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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 31 de dezembro de 2017

... quase poema... ou do bom ano de 2018

Por: Fernando Calado
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
Se houvesse um tempo, o ano de 2017 estaria mesmo à beira da morte, estranhamente solitário, numa agonia dolorosa, sentindo a ingratidão da humanidade que ruidosamente celebra o nascimento do novo ano de 2018. O ano de 2018 ainda é um tempo sem história, sem ontem, só um imenso deserto, ainda sem chegadas nem partidas. Um ano sem emoções.
Mas o tempo é esta continuidade imensa... somente marcado pelo sol que se levanta magnífico, brilhante, vestido de lavado para ir beijar as flores e à tarde regressa feliz, do campo, para sua casa. Uma rotina sem ontem, nem amanhã, sem relógios, sem calendários, sem dias, sem meses, sem anos, sem séculos…sem pressa, até quando o sol se canse, apague o lume e vá descansar.
… e o Universo se cala e aguarda no tempo sem tempo, o infinito, o renascer de novo das cinzas do sol, dos planetas e tudo recomeça… e para sempre.
… mas na minha humanidade regresso ao ano de 2017 para agradecer, virado para o sol, para o magnífico sol, o privilégio de mais um ano. O meu tempo não se marca pelo calendário da mesquinhez política, marca-se pelo tempo das rosas, das maçãs, dos morangos, da horta em parto de novidade… o meu tempo marca-se pela chegada, pela fonte onde bebemos água e era tão fresca… pelos olhos das crianças marcando o futuro, por tanta gente bonita que acredita na vida e encontrei à beira dos meus livros… à beira da surpresa, por tudo … o ano de 2017 foi um bom ano!
… eu sei… os desempregados perdidos nas praças infindas do desespero, os jovens sem futuro à beira da emigração… da partida e ficam os sonhos, eu sei das falências e duma vida que parou, sem horizontes… eu sei dos doentes que roem as unhas nas longas esperas das urgências… eu sei… eu sei dos encontros e desencontros… eu sei!
… para todos as minhas lágrimas fraternas e humanas… Um dia… nascerá uma flor e será verde… e sairemos todos à rua agarrando a esperança… nem que seja a última esperança!
… desejo a todas as minhas amigas e amigos um bom ano de 2018!


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 

Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”. 

Um Apelo ao Gerente das Frutas Ferreira

Invariavelmente, os seus Colaboradores depositam cartão e plástico no lixo doméstico.
Bem sei que, ainda, ninguém é obrigado a separar os lixos.
No entanto faz-me alguma confusão, até indignação, que os seus colaboradores tenham a 20 metros um ecoponto e que "prefiram" andar mais outros 20 metros para depositarem cartão e plástico num contentor de lixos domésticos.
A isso...chama-se preguiça e falta de sensibilidade.
Fale lá com o seu pessoal para não ter que se deslocar ao seu estabelecimento uma turma do 1º ano do Ensino Básico a sensibilizá-lo para a "matéria".
Contentor onde depositam cartão, papel e plástico.
20 metros a seguir ao ecoponto.

Música, animação e convívio marcaram a Gala de Natal da Associação Juvenil dos Artistas Macedenses

Torre de Moncorvo promoveu o tradicional convívio de natal para todos os seniores das IPSS'S do concelho

V Encontro da Máscara

Tempo de espera nas urgências do hospital de Mirandela ultrapassou as seis horas

As urgências do hospital de Mirandela também estiveram lotadas no passado sábado.
A situação, de acordo com os utentes, tem sido comum nos últimos dias.

sábado, 30 de dezembro de 2017

O PERIGO DA FAMILIARIDADE EXCESSIVA

Por: Humberto Pinho da Silva
(colaborador do "Memórias...e outras coisas..."
Estando certa tarde de domingo, a conversar com amigo, este, a determinado momento, saiu-se com esta: “ Sempre que me torno amigo de alguém, perco, para ele, metade do valor. Passa a duvidar de tudo, que: penso, digo e afirmo.”
Opinião, que apenas concordo, em parte, fez-me lembrar o que disse a grande fadista Amália Rodrigues, em declaração ao semanário “ SETE” (01-11-83): “ Agora leio pouco, porque, ao conhecer os autores das obras, tinha muitas desilusões…”
O escritor, o poeta, o cronista, perde encanto, até respeito, logo que se torna amigo do leitor.
A familiaridade retira valor a quem escreve.
Para os que convivem, diariamente, com ele, e partilham os mesmos utensílios, o intelectual, não passa de ser excêntrico; um preguiçoso. (Como dizia criada de Herculano, por o ver sempre a ler e a escrever.) Um desadaptado incorrigível.
Se há, por vezes, nos familiares: orgulho e vaidade, por se verem aparentados com o autor do livro, que se encontra no escaparate do livreiro, existe, igualmente, a reprovação: por passar horas a fio, de pena na mão, a ler e a rebuscar apontamentos, entre montes de papéis, em lugar de conviver com a família e amigos, à mesa da cafetaria.
Amália Rodrigues afirmava várias vezes: que ao ler as letras das canções ficava admirada com o talento do autor, e fantasiava-o, esbelto e cortês.
Levada pela curiosidade, procurava conhecê-lo pessoalmente, mas na maioria das vezes, sofria grandes desilusões, até desgostos profundos.
No memorial de Clarissa – personagem querida de Erico Veríssimo, – em “ Música ao Longe”, esta diz: que sofreu séria desilusão, ao verificar que o famoso poeta Paulo Madrigal, que imaginara elegante e gentil, não passava de pobre diabo, caixeiro-viajante, de indesejáveis tiques nervosos.
Ao invés da lei da perspectiva, o intelectual, torna-se grande, quando está longe. O escritor parece-nos mais talentoso, quando nos é inacessível, e vive em longe paragem.
O mesmo acontece às instituições e Universidades.
Como o crente, que percorre léguas, em demanda de santuário mariano, para pedir a graça, que necessita (esquecendo que Maria tanto está lá, como na sua paróquia,) também, alguns licenciados, procuram obter mestrado e doutoramento em longínquas Universidades, olvidando, que, por vezes, os professores onde estudou, são mais competentes, e saberiam apreciar melhor a tese, do que aqueles.
Mas a distancia, a língua estranha, a fama, leva-os a pensar: graduando-se na sua Universidade, entre os que foram companheiros e professores, não tem o mesmo valor…
Infelizmente, a sociedade, também pensa assim:
Conheci jovem, que se formou numa Universidade portuguesa. Quando começou a procurar emprego, logo verificou, que os preferidos eram os candidatos graduados na América e Inglaterra.
Os selecionadores – em regra, não conhecem a Universidade, onde o candidato obteve o mestrado, – mas impressionam-se, ao verificar, que o certificado apresentado, está passado em inglês…
Bacoquice?! Certamente que sim; mas o que havemos de fazer?! O mundo é assim… e quem quer singrar, tem que obedecer às “ leis” que vigoram.

