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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 31 de março de 2022

Lusodescendente investe 2,8ME num hotel em Carrazeda de Ansiães

 Uma lusodescendente mudou-se com a família para Carrazeda de Ansiães e investiu 2,8 milhões de euros no primeiro hotel deste concelho do distrito de Bragança, e um dos poucos com quatro estrelas na região transmontana.


Carmina González reconhece que é um risco que “foi bem pensado, bem estudado”, e está determinada em mostrar que, apesar de estar em Trás-os-Montes, onde tudo ainda é muito tradicional, não está no fim do mundo.

“Temos capacidade para receber as pessoas de fora e temos de cativar essas pessoas para virem cá. Portugal não é só Lisboa, não é só o Porto, não é só Algarve, nós temos que chamar as pessoas para verem o que temos”, defende.

A lusodescendente, de 36 anos, mudou-se há três anos com a família para o concelho de onde a mãe é natural e deu início aos trabalhos da construção do empreendimento turístico, na vila de Carrazeda de Ansiães, que abriu no final de dezembro de 2021.

O projeto teve apoio financeiro do Turismo de Portugal, criou 14 postos de trabalho e assenta num conceito com restaurante, sala de eventos para 150 pessoas, SPA, piscinas para adultos e crianças, nove quartos no edifício principal e as chamadas “vilas”, uma espécie de “míni casinhas”.

Trata-se de alojamento de tipologia T2 e T1 com todos os serviços do hotel, pensado para famílias maiores ou grupos de amigos, como explicou a empresária que nasceu e viveu sempre em França.

O nome do empreendimento remete os símbolos do concelho de Carrazeda de Ansiães - a uva e a maça -, e da junção dos dois nomes em inglês resultou “Grappel”.

O que Carmina pretende é que Carrazeda de Ansiães deixe de ser um local apenas de passagem.

“Até agora, quando uma pessoa vinha de fora, amigos, famílias, grupos, não tinham onde ficar, Carrazeda era sempre de passagem. Eles vinham do Porto, passavam por Alijó, faziam aquela volta toda por miradouros, passavam por Carrazeda e iam embora”, sustentou.

O empreendimento está a estabelecer parcerias com outras empresas para criar ofertas conjuntas como “piqueniques no meio do monte, nas vinhas, nas macieiras”.

“Estamos a apostar muito na natureza porque eu acho que a pessoa que vem de fora, vem claramente para a nossa gastronomia, o nosso vinho, mas também para as paisagens. Eles querem vir ver onde é que ficam as vinhas, como é que se faz o vinho, o azeite, então estamos a apostar mesmo em tudo que é tradicional”, concretizou.

O projeto enfrentou dificuldades como derrapagens, acesso a materiais que só se encontram fora da região e a abertura tem mostrado também alguns constrangimentos dos meios pequenos, como não haver pão ao domingo até às 09:30, o que obriga a seja feito no hotel.

“É complicado, mas em todo o sítio é complicado, não me venham dizer que em Lisboa é mais fácil, quando se quer uma coisa temos que lutar por ela”, sublinhou.

A empresária está satisfeita com o resultado dos poucos meses da abertura e confessa que nunca pensou que os locais, pessoas da região, aderissem “tão bem”.

“Estamos a ter um bom retorno e está-me a dar esse sentimento de que fiz bem”, afirmou, acrescentando que pretende, atualmente, atrair turistas locais nacionais.

Carmina González gostaria que mais pessoas fizessem como ela e investissem na terra, que começa a despertar o interesse de outros como Paulo Russo, que vive há 30 anos na zona do Porto e há dois anos que faz 150 quilómetros à sexta-feira e outros tantos ao domingo para se dedicar a um restaurante à beira do rio Tua.

Tem uma oficina de carros antigos onde trabalha durante a semana e decidiu, com o compadre, que está também na zona do Porto, pegar no restaurante dos tios que já não têm idade, nem saúde para o negócio.

“Nós não nos podemos queixar porque o Tua tem sido privilegiado nos últimos tempos com infraestruturas para trazer mais gente aqui”, contou, acrescentando que, “contra o que seria o expectável, a pandemia foi muito boa porque as pessoas dos grandes centros” foram à descoberta da região.

