na mão, o tentará lançar novamente, na tentativa de “picar” o(s) que se encontra(m) dentro do círculo, empurrando-o(s) para fora e simultaneamente saindo também, para continuar em jogo.

Regras

1 – Os lançamentos são feitos de acordo com a ordem sorteada e sempre um de cada vez

2 – O jogo é constituído por 3 séries de lançamentos, portanto, cada jogador terá 3 tentativas para “picar” o pião no interior do círculo

3 – Se o(s) pião(ões) que está(ão) “de castigo” não for(em) atingido(s) sai(aem) do castigo ficando “de castigo” o(s) que tiver(em) ficado dentro do círculo.

O pião e a ciência             

A física do pião é extremamente interessante e ainda hoje representa um interessante problema a ser resolvido.

Porque não tomba o pião quando está a girar? Já pensou nisso? Note-se que se apenas se segurar o pião sem o girar, soltando-o em seguida, ele tomba.

O pião e a arte

Faz rodar o pião redondo tudo em volta
Atira a primavera e recupera o verão
Terras e tempos tudo assume esse pião
que rodopia e rouba o chão à folha solta

Joga tudo no gesto ríspido de vida
Reergue o braço a prumo arrisca nessa roda
riscada entre parede e tronco a infância toda
Tudo é redondo e torna ao ponto de partida

O sol a sombra a cal os pássaros os pés
o adro a pedra o frio os plátanos… Quem és?
Voltas? rodas? regressas? rodopias? nada

Mas do breve pião levanta ao céu a enxada
e que esta vida extensa para sempre seja
– será? – tão bem coberta que nem Deus a veja

Ruy Belo
Fonte do texto | Jogo do pião, Lisboa, [s.d.] Ferreira da Cunha, Arquivo Fotográfico da CML

Resort de 10 milhões de euros já começou a ser construído em Pinela

 Já começou a ser construído o resort em Pinela, concelho de Bragança, quase dois anos depois do anúncio do projecto


A unidade hoteleira do Grupo Água Hotels representa um investimento de cerca de 10 milhões de euros. A abertura das candidaturas do quadro comunitário atrasou o processo.

“Deve-se a todo o processo de atraso nos fundos comunitários. As obras estarão mais ao menos cinco ou seis meses atrasadas. Os fundos comunitários são fundamentais para estes investimentos. Podemos obter financiamento entre os 35% e os 40%”, explicou o investidor, natural de Rebordainhos, Adriano Martins.

Estava previsto o hotel estar pronto já no Natal do próximo ano, mas assim sendo só em 2025.

O resort terá 80 quartos e ainda serão construídos dois T2 e dois T3. Prevê-se que crie 80 postos de trabalhos directos e indirectos. O grupo Água Hotels criou a primeira unidade hoteleira, em 2008, em Mondim de Basto, Vila Real. Tem ainda três no Algarve e é gestor de unidades de alojamento em Cabo Verde.

Escrito por Brigantia 
Jornalista: Ângela Pais

O CHORO DA BORBOLETA

Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")

Uma borboleta, com asas coloridas e delicadas, pousou suavemente numa flor silvestre.
O seu corpo tremia ligeiramente, enquanto pequenas gotas cristalinas escorriam dos seus olhos.
Suas lágrimas translúcidas caíam em cascata, tingindo o ar com uma tristeza mágica.
O seu choro silencioso, quase imperceptível, ecoava através dos campos floridos e penetrava nos corações sensíveis.
Quando as lágrimas da borboleta tocavam o chão, algo mágico acontecia.
As gotas de tristeza transformavam-se em pequenas flores brilhantes, espalhando-se pelo solo e iluminando a escuridão.
Enquanto os jardins nocturnos permaneciam tranquilos, a tristeza daquela borboleta ecoava no ar, á procura de novos horizontes.
Novos incentivos, para continuar a lutar.
Assim, sempre que vir uma borboleta chorar, lembre-se de que por trás dessas lágrimas está uma história de transformação.
Muitas vezes, é preciso chorar para encontrar a coragem para voar, e paz no coração.

Maria da Conceição Marques
, natural e residente em Bragança.
Desde cedo comecei a escrever, mas o lugar de esposa e mãe ocupou a minha vida.
Os meus manuscritos ao longo de muitos anos, foram-se perdendo no tempo, entre várias circunstâncias da vida e algumas mudanças de habitação.
Participou nas coletâneas: Poema-me; Poetas de Hoje; Sons de Poetas; A Lagoa e a Poesia; A Lagoa o Mar e Eu; Palavras de Veludo; Apenas Saudade; Um Grito à Pobreza; Contas-me uma História; Retrato de Mim; Eclética I; Eclética II e 5 Sentidos.
Reunir Escritas é Possível: Projeto da Academia de Letras- Infanto-Juvenil de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina.
Livros Editados: O Roseiral dos Sentidos – Suspiros Lunares – Delírios de uma Paixão – Entre Céu e o Mar – Uma Eterna Margarida - Contornos Poéticos - Palavras Cruzadas.