Humberto Pinho da Silva, nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA.Foi redactor do jornal: “Notícias de Gaia"” e actualmente é o responsável pelo blogue luso-brasileiro: " PAZ".

O museu de Luís Cangueiro é uma caixa de música gigante

Luís Cangueiro sonhou com um museu onde pudesse mostrar as mais de 600 peças de música mecânica que coleccionou ao longo de 30 anos. O sonho já se pode ver (e ouvir).
Entre cavalos e laranjeiras, há, na Quinta do Rei, uma caixa de música gigante. É um museu, fica em Palmela e tem 600 peças de música mecânica. Ali se reúnem grafonolas de diferentes formatos, campânulas de várias cores, fonógrafos raros e caixinhas de música invulgares. Uma colecção privada que nos dá a escutar sons que remetem para o passado. Límpidos ou roufenhos, deslumbram os mais novos e comovem os que nasceram antes.

No Museu de Música Mecânica, Luís Cangueiro, o coleccionador, diz-nos quem é: “Uma pessoa que nasceu numa aldeia de Miranda do Douro e fez o percurso natural como qualquer jovem. Estudou no liceu, foi para a universidade, foi para a tropa, deu aulas. Depois, começou a criar empresas de publicidade.” A vida correu-lhe bem.

Estudou Filologia Clássica. Nas suas palavras, “uma área um pouco estranha: é dar aulas de Latim, Grego e Literatura Portuguesa”. Bragança “era um bocadinho morto” e decidiu vir “cá para baixo”, conta. “Ainda bem, lá teria de me manter como professor e aqui tive oportunidade de criar riqueza, pelo menos para construir este museu.”

Dentro da caixa
Não sabe precisar quando é que a música entrou na sua vida, lembra-se de que sempre esteve presente, que a estudou e recorda os tempos em que, jovem, aprendeu a tocar acordeão. “Quando entrei na Faculdade de Letras de Coimbra, inscrevi-me logo no coral. Acompanhei sempre a música clássica e descobri mais tarde estas máquinas de música, que são o meu encanto.”

Mas o primeiro encontro com estes mecanismos sonoros aconteceu mais atrás no tempo, quando tinha sete ou oito anos e descobriu lá por casa uma caixa de música. “Eu não sabia o que era aquilo. Era uma peça em que se dava à manivela e aquilo mal tocava. Tocava muito mal.”

Resolveu, com a curiosidade própria de criança, abri-la e desmontá-la para ver como é que funcionava. Resultado: “Já não tive capacidade para voltar a montá-la. Aquela maldade ficou-me na memória. Não sei se isso também teria contribuído de alguma maneira para entrar neste campo”, questiona-se. E, com graça, conclui: “Vinguei-me. Comprei exactamente essa caixa de música, que agora tenho aqui. Não essa, mas uma igual e muitas do mesmo género (era uma Ariston de 1880 e tal).”

Música à manivela
A primeira peça que comprou para a colecção que agora partilha com os visitantes foi um gramofone, em 1987, não uma caixa de música. Luís Cangueiro explica: “A caixa de música propriamente dita é um instrumento mecânico diferente. O gramofone já exige uma gravação prévia, que toca os discos de 78 rotações por minuto.” E logo nos põe a escutar, nesse gramofone inicial à manivela, um disco dos anos 1930/40 de Júlia Barroso, “que ainda está muito presente e continua a ser nossa conhecida”. Achou mais apropriado do que nos dar a ouvir Frank Sinatra. Fez bem.

A colecção, que revela 250 anos de sons (do século XVIII até à década de 30 do séc. XX), foi sendo obtida em leilões de arte. “Eu já adquiria pintura, escultura e outros objectos de arte e apercebi-me de que havia caixas de música com sons completamente diferentes daqueles que estava habituado a escutar. Sons únicos. E comecei a descobrir um mundo novo nos instrumentos de música mecânica.”

Entrou então no circuito de antiquários, sobretudo no centro da Europa, que se dedicavam quase exclusivamente à venda destes mecanismos. “Peças que também existiam em Portugal, mas em pouco número. As peças com maior significado, mais importantes e raras, adquiri-as na Europa (sobretudo Suíça, França, Alemanha, Inglaterra) e Estados Unidos”, enumera.

Campânula como fachada
Quando chegou às 400 peças, entendeu que era importante dá-las a conhecer ao público. Queria criar um museu, mas que fosse na quinta da família, para a ter por perto. Depois de esperar “sete ou oito anos, dados os problemas burocráticos” (foi preciso realizar um plano de pormenor para obter autorização da câmara para construir um edifício maior do que o inicialmente previsto, que tinha apenas 180m2), conseguiu erguer o Museu de Música Mecânica.

O edifício foi imaginado por Manuel Marcelino, “apostei na juventude e este projecto já foi motivo de atenção de revistas internacionais de arquitectura, pelo menos em 14, de vários países da Europa e também nos EUA”, descreve com orgulho. E elogia o arquitecto: “Conseguiu realizar essa inserção de uma maneira notável, pensando ele que seria interessante mostrar o edifício como se fosse uma caixa de música gigante.”

Luís Cangueiro convida-nos a olhar para a fachada principal do museu e a identificar o “paralelismo com as chamadas ‘campânulas’ das caixas de música”.