Paulo diz que só não se muda para Carrazeda de Ansiães por causa das filhas, que estão habituadas ao Porto, e porque o negócio dos carros antigos não é viável nestas terras.

𝗦𝘂𝗴𝗲𝘀𝘁𝗮̃𝗼 𝗱𝗲 𝗙𝗶𝗺 𝗱𝗲 𝗦𝗲𝗺𝗮𝗻𝗮

 Este fim de semana, desafiamo-lo a embarcar numa viagem ao continente africano, a bordo da exposição “Diásporas”, no Centro Cultural Municipal Adriano Moreira.


Inspirando-se nas obras de Neves e Sousa, as inigualáveis recriações de Nuno Saraiva e Catarina Sobral, transportam o público para a realidade religiosa, étnica e identitária dos povos africanos, garantindo-lhes uma experiência sensorial imperdível em que a cor, os sentidos e a beleza assumem o protagonismo, homenageando a diversidade cultural.

Deixe-se deslumbrar pelo encanto da cultura africana e viva esta experiência inesquecível.

Exposição presente, no Centro Cultural Municipal Adriano Moreira, até 23 de abril.

𝗦𝗲𝘀𝘀𝗮̃𝗼 𝗱𝗲 𝗜𝗻𝗳𝗼𝗿𝗺𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 - 𝗣𝗿𝗮𝗴𝗮𝘀 𝗲 𝗗𝗼𝗲𝗻𝗰̧𝗮𝘀 𝗱𝗼 𝗖𝗮𝘀𝘁𝗮𝗻𝗵𝗲𝗶𝗿𝗼

 Dia 4 de abril (segunda-feira), às 17h30, no Auditório Paulo Quintela, assista à 𝗦𝗲𝘀𝘀𝗮̃𝗼 𝗱𝗲 𝗜𝗻𝗳𝗼𝗿𝗺𝗮𝗰̧𝗮̃𝗼 - 𝗣𝗿𝗮𝗴𝗮𝘀 𝗲 𝗗𝗼𝗲𝗻𝗰̧𝗮𝘀 𝗱𝗼 𝗖𝗮𝘀𝘁𝗮𝗻𝗵𝗲𝗶𝗿𝗼.

Um homem apareceu morto em casa

 Um homem com cerca de sessenta anos, foi encontrado morto em sua casa em Sendim da Ribeira, Concelho de Alfândega da Fé, após ter sido necessário arrombar a porta pelas autoridades.
A GNR recebeu o alerta dado pelos vizinhos que notaram a ausência do sexagenário, desde há vários dias que não aparecia em público. 

No local esteve a GNR e os Bombeiros de Alfândega da Fé, estando por apurar as causas da morte.

CLUBE FLUVIAL DE MIRANDELA PROCURA CATIVAR MAIS PRATICANTES PARA A CANOAGEM

 O Clube Fluvial de Mirandela já tem cerca de duas dezenas de praticantes de canoagem, entre eles há atletas federados que participaram no campeonato nacional que decorreu, no passado fim-de-semana, no rio Tua, em Mirandela. “Em todas as categorias, temos mais de 20 atletas, o que já é de extrema importância. Todos eles a treinar, se bem que durante algum tempo o rio não estava navegável, mas continuaram e resistiram”, conta revela Jorge Pires, um dos vice-presidentes do clube.


Criado em 2018, e depois de dois anos de muitos constrangimentos devido à pandemia, o Clube Fluvial de Mirandela está agora em velocidade cruzeiro e a prioridade passa por federar atletas para participar em provas de canoagem. Mas, a vertente do lazer também não será deixada para trás. “Temos diversos tipos de canoas e temos o recreio que também ajuda a iniciar e a ver as capacidades das pessoas e temos dois treinadores que estão capacitados para dar toda a ajuda. A nossa principal aposta é a competição, mas a pandemia veio a travar esse processo. Agora o lazer, também será sempre uma das vertentes do clube”, adianta.

O campeonato nacional de fundo realizado pelo segundo ano consecutivo na cidade recebeu rasgados elogios dos clubes e da federação, o que deixa Jorge Pires naturalmente satisfeito. “O que pretendemos é ter o nome do nosso clube marcado na nossa cidade, porque queremos servir a cidade e os atletas, por isso é que nos candidatamos a esta prova com a verdadeira parceria do Município e do Parque Natural Regional do Vale do Tua e só assim foi possível isto”, conclui.