9.º BISPO DE MIRANDA - 1611 a 10 de Janeiro de 1614

 D. Jerónimo Teixeira Cabral – Natural de Lamego (93) e não de Évora como dizem alguns escritores (94); filho legítimo do desembargador Francisco Teixeira, cavaleiro da Ordem de S. Tiago e de sua mulher D. Brites Cabral (95). Frei Fernando de Abreu, já citado, diz que era irmão de D.Maria de Faria, mulher de Gonçalo Teixeira Pinto, governador da comarca de Lamego, e ambos filhos legítimos de Domingos de Almeida de Carvalho.
Foi D. Jerónimo Teixeira Cabral, graduado em cânones, cónego doutoral de Lamego a 26 de Novembro de 1582, cónego em Lisboa e inquisidor em Évora a 11 de Agosto de 1593.
A 1 de Novembro de 1598 (96) e não 1599 como traz a Lista dos Bispos de Miranda in Estatutos do Cabido, foi sagrado bispo de Angra do Heroísmo na igreja de S. Roque em Lisboa, de onde veio transferido para a Sé de Miranda em 1611, onde morreu e jaz sepultado, a 10 de Janeiro de 1614, estando já desde o ano anterior eleito para Lamego; porém, Azevedo (97) diz que faleceu em Madrid, onde fora agradecer ao rei o benefício da transferência. É, porém, menos exacto, pois o seu assento de óbito encontra-se no respectivo livro dos óbitos de Miranda do Douro, fl. 17 v., que o dá como falecido em Miranda a 10 de Janeiro de 1614 e natural de Lamego. O nome que lhe aponta é D. Jerónimo Teixeira Cabral.
No Paço Episcopal de Bragança guarda-se em tela o seu retrato acompanhado da seguinte legenda: D. Hieronymus Ferreira (98); / Lameci ortus obiit / X januari anno Domi / ni M. D. C. XIV in hac civi / tate Mirandensi in Cathe / drali jacet sepultus.

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(93) AZEVEDO, Joaquim de – História Eclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego, 1877, p. 81. PIRES,Manuel António – Opúsculo…, p. 23. Lista dos Bispos de Miranda. CUNHA, Rodrigo da – Catálogo e História dos Bispos do Porto, parte II, cap. XL. História Eclesiástica dos Arcebispos de Braga, parte II, cap. LXXVIII.
(94) FONSECA, Francisco da – Évora Gloriosa, «Epílogo» dos quatro tomos da Évora Ilustrada, vol. I, p. 330.
(95) AZEVEDO, Joaquim de – História Eclesiástica do Bispado de Lamego, p. 81.
(96) Ibidem.
(97) Ibidem. Trata também deste bispo o Catálogo dos Bispos de Angra, por SOUSA, António Caetano de, in «Memórias da Academia», de 1722.
(98) É a primeira vez que lhe encontramos este apelido, que igualmente lhe dá o Censual de todos os benefícios, manuscrito in-fólio existente na Câmara Eclesiástica de Bragança, o qual, desde fls. 339 até 365, contém a lista dos prelados da diocese, acompanhada de alguns dados biográficos.
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

Praça da Sé - BRAGANÇA

𝐉𝐨𝐫𝐧𝐚𝐝𝐚𝐬 𝐄𝐮𝐫𝐨𝐩𝐞𝐢𝐚𝐬 𝐝𝐞 𝐀𝐫𝐪𝐮𝐞𝐨𝐥𝐨𝐠𝐢𝐚 𝟐𝟎𝟐𝟑

 No âmbito das Jornadas Europeias de Arqueologia que ocorrem nos dias 16, 17 e 18 de junho, o Município de Miranda do Douro vai desenvolver no dia 17 de junho, entre as 10 e as 17 horas, na alcáçova do castelo de Miranda do Douro, oficinas de Arqueologia Experimental.
➡ As oficinas a realizar são: arte rupestre, talha lítica, cerâmica do Neolítico, missangas e arqueologia.

A iniciativa integrará uma breve exposição e explicação por parte de investigadores da Universidade de Valladolid e da UNED de algum espólio arqueológico proveniente de intervenções arqueológicas do concelho.

Esta atividade destinada ao público em geral, tem a colaboração da Rede dos Castros e Sociedade Ibérica de Arqueologia (projetos transfronteiriços em construção).

📲 Saiba mais AQUI.

Portugal NTN recebe selo “Sustainability Engaged” pela Turismo de Portugal

 A empresa mirandelense Portugal NTN recebeu um selo pela sua preocupação em matéria de sustentabilidade ambiental, social e económica


O reconhecimento enquadra-se no Programa Empresas Turismo 360°, do Turismo de Portugal, criado para ajudar as empresas a actuar de forma mais sustentável. Numa fase inicial mais de uma centena aderiram ao programa, mas, no total, apenas 24 empresas, para além de assumirem o compromisso de adoptar uma agenda ambiental, social e de governação, aderiram a uma plataforma tecnológica que permite automatizar a recolha, gestão e reporte dos dados associados a estas matérias.