O coleccionador define o museu em três vectores fundamentais: “A parte musical, a componente tecnológica e a questão sentimental.” No entanto, não descura os aspectos históricos e sociais: “Temos fotografias em que há um grupo de familiares e amigos em que o elemento principal, fulcral, é um fonógrafo ou um gramofone. Temos um álbum de família musical, em que há fotografias lindíssimas que nos mostram como é que se vestiam, como era a moda naquele tempo.”

Há peças destinadas a locais públicos, “onde as pessoas se divertiam e dançavam”, outras com jogos de um lado e grafonola de outro, “que se levava para piqueniques”. No museu podem encontrar-se postais que eram gravados e depois enviados por correio para serem escutados noutro gramofone.

Os tocadores de realejo dão-nos também um retrato da sociedade, eram homens que percorriam várias cidades da Europa, divertiam as pessoas e era daí que vinha o seu sustento. Muitas vezes tratava-se de ex-soldados que tinham ficado incapacitados.

“Temos uma caixa de música destinada às salas de espera das estações de caminho-de-ferro. Punham a moedinha e distraíam-se enquanto o comboio não chegava. E até havia umas bailarinas a dançar”, descreve Luís Cangueiro.

Lembra ainda que, até certa altura, só as elites tinham acesso a caixas de música. “A democratização chegou nos inícios do século XX, com a descoberta do fonógrafo e mais tarde do gramofone. Aí, sim. Lembro-me de no meu tempo, nos anos 50, dançarmos ao som de uma grafonola. Nos anos 30, 40 do século XX, praticamente em todas as aldeias já havia uma grafonola. Antes, não era para toda a gente.”

Descentralizar a cultura
Sobre o espanto que as pessoas manifestam pela localização do museu no meio rural, argumenta: “É um espaço que está muito próximo dos grandes meios, nomeadamente Lisboa, e está num ponto estratégico nos eixos norte-sul, tanto pela Ponte Vasco da Gama como pela 25 de Abril.”

Sabe que ali não terá tantos visitantes como se estivesse num centro urbano, mas diz achar muito importante “descentralizar a cultura” e dá o exemplo de países como a Suíça. Ainda assim, com pouco mais de um ano de abertura ao público, já recebeu cerca de 11 mil visitantes. Desde crianças “com um ano, que já interagem com as máquinas”, até visitantes com idades bem avançadas, “a mais velha tinha 97 anos”, conta, para concluir, “todos se sentem aqui muito bem”.

O facto de estar numa quinta permitiu-lhe ainda concretizar um dos seus objectivos iniciais, “criar um projecto global em que lazer e cultura tinham de estar de mãos dadas”. Como já ali tinha instalado um centro hípico, agora proporciona os chamados “Dias na Quinta”, em que as crianças até aos 15 anos visitam o museu, brincam no campo de jogos e experimentam andar a cavalo. Também acolhe festas de aniversário. 

Olhos arregalados
O PÚBLICO acompanhou um grupo de crianças do Colégio Valsassina, de Lisboa, na visita ao museu e testemunhou o interesse e deslumbramento que as peças causaram nos miúdos.

Depois de deixar os alunos contarem que tipo de colecções faziam — “todas as coisas esquisitas: pedras com formas estranhas, caroços”; “rolhas”; “moedas antigas do meu avô”; “minerais, conchas bonitas, búzios”; “chávenas de café, temos mais de 200” —, Andreia Dinis (coordenadora de comunicação do museu) mostra um cilindro metálico e informa que a primeira caixinha de música do mundo foi construída pelo relojoeiro Antoine Favre, que vivia em Genebra, Suíça.

“Construiu um cilindro ‘cheio de piquinhos’, onde gravou a música, e depois inventou um pente de lâminas vibrantes. O pente está sempre à frente do cilindro. Quando o cilindro começa a girar, vai levantar cada nota musical. E vai fazer assim a melodia.” O cilindro pode conter no máximo 12 melodias.

Há-de mostrar-lhes uma árvore de Natal que roda e entoa uma música da quadra, uma caixa com uma bailarina no topo que dança de forma “desengonçada”, “parece que voa”, um boneco que toca numas placas metálicas, “um xilofone”, e vários objectos do quotidiano, todos com música, claro. Desde uma lâmina de barbear ao tal álbum de fotografias musical que ao ser folheado activa o cilindro que esconde.

Também tiveram oportunidade de inserir moedas nalguns mecanismos e escolher as músicas a escutar. Olhos arregalados e expressões de espanto animaram as galerias do museu, onde há uma tentação enorme para mexer em tudo, mas que só se permite nalguns casos.

Biscoitos no fim da visita
O coleccionador diz ainda ter mais 200 peças em reserva, que irá substituindo à medida que puder. O museu conta com um centro de documentação, um auditório e uma galeria para exposições temporárias. No bar, vendem-se biscoitos de alfarroba e curcuma, feitos na quinta.

“No final das visitas, nós estamos aqui meia hora, uma hora a falar com as pessoas descontraidamente. As pessoas que entram aqui sentem-no como um museu de afectos”, diz e conta como, nas visitas que faz, “as pessoas começam a sentir pele de galinha, em muitas delas as lágrimas começam a cair-lhe dos olhos”.

Atribui esses sentimentos “a uma certa nostalgia por estarem a sentir, a ver e a ouvir as peças que desde há 250 anos passaram por gerações”. Por isso ou por muitos dos sons remeterem para a inocência infantil que ficou lá atrás.

Uma certeza o coleccionador tem: “Há uma paz interior que se consegue colher nesta quinta.” E está a falar verdade.

Rita Pimenta (texto) e Vera Moutinho (vídeo)
Jornal Público

Última Feira do Ano em Macedo de Cavaleiros

Distrito de Bragança irá contar com mais 65 camas

Das 500 camas que irão alargar a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, 65 virão para o distrito de Bragança. tendo 18 sido atribuídas à Unidade Local de Saúde do Nordeste.
De acordo com o despacho publicado hoje, dia 29 de dezembro, em Diário da República, sobre os novos contratos celebrados pelo Ministério da Saúde, a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados vai ser alargada e dotada com mais 500 camas nas diferentes tipologias, das quais 289 destinam-se à região Norte. Só o distrito de Bragança irá contar com 65 destas camas, 18 das quais a serem atribuídas à Unidade Local de Saúde do Nordeste.

