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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Bombeiros no terreno com associações a ajudar a distribuir alimentos nas aldeias afetadas pela neve

A neve que caiu ontem e hoje obrigou dez Instituições Particulares de Solidariedade Social a solicitar ajuda aos bombeiros de Bragança para a distribuição das refeições aos seus utentes do serviço de apoio domiciliário.
“Este é um pedido normal quando neva. Como as carrinhas com que fazem a distribuição não têm tração às quatro rodas, por norma pedem-nos apoio”, explicou ao Mensageiro o segundo comandante, Carlos Martins.
Dado o volume de pedidos, os bombeiros socorreram-se de duas associações locais para levar a tarefa a bom porto. Assim, para além dos sete veículos todo-o-terreno disponibilizados pela corporação, a TáBô Team, que participa no Nacional de Trial 4x4, e o Nordeste Automóvel Clube, apoiaram três equipas dos bombeiros com os seus veículos.
“Assim é mais fácil rentabilizar os meios para outras ocorrências”, frisou Carlos Martins.
O Centro Social Paroquial Senhora da Assunção, na aldeia de Rebordãos, foi um dos que solicitou apoio. “Uma carrinha da junta de freguesia, 4x4, foi fazer uma das rotas mas precisávamos de outra”, explicou ao Mensageiro Francisca Dias, a diretora.
Carlota Pires foi a bombeira destacada para o serviço, como voluntária, ela que habitualmente trabalha na secretaria da Associação Humanitária dos Bombeiros de Bragança. “Nestes dias, temos todos de dar uma ajuda”, explicou.
Alguns dos utentes já nem contavam com o almoço. “Eu bem lhes disse que não viessem, nestas condições, que é um perigo”, protestava, carinhosamente, a D. Izilda, de Nogueira. Antes dela, já o senhor Fernando, em Rebordãos, “não contava” que o serviço habitual se efetivasse com as condições de neve que se faziam sentir na aldeia. “Não era preciso virem”, diz, enquanto recebe o cabaz com a alimentação.
Ao todo, são mais de uma dúzia de casas que recebem o almoço diariamente só nesta rota. Otávio Fernandes, de 89 anos, mora sozinho em Nogueira. “Já não contava que viessem”, diz. De uma nevada assim, “já há uns anos que não se via nada assim”. No seu caso, os únicos animais que tem são o cão Tonho e a gata Violeta.
Francisca Dias fez o trabalho de casa antes da distribuição. Falou com familiares dos utentes, avisando que se procederia normalmente à distribuição da alimentação. Conhece-os a todos como se da família fossem, distribuindo a comida e um gesto de carinho à medida que a rota avança.
Em Gostei, o Sr. Moisés já lá vem de trator. “Mora numa casa desviada da estrada, em terra batida. Quando o tempo está assim pior, vem sempre à nossa espera”, explica a diretora do Centro Social de Rebordãos.
“Ainda tentei ligar para lá para dizer que não viessem, com este tempo. Mas não consegui encontrar o número”, explica o Sr. Moisés, que hoje teve de alimentar os animais na loja (é criador de vacas).
Ao longo de duas horas, as marmitas com a comida quente, o pão e a gelatina de sobremesa são distribuídas por todos os utentes. “Cada vez temos mais solicitações", frisa Francisca Dias. “Deve ser porque a nossa comida é boa”, explica, com um sorriso.

António G. Rodrigues
in:mdb.pt

Mogadouro e Miranda do Douro sem energia

Num dia marcado pelo mau tempo, houve cortes de energia em Miranda do Douro e Mogadouro, desde o início da manhã de hoje.
Segundo Domingos Martins, que tem uma empresa de cutelaria em Palaçoulo, Miranda do Douro, a luz foi abaixo várias vezes ao longo do dia e não foi possível manter a laboração na fábrica.

Segundo a EDP, em algumas localidades do concelho de Miranda do Douro já foi reposta a luz eléctrica, e em outros locais está prevista a intervenção dos técnicos ainda para esta tarde.

Em Mogadouro, a situação é mais preocupante e não se sabe quando os habitantes voltarão a ter energia eléctrica. A rede de telemóvel também apresentou muitas falhas nos dois concelhos ao longo do dia. 

Escrito por Brigantia

Várias árvores caíram por todo o distrito e coberturas de estacionamento desabaram devido à neve

Um dos maiores nevões dos últimos anos cobriu a região. As escolas em 8 concelhos do distrito de Bragança estiveram hoje encerradas devido à dificuldade em realizar o transporte dos alunos.
Actualmente, as principais vias de comunicação já estão transitáveis, apesar de haver ainda algumas vias municipais condicionadas.

As coberturas dos parques de estacionamento do Intermarche, do Lidl e de um stand de automóveis (EPP Auto) caíram com o peso da neve, o que provocou danos em várias viaturas estacionadas.

Registaram-se ainda, segundo a Protecção Civil de Bragança, 27 quedas de árvores em todo o distrito. Ocorrências que chegaram a cortar estradas, mas que actualmente não condicionam a circulação.

Hernâni Dias, presidente do município de Bragança, adiantou esta tarde que a situação já melhorou em relação ao início da manhã, estando as acções agora concentradas na desobstrução de passeios.

Apesar dos constrangimentos, em Bragança muitos apreciaram o cenário pintado de branco. Alguns comerciantes abriram as lojas, apesar da dificuldade em transitar de carro, mas o negócio não foi muito famoso.