Domingos Pires, um dos sócios da Portugal NTN, diz que a sustentabilidade sempre foi uma preocupação da empresa, criada em 2014. “O que traz à empresa é continuar a assumir uma responsabilidade em termos de turismo sustentável, que se baseia, essencialmente, em podermos adoptar uma agenda focada em termos ambientais, sociais e de governação".

Esta plataforma que permite automatizar a recolha, gestão e reporte dos dados sobre a agenda ambiental, social e de governação da Portugal NTN é uma mais-valia para a empresa. “Independentemente daquilo que já estávamos a fazer, no fundo, agora conseguimos ter visibilidade sobre aquilo que fazemos e perceber onde podemos actuar em termos de melhorias estruturais e de gestão dentro da empresa”.

As questões ambientais, sociais e de governação devem ser preocupações de todas as empresas, considera Domingos Pires. “Em termos de estratégia, não temos dúvidas de que esse é o caminho certo”.

A Portugal NTN participou recentemente na entrega de mais este galardão, que aconteceu no Centro Cultural Olga Cadaval, em Sintra.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves

RaceWars Motorfestival regressa a Mogadouro entre 09 e 11 de junho com 100 pilotos

 O Aeródromo de Mogadouro acolhe entre 09 e 11 de junho o “RaceWars Motorfestival”, um evento destinado aos entusiastas das corridas de Drag Racing, contando com a presença de mais de uma centena de pilotos ibéricos, foi hoje divulgado.


“Em 2022 levamos a efeito a primeira edição desta prova federada de Drag Racing e, como não é nossa política a realização de eventos efémeros, este ano voltamos a apostar nesta competição nacional que traz a Mogadouro mais de uma centena de pilotos portugueses e espanhóis”, explicou o presidente da Câmara de Mogadouro, António Pimentel.

Outros dos objetivos da iniciativa “RaceWars Motorfestival Mogadouro” passa por proporcionar uma experiência completa a todos visitantes e participantes, num evento desportivo onde as “emoções” se centram na pista do Aeródromo Municipal de Mogadouro (AMM), distrito de Bragança, com uma prova do campeonato nacional desta modalidade automóvel e uma prova extra, “onde qualquer participante e veículos autorizados podem participar”.

De acordo com o autarca, a prova de 2023 “foi um sucesso”, razão pela qual o município voltou a apostar na iniciativa que chama muito público a esta vila, havendo desta forma retorno para a economia local, destaque para a restauração, hotelaria e alojamento local e venda de produtos locais.

“Depois de uma primeira prova, foram limadas algumas arestas para melhorar o espetáculo, que pretendemos manter ao longo dos próximos em Mogadouro, já que atrai não só portugueses como espanhóis, dada a proximidade com as províncias de Zamora de Salamanca Espanha”, vincou António Pimentel.

Como atividades paralelas, os promotores desta iniciativa prometem ainda um espetáculo “único”, que inclui um carro com oito mil cavalos de potência com motor a jato, uma prova automobilística para os aficionados locais e muita música e animação noturna com música ao vivo e Djs.

Outras das novidades para este ano passa pela colocação de bancadas em ambos os lados da pista do AMM, com capacidade para cerca de 300 pessoas, já que a prova vai igualmente realizar-se nos dois sentidos da pista.

O investimento nesta prova, que é homologada pela Federação Portuguesa de Automobilismo e Karting (FPAK), rondará os 33 mil euros e contará com um dispositivo de segurança que envolve bombeiros, GNR e Proteção Civil Municipal.

FYP//LIL
Lusa/fim

Os próximos dias vão continuar a deixar os agricultores da região preocupados

 O Instituto Português do Mar e da Atmosfera prevê para esta semana “aguaceiros, em especial durante a tarde e no interior Norte e Centro”. Podem ser “fortes, de granizo, e acompanhados de trovoada”. Em termos de precipitação total semanal, até domingo, o IPMA prevê valores acima do normal


Entretanto, os produtores de maçã de Carrazeda de Ansiães continuam a tratar os pomares atingidos pelo granizo de sexta-feira e domingo, para tentar minimizar os prejuízos causados.

A Associação dos Fruticultores, Viticultores e Olivicultores do Planalto de Ansiães, que estima que 40% dos 800 hectares de pomares possam ter sido afetados pelo mau tempo e, por isso, Duarte Borges, fruticultor e técnico da associação, recomenda que se salve o possível. “Nesta fase o recomendado é fazer a aplicação de um produto fungicida, com cálcio, para reduzir os efeitos da queda do granizo no fruto e ajudar à cicatrização dos toques”. 

Parta além dos pomares de macieiras no Planalto de Ansiães, há também registo de estragos em vinhas e terrenos de outras culturas, noutros concelhos da região, nomeadamente em Murça, no distrito de Vila Real.