O Clube Fluvial de Mirandela está motivado para continuar a crescer e procura agora cativar mais praticantes para a canoagem.

Artigo escrito por Fernando Pires
(jornalista)

Provérbios populares e expressões sobre a comida

 Na sua obra “Etnografia Portuguesa“, o Dr. José Leite de Vasconcelos apresenta-nos uma listagem de superstições relacionadas com a comida e o comer (ver abaixo), como, por exemplo: “


O pão deve pôr-se na mesa com o lar para baixo; se, por qualquer motivo fica com o lar para cima, volta-se logo: porque não foi ganho de barriga para o ar (Columbeira, Peral)” ou “Não devem comer treze pessoas à mesma mesa, morrerá a que tiver um nome maior (Vila Real). Não se deve estar dinheiro em cima da mesa enquanto se come; é sinal de traição ou pobreza (Vila Real)“.

Também sobre a comida há inúmeros provérbios populares e adágios, dos quais damos a conhecer alguns recolhidos na região de Trás-os-Montes e Alto Douro:

» Quem vende sardinha come galinha.

» Do prato à boca, se perde a sopa.

» O comer e o coçar vão do começar.

» O apetite nasce à mesa.

» A hora de comer é a mais pequenina.

» Com unto e pão de milho, o caldo faz bom trilho.

» O caldo não é a sopa de hoje…

» O caldo é para os pobres.

» Quem arrota familota, quem suspira farto está.

» Quem não é para comer também não é para trabalhar.

» Caldo sem pão só no inferno o dão.

» Quem come até se fartar cedo vem a jejuar.

» Quem come a carne que chupe os ossos.

» Caldo de muitos é bem comido e mal mexido.

» Quem come bem um dia não passa mal todo o ano.

» Quem não se farta ao comer não se farta ao lamber.

» Morra Marta, morra farta.

» Bem canta Marta depois de farta.

» Quem comeu não “ouga“.

» Quem arrota, bem almoça.

» Bem está S. Pedro em Roma, se tem que comer.

» Quem vai à boda leve que coma.

» Quem longe vai à boda no caminho a deixa toda.

» O almoço cedo cria carne e cebo. O almoço tarde, nem cebo nem carne.

Sobre jantar e jejuar…

» Quem em casa alheia come, janta e ceia com fome.

» Quem come à mesa alheia, mal janta e mal ceia.

» Não custa jejuar depois de bem jantar.

» Bem jejua quem mal come.

» Quem merendas come, merendas deve.

» Merenda comida, companhia desfeita.


Feira do Folar de Vilarinho de Agrochão está de regresso este fim de semana

 A Feira do Folar de Vilarinho de Agrochão está de regresso, depois de dois anos parada devido à pandemia.


Esta é a vigésima edição de um certame que é a já tradição naquela aldeia e que a junta de freguesia quer que regresse em força, como refere o presidente, João Reis:

“Tivemos este interregno de dois anos devido à Covid-19.

Agora vamos quase começar do zero com a feira, pois depois destes dois anos parada, as coisas ficaram um pouco mortas, mas estamos a contar que vai dar os seus passos para voltar ao normal e que cada vez mais consigamos fazer melhor.”

Presentes vão estar 23 expositores com vários produtos regionais, entre os quais o folar de Vilarinho, cuja candidatura para certificação tem vindo a ser trabalhada.

O ano passado, para colmatar a falta da feira, foi criado um sistema de vendas à distância, com a junta de freguesia a fazer a ponte entre produtores e compradores. E mesmo com o regresso do certame, o modelo mantém-se:

“Esse modelo continua a funcionar.

Por acaso já várias pessoas que não vão poder estar na feira solicitaram folares.

Aqui em Vilarinho toda a gente faz folar, é rara a casa que não faz.”

A feira acontece no próximo fim de semana.

Além da mostra e venda de produtos, no sábado vai haver duas sessões de informação, uma sobre subsídios agrícolas e outra sobre o BUPI, e à noite a animação fica a cargo da Rádio Onda Livre com o programa Feiras e Festas, a partir das 21h30.

No domingo há animação durante a tarde e o encerramento há oferta de folar à população para comemorar os 20 anos da feira.