O Serviço Municipal de Protecção Civil de Bragança está no terreno desde as 6 da manhã e pôs em marcha um plano de operações para minimizar os constrangimentos resultantes das condições adversas, tendo as principais medidas como objectivo permitir a circulação de pessoas e viaturas, com a maior segurança possível. 20 pessoas dos serviços municipais estão a trabalhar para desobstruir estradas e passeios, há no terreno 5 limpa neves, quatro 4 viaturas de apoio e foram espalhadas 15 toneladas de sal em todo o concelho. 

Escrito por Brigantia

Cai neve por Terras de Cavaleiros

Detidos seis homens suspeitos de homicídio tentado

O crime aconteceu em Mirandela quando "um grupo de seis homens invadiu um espaço [comercial] e agrediu violentamente a vítima, um homem de 22 anos de idade”, informou a Polícia Judiciaria.
A Polícia Júdiciária, através da Unidade Local de Investigação Criminal de Vila Real, deteve seis homens suspeitos de homicídio tentado. Para tal, contou com o apoio da Guarda Nacional Republicana de Torre de Moncorvo, Mirandela e Vila Flor", pode ler-se numa nota enviada às redações.

"Os factos ocorreram no dia 20 de fevereiro de 2018, cerca das 22h30, no interior de um estabelecimento comercial, sito em Mirandela, quando um grupo de seis homens invadiu aquele espaço e agrediu violentamente a vítima, um homem de 22 anos de idade”, informa a PJ no mesmo comunicado.

A Polícia Júdiciária revela também que os detidos, que têm “idades compreendidas entre os 18 e 45 anos”, são “feirantes”.

Os seis homens vão agora “ser presentes a interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação tidas por adequadas”.

Agência Lusa

Escolas fechadas hoje em oito concelhos do distrito devido à neve

Bragança, Vinhais e grande parte da região acordaram hoje para um dos maiores nevões dos últimos anos. Depois da intensa queda de neve, desde o dia de ontem, as escolas em Bragança, Alfândega da Fé, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mogadouro, Vimioso e Vinhais estão encerradas.
Neste momento, no distrito há algumas estradas encerradas no concelho de Bragança e Alfândega da Fé.

As principais vias estão neste momento desobstruídas, nomeadamente a A4 onde trabalham há varais horas 4 limpa neves e o IC5 e IP2 que contam com dois limpa-neves em funcionamento.

Nos concelhos mais afectados as outras estradas estão muito condicionadas.

Hernâni Dias, presidente do município de Bragança, explica que “perante a falta de condições de segurança para a circulação de viaturas e peões, tanto no meio urbano como no meio rural, todas as escolas do concelho vão permanecer encerradas durante todo o dia de hoje”.

O Serviço Municipal de Protecção Civil de Bragança “está no terreno e pôs em marcha um plano de operações para minimizar os constrangimentos resultantes das condições adversas, sendo o principal de modo a permitir a circulação de pessoas e viaturas, com a segurança possível a utilização de 5 limpa neves, quatro 4 viaturas de apoio, 20 pessoas,

15 toneladas de sal até ao início da manhã”.

Desde ontem registaram-se vários despistes na região, e a autoridades aconselham a que as pessoas evitem utilizar os automóveis a não ser em caso de extrema necessidade. 

Escrito por Brigantia

Estragos na Cobertura do Parque de Estacionamento do LIDL em Bragança










Nevão em Bragança - 28 de fevereiro de 2018






Fotos: Henrique Miguel Martins

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Carrazeda de Ansiães reclama ligação dos vales do Douro e do Tua

O presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães reclamou hoje a ligação dos vales do Douro e do Tua, pedindo ao Governo que não esqueça um projeto antigo da construção de um cais comercial nesta zona de Trás-os-Montes.
João Gonçalves entende que agora "mais do que nunca" esta ambição "já vertida em pretensão do próprio Governo" faz sentido, com as novas ofertas turísticas e de mobilidade que começam a surgir no lado do rio Tua, como o Centro Interpretativo inaugurado hoje, em Foz Tua, no concelho de Carrazeda de Ansiães.

O autarca social-democrata vincou, na inauguração, a necessidade de melhorar as acessibilidades fluviais nesta zona e lembrou que "fazia parte de uma candidatura comunitária a possibilidade de, além de haver uma dragagem do leito do rio Douro, instalar um cais comercial em Foz Tua", que não foi contemplado com financiamento, mas que espera "não esteja esquecida essa possibilidade" por parte do Governo.

"Foz Tua pode criar esse interface, quer turístico quer comercial, de ligação entre dois vales, um já reconhecido a nível mundial (Douro), e outro que desponta agora o interesse dele (Tua), que eu acho que tem muitas potencialidades para explorar também", afirmou à Lusa.

João Gonçalves defende que "seria realmente muito interessante para estes territórios e para o país essa possibilidade" e "para os operadores turísticos seria uma hipótese a exploração e que não se vê em muitos lados do mundo".

O autarca prometeu empenhar-se em "tentar sensibilizar o Governo para que esse projeto não fique esquecido e que possa continuar a ser considerado nas candidaturas aos fundos comunitários".

Na zona Foz Tua juntam-se três distritos, os de Bragança, Vila Real e Viseu, e os rios Tua e Douro.

É ali que se encontra a estação de comboios onde se cruzam as linhas do Douro, que liga o Pocinho ao Porto, e a desativada linha do Tua, que chegou a fazer a ligação a Bragança.

Nesta zona passam também os barcos que fazem passeios turísticos no Douro, desde o Porto a Barca D`Alva, e será ali que se iniciará o novo plano turístico do Tua, que oferece viagens de barco na nova albufeira até à Brunheda e de comboio até Mirandela.