Esta medida surge no seguimento da política de investimentos efetuados pelo Governo no Serviço Nacional de Saúde, a par de outros a efetuar no próximo ano, nomeadamente, em termos de recursos humanos, de equipamentos e de instalações com a construção de raiz de infraestruturas em alguns casos, enquanto que noutros se verificarão “vultuosas” obras de ampliação e remodelação. Também a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados, enquanto prioridade igualmente definida, irá contar com mais cinco centenas de camas, sendo que, destas, 289 destinam-se à Região de Saúde do Norte (ARSN).

Assim, com a publicação do referido documento, a Administração Regional de Saúde do Norte, em parceria com o Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, vai passar a disponibilizar às populações 315 camas de Convalescença, 830 camas de Média Duração e Reabilitação, 1627 camas de Longa Duração e Manutenção, 26 camas de Cuidados Paliativos e 1632 lugares de Equipas de Cuidados Continuados Integrados. Já no âmbito da Pediatria, serão disponibilizadas 10 camas de Cuidados Pediátricos Integrados e 10 lugares de Ambulatório Pediátrico. Enquanto no setor da Saúde Mental, haverá 25 novos lugares em Unidade Socio-Ocupacional, 8 visitas/dia em Equipa de Apoio Domiciliário, 14 lugares Residência Autónoma, 6 lugares em Residência de Treino de Autonomia tipo A – Infância e Adolescência e 10 lugares em Unidade Socio-Ocupacional infância e adolescência.

Assim sendo, a capacidade total instalada passa a ser de 4513 camas, a que corresponde um encargo financeiro anual a rondar os 55 milhões de euros, mais precisamente, 54.528.564,95 euros.

Bruno Mateus Filena
in:diariodetrasosmontes.com

sexta-feira, 29 de dezembro de 2017

A iniciativa “Férias em Movimento”, promovida pelo município de Mogadouro, contou com um dia dedicado à leitura e à culinária

Torre de Moncorvo promoveu o tradicional convívio de natal para todos os seniores das IPSS'S do concelho

Trás-os-Montes sem recolha de lixo há uma semana

Os cinco concelhos da Terra Quente transmontana estão há uma semana sem recolha de lixo.
Em causa uma greve dos trabalhadores que fazem a recolha de resíduos em protesto pela incerteza relativa aos postos de trabalho.
 As autarquias estão já a tentar resolver o problema pelas próprias mãos mas o que é certo é que os moradores estão revoltados com uma situação que pode durar até ao final do ano.

Baixa Hotel é a primeira unidade hoteleira inaugurada no coração do centro histórico

O centro histórico de Bragança ganhou um hotel, o primeiro no coração da cidade, mesmo ao lado da Praça da Sé, a dois passos da rua dos museus, a Abílio Beça, onde está instalado o Centro de Arte Contemporânea e o Museu do Abade de Baçal, próximo do Teatro Municipal, do Castelo e do espaço Polis.
Trata-se do Baixa Hotel, localizado na Travessa da Misericórdia, uma unidade moderna e sofisticada, qualidades que complementa com um tratamento qualificado e personalizado a cada cliente, à boa maneira transmontana.
O Baixa Hotel foi inaugurado esta tarde de sexta-feira e abre ao público no dia 2 de janeiro.
Com projeto de um arquitecto brigantino, Luís Barros, destaca-se o design depurado, minimalista que faz da unidade um espaço confortável e luminoso, com vista para o castelo e a cidadela, pronto a satisfazer diferentes gostos e estilos, modernos ou contemporâneos. O mobiliário é minimalista mas prezam-se os detalhes.  "As linhas do edifício são direitas e simplistas, com uma decoração muito 'clean'. Aliás, é isso que queremos transmitir ao cliente: limpeza, qualidade e sofisticação", descreveu Dina Mesquita, da gerência. 
A unidade, que dispõe de 17 quartos (singles e duplos) e capacidade para 32 pessoas, permite sentir o pulsar da cidade de Bragança, uma das mais antigas do país. Os quartos dispõem de WC, televisão, Internet (wi-fi). "Partiu-se da recuperação de uma antiga residencial mudando a tipologia e o conceito. Aproveitamos este espaço, que está nesta zona da cidade, onde existia uma lacuna no turismo, com a falta de alojamento, que assim fica preenchida", explicou David Gonçalves, da gerência. 

Glória Lopes
in:mdb.pt

Trabalhadores que recolhem o lixo na Terra Quente transmontana dizem que a partir da próxima semana "nem direitos nem emprego”

Depois de vários dias de protesto por terem uma situação profissional indefenida os trabalhadores da recolha de lixo na Terra Quente transmontana já sabem o seu futuro.
Após uma reunião entre a FCC, empresa que termina contrato com a resíduos do Nordeste e a Ferrovial, a nova empresa responsável pela recolha do lixo nos municípios da Terra quente a partir de Segunda-feira, não houve consenso quanto à transferência de trabalhadores.
Ao que a Brigantia apurou junto dos trabalhadores a Ferrovial não aceita a transferência dos trabalhadores. e a FCC, segundo os trabalhadores, garante que a nova empresa é obrigada a aceitar.
Segundo os trabalhadores dizem saber a Ferrovial já tem pessoal para começar na Segunda-feira o trabalho. “E nós nem direitos nem emprego” disse um trabalhador à Brigantia.