Escrito por Rádio Ansiães (CIR)

𝗘𝗡𝗖𝗢𝗡𝗧𝗥𝗢 𝗜𝗡𝗧𝗘𝗥𝗡𝗔𝗖𝗜𝗢𝗡𝗔𝗟 𝗗𝗘 𝗚𝗔𝗦𝗧𝗥𝗢𝗡𝗢𝗠𝗜𝗔 📌 A ARTE DA ALIMENTAÇÃO EM BRAGANÇA

 Esta sexta-feira e sábado, venha ao Auditório Paulo Quintela conhecer mais sobre a Candidatura de Bragança a “Cidade Criativa da UNESCO, na categoria de Gastronomia”.
🔗 Mais informações AQUI.

O LÍTIO, O FERRO E O CHUMBO

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Respeitando todas as opiniões não é fácil aceitar o argumento, demasiadamente usado por quem defende a exploração mineira, acusando os que a contestam de não dispensarem os telemóveis que usam baterias de lítio. Se essa argumentação fosse razoável então não haveria como sustentar tantas reivindicações justas e certas pois seria sempre possível encontrar manifestantes automobilizados entre os que reclamam do excesso de tráfego nas cidades e consumidores de produtos orientais entre os que não se calam contra a exploração de mão-de-obra escrava na Ásia.
Sendo óbvio que a existência de fundamentalismos, legítimos e úteis na sua missão de acordar consciências, não vai impedir o curso do progresso, nem tão pouco é isso recomendável, a verdadeira questão não pode andar à volta do modo de vida de quem apoia ou contesta mas sim da forma de viver e do bem estar das pessoas que residem nos locais para onde se aponta a atividade extrativa.
É aí que se deve centrar a discussão.
Se o desenvolvimento tecnológico contribui, sem qualquer dúvida, para a melhoria de vida de toda a gente, também ninguém pode duvidar do enorme transtorno que a exploração mineira acarreta consigo. Os defensores da mineração acenam com o desenvolvimento económico regional e com dezenas e dezenas de emprego. Analisemos essas propostas, supostamente, excelentes.
Há uma insinuação que a história já nos provou não ser verdadeira. O aproveitamento de riquezas naturais não implica, automaticamente, a subida de nível de vida dos habitantes dessas regiões. Se assim fosse os nativos da zona da Lunda, onde se extraem os maiores e mais valiosos diamantes, estariam, seguramente, entre os mais ricos, abastados e bem sucedidos cidadãos de África.
Não é assim!
Quanto aos empregos seria bom que os mesmos fossem concreta e seriamente enunciados. No caso do lítio apenas se anunciam de forma genérica. Mas para o ferro de Moncorvo foram já avançados números embora com um largo intervalo, desde a centena de empregos diretos até ao milhar de indiretos. Seria bom assentar num intervalo mais curto e, sobretudo estratificar claramente os respetivos tipos para sabermos bem do que se está a falar: quantos administrativos, quantos engenheiros, quantos operadores de máquinas e em que condições vão operar.
Não é possível esquecer que foi para fugir aos trabalhos de escravidão que, nos anos sessenta e setenta, dezenas de milhares de nordestinos, emigraram, desafiando tantos riscos, perigos e infortúnios.
Não me vou pronunciar sobre as duras condições do trabalho em galerias de minas, porque disso nada sei, mas recomendo a leitura do maravilhoso livro de padre Telmo Ferraz “O Lodo e as Estrelas” que nos tempos revolucionários o meu velho amigo Ernesto Rodrigues andou a promover, sob a forma de teatro, por todo o nordeste e onde, casualmente, também participei e que o amigo comum Fracisco Niebro traduziu para mirandês.
Explorar e rentabilizar as reservas de ferro e lítio?
Sim, porque não?
Desde que, com elas, não regressem os tempos de chumbo!


José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

BOTAI CA AO FESTIVAL!

Circuito Nacional de Basquetebol 3x3

 Mirandela vai receber a terceira etapa do Circuito Nacional de Basquetebol 3x3 a 03 de junho, naquele que será o maior evento do país dedicado à modalidade.
Promovido pela Federação Portuguesa de Basquetebol e com o apoio da Câmara Municipal de Mirandela e da Associação de Basquetebol de Bragança, esta competição é aberta a todas as idades, clubes e concelhos. O evento terá lugar na Alameda do Rio Tua, junto ao Santuário de N. Sra. do Amparo.

O basquetebol 3x3 é considerado um dos desportos urbanos mais populares da atualidade. Desde o primeiro evento oficial nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2010 que a Federação Internacional de Basquetebol (FIBA) tem impulsionado a modalidade – em 2017 foi adicionada ao Programa Olímpico e, em 2020, foi um dos destaques nos Jogos Olímpicos de Tóquio.

Inscrições e mais informação AQUI.

terça-feira, 30 de maio de 2023

POESIA FLORESCIDA

Por: Maria da Conceição Marques
(colaboradora do "Memórias...e outras coisas...")