Esta oferta faz parte do plano de mobilidade turística e quotidiana que é a principal contrapartida pela construção da barragem de Foz Tua, mas, embora pronto para arrancar, encontra-se num impasse à espera de saber quem vai responsabilizar-se pela manutenção dos cerca de 30 quilómetros da centenária linha do Tua que restam e vão ser reativados para este fim.

O presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães considera este plano "essencial para que esse desenvolvimento local neste vale seja uma realidade", mas falta "essa locomotiva" que é a questão burocrática para que o projeto avance.

"Era muito importante que se resolvesse esse impasse, um sinal muito forte quer para investidores quer para as comunidades locais", considerou, sublinhando que tem a perceção de que "junto de agentes económicos, há uma atenção muito especial sobre este território, no sentido de eventualmente ali investirem em projetos muito interessantes".

A Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua é a responsável pelo plano e por todos os projetos de desenvolvimento e o presidente Fernando Barros reafirmou hoje estar convencido de que "muito brevemente" vai anunciar "a grande decisão".

A agência está disponível para assumir a gestão da ferrovia, que pertence à Infraestruturas de Portugal (IP), se o Estado assumir o custo durante os 25 anos da concessão do plano.

Para já, estão reunidas as autorizações necessárias para dar início aos ensaios do novo material circulante, apontado agora para segunda-feira, depois de anunciados para dia 19 de fevereiro.

O plano envolve entidades públicas e privadas e foi subconcessionado ao operador turístico Mário Ferreira, o empresário dos passeios de barco no Douro.

A EDP assegurou todo o investimento, nomeadamente 10 milhões de euros entregues ao operador para aquisição de equipamento e reparação da linha já realizados.

Agência Lusa

Nós, Transmontanos, Sefarditas e Marranos - LUÍS ÁLVARES NUNES (N. VINHAIS, 1650)

Luís Álvares Nunes nasceu em Vinhais pelo ano de 1650, sendo filho de Baltasar Mendes, mercador, e Branca Nunes. Trata-se de uma família numerosa e que deu largo “pasto” ao “fero monstro” da inquisição.
Com efeito, andava Luís pelos 8 anos quando levaram presos para Coimbra os seus pais e 3 de seus irmãos: Francisco Cardoso, Leonor Marcos e Filipa Nunes.
Posteriormente, a espaço, foram presos outros 6 irmãos e apenas a irmã Ana Maria Nunes escapou da prisão porque foi para Roma com o seu marido, Duarte Pereira. E a saga da família nas prisões do santo ofício haveria de continuar pelas gerações futuras, como aconteceu com uma filha, Catarina da Costa e mais de meia dúzia de netos, nomeadamente os 5 filhos de sua filha Maria Lopes casada com João Lopes Pimentel e muitos sobrinhos e primos.
Tal como continuaram as fugas de membros da família para fora do reino, como aconteceu com Francisco Ramos da Silva e sua mulher Luísa Maria Perpétua, primos entre si, sobrinhos de Maria Lopes, primos em 2º ou 3.º grau de Luís Álvares Nunes, que foram dar vida a chãos de Inglaterra  (1)
Contava uns 30 anos quando, em 1680, Luís Álvares casou com Maria Lopes, de Vinhais, filha de Jerónimo Álvares e Francisca Rodrigues a qual lhe deu 13 filhos, 6 dos quais faleceram solteiros. A casa de morada seria na zona muralhada da vila, encostada à cadeia e, entre os seus bens, contava-se uma vinha, no sítio do Redondo.
Por 1702, faleceu Maria Lopes e Luís tratou de casar novamente, agora na freguesia de Rebordelo, com Clara Nunes, filha de Luís Álvares de Sá e Maria Marques, 25 anos mais nova do que ele. Deste segundo casamento, temos notícia do nascimento de duas filhas, uma das quais se chamou Catarina da Costa, nascida por 1707 e que viria a casar com Luís Henriques Tota, mercador, o patriarca de uma poderosa família de banqueiros. Também ela seria presa pela inquisição, em 1754, juntamente com sua filha Clara Maria. (2)
Vinhais… Rebordelo… A economia nacional e europeia entrava então no chamado “ciclo do tabaco”, assistindo-se a uma autêntica corrida no que respeita à distribuição do produto. Falta ainda fazer o estudo sobre a participação dos “homens da nação” de Trás-os-Montes nessa “corrida”, não apenas em Portugal mas também em Espanha e noutros países da Europa. Daria tal trabalho uma boa tese de doutoramento. Os dados que temos, se bem que muito parcelares, permitem-nos, porém, afirmar que eles tiveram um papel de grande relevo e, entre todos, sobressai o nome de Diogo (Moisés) Lopes Pereira (1699-1759), condecorado com o título de Barão de Aguilar, pelo arquiduque da Áustria, país onde teve o monopólio da venda do tabaco ao longo de 16 anos. (3)
Pois, também o nosso biografado se meteu na “corrida” abandonando Vinhais e Rebordelo e rumando à cidade do Porto onde arrendou ao contratador geral dos tabacos, Manuel de Aguilar, (4) um estanco na praça da Ribeira.
No entanto, o nosso estanqueiro do tabaco, não largaria os negócios tradicionais de estopas, sedas, baetas… e a atividade prestamista, a avaliar pelo inventário de seus bens. Com efeito, para além das fazendas existentes na loja, tinha na alfândega, chegados de barco e à espera de despacho, “6 fardos de baetas, 3 de cochinilha e 3 de cores” que valiam um conto e 500 mil réis e para o Brasil tinha enviado “uma carregação de panos de linho e um manto de barbadilho”. Tal como tinha em seu poder um cordão de ouro de uma pasteleira do Porto, a quem emprestara 20 mil réis.
Significativo das suas relações com Manuel de Aguilar, a quem estava devendo 300 mil réis, era o facto de ter “em sua casa 20 varas de estopa que são de Branca Teresa, (mulher de Manuel Aguilar), que tinha em sua casa para lhe remeter para Lisboa, que tinham vindo da tecedeira.
Em meados de junho de 1710, Luís Álvares foi preso pela inquisição, com base em denúncias feitas por pessoas de Lebução, Vinhais e Bragança que se encontravam presas e escrevendo de Rebordelo, o abade António Barbosa de Almeida, dizia:
- Ainda não estou muito capaz para lhe dar novas minhas e da terra que está em miserável estado. – Certamente que o “miserável estado” significava práticas de judaísmo.
Enquanto preparavam a condução para o tribunal de Coimbra, o prisioneiro foi metido em casa do familiar da inquisição Moura Carvalho, morador em “Vila Nova do Porto”. E tendo consigo 3 moedas de ouro, Luís entregou-as ao “carcereiro” para que as desse a sua mulher. Este porém, entregou-as ao depositário dos bens que foram sequestrados, não sem que antes descontasse uns tostões por despesas efetuadas.
Metido na cadeia do santo ofício, Luís Álvares logo começou a confessar seus pecados, dizendo que fora instruído na lei de Moisés 30 anos atrás pelos seus sogros, Jerónimo Álvares e Francisca Rodrigues, que lhe terão dito “que se queria casar com sua filha, havia de crer e viver na lei de Moisés”.
E vários dos seus pecados estavam exatamente relacionados com a morte do sogro, acontecida por 1698, em que ele e 7 filhos do defunto, seus cunhados, se juntaram para fazer jejuns judaicos por alma do falecido. E também o seu sobrinho José Rodrigues, o Traça, de alcunha, “pediu a ele confitente alguns vestidos do dito Jerónimo Álvares, para fazer jejuns judaicos por sua alma”. (5)
Pecado semelhante cometeu-o quando uma Branca Cardosa, a sanjoanina de alcunha, “lhe foi pedir um pouco de baeta para uma saia, e dizer que lhe pagaria em jejuns judaicos”.
Aliás, uma das denúncias que estiveram na base da sua prisão foi feita pelo citado José Rodrigues, o Traça, nos seguintes termos:
- Haverá 8 anos, em Vinhais, em casa de seu tio materno Luís Álvares Nunes, viúvo de Maria Lopes, agora casado com Clara Nunes, se achou com (…) na ocasião Luís Álvares pediu para fazerem um jejum judaico por alma de sua mulher maria Lopes e para isso lhes deu 6 vinténs a cada um. (6)
Não vamos continuar com as confissões de Luís Álvares, muito repetitivas, aliás, de declarações de judaísmo com seus familiares, conhecidos e amigos. E porque logo confessou e pediu perdão, seria condenado em penas espirituais, ao cabo de um ano. Resta dizer que, no seguimento da sua prisão, também a sua mulher, Clara Nunes e a sua filha Maria Nunes, foram igualmente processadas pela inquisição de Coimbra, saindo os três no mesmo auto da fé celebrado em 8.6.1711. (7)