Escrito por ONDA LIVRE

ANAM reuniu em Macedo de Cavaleiros para definir linhas de ação para 2022

 1º Reunião do Conselho Geral da ANAM. Sobre a questão da descentralização, a ANAM considera que este é um processo que passa pelo envolvimento dos municípios, não só na sua vertente executiva, mas também na sua vertente deliberativa, o que implica maior participação das Assembleias Municipais.


Após o 3º Congresso Nacional da ANAM, ocorrido em 19 de fevereiro na Covilhã, reuniram no dia 25 e 26 de março os órgãos sociais da Associação (Direção e Conselho geral, respetivamente), para definir a organização interna da ANAM e aquelas que são as linhas de ação para 2022.

O encontro, com ampla representação de Presidentes de Assembleias Municipais de todo o país, incluindo as regiões autónomas dos Açores e Madeira, definiu, dentro da estratégia aprovada no Congresso, o plano de ação para o tempo futuro até ao próximo congresso, previsto para 2023. Assim, foram tratadas questões como o acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), a alteração da legislação autárquica e eleitoral, a valorização das Assembleias Municipais e a descentralização e governação multinível, tendo sido criados grupos de trabalho para cada uma das questões.

Sobre a questão da descentralização, a ANAM considera que este é um processo que passa pelo envolvimento dos municípios, não só na sua vertente executiva, mas também na sua vertente deliberativa, o que implica maior participação das Assembleias Municipais. Nesse sentido, a direção da ANAM deu conta das ações que prepara para maior capacitação das Assembleias Municipais, no quadro do acompanhamento e monitorização exigente dos fundos europeus.

No entender da Associação, que vai a caminho das 200 associadas, este é um objetivo que terá de ser consagrado numa nova lei eleitoral autárquica e num renovado estatuto dos eleitos locais, por forma a consolidar e aprofundar conquistas dos 46 anos de democracia já vivida e de cujo trajeto as Assembleias Municipais fazem parte em definitivo, elas que foram uma criação do 25 de abril.

No que à Descentralização diz respeito, para o processo de transição que está implementado e que se prevê dinamizado pelo próximo Governo, foi definido um modelo que se carateriza por ser mais participativo e descentralizador. Assim, ANAM tem e terá como principais objetivos a afirmação do posicionamento estratégico e sustentável, obviamente, no quadro do reforço e aprofundamento da Democracia e do Poder Local. Neste contexto, a ANAM defende a valorização das Assembleias Municipais e promoção de novas redes de contacto entre estes órgãos do Poder local, fomentando a comunicação e o diálogo que se pretende que seja permanente entre Presidentes de Assembleia, Mesas e Eleitos Locais.

Sobre a relação com outras instituições, a ANAM considera que só através de uma avaliação serena, profícua e de soma exponencial, quer com a ANMP, quer com a ANAFRE, será possível encontrar as melhores soluções. Defende ainda que deverá potenciar-se uma única voz das autarquias, permitindo um melhor e mais efetivo acompanhamento do Plano de Recuperação e Resiliência, para o qual todos devem contribuir na medida dos seus poderes atuais e outros que venham a mostrar-se indispensáveis.

Apesar das limitações impostas nos últimos dois anos, os quais foram fortemente marcados pela pandemia e por constrangimentos sociais, económicos e até políticos, a ANAM considera que, mesmo nesse período, foi possível reforçar o papel das Assembleias Municipais. Não só tiveram um importante papel na apreciação das grandes linhas da política municipal, como no orçamento anual ou o plano de atividades das autarquias que foram apreciados pelas respetivas Assembleias Municipais à luz de uma realidade até então desconhecida.

Foram ainda aprovados por unanimidade o relatório de atividades e contas da direção bem como foram eleitos dois elementos para o júri dos prémios ANAM no mandato 2021/2025 conforme previsto nos estatutos.

Mogadouro atribuiu bolsas de estudo a alunos carenciados do ensino superior

 O Município de Mogadouro, no distrito de Bragança, vai atribuir bolsas de estudo aos alunos que residam no concelho que frequentem o ensino superior e que integrem agregados familiares economicamente carenciados, disse hoje o presidente da câmara.


“A atribuição destas bolsas de estudo vai contribuir para minimizar o esforço de muitas famílias e conferir uma maior estabilidade psicoemocional ao estudante, criando-lhe melhores condições para prosseguirem o seu percurso académico”, explicou António Pimentel.