É na dança das palavras que floresce a poesia, 
Um rumor de espuma, leve e fugidia. 
Ao redor do corpo que se desperta, 
Beijos salgados, sílabas espessas.
Na alvorada, pássaros no sangue despertam, 
Seu canto ecoa, melodias que encantam.
Subitamente, um grito emerge no ar, 
Apertado nos dentes, querendo voar.
Esvoaçam gaivotas num horizonte distante, 
O mar diurno, silencioso e constante.
Palavras se esvaem, transformam-se em bruma,
Enquanto a poesia se expande, plena e nua.
São as areias, testemunhas do tempo,
Que acolhem meus passos na praia, 
Grãos de vida, cheios de sentimento

Maria da Conceição Marques
, natural e residente em Bragança.
Desde cedo comecei a escrever, mas o lugar de esposa e mãe ocupou a minha vida.
Os meus manuscritos ao longo de muitos anos, foram-se perdendo no tempo, entre várias circunstâncias da vida e algumas mudanças de habitação.
Participei nas coletâneas: Poema-me; Poetas de Hoje; Sons de Poetas; A Lagoa e a Poesia; A Lagoa o Mar e Eu; Palavras de Veludo; Apenas Saudade; Um Grito à Pobreza; Contas-me uma História; Retrato de Mim; Eclética I; Eclética II; 5 Sentidos.
Reunir Escritas é Possível: Projeto da Academia de Letras- Infanto-Juvenil de São Bento do Sul, Estado de Santa Catarina.
Livros Editados: O Roseiral dos Sentidos – Suspiros Lunares – Delírios de uma Paixão – Entre Céu e o Mar – Uma Eterna Margarida - Contornos Poéticos - Palavras Cruzadas.

8.º BISPO DE MIRANDA - 1609 a 1611

 D. José de Melo – Natural de Évora, filho ilegítimo de D. Francisco de Melo, 1.º marquês de Ferreira e 3.º neto de D. Fernando, duque de Bragança.
Foi criado na vila de Moura, usando do nome de José Pimenta enquanto não foi reconhecido como filho de quem era. Estudou latim e teologia em Évora, graduando-se depois em cânones na Universidade de Coimbra, como colegial do colégio de S. Pedro, e não no de Évora, como pretendem os autores da Evora Gloriosa (88). É certo, porém, que enquanto estudou em Évora gozou para sua côngrua sustentação de uma das vinte e seis capelas instituídas pelo cardeal D. Henrique, depois rei, para estudantes pobres.
Concluída a formatura, passou logo à corte de Madrid, que então superintendia nos destinos de Portugal, e depois de gastar quatro anos em pretensões, foi nomeado agente daquela corte pela coroa de Portugal em Roma, onde chegou a 20 de Julho de 1604, fazendo a viagem por terra, caminho que igualmente seguiu quando regressou da capital do orbe católico, em princípios de Outubro de 1608.

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(88) SACRAMENTO, João do, Frei – Crónica de Carmelitas Descalços particular do reino de Portugal e província de S. Filipe, tomo II, livro V, cap. XIX, p. 362 e seguintes. LEAL, Pinho – Portugal Antigo e Moderno, artigo «Moura».
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Frei João do Sacramento (89) descreveu miudamente os negócios que D. José de Melo tratou nesta sua comissão.
Transferido D. Diogo de Sousa para o arcebispado de Évora em 1609, foi logo D. José de Melo nomeado bispo de Miranda, sendo sagrado em Lisboa, e morrendo este a 30 de Dezembro de 1610, foi suceder-lhe na dignidade arquiepiscopal de Évora, tomando posse por procuração a 12 de Setembro de 1611 e fazendo ali depois, em 6 de Novembro do mesmo ano, sua entrada solene (90).
A crónica que vamos seguindo, sendo tão minuciosa em particularidades da vida deste bispo de Miranda, nada lhe aponta feito em benefício desta Sé.
«Foi um dos mais insignes pontifices que teve a egreja de Evora, zeloso do culto Divino, amante da justiça e da pobreza, generoso nas esmolas e magnifico nas fabricas» (91); fez grandes obras nos paços episcopais de Évora, onde ainda hoje na parte principal se vêem, em magníficos azulejos, as suas armas; mandou compor a casa do colégio de S.Marcos e fez imprimir de novo as constituições sinodais deste arcebispado.
Morreu em Évora a 2 de Fevereiro de 1633 e está sepultado na capela-mor da igreja do convento dos Remédios desta cidade, de que era padroeiro, tendo na campa o seguinte epitáfio: Sepultura de D. Joseph de Mello, Filho do Marquez de Ferreira D. Francisco de Mello, primeiro deste nome, bispo de Miranda, arcebispo de Evora, fundador do padroado deste convento com seis missas quotidianas e tres officios cada anno por sua alma, de seus paes e irmaos, padroeiros successores e parentes.
Falleceu a 2 de fevereiro de 1633 (92).
No Paço Episcopal de Bragança conserva-se em tela o seu retrato e nela a legenda: D. Josephus de Mello Evorae ortus / ad Archiepiscupa / tum hujus civitatis / permutatus ibi obiit, / ibique jacet.