Notas:
1- ANDRADE e GUIMARÃES  - Jerónimo José Ramos  ( 1726-1754)  in:  “ Jornal Nordeste  - de 22 Novembro de 2016  -p. 27
2-ANTT, inq. Lisboa, pº 2622, de Catarina da Costa; pº 2449, de Clara Maria. Nascida em Rebordelo, Catarina e o marido moraram no lugar de Peleias de onde se transferiram para a freguesia do Sacramento, em Lisboa e depois para Alhandra, onde tinham uma loja de fazendas, quando a prenderam. Mais tarde, a família constituída por Luís Tota e Catarina da Costa foram para França, fixando-se em Bordéus. Adotaram publicamente o judaísmo, tomando Catarina o nome judeu de Sara e Luís o de Abraham.
3.ANDRADE e GUIMARÃES, Um administrador do Tabaco na Áustria, in: jornal Terra Quente de 15.10.2001.
4-IDEM, Francisco Lopes Pereira (1617-1683) rendeiro dos milhões, in: jornal Nordeste nº 190, de 3.1.2017.
5-Ainda hoje, em muitas localidades de Trás-os-Montes, as famílias se sentem na obrigação de vestir uma pessoa com a roupa dos defuntos, para que ele não ande nu na outra vida. Será costume herdado dos judeus?
6-ANTT, inq. Coimbra, pº 9119, de Luís Álvares Nunes.
7-IDEM, pº 3241, de Clara Nunes; pº 6379, de Maria Nunes, casada com João Lopes Pimentel.