Escrito por Brigantia

GEADA 2017 | Miranda do Douro | 28 a 31 de Dezembro

Pelo quinto ano consecutivo, encontro acontece em Mogadouro e celebra a cultura e a tradição das máscaras em Trás-os-Montes

FESTA DE FIM DE ANO - Vila Flor

Cantar dos Reis em Vimioso

Quase poema... ou dos rebanhos e da política

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Se fosse do rebanho pouco se me dava. Os pássaros que cantassem e fizessem os ninhos nos ramos altaneiros e contemplassem as paisagens mais deslumbrantes. O verde dos campos que fosse verde… os peixes em cardume que descobrissem os segredos da profundidade do rio, ou ficassem somente ao sol nos remansos tranquilos…as rosas, essas que se cansassem todos os anos de ser rosa e rosas e perfume…eu seria do rebanho… Tranquilo…sendo levado para os prados cheio de flores e à tarde iria beber água fresca no leito do ribeiro que canta há milhares de anos. Nem um desgosto!... O pastor seria o caminho seguro… o pensamento… e a ameaça do lobo seria a unidade do rebanho. 
… e assim estaria tudo bem! E até os cães do gado que até podiam morder…ladrar… se calam para que a côdea do pão duro não falte no bornal sebento do pastor. 
Claro que no final do Verão teria que sofrer as grandes secas… os prados cinzentos de terra dura… comida pouca… mas o pastor lá estaria para manter o gado unido… Ele sabe que metade das ovelhas vão morrer de fome…de sede… e de doenças…muitas… Mas só é preciso esperar… logo o prado será verde… a água fresca…não se sabe quando… mas será… e o rebanho adormecido… cala-se… deixa de balir…e morre e o pastor já nem se importa…
…que rebanho é este…até tem medo de morrer!… Diz o pastor. Na verdade poucas ovelhas chagarão à próxima primavera… mas que raio… que se há de fazer?!
Nada… não se faz nada… o melhor é ficar no rebanho… é o melhor… sem a maçada de dizer não… sem o incómodo do pensamento… sem a estranheza apocalíptica da ovelha morder o pescoço do cão.
…ficar… balindo… balindo… e não fazer mais nada!
O pastor é que gosta de um rebanho assim… amigo do seu pastor… manso… com medo do lobo!
… Se fosse do rebanho pouco se me dava! Mas… um dia, há milhares de anos, um sapiens sapiens assustou-se com a novidade do pensamento…e a maldição começou… perdemos o rebanho… ganhamos a revolução… perdemos o paraíso… ganhamos a humanidade… e agora já não podemos ser do rebanho… conquistamos o dom da divindade… inventamos a filosofia e todos os dias acordamos na intranquilidade do pensamento.
Platão anda por perto… e cedo abandonou o rebanho… e ao pastor... disse não… e disse:
“ “O preço a pagar pela tua não participação na política é seres governado por quem é inferior”
…e disse! E o rebanho passa… só a balir… e não faz nada!

Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

O rebusco!...

Não tenho dúvidas que, por mais apedeuta que seja, qualquer pessoa conhecerá, não só a palavra, como também o significado de rebusco, nomeadamente no meio rural. Atrevo-me, até, a dizer que, em tempos não muito distantes, o rebusco era uma tradição instituída que, os mais pobres, desfavorecidos, ou pessoas que tinham tempo e faziam pela vida, praticavam com bastante regularidade.
Ir ao rebusco era, simplesmente, apanhar os restos que ficavam após as colheitas agrícolas, da azeitona, das batatas, das castanhas, das vindimas, etc. Nos meus tempos de criança, havia famílias cuja sobrevivência dependia, em boa parte, da prática do rebusco. Mesmo até no que toca à recolha de lenha para a lareira, recordo-me, por exemplo, de ver pessoas a extraírem dos troncos junto às raízes das árvores, que ficaram após os cortes, alguns cavacos para a lareira. Pouco era desperdiçado, pelo que quase nada era desaproveitado, sustentando um positivo resultado.
Nesta perspetiva dou, por vezes, comigo a pensar o quanto a vida mudou, como tanta coisa se alterou e como tanta necessidade nos desassombrou. Ou será que também o comodismo imperou?!... A ideia de aproveitar, arrecadar ou poupar, parece ser, nos tempos que correm, olhada de outra forma, com diferente tranquilidade.
Quando, há dias, andei à azeitona, observando o contexto como agora se procede a esta colheita, vieram-me à lembrança os tempos em que o rebusco era uma tarefa exercida com entrega e afinco. Isto porque, ao contrário do que atualmente acontece, sobretudo decorrente da mecanização, antigamente, a faina da azeitona implicava não deixar nenhuma, que se visse, por recolher, quer da oliveira, quer do chão, mesmo quando estava gelado, ou encharcado.
Que satisfação evidenciariam as pessoas que andavam ao rebusco se, nesses tempos de “penúria”, encontrassem, nos olivais, a quantidade de azeitona que hoje fica por lá. É que havia famílias que faziam azeite para o consumo próprio, só com a azeitona que apanhavam ao rebusco, chegando, até, a vender alguma.
Obviamente que não tenho nenhuma saudade desses tempos, até porque eram penosos e de grande sacrifício, mesmo para quem não tinha necessidade de ir ao rebusco. Todavia, também entendo que, ainda hoje, o rebusco, poderia, muito bem, ser “ressuscitado” e exercitado por pessoas ou famílias com dificuldades no domínio da ocupação laboral e económica, aproveitando o tempo e os recursos de forma produtiva. Estou convencido que, se tivesse necessidade, não teria qualquer problema em ir ao rebusco. Seria uma forma útil de valorizar o tempo livre, a mim próprio e o conceito de vida na essência da independência, dignificação do trabalho e aproveitamento de recursos naturais disponíveis.  
Tendo em conta a implementação da mecanização na vareja e apanha da azeitona, ficando nos olivais muitas toneladas de azeitona sem qualquer aproveitamento, não tenho dúvidas que o rebusco seria uma tarefa a ter em conta por quem tem necessidades ao nível económico e alimentar, e revela capacidades físicas para laborar e muita disponibilidade de tempo para ocupar.


Nuno Pires
in:mdb.pt

Corte nas verbas atribuídas à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Macedo de Cavaleiros

O Município de Macedo de Cavaleiros cortou em 25.000€ na verba atribuída anualmente à Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Macedo de Cavaleiros.
Situação discutida na Assembleia Geral dos Bombeiros na apresentação do Plano de Atividades e Orçamento para 2018.

Uma surpresa para António Batista, presidente da Associação, que admite, que contava com um aumento na verba e nunca com uma diminuição como tem vindo a acontecer.