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(89) Ibidem.
(90) Ibidem. Portugal Antigo e Moderno, artigo «Moura».
(91) FONSECA, Francisco da – Évora Gloriosa, p. 306.
(92) SACRAMENTO – Crónica de Carmelitas descalços…O Dicionário Bibliográfico, tomo XIII, faz menção deste bispo, bem como o Portugal – Dicionário histórico, artigo «Mello» (D. José de).
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

Atenor: XI Ronda das Adegas pronta para acolher 5 mil visitantes

 Já está tudo pronto para a XI Ronda das Adegas, um evento cultural, musical e gastronómico que vai decorrer nos dias 9, 10 e 11 de junho, na aldeia de Atenor, em Miranda do Douro, onde são esperadas cerca de 5 mil pessoas, segundo a Associação Cultural e Desportiva de Atenor, organizadora do evento.


De acordo com Hirundino Esteves, representante da associação local, a “Ronda das Adegas”, conquistou notoriedade e atrai cada vez mais visitantes, graças à originalidade deste evento decorrer numa aldeia tipicamente rural do planalto mirandês.

“Em Atenor, ainda existem os antigos palheiros, currais, alpendres e adegas, que servem de espaços improvisados para as várias atividades culturais e gastronómicas como são as exposições, as oficinas e as tasquinhas”, informou.

E por falar em tasquinhas, o nome “Ronda das Adegas” evoca a antiga tradição na aldeia, de ir provar o vinho novo às adegas, ao mesmo tempo que se comia algum petisco.

“O público que visita Atenor, no decorrer da “Ronda das Adegas” aprecia sobretudo o contato com a população e a degustação da gastronomia local, onde se destaca o cordeiro assado na brasa, o javali ou cordeiro estufado na fogaça, os enchidos, a feijoada, a posta mirandesa, o frango de churrasco e o caldo verde”, indicou.

Na perspectiva Hirundino Esteves, as oficinas das antigas profissões, como a olaria, a cestaria, os escrinhos ou a cutelaria são atividades que também desperta o interesse dos visitantes.

Para além da gastronomia e das oficinas, quem se deslocar a Atenor nos dias 9, 10 e 11 de junho poderá ainda participar em jogos tradicionais, nos workshops dedicados à aprendizagem da língua mirandesa, ao fabrico do pão e do sabão e a visitar o centro de valorização do burro de Miranda.

Outro destaque na Ronda das Adegas é a montra de produtos regionais com os típicos enchidos, os queijos, as compotas, o pão caseiro, a doçaria regional, os licores e o vinho.

Na animação de rua, em Atenor, o som mais ouvido é o da gaita-de-foles, da caixa e do bombo, que marcam o ritmo da dança dos pauliteiros.

Os concertos são outro dos destaques do evento, que este ano conta com a participação de muitos e variados grupos musicais, como os Uxukalhus e Sebastião Antunes e Quadrilha.

A Ronda das Adegas deste ano vai encerrar com uma versão humorística da peça de teatro “Pranto de Maria Parda”, de Gil Vicente. Na representação teatral lamenta-se pela falta de vinho, ou seja, pelo fim da XI edição desta festa.

Segundo a organização, este ano, são esperadas cerca de 5 mil pessoas, em Atenor, provenientes de todo o país e também do estrangeiro, com a vinda de emigrantes portugueses, que reservam alguns dias de férias para participar neste evento anual.

“No fim-de-semana de 9, 10 e 11 de junho, a ‘Ronda das Adegas’ traz uma grande afluência de público à região e por isso, o alojamento esgota rapidamente nos concelho de Miranda de Douro, Vimioso e Mogadouro”, disse.

Tal como nos anos anteriores, o custo de entrada, para os três dias do evento, é de 2,5€. A aquisição da tradicional caneca, tem um custo adicional de 1,5€.

A “Ronda das Adegas” é um evento organizado pela Associação Cultural Desportiva de Atenor e que conta com os apoios do município de Miranda do Douro, da União de Freguesias de Sendim e Atenor e de várias empresas patrocinadoras.

Em Atenor, para além da “Ronda das Adegas” há ainda outros motivos de interesse nesta localidade, pertencente ao concelho de Miranda do Douro.

Alguns dos locais a visitar são o abrigo arqueológico das gravuras das Fragas da Lapa, assim como as ruínas do forno de telhas e aos antigos moinhos de água. Dentro da aldeia, existem os frescos da Igreja matriz e o piso da capela de Santo Cristo.

Atualmente vivem, em Atenor, cerca de 80 pessoas, entre eles alguns jovens, que conseguiram fixar-se no meio rural, graças ao trabalho desenvolvido pela Associação para o Estudo de Proteção do Gado Asinino (AEPGA), a Tomelo, Eco Desenvolvimento (que fabrica produtos naturais como sabonetes, cremes e ambientadores) e as empresas Crivo Eco-construção e Quitério Construções.

HA

A icónica exposição FÉ NOS BURROS está de volta

 Para (re)visitar de 2 de junho a 31 de agosto, numa exposição ao ar livre no Jardim Municipal e Parque Verde.