António Júlio Andrade / Maria Fernanda Guimarães

O TEMPO DA POLÍTICA MENOR

Foram devastadoras as tragédias no Verão e no Outono, como nunca antes se vira neste país, com mais de uma centena de pessoas imoladas por fogos que varreram o território e deixaram um rasto de dor, destruição e desânimo.
Os sistemas de comunicações afectos às estruturas de protecção civil não deram conta do recado, a coordenação das forças de segurança não se viu, os equipamentos de combate aos fogos estariam diminuídos e, sim senhor, a florestação voltada para o mercado da celulose conduziu a um quase apocalipse. Pinheirais e eucaliptais arderam como fósforos e lançaram sobre casas e mais casas as línguas do inferno. Mas também fizeram de algumas estradas verdadeiros fornos crematórios, porque as margens não estavam limpas e as manchas contínuas daquelas espécies vegetais nunca auguraram nada de bom, apesar do verde e da frescura que iludem os riscos.
Onde a invasão de arvoredo resinoso e exótico ainda não impôs a sua presença extensiva não se conhecem fenómenos semelhantes. Assim, a decisão política imediata deveria ter passado por determinações claras e urgentes no sentido de evitar a repetição de holocaustos.
Mas, afinal, numa expressão eloquente de que em Lisboa se conhece muito mal o país e se faz política para o imediato, estabeleceu-se que até daqui a duas semanas, seja onde for, toda a gente deverá ter concluído limpezas de vegetação até 50 metros de edificações e até 100 metros à volta dos aglomerados populacionais.
Na nossa região, especialmente na terra fria, a cobertura vegetal é principalmente autóctone, composta por carvalhais e soutos, que são reconhecidamente resistentes ao fogo e à sua expansão descontrolada. Por isso, não se conhecem situações como as que se verificaram no centro do país.
Quando as decisões são para inglês ver, corre-se o risco de provocar mais problemas, em vez de resolver as verdadeiras ameaças para as populações. Os anúncios de punições são absurdos porque se sabe que nos territórios deste interior não é possível cumprir o que foi estabelecido de forma leviana.
Quando responsáveis autárquicos e mesmo o presidente da CIM Terras de Trás-os-Montes consideram que a medida é impraticável, não se compreende a insistência de responsáveis governamentais. Nestes territórios nem sequer há empresas suficientes e apetrechadas para responder num tempo tão curto, o que tornará inevitável uma vaga de coimas.
Não basta fazer leis à pressa para que o país funcione. A solução governativa actual tem gerado normas que se revelarão, mais cedo ou mais tarde, desnecessariamente fracturantes, porque resultam da urgência de popularidade ou da satisfação de grupos de pressão. Exemplo recente é a lei que permite a entrada de animais em restaurantes, cafés e similares, o que colide com as exigências que até há pouco caracterizavam a actuação da ASAE, prenunciando problemas em catadupa.
Uma certa forma de estar na vida, que caracteriza um número crescente de novíssimos urbanos, é um problema que teria solução se a política não se reduzisse ao acompanhamento das modas e fosse um exercício de coragem para conduzir o país a um futuro de dignidade.


Teófilo Vaz
in:jornalnordeste.com

Festival do Rancho em Mirandela

Rural Arcas atrai visitantes durante o fim-de-semana

Cartaz do Cinema do mês de Março - CARRAZEDA DE ANSIÃES

III Encontro de Dança e Música Tradicional 17 de Março às 14:30h.

Cartaz cinema Março - MOGADOURO

Centro de Música Tradicional "Sons da Terra"

Constituído no início da década de 2000, o Centro de Música Tradicional "Sons da Terra" (CMTST), recolheu e editou, nos últimos 18 anos, cerca de 3.000 fonogramas e outros elementos da tradição oral e musical do Nordeste Transmontano.
Uma das principais vocações do CMTST é o tratamento, catalogação e disponibilização de recolhas sobre as tradições transmontanas, através de um conjunto "muito alargado de materiais" que vão desde a imagem, som e fotografias, até a uma biblioteca com mais de 6.000 livros de temas como etnomusicologia, antropologia, história, filosofia ou política e a língua mirandesa.
"Isto é um centro de estudo e investigação não é um museu, por onde as pessoas passam de visita. O espólio do CMTST é composto basicamente pelo registo da tradição oral, bibliografia desses fonogramas e claro, passando sempre pela língua mirandesa para ser estudada", explicou à Lusa o diretor do CMTST, Mário Correia.
O CMTST tem sede na vila de Sendim, no concelho de Miranda do Douro, distrito de Bragança, sendo um espaço de visita de estudantes e investigadores, de diversas áreas do saber, que procuram "a identidade deste território através dos cantares ou da música de raiz tradicional".
"O centro é o fiel depositário das recolhas feitas neste território, que vão desde as danças, passando pela música tradicional e cancioneiro popular, porque faz registo e arquivo para memória futura, já que vivemos um tempo de ‘desruralização’ e despovoamento das aldeias do interior", frisou o também investigador.
Quem entrar no espaço cultural, depressa se apercebe que vai visitar e "entranhar-se" nas vivências da "peculiar" cultura do Nordeste Transmontano, com particular incidência nas Terras de Miranda, que se estendem pelo concelhos de Bragança, Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Vimioso, dos quais o centro reúne todo um conjunto de recolhas.
"Há pouco tempo, constatei que mais de 50% dos meus informantes já falecerem desde 1981 e até agora. Quando um idoso morre 'é uma biblioteca que desaparece'. Atualmente a tradição oral já não tem os mesmos circuitos e é preciso deixar legados para o futuro, para que a tradição se mantenha", enfatizou Mário Correia. 
Olhando um pouco para o passado, o investigador apercebe-se de que já não há fiadoras, e cantigas da cegada a rezas e ladainhas vão desaparecendo.
"Hoje não é possível recolher este património. O facto de, ao longo de 18 anos, ter tido registado é muito importante", vincou.
Mário Correia lembra que as recolhas efetuadas por um dos ícones da cultura mirandesa, o padre António Maria Mourinho, foram todas digitalizadas no CMTSTM, o que constitui uma "legado único" para o panorama cultural do Planalto Mirandês e para o país. 
O centro é visitado por investigadores europeus do programa Erasmus e por investigadores de várias universidades portuguesas, para fins de conhecimento e investigação etnomusical.
Quem conhece o dia-a-dia do centro, refere que há pessoas que passam por Sendim para se inteirarem do espólio e conhecerem o seu legado.
"Este representa uma mais-valia para a vila de Sendim, já que aqui estão depositadas muitas horas de recolha, investigação e, com este trabalho, muitas das nossas tradições foram recuperadas", indicou Maria Albino, uma das vizinhas das instalações do CMTST.
Altino Martins, outro morador de Sendim, também ligado à realização de eventos culturais, frisa que é muito importante trabalhar com este equipamento.
"Nunca pensei que, nos últimos 20 anos, o diretor do CMTST fosse capaz de criar empatia com os sons da nossa terra. Este equipamento é uma mais-valia não só para o Nordeste Transmontano, mas também para todo os pais", observou.
Há, porém, mais números a ter em conta, do acervo do CMTST, que está ao dispor da comunidade científica e da população em geral tais como 575 DVD, com recolhas de tradições portugueses e estrangeiras, aos quais se juntam 67.570 fonogramas, de discos a cassetes analógicas. 
Os arquivos em suporte em VHS são 227 e o centro conta ainda com registos de Michel Giacometti e recolhas feitas Judith Cohen, de comunidades de cripto-judeus.
Todos estes trabalhos, feitos pelo centro de musica, estão ao dispor dos investigadores e para edição.