De acordo com o autarca, nos últimos anos verificou-se uma forte intervenção das autarquias no desenvolvimento local e na opção por medidas de caráter social com o intuito de melhorar as condições de vida das populações e de contribuir para o seu desenvolvimento integral.

“O capital humano e cultural sobrepõe-se a qualquer outra herança ou riqueza, tendo em conta a sua capacidade criativa e de adaptação constante”, vincou.

Deste modo, o crescimento e o desenvolvimento “ficam mais protegidos quando a área da educação é encarada como fator determinante que constitui uma das prioridades de intervenção ao nível das políticas sociais locais”, acrescentou.

“O desenvolvimento territorial e a coesão social determinam a adoção de medidas que garantam a igualdade de oportunidades e promovam o desenvolvimento de competências pessoais, sociais e profissionais”, explicou António Pimentel

A Câmara de Mogadouro, no âmbito da sua ação social e de educação, elaborou um regulamento que regula a atribuição de bolsas de estudo a estudantes do concelho que se encontrem a frequentar o ensino superior e que sejam economicamente desfavorecidos, com o objetivo de reduzir as dificuldades socioeconómicas e de contribuir para o desenvolvimento educacional e para a elevação cultural do concelho de Mogadouro.

“O valor da bolsa de estudo é variável, sendo calculada com base no valor da bolsa de estudo que for atribuída ao estudante pelos Serviços Sociais do respetivo Estabelecimento de Ensino Superior”, indica o regulamento consultado pela Lusa.

O diploma dita ainda que o valor máximo da bolsa de estudos a atribuir é de 25 % do valor da bolsa atribuída pelo estado.

O complemento de alojamento recebido por alguns estudantes não entra para o cálculo do valor da bolsa atribuída pelo Município de Mogadouro, sendo tido em conta apenas o montante da Bolsa de estudo atribuída pelo respetivo estabelecimento de ensino

A atribuição desta bolsa é cumulativa com outras bolsas ou subsídios concedidos por outras instituições ou entidades.

O valor da bolsa de estudo é atribuído durante nove meses, com pagamentos trimestrais.

29 ATLETAS DE MIRANDELA SELECIONADOS PARA REPRESENTAR O DISTRITO NA FESTA DO BASQUETEBOL JUVENIL EM ALBUFEIRA

 Mais de 60 por cento do total de atletas do Mirandela Basquete Clube estão convocados para representar o distrito de Bragança naquele que é considerado o maior evento nacional de basquetebol direcionado para os jovens: A festa do basquetebol juvenil.
Este ano, a competição volta a acontecer em Albufeira, entre 9 e 14 de abril, e terá a participação de mais de 800 jovens de todo o país, entre os 12 e os 16 anos, que irão competir divididos em dois escalões, tanto no feminino como no masculino. 

No total, segundo a organização, vão passar pela cidade algarvia cerca de 1500 agentes do basquetebol, entre jogadores, treinadores, equipas médicas, árbitros, juízes de mesa, dirigentes, staff da organização, voluntários, profissionais da Comunicação Social e parceiros e patrocinadores.

São 29 os atletas do Mirandela Basquete Clube que rumam ao Algarve, distribuídos por quatro escalões. A maior fatia é da equipa feminina de sub/14 com 9 atletas convocadas. 

Seguem-se as equipas de sub/14 masculina e a de sub/16 feminina com 7 atletas cada. Finalmente, há mais 6 atletas da equipa masculina de Sub/16 do MBC que também foram convocadas.

Lista completa de atletas do Mirandela Basquete Clube selecionados:

Sub 16 Masculinos:
Guilherme Carvalho
Manuel Ramos
João Martins
João Marujo
Diogo Mofreita
Tomás Rodrigues

Sub 16 Femininos:
Mariana Cabanas
Lara Fernandes
Mariana Russo
Letícia Deimãos
Catarina Malhadas
Maria Clara Taveira
Isaura Paitorto

Sub 14 Masculinos:
João Diamantino
Gonçalo Cabanas
Pedro Esteves
Henrique Faria
Daniel Portela
Rodrigo Diamantino
João Ferreira