ULHA

Por: Luís Abel Carvalho
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Sabeis o que é Ulha? Talvez não. Ulha é sinónimo de duas bofetadas. Passo a explicar:
Nos idos anos cinquenta, quando um carro ia à minha aldeia – coisa rara -, os garotos não saíam de roda dele. Quando ia embora, íamos todos para as escadas da Tia Maria Gorda vê-lo subir a estrada do “Pinhal do Ribelho“, até desaparecer na linha do horizonte.
Enquanto o víamos , dizíamos numa chinfrineira: Ulha, ulha! Indó bejo, indóbejo. Ulha, indó bejo!
Uma vez passou por ali a Professora (D.Ivone) que nos chamou e nos pôs em fila indiana. (Éramos seis). Deu duas bofetadas a cada um. “ Seus burros!”. Não nsabeis que hulha é carvão?!  “ É assim que s´instrói!”, apoiaram alguns populares. E nunca mais esqueci que hulha é carvão. E, coincidência do destino, trabalhei numas minas de carvão (antracite)!

Fontes de Carvalho

Fontes de Carvalho
, pseudónimo de Luís Abel Carvalho, nasceu no Larinho, uma aldeia transmontana do Concelho de Torre de Moncorvo, Distrito de Bragança. É o filho do meio de três irmãos.
Estudou em Moncorvo, Bragança e no Porto, onde se formou em Engenharia Geotécnia. É casado e Pai de três filhos.
Viveu no Brasil, onde passou por momentos dolorosos e de terror, a nível económico e psicológico. Chegou a viver das vendas de artesanato nas ruas e a dormir debaixo de Viadutos.
No ano de 1980 e 1981 foi Professor de Matemática em Angola, na Província de Kwanza Sul, em Wuaku-Kungo. Aí aprendeu a desmistificar certos mitos e viveu uma realidade muito diferente da propagandeada.
Em Portugal deu aulas de Matemática em diversas cidades, nomeadamente em São Pedro da Cova, Ponte de Lima, Cascais (na Escola de Alcabideche, onde deu aulas aos presos da cadeia do Linhó), Alcácer do Sal, Escola Francisco Arruda e Luís de Gusmão, em Lisboa. Frequentou durante quatro anos, como trabalhador-estudante, o curso de Engenharia Rural, no Instituto Superior de Agronomia.
Em 1995 fundou a empresa Bioprimática – Reciclagem de Consumíveis de Informática, onde trabalha até hoje como sócio-gerente.

APICULTURA ATRAVESSA PIOR ANO DE SEMPRE E DESESPERA POR APOIO DO GOVERNO

 Quebras têm sido significativas nos últimos quatro anos e apicultores dizem que actividade já não é rentável


A apicultura atravessa o pior ano de sempre. As oscilações das temperaturas, os custos de produção, as quebras e a falta de apoios estão a fazer com que o sector já não seja rentável. Nos últimos quatro anos as produções de mel têm vindo a cair drasticamente. De acordo com o presidente da Associação Apicultores Parque Natural de Montesinho, que engloba cerca de 250 apicultores dos concelhos de Bragança e Vinhais, as produções têm “descido a zero” nos últimos anos e este ano “caminha pelo mesmo”. “Deve-se essencialmente à oscilação das temperaturas, às amplitudes térmicas. Temos um dia quente, dois dias frios, temos temperatura bastante alta durante o dia, temos temperaturas baixíssimas durante a noite, não há uma regularidade como havia”, explicou Manuel Gonçalves. Nos concelhos da Terra Quente o cenário não é diferente. O presidente da Cooperativa dos Produtores de Mel da Terra Quente, numa tertúlia sobre o ciclo da biodiversidade e a sustentabilidade da apicultura, que aconteceu a semana passada em Mirandela, frisou que os apicultores estão “a pagar para trabalhar”. “Em anos normais, na Terra Quente, a produção de mel andava nos 20 ou 30 quilos por colmeia, há três anos houve uma média de 7 ou 8 quilos, este ano que passou a média foi de 3 quilos por colmeia. Para que seja rentável tem que criar no mínimo 10 quilos, para o gasóleo, para os tratamentos, para a alimentação, para o material que é preciso repor”, explicou José Domingos Carneiro, adiantando que “não há ninguém que continue actividades com prejuízos”.