FYP // MAG
Lusa/fim

Fins de Semana Gastronómicos - MIRANDELA

XI Feira dos Ramos - FRECHAS 2018

O CUQUEDO e um Amor que mete Medo - Hora do Conto - MIRANDELA

Simulacro de acidente ferroviário - Passagem de nível na Rua D. Afonso III 01/03/2018, às 09h00

Festival Gastronómico - ALHEIRA - MIRANDELA

Dizeres e Ditos na Carta Gastronómica de Bragança

Maria da Glória Rufino
Sr.ª Dona Maria da Glória Rufino85 anos, vive em Rossas. Era a vida que tínhamos. Só quando a vida melhorou é que vimos a vida que tivemos. Vimos o que tínhamos perdido. Quando se casou?
Sei lá! Mas nesse dia comeu um bocado de cordeiro com batatas assadas, e uns bolitos, bolo de água.
Nos tempos difíceis não havia folar. Era assim no tempo da Avó e da Mãe, nem pão tinham com fartura. Não havia que comer.
Não havia manteiga e queijo. As torradas eram de pingo. Existiam casas divididas com tabuinhas e caroços de milho a tapar os buracos.
O polvo chegava na época do Natal através do comboio, vinha em cestos de canas.
Rijava-se carne e aproveitava-se a gordura.
Cuscos só os comiam quem os fazia. Os cuscos substituíam o arroz que era muito mais caro. Os míscaros maus quando se lhes cortava um bocadinho ficavam roxos. Havia pessoas que cultivavam batatas de semente.
Existiam silos para as guardar.

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

Cáritas de Bragança vai mudar de instalações e dar lugar a CAT

A Cáritas Diocesana de Bragança vai avançar para a construção de novo equipamento da instituição, a “Casa Cáritas”. Trata-se de um projecto de grande dimensão cuja construção deverá arrancar já nos próximos meses.
O equipamento vai nascer num terreno com 13 mil metros², que foi doado pela Câmara Municipal de Bragança, no bairro do Couto, junto da Rotunda do Caçador para permitir aumentar a capacidade de resposta aos muitos pedidos que a Cáritas recebe, e ao mesmo tempo criar espaços mais funcionais e espaços exteriores mais amplos.

“As obras do novo equipamento irão começar rapidamente, ou já agora em Março ou em Abril. Sentimos a necessidade de ter ovas instalações porque temos muitos pedidos de pais que não têm onde colocar as crianças, principalmente as mais pequenas da creche e do pré-escolar. Temos uma lista de espera e temos necessidade de ampliar as nossas instalações”, explica Joaquina Ramos Tomé, vice-presidente da Cáritas de Bragança.

Actualmente, são 150 as crianças na Cáritas, mas muitas mais não têm vaga.

O espaço também é pequeno para as solicitações nos casos do centro de dia, centro de convívio, actualmente com 30 utentes, e do serviço de atendimento social, “o rosto da Cáritas”, em que por mês se realizam entre 400 a 500 atendimentos sociais de famílias.

Já no edifício onde actualmente funcionam estas respostas da Cáritas, a diocese de Bragança-Miranda vai instalar um Centro de Atendimento Permanente (CAT) destinado à população em risco.

“Contemplará pessoas desalojadas, sem abrigo, ex-reclusos, reclusos em precária, jovens que deixam lares de infância e juventude sem suporte familiar, entre outras situações”, refere a representante da Cáritas Diocesana de Bragança.

Actualmente no concelho existe já uma resposta social nesta área, com capacidade para 12 pessoas. As futuras instalações vão disponibilizar 25 vagas.

O projecto da “Casa Cáritas” foi apresentado esta segunda-feira, no arranque da Semana Nacional, que se assinala entre os dia 26 de Fevereiro e 4 de Março. No âmbito desta semana, a Cáritas de Bragança, promove ainda duas conferências, o peditório de rua, um jantar solidário e vários momentos musicais. 