“Eu estranhei muito e fiquei muito revoltado com a redução substancial na verba que nos foi atribuída. Estava longe de pensar que em vez de me diminuírem que me iam aumentar na verba. Esta instituição em termos de subsídios da Câmara estamos a receber menos 60 mil euros, então como é que mantenho o pessoal com estes cortes? São menos cinco mil euros a menos por ano. Esta instituição não se compadece com estas reduções, ou querem aqui os Bombeiros e mantemos o pessoal, que é uma necessidade e ainda era necessário meter mais pessoal. É uma necessidade, mas não o conseguimos com estes apoios.”

O corte nas verbas que impede a contratação de pessoal necessário na equipa e que pode pôr em risco a Associação.

“Não há verbas, não se pode fazer omeletes sem ovos e digo que vai ser muito difícil aguentar esta instituição, está em risco. Se a autarquia manter os 75 mil euros, se não fizer os orçamentos retificativos e repuser as verbas que realmente nós nos sentimos com “direito a elas”, não temos hipótese; não há nenhuma Direção que consiga aguentar isto. Só tínhamos outra hipótese que era despedir pessoal, mas se nós precisamos de pessoal como é que o vamos demitir?”

O presidente António Batista que chega a pôr em causa o seu lugar na Direção por não conseguir sustentar a situação em que estes cortes do Município deixam a Associação dos Bombeiros.

“Nós precisamos de ter um socorro rápido, eficaz e que dê garantias de segurança à população. Mas para isso é necessário que a autarquia dê valor à instituição dos Bombeiros e que perceba que não é reduzindo verbas que está a ajudar. Assim põem em causa esta instituição. 
Vou refletir muito bem se continuo ou não, se continuo ainda este ano. Daqui a um ano há eleições mas eu vou refletir se estou interessado em continuar ainda este ano. Não há hipótese.”
O orçamento para 2018 foi aprovado na referida Assembleia por maioria com uma abstenção.

Escrito por ONDA LIVRE

AGUIEIRAS - Freguesias do Concelho de Mirandela

Chairos - Aguieiras
AGUIEIRAS é o nome da freguesia mais afastada da sede do concelho de Mirandela a que pertence. Fica a quase trinta quilómetros de distância. Enquanto que, para a Torre de D. Chama são apenas 8! O seu nome deriva de águia, ave abundante nas Serras de Portugal. É constituída por vários aglomerados populacionais, pequenas aldeias, todas próximas umas das outras, e agora ainda mais com o dispersar das habitações que modernamente se gostam de construir com seus terrenos agrícolas em volta. 
São elas, e por ordem quando se circula na estrada Bouça/Vinhais: Pádua Freixo, Ervideira, Casario, Fonte Maria Gins, Soutilha, Chairos, Aguieira e Cimo de Vila. Todas elas se estendem por uma vasta zona planáltica, em encostas de pequenas elevações, no meio da paisagem circundante com altas montanhas e vales fundos em relação à freguesia.
Pela estrada fora, muitas rochas graníticas arredondadas pela erosão do vento e da chuva, parecem ter sido colocadas como peças de museu no meio das parcelas de hortas bem divididas. Muitas casas de campo, já entradas na idade, ajudam a dar sentido e gosto à paisagem.
Muito perto do limite do concelho de Vinhais, as gentes de Aguieiras são receptivas e ornamentam seus campos com culturas hortícolas, mas também cultivam várias árvores, destacando se as cerejeiras e nogueiras.
A actividade essencial em toda a freguesia é a agricultura. Já em 1960 se registavam, num anuário, 20 proprietários abastados, 4 mercearias e 2 professoras. Em 1950 havia na freguesia 875 habitantes, e em 1991 eram 499 os residentes.
No Censo de 2001 havia 374 pessoas, das quais 181 eram homens.
Chairos, lá mais para a fronteira com o vizinho concelho da Terra Fria, fica logo junto à estrada e dá passagem para Aguieira e Cimo de Vila. Em Chairos, devemos indicar a Capela da Sr.ª do Monte onde a Festa por volta de 14 de Agosto é muito concorrida. Dois cafés, a Casa do Povo à entrada, com Posto médico e onde a Junta de Freguesia trabalha por vezes. A Escola Primária e o Largo da Capela. As habitações confundem se no meio dos terrenos de cultivo e das latadas de videiras junto a elas ou aos muros. Logo a seguir há uma pequena subida onde há interrupção de habitações para dar lugar às hortas, e entrase no Largo da Liberdade noutro povoado: a Aguieira. Antes, está uma casa rural bem típica em pedra com dois andares e varanda, e, ao lado, outra mais baixa e térrea com o telhado inclinado de uma só água, e que mostra a data de 1899. Um aglomerado apertado de pouco mais de duas dezenas e meia de casas já muito usadas, muitas vazias e até abandonadas. Dão passagem para o Cimo de Vila com dois moradores e as casas sem ninguém.
Regressando à estrada nacional, vale a pena ir visitar as outras aldeias da freguesia de Aguieiras, pois todas têm a sua particularidade e identidade própria. No entanto, é obrigatório ir até Soutilha, já que é esta a povoação principal. À entrada, depois de passar o Cruzeiro e o cemitério, fica a linda Igreja rústica, com o seu adro. Obriga nos a parar Com efeito, exterior e interiormente, é um monumento de rara beleza pelo conjunto que encerra. No seu interior, as Pias de água benta e baptismal, a talha dourada dos altares e o chão em lajes graníticas, dãonos um carácter de antiguidade e respeito pelo passado local. Por fora, todo o frontal é agradável de se observar, em granito, Torre Sineira central com dois sinos, pináculos laterais, e portal aberto com leves florões. Tem a data de 1729 no meio de uma inscrição na pedra.
Defronte da Igreja e da Porta principal, tendo o adro no meio, está o Portal da Capela de Santa Catarina, mudado do Cabo da povoação para ali. É por lá que se entra no edifício. Esta Capela era particular, da família dos Andrades, ficava lá no Cabo da Aldeia, para Oeste, e foi destruída há cerca de 19 anos, passando as suas pedras principais e ornamentadas, assim como alguns objectos, para a frente da Igreja. No lugar da Capela, foi feito um largo. Para ir ali, passa se pelo Largo Armindo Andrade e pela Rua de Santa Catarina. As habitações dispõem se lateralmente, num amontoado leve e com transmontanismo evidente. O Forno do Concelho fica lá no fim do Povo, e todos lá podem ir cozer o Pão sem nada pagarem. No Largo Armindo Andrade, havia um lagar de azeite que foi desfeito, e os terrenos onde se implantava serviram para construir a Escola Primária. Ali funciona igualmente a pré primária.