Abandonar actividade começa a ser solução

Carlos Alves é o maior apicultor do Parque Natural de Montesinho. Tem 1200 colmeias, em Passos de Lomba, concelho de Vinhais. A apicultura começou por ser um passatempo, mas há cerca de sete anos decidiu profissionalizar-se, quando a actividade ainda era “rentável”. Agora, os prejuízos são grandes. “O ano passado, na minha exploração, que se dedica exclusivamente à produção de mel, tive prejuízos entre os 12 a 15 mil euros”, afirmou. O apicultor não tem dúvidas de que a actividade “está em decadência” em Portugal. As produções são “muito baixas”, os custos de produção “elevadíssimos”, o alimento para as colmeias “duplicou” e, desta forma, começa a ficar “intolerável”. Se este ano as quebras continuarem significativas como nos últimos anos, ameaça deixar a apicultura. “Tenho que pensar seriamente se posso continuar, porque a actividade está a deixar de ser rentável”, sublinhou. Vende mel a granel para Portugal e até para Espanha e recentemente criou a marca “Apilomba”, com a expectativa de conseguir vender ao consumidor final. No entanto, há três anos que tem produções de mel “muito baixas”, sendo que o ano passado teve uma quebra de 50% em relação ao ano anterior e o ano anterior “já foi fraco”. Para já ainda é cedo para dizer como será a produção de mel este ano, mas da maneira como estão as colmeias prevê que seja igualmente fraco. Carlos Alves não compreende a falta de apoios do Ministério da Agricultura. “Temos de seguir as normas europeias a nível da produção de bens derivados da apicultura, como também a forma como tratamos as colmeias, no entanto quando se trata a direitos não temos os mesmos que os apicultores europeus”, afirmou, destacando que a tutela “não reconhece” a apicultura pelos serviços que prestam “à agricultura, aos ecossistemas e também como actividade económica”. Considera que o Governo deveria criar um subsídio para os apicultores, para que, em anos “maus” fosse garantida a sobrevivência das colmeias e também os tratamentos.

Apicultores sem apoios do Governo

“Não há qualquer apoio para os apicultores neste momento”, sublinhou Manuel Gonçalves, também presidente da Federação Nacional dos Apicultores de Portugal (FNAP). As únicas ajudas que o Governo dá são indirectas e pouco impacto têm para o apicultor. “Há um programa europeu, que está integrado no PEPAC, que é o apoio para as associações, são apoios para dotação de meios técnicos nas associações. Há apoios indirectos também na polonização, que são dados aos agricultores que depois contratam os apicultores, o que vai pôr os agricultores a discutir com os apicultores, porque a ajuda é para o Neste momento a apicultura está a passar pela pior fase que nos lembramos. Eu, que tenho cerca de 40 anos de apicultura, nunca me lembro de passar por uma fase destas”. Manuel Gonçalves agricultor proprietário da parcela que tem polonização, enquanto no nosso entender devia ser o inverso. Não há um apoio director para o apicultor”, referiu. Por isso, considera que, perante os prejuízos dos últimos quatro anos, está na altura de ser criada uma medida Agro-Ambiental para a apicultura e reclama ainda os apoios que todas as outras actividades económicas agrícolas têm. O presidente da Associação Apicultores Parque Natural de Montesinho e também da FNAP, Manuel Gonçalves, alerta ainda para os “problemas sanitários” que podem vir a ser “gravíssimos”, com a quebra da apicultura.

Município de Vinhais cria apoio

A Câmara Municipal de Vinhais quer ajudar os apicultores do concelho. Por isso, o executivo municipal criou um apoio, que virá a ser aprovado na Assembleia Municipal, que consiste na ajuda monetária de 2 euros, por cada colmeia, até 30 colmeias, e de 1,5 euros, por colmeia, a partir de 30 colmeias. “Nos outros sectores já damos apoios. A apicultura cada vez tem uma importância maior no concelho, portanto entendemos que também era justo este apoio para esta área fundamental”, disse o presidente da câmara, Luís Fernandes. O município de Vinhais a tentar mitigar os problemas dos apicultores, que não têm ajudas directas do Ministério da Agricultura.

Jornalista: Ângela Pais

Pintora Balbina Mendes lança livro que reúne pinturas de “A Segunda Pele”

A pintora mirandesa Balbina Mendes lançou o livro “A Segunda Pele” que reúne a reprodução das várias pinturas, que deram origem à exposição com o mesmo nome


São 10 anos de produção artística e, por isso, este é um livro bastante especial para a artista, já que ali se pode apreciar toda a evolução e mudança ao longo desta década. “Foi um livro muito pensado e desejado. Tem, realmente, esse caracter de reunir as várias pinturas, que também traduzem a evolução, a maneira como a minha pintura foi atravessando e cruzando outros caminhos, possibilidades estéticas e até materiais. Embora não haja um registo cronológico, o livro revela claramente esta evolução, 10 anos de pintura em que há mudanças, experimentações, variadas linguagens estéticas”.

A exposição, que deu origem ao livro, apresentado dia 21 de Maio em Miranda do Douro e dia 28 em Mogadouro, pode agora ser vista em São Martinho de Anta, no concelho de Sabrosa, até ao final de Julho, e resulta de uma série de pinturas que retratam o fascínio que a artista tem pela máscara, que pode proteger-nos mas também ocultar-nos. “Reúne a minha produção artística de 10 anos de criação. Há textos de vários autores que interpretaram essa produção e há algumas memórias descritivas da minha autoria. É um livro em português e inglês e com vários textos originais em mirandês, que é a minha primeira língua e que faço questão que fique registada no livro, numa intenção de contribuição, de a preservar e promover”.

No distrito, a exposição já esteve, por exemplo, em Miranda do Douro, Vinhais, Mirandela e Mogadouro. Agora está em São Martinho de Anta, no distrito de Vila Real. Depois segue para Portalegre. Já o livro será apresentado, brevemente, em Lisboa, na Sociedade de Geografia.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Carina Alves