Escrito por Brigantia

IX Caminhada da Mulher - MIRANDELA

Torneio de Futebol de Rua

Bragança vai receber o Torneio de Futebol de Rua Hotel São Lázaro destinado a petizes e traquinas, com várias equipas da região


Atleta brigantina intensifica preparação a pensar no Ultra Trail Monte Branco

Sandra Cabral vai participar no Open Regional de XCM da Associação de Ciclismo de Bragança, que começa no próximo domingo, em Mirandela.
A competição faz parte do plano de preparação da atleta do Ginásio Clube de Bragança para Ultra Trail Monte Branco, considerada a prova rainha das ultramaratonas na Europa, e que atravessa três países (França, Itália e Suíça), de 29 de Agosto a 2 de Setembro.
“É mais um desafio e mais um treino. Eu sempre gostei de BTT só tenho pena não poder participar na maratona, pois quem faz endurance tem que fazer treinos de mais de quatro horas”.
Segundo a atleta brigantina o Ultra Trail Monte Branco é prova muito exigente. São 121 Km em que é necessária uma grande capacidade física. “É uma prova muito dura. Vamos subir aos 2500 metros de altitude”.
A preparação da atleta incluiu ainda o Campeonato Nacional de Trail e de Endurance. A segunda prova realizou-se no passado sábado, em Conímbriga. Uma queda impediu a atleta de terminar os 111 km, tendo desistido aos 21. Sandra Cabral confessa que ficou um sentimento de frustração.
“É um pouco frustrante pois são tantos meses de preparação diária e muitas vezes bidiária. Quando estamos bem e temos que desistir devido a uma queda isso é pior”.
A atleta do Ginásio Clube de Bragança está em prova nos Campeonatos Nacionais de Trail que concilia com o ciclismo, nomeadamente a participação no Open Regional de XCM. As competições servem de preparação para a prova rainha das ultramaratonas da Europa, o Montes Branco, que se realiza de 29 de Agosto a 2 de Setembro.

Jornalista SM
Escrito por Brigantia

Privilégios de Bragança

Portagem, sisa. — Que não entre vinho de fora enquanto o houver da terra. — Lutuosas. — Despovoamento de Bragança. — Couto de homiziados. — Indícias, peitas, fintas, talhas, colheitas. — Anadel e besteiros do conto. — Vários outros privilégios. —