Sub 14 Femininos:
Inês Patrício
Nicole Loução
Maria João Bebiano
Mariana Cepeda
Sara Azevedo
Ariana Parafitas
Leonor Melo
Lara Barreira
Mariana Pereira

Artigo escrito por Fernando Pires (jornalista)

Isabel Ferreira quer continuar com medidas para o interior enquanto secretária de Estado do Desenvolvimento Regional

 O novo Governo tomou posse ontem e a brigantina mantém-se enquanto governante, mas deixa assim a secretaria da Valorização do Interior, que foi extinta
Isabel Ferreira entrou para o Governo em 2019. Diz ter sido feito um trabalho diferenciador ao longo destes mais de dois anos e mostrou-se satisfeita por poder continuar o seu trabalho.

“O sentimento é de grande satisfação, porque também consideramos que o trabalho feito no Governo anterior foi diferenciado e colocou, mais que nunca, na agenda política, os territórios do interior, foi muito bem conseguido”, frisou.

Ainda que a pasta da secretaria tenha mudado, o gabinete vai manter-se em Bragança, no Brigantia Ecopark.

Embora agora esteja à frente da secretaria de Estado para o Desenvolvimento Regional, garante que, nos próximos anos, continuará a implementar medidas para desenvolver o interior, procurando assim a coesão de todas as regiões.

“Precisamos de dar continuidade a estas medidas, porque são desafios complexos, nomeadamente o desafio demográfico, e exigem insistência e continuidade em medidas complementares e que vão desde o incentivo à mobilidade de pessoas, à criação de emprego, à aposta na ciência e na inovação, para termos estes territórios cada vez mais preparados para terem níveis de desenvolvimento socioeconómico que permitam criar condições para atrair jovens”, referiu.

Berta Nunes, antiga secretária de Estado das Comunidades Portuguesas, e Sobrinho Teixeira, antigo secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, ao contrário do que se esperava não vão ficar enquanto deputados do Partido Socialista. Segundo o site, os dois socialistas vão ser substituídos, Sobrinho Teixeira por Jorge Gomes e Berta Nunes por Catarina Pinto.

Jornalista: Ângela Pais

MIRANDELA, MACEDO E BRAGANÇA ACOLHEM TORNEIO INTER-ASSOCIAÇÕES DE FUTEBOL FEMININO

 Começa, esta quinta-feira e prolonga-se até domingo, a fase final do Torneio Inter Associações de futebol feminino em Sub/14, com a Associação de Futebol de Bragança a ser a anfitriã desta competição que reúne equipas representativas de 22 associações distritais e regionais.


Os jogos vão disputar-se em quatro estádios espalhados pelos concelhos de Mirandela (Estádio da Reginorde e da Portela, em São Pedro de Vale do Conde), Macedo de Cavaleiros (Estádio Municipal) e Bragança (Estádio Municipal).

A competição divide-se em três provas: a Liga de Ouro, que conta com as seleções classificadas entre o 1º e o 8º lugar na primeira fase do torneio (AF Lisboa, AF Aveiro, AF Porto, AF Leiria, AF Setúbal, AF Santarém e AF Braga).

A Liga de Prata, que integra as equipas que se classificaram entre o 9º e o 16º lugar (AF Beja, AF Portalegre, AF Algarve, AF Guarda, AF Coimbra, AF Vila Real e AF Viseu).

A Liga de Bronze que conta com a AF Bragança, AF Castelo Branco, AF Viana do Castelo e A.F. Évora.

A cidade de Bragança vai receber os jogos da Liga de Ouro, Mirandela da Liga de Prata e Macedo de Cavaleiros da Liga de Bronze.

O presidente da direção da Associação de Futebol de Bragança considera importante a realização destas iniciativas no distrito e afirma a capacidade de organização da AFB. “Apesar da A.F. Bragança ser uma das associações de pequena dimensão no contexto nacional e se localizar numa região afetada pela crescente desertificação, tem vindo a reforçar a sua importância na conjuntura desportiva atual, com um trabalho de grande qualidade nas vertentes da formação, comunicação e organização de eventos, garantindo os requisitos necessários para acolher um evento desta dimensão”, disse António Ramos, em declarações ao site da associação.