Naquele Largo é que se costumam reunir as pessoas para se distraírem, lerem o placar oficial de informações autárquicas, ou acertarem as suas vidas nos momentos de descanso e lazer. Junto da Igreja está a Casa da Junta de Freguesia e um espaço alargado com fontanário e nicho em azulejo. A Fonte de mergulho, de abundante água, situa-se na subida para o Centro da povoação.
A festa principal é em honra de Santa Bárbara, nas imediações da Igreja, e realiza se no 1.° Domingo de Agosto.

In III volume do Dicionário dos mais ilustres Trasmontanos e Alto Durienses,
coordenado por Barroso da Fonte.

Vinhais com mais de meio milhão de euros para novos negócios a partir do fumeiro

O concelho transmontano de Vinhais tem mais de meio milhão de euros para investir em novos negócios e apoio ao setor agroalimentar, através de um projeto que tem como impulso o emblemático fumeiro e o porco bísaro.
O projeto Apoio ao Empreendedorismo do Setor Agroalimentar em Terras de Trás-os-Montes foi apresentado publicamente com a garantia de 534 mil euros de financiamento a fundo perdido aprovados pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).

Uma das metas definidas é apoiar e conseguir, nos dois anos de duração do projeto, "20 novos empreendedores", mas também apoiar os atuais empresários na melhoria da apresentação e venda dos produtos e a criação de novos produtos a partir dos tradicionais, como explicou Carla Alves, coordenadora do projeto.

A promotora é a Associação Nacional de Criadores de Suínos da Raça Bísara, a responsável pelo processo iniciado há mais de 20 anos de proteção da raça que garante a carne que distingue o fumeiro regional de Vinhais, com todos os produtos certificados.

O fumeiro afirmou-se como dos mais conhecidos produtos de Vinhais e tem projetado outros na área do setor agroalimentar, onde contudo, os responsáveis notam algumas lacunas e deficiências que pretendem colmatar com o novo projeto.

"Temos muitos empresários na região que são pequeninos empresários. Alguns têm, por exemplo, a dificuldade de ter uma rotulagem (obrigatória) do seu produto (com) o valor nutricional do alimento, ou do ter glúten ou não", exemplificou.

Da mesma forma, o projeto pretende também dar apoio no acondicionamento e embalamento, contando com o apoio da investigação científica através dos parceiros Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e Instituto Politécnico de Bragança.

As duas instituições vão ajudar a fazer um catálogo nutricional dos produtos, estudos dos cortes das carnes e a pensar novos produtos que podem passar por fazer chegar ao mercado "sopas de alheira, chouriça fresca para assar, salsicha de porco bísaro ou até um hambúrguer".

Entre outras ações previstas estão as bolsas de ideia a atribuir a jovens com prémios de 700 euros mensais, durante seis meses, para darem início ao seu projeto, e a criação de um gabinete de apoio ao empreendedorismo, além da promoção e venda de produtos em plataformas digitais.

Uma mais-valia para divulgar o que produz a nível nacional é como encara este projeto o jovem Ricardo Diegues que apostou na produção de cuscos, que a mãe anda sabe fazer da forma genuína à base de farinha de trigo e que outrora eram, nesta zona, os substitutos do arroz e da massa.

Com o apoio científico do projeto, Ricardo espera poder conhecer melhor as "características não conhecidas, como o valor energético, se dá para fazer sem glúten ou com outras farinhas, por exemplo a de castanha".

Para um dos maiores produtores de fumeiro da região, Alberto Fernandes, este projeto "é válido", porém entende que a prioridade no setor é apostar na matéria-prima", ou seja no aumento da produção de porco da raça bísara.

"Não há matéria-prima para a própria região, é aí que se tem de apostar", afirmou, enfatizando que "o que a região precisa efetivamente é da criação de animais".

O problema é também reconhecido por Carla Alves, que defende que se resolve com outro projeto que está à espera desde fevereiro do aval da Direção Regional de Agricultura.

Trata-se da formalização de um agrupamento de produtores e criação de uma empresa (a AgroBísaro) considerado "absolutamente essencial para agrupar os pequenos produtos, juntando a oferta e colocando depois no mercado", como acontece já com outras raças, como a bovina Mirandesa.

O projeto prevê majorações para os pequenos produtores e a facilitação do escoamento da carne, que atualmente é uma dificuldade e leva alguns a desistirem da produção, como indicou.

Com os incentivos e nova organização, Carla Alves acredita que começarão a aumentar a produção e, consequentemente, o efetivo que ronda atualmente as seis mil porcas reprodutoras.

A coordenadora do projeto acredita que em breve estarão reunidas as condições para o agrupamento ser "uma realidade em 2018".

Agência Lusa

E que tal passar o ano em pleno rio Douro?

Em contagem decrescente para a Passagem do Ano, ultimam-se os preparativos.
Se ainda não decidiu onde passar o 'Reveillon', sugerimos-lhe a meia-noite em pleno rio Douro num barco de cruzeiro. São quatro dias com música ao vivo, excursões, workshops e refeições de chefe.

Bragança é pioneiro no projeto de serviço de assistência famacêutica

O distrito de Bragança é pioneiro na implementação de um novo projeto-piloto que vai melhorar o acesso das populações aos medicamentos, nos casos de maior urgência.
O SAFE, Serviço Nacional de Assistência Farmacêutica disponibiliza uma linha telefónica que pode ser contactada no período noturno e que informa da farmácia com disponibilidade de stock.
O utente pode ainda pedir que o medicamento lhe seja entregue em casa.