Prepotências que os fidalgos cometiam por casa dos burgueses.
Pelos princípios da nossa monarquia vigorava o costume de que se algum cavalo ou outro qualquer animal matasse um homem ou mulher o dono do animal o perdesse para a fazenda real.
D. Dinis, porém, concedeu a Bragança o privilégio «que posto que algum cavallo ou outra besta ou gaado matem algum home, ou molher que seu dono non perca porem sua besta nem gaado».
A 8 de Janeiro de 1411 confirmou D. João I este privilégio.
A propósito dos privilégios de que gozava a cidade, vejam-se os documentos n.os 63, 64-A e 72, e o foral tanto o de D. Sancho como o de D. Manuel.
Já vimos também, no capítulo das Feiras, o privilégio, para o tempo muito notável, da feira franca concedida a Bragança. Por carta de 26 de Março de 1324 (Chancelaria de D. Dinis, livro III, fl. 157) mandou este rei que se cumprissem os privilégios dos moradores de Bragança de não pagarem portagem em todo o reino.
Em 1404 el-rei D. João «querendo fazer graça e mercee ao comcelho e omees boõs da vyla de Miranda por o dito logar ser mylhor poborado (teve por bem e mandou) que de todalas cousas que se dentro em a dita billa comprarem e benderem e trocarem se nom pague nynhuma sisa».
Depois, em 1475, D. Afonso V, querendo fazer graça e mercê ao duque de Bragança, concedeu a esta cidade o privilégio de não pagar sisa nas suas transacções comerciais como o gozava Miranda do Douro.
Em 26 de Maio de 1448, confirmou el-rei D. Afonso V o costume existente em Bragança de «emquanto em essa vylla e no arravalde e nas aldeas do termo della ouvesse vinho de sua colheita e se vendesse que nom entrasse nenhum vinho de fora e depois que o vinho de sua colheita se vendesse que as derradeiras quatro cubas que com vinho ficassem para vender que seus donos o nom podessem mais alçar nem em moor valya poer do que sse vendera a derradeira cuba mais chegada aas ditas quatro e o que o contrairo fezesse pagasse para esse concelho duzentos reaes de pena».
O vinho de fora só poderia entrar até dia 1º de Outubro, época em que já os vinhos da terra estariam aptos para consumo.
Por carta de 3 de Fevereiro do 1415 reconheceu el-rei D. João I em pleno vigor o privilégio que os moradores de Bragança gozavam de não pagar lutuosas.
Lutuosa, diz Viterbo, significa certa peça (de roupa) ou pensão que se paga por morte de alguma pessoa, que por direito ou costume a deve, e só entre o luto e o funeral se paga.
Num dos capítulos das cortes de Lisboa, celebradas em 1439, diziam os procuradores de Bragança: «Outro ssy senhor ffazemos ssaber a vossa merce que esta vylla he muyto despovorada temos que onde ssoyam de morar pouco tempo ha cento e cincoenta ou duzentos vysinhos das portas da vylla a dentro non moram ora mais di vynte e cinquo... praza Senhor a vossa merce de lhe dardes pervyllegio de liberdade dos que morem das portas da vylla a dentro serem franqueados de non pagarem ssysa ou a ffazer conto de certos omysiados pera sua povoraçom».
Despacho desta pretensão: «A nos praz e lhe damos licença que possam morar dentro na dita vylla atee cincoenta homesiados os quaes ajam os pervylegios do conto de Myranda.
Em 1451 foram escusos de pagar indícias os escudeiros de Bragança que tivessem armas e cavalo, e morassem dentro da vila ou do seu arrabalde, «salvo se fizessem as taes indizias scintosamente, e naqueles casos, nos quaes a Igreja lhes nom valeria».
El-rei D. Manuel, no foral de Bragança de 1514, chama às indícias maçaduras e sangue, e declara «que se não devem levar d’alli por deante n’aquella terra».
D. Afonso V, por carta dada em Lisboa a 12 de Maio de 1440, concedeu aos besteiros do conto de Bragança os seguintes privilégios: de cavaleiros nas custas; não levar presos, não pagar peitas, fintas, talhas lançadas pelos concelhos, salvo para obras das portas e muros da cidade ou para pagar colheitas que pertencessem ao rei; de receber soldada naquele caso da lei de D. Pedro, bisavô de D. Afonso V, em que todos os naturais eram obrigados a servir seis semanas sem soldo; de matar veados e caça, menos nos lugares coutados e que aos animais assim mortos não lhes pudessem pôr almotaçarias os concelhos; que seu anadel ouça seus feitos cíveis entre eles, salvo se algum dos besteiros for moleiro, regatão ou do tal mester que pertença à jurisdição dos almotacés; de não serem penhorados por dívidas em suas bestas, bois de arado, pão, panos de suas vestimentas nem dos de suas mulheres ou das ferramentas de seus ofícios; de poderem levar presos ou outras coisas por conta dos concelhos com as pagas seguintes: doze reais brancos por dia a cada um; de não serem constrangidos seus filhos e filhas a morarem com outrem contra sua vontade; de não poderem ser obrigados a exercer cargos do concelho, nem tutores ou curadores contra suas vontades; de não serem obrigados a pagar jugada ordenada pelos forais das terra onde viverem; de ninguém poder pousar em suas casas contra suas vontades, nem lhes poderem tomar roupas, palha, comestíveis, lenha, etc.; de poderem trazer suas armas pelo reino sem embargo das Ordenações em contrário, as quais lhes não poderão ser tomadas, salvo achando-os de noite a desoras ou de dia fazendo com elas o que não devem, e de lhes não poderem tomar suas bestas para carretos nem pescados contra suas vontades mesmo que sejam almocreves.
D. Manuel, por carta dada em Lisboa a 24 de Janeiro de 1498, confirmou outra de D. João II dada em Alenquer a 10 de Novembro de 1485, em que reconhece os privilégios e liberdades do anadel (capitão) e besteiros do conto de Bragança.
Ainda há outra de D. João II sobre o mesmo assunto dada em Abrantes a 4 de Outubro de 1484.
Relativamente aos órfãos, encontramos a carta de D. Manuel dada em Torres Vedras a 23 de Setembro de 1496, confirmando outra de D. João II dada em Sintra a 26 de Dezembro de 1486, que a seu turno confirma outra de D. Duarte, dada em Estremoz a 10 de Abril de 1436, na qual manda aos juízes e justiças de Bragança que entreguem aos moradores da cidade de Bragança de preferência a outros os órfãos que houvessem de se dar de soldada.
Por carta datada de Évora a 23 de Agosto de 1519 concedeu el-rei D. Manuel aos moradores de Bragança o privilégio de não aferirem os pesos e medidas senão de seis em seis meses e de ano a ano os do termo.
Relativamente aos privilégios de couto de homiziados fala o documento nº 82-A.
Em 18 de Fevereiro de 1498 concedeu el-rei D. Manuel à cidade de Bragança o privilégio de que toda e qualquer coisa respeitante a mantimentos vindos de Castela, não seria obrigada a ir à Alfândega, devendo contudo pagar a sisa e outros direitos que por ventura lhe correspondessem, nem seriam obrigados a dar razão das suas roupas e vestidos aos rendeiros das portas e oficiais das Alfândegas que abusivamente lhes levavam suas roupas, vestidos, trigos e carneiros.
Ainda do tempo d’el-rei D. Fernando encontramos a sua carta dada na Lourinhã a 16 de Novembro da era de 1413 (ano de Cristo 1375) na qual «quitou todallas dividas que lhe devia o concelho de Bragança dos serviços que prometerom a el-rei D. Pedro seu padre e lhe nom forom acabadas de pagar».
Por outra carta do mesmo, dada em Leiria a 29 de Novembro do ano seguinte, tendo-lhe o concelho e homens bons representado que até à guerra que então fora, nenhum fidalgo, cavaleiro, escudeiro ou alcaide da terra, pousava dentro da vila, mas sim nos arredores, e que de então para cá o faziam, como se fossem casas de estalagem, tomando-lhes roupas, galinhas, etc., sem dinheiro, e que quando pagavam, como vinho, carnes e cevada, era apenas a quarta parte, não lhes restituindo muitas vezes as roupas de cama, manda que os ditos fidalgos possam morar na vila durante oito dias quando aí vão em serviço, aprontando-lhes para isso o concelho casas e camas sem dinheiro, pagando eles todas as outras coisas».
O mesmo rei por outra carta também datada de Leiria no mesmo dia e ano, atentando à representação do concelho e homens bons de Bragança, na qual declaravam que a maior parte dos mantimentos lhes vinham de fora da terra e de grandes distâncias, tais como sal, pescado, azeite, pano, picotilho e bureis, cujos artigos lhes eram tomados por fidalgos, assim como os animais que os porteavam a alguns dos moradores da vila, manda às justiças que não consintam nas tomadias desses géneros.
Em 24 de Agosto da era de 1395 (ano de Cristo 1357), por carta dada em Torres Vedras, confirmou e outorgou el-rei D. Pedro I ao concelho de Bragança os privilégios, foros, liberdades e bons costumes que sempre teve. O mesmo rei, por outra datada de Óbidos a 10 de Setembro da era 1400 (ano de Cristo 1362), fez igual confirmação.
Também no Livro II Além Douro, fl. 237 v., se encontra a carta datada de Santarém a 26 de Julho de 1440 que confirma aos «povoradores do termo de Bragança» todos os privilégios, graças, etc., que gozavam e outra igual à cidade de Bragança no mesmo Livro, fl. 272 v., datada de Alenquer a 3 de Outubro de 1439.




Memórias Arqueológico-Históricas
do Distrito de Bragança