Artigo escrito por Fernando Pires (jornalista)

Alunos do Agrupamento de Escolas de Mogadouro observam aves na Serra da Figueira

 Um grupo de 28 alunos do 8.º ano e um professor do Agrupamento de Escolas de Mogadouro participaram, nos dias 28 e 30 de março, em atividades de observação de aves realizadas no âmbito do Programa Educativo dos projetos Sentinelas - Rede de Monitorização de Ameaças para a Fauna Silvestre e ConnectNatura da Palombar - Conservação da Natureza e do Património Rural, que tiveram lugar na Serra da Figueira.

Atividade de observação de aves na Serra da Figueira, em Mogadouro.

Durante as atividades, o grupo realizou uma caminhada até ao ponto do local de observação de aves e, acompanhado pelos técnicos da Palombar Sara Freire e Luís Ribeiro, tiveram a oportunidade de observar diferentes espécies de avifauna, explorar e conhecer algumas espécies de flora local e também aprofundar e consolidar conteúdos educativos abordados em sala de aula.

Grifo (Gyps fulvus), britango (Neophron percnopterus), águia-cobreira (Circaetus gallicus), andorinha-dáurica (Cecropis daurica) e andorinha-das-rochas (Ptyonoprogne rupestris) foram algumas das espécies observadas na Serra da Figueira, em Mogadouro. Os técnicos da Palombar falaram sobre a biodiversidade da região e reforçaram a importância das espécies com hábitos alimentares necrófagos para o equilíbrio dos ecossistemas.

Programa Educativo tem três componentes

O Programa Educativo destes projetos apresenta três componentes complementares e interligadas: uma primeira dedicada à dinamização de sessões de sensibilização e educação ambiental com recurso a metodologias ativas e participativas em contexto escolar; uma segunda que consiste na apresentação do espetáculo de teatro "O Ensaio dos Abutres", uma criação original da Peripécia Teatro e que resulta de uma coprodução com a Palombar no âmbito do projeto Sentinelas, na sua componente de sensibilização ambiental (saiba mais sobre o espetáculo aqui) e uma terceira, facultativa, que inclui uma saída de campo para a observação e identificação de aves e/ou mamíferos acompanhada por técnicos da Palombar.

O Programa Educativo destes projetos está enquadrado com os planos pedagógico e curricular dos anos letivos-alvo: 4.º ano do 1.º Ciclo do Ensino Básico e 8.º ano do 3.º Ciclo do Ensino Básico. As escolas abrangidas estão localizadas em concelhos da região do Nordeste Transmontano e em concelhos da área do Parque Nacional da Peneda-Gerês.

quarta-feira, 30 de março de 2022

BRAGANÇA

Macedo de Cavaleiros | Trilhos, geossítios e caretos

 Macedo de Cavaleiros, no nordeste transmontano, é um território único no mundo. Tradições ancestrais, comida genuína, paisagens protegidas e estruturas geológicas com muitos milhões de anos. Do que está à espera para visitar?


Os caretos de Podence colocaram Macedo de Cavaleiros no mapa turístico internacional, com a classificação desta folia única, colorida e contagiante, pela UNESCO. Mas nem só de Entrudo Chocalheiro se faz este destino no coração do nordeste transmontano.

Na tranquilidade do reino mágico de Trás-os-Montes existem outros tesouros quase desconhecidos. Um deles é o Geopark Terras de Cavaleiros, com rochas que fazem parte da biografia do planeta. A somar a estas rochas velhinhas, há ar puro. E paisagens encantadoras. E águas que são fonte de vida, de biodiversidade e lazer. Há mergulhões com rituais de acasalamento assombrosos.

Em Macedo de Cavaleiros há ainda iguarias gulosas e bom vinho. Há entardeceres bucólicos e silenciosos. Há aldeias que zelam pelas memórias de outrora e gente que nos acolhe de braços abertos.

Depois de ler este artigo, acredito que vai querer passar um fim-de-semana prolongado ou uma semana tranquila nesta terra que recebeu o nome de dois cavaleiros valentes, que aqui habitaram na época dos mouros e que usavam fortes maças (mocas) como arma.

Três montes, três tipos de rocha: um do manto e dois da crosta terrestre. Deviam estar no interior da terra, mas estão à vista de todos!

Nove passos, nove concelhos

As Terras de Trás-os-Montes ficam no extremo nordeste de Portugal, um território de incalculável valor ecológico, formado por nove concelhos com diferentes riquezas