O Natal

O Natal brasileiro de que a minha mãe me falava, com as indispensáveis idas à praia, nunca me entusiasmou. Ao falar desse natal, a minha mãe não falava das idas ao musgo, da fogueira da praça nem do cantar dos Reis. E disso eu gostava muito. Começava a pensar nele muito tempo antes, não sei bem quanto, mas só quando chegavam a TIA e o tio Justino é que o Natal começava realmente para mim. No dia seguinte à sua chegada,   o meu pai, o tio Justino e eu íamos ao musgo. Às vezes tinha pena de arrancá-lo, tão verde e tão fofo ele estava, agarrado às paredes. Parecia veludo. Arrancado o musgo começava a construção do presépio, essencialmente a cargo do tio Justino e da minha mãe. Eu colaborava ativamente. Também os meus colegas de escola vinham muitas vezes ajudar. Fazia-se no pátio de baixo. O tio Justino começava por empilhar várias cortiças de modo a criar uma estrutura em relevo. Depois cobríamo-las com o musgo. Em seguida, com areia fazíamos uns carreirinhos, ao longo dos quais iríamos colocar várias figuras. Estas eram de barro pintado e tinham sido trazidas de Viana pelo tio Justino. Também foi ele quem fez a cabana do Menino Jesus, com uma cortiça virgem. Para além das figuras, da cabana e dos carreirinhos, havia no presépio um lago, feito com um espelho envolvido de musgo, ao qual dava acesso um regato que serpenteava ao longo da cascata e era feito com papel prateado. Havia ainda uma fogueira feita com papel celofane vermelho, coberto com galhinhos de lenha, e por baixo do qual se colocava uma lanterna acesa. Era à volta desta fogueira que se colocavam os pastores. Presa do teto havia uma estrela que iluminava os reis magos. Era de cartão coberta com papel dourado.
Para além do presépio, havia lá em casa uma árvore de Natal, e creio que seria a casa de cima a única casa da TERRA onde tal acontecia. A ideia da árvore de Natal tinha vindo com a minha mãe. Era feita com um zimbrinho que era colhido no mesmo dia em que íamos ao musgo. Os enfeites eram pompons de lã, coloridos, que eu fazia com a ajuda da Mininha, e pequenos biscoitos que a minha mãe fazia com vários formatos de estrela, de meia lua, de sino, de árvore. Na parte superior da árvore havia um grande laço de seda arranjado pela minha mãe.
Mas o Natal era muito mais que o presépio e a árvore. Era a ceia, sempre na CASA, até à morte da TIA. Comíamos todos à mesa- os meus pais, a TIA e o tio Justino, a Germana, a Balbina, o António Joaquim e a família. A ceia constava de bacalhau, polvo e pescada cozidos com batatas e couves da TERRA, que têm um sabor diferente de todas as outras que eu conheço. E tudo isto era regado com o azeite dourado das oliveiras, também da TERRA. Eu, na altura, não apreciava muito essa comida mas sabia que depois vinham as sobremesas. E dessas eu gostava. Eram as rabanadas, as filhós, os milhos doces, o arroz doce, a aletria, os fritos de jerimum, os rochedos de amêndoa. No dia de Natal, o almoço era na casa de cima. Invariavelmente era peru recheado com farofa, acompanhado de arroz com amêndoas, passas e nozes. À sobremesa eram doçarias brasileiras- quindins, bom bocado, docinhos de amêndoa, pudim de laranja. Eu gostava de ajudar a fazer estas doçarias, particularmente os docinhos de amêndoa. Eram feitos de véspera com uma pasta de açúcar, gemas e amêndoa, que era introduzida dentro de cascas de nozes para ali secar. No dia de Natal saíam das cascas docinhos de amêndoa com o formato de noz.
Depois do almoço eu ia sempre, com o meu pai e o tio Justino, ver a fogueira na praça. Ainda hoje se faz a fogueira. Antes do Natal os rapazes da TERRA vão pelas casas mais abastadas pedir lenha. As pessoas indicam-lhe onde a podem ir buscar. Na véspera de Natal lá vão eles. Após a ceia de Natal, lá pelas 10 h da noite, a lenha, grandes toros e raízes, começa ser empilhada na praça, em frente à igreja. Em seguida acende-se a fogueira. Levam-se umas chouriças para assar e assim, entre conversas, comendo chouriça assada, os homens vão passando a noite. Se há Missa do Galo, vai-se à Missa. Caso contrário por ali se fica até passar da meia-noite. A fogueira manter-se-á acesa por vários dias, enquanto a lenha durar. As mulheres não participam deste evento. Podem ir ver, passar algum tempo, mas é uma prática essencialmente masculina.
Outra boa recordação que tenho da época natalícia é o cantar dos Reis. Aí participam crianças e jovens que vão de porta em porta cantando. Lembro-me particularmente de alguns excertos de duas canções de Reis. Uma delas era:

Dai-nos leitão e cabrito, 
arroz doce e marmelada,
dai-nos vinho de há cem anos
já não vos queremos mais nada. 
Trigo e nozes e marmelada, 
lombo de porco, vitela assada, 
pão com manteiga, chá ou café
e o Deus Menino nascido é.

A outra, era a última a ser cantada:

Ao carrasco de Lisboa já lhe caiu a bolota
Se nos querem dar os Reis venham-nos abrir a porta.

E as portas abriam-se e lá vinham as nozes, a marmelada, os figos, as chouriças. Eu gostava muito de cantar os Reis em todas as casas mas, muito em especial, na casa de cima. A minha mãe preparava uma cesta com uns embrulhos feitos em papel de seda com uns grandes laços. Cada um retirava da cesta um embrulho. Era bonito, pela surpresa. Lá dentro podia haver caramelos de leite (que ela fazia tão bem), biscoitos iguais aos da árvores, docinhos recheados com amêndoa, pé de moleque. Eu ficava muito feliz até porque me parecia que a minha mãe também estava feliz.

Regina Gouveia
(Excerto de Estórias com sabor a Nordeste)
in:altm-academiadeletrasdetrasosmontes.blogspot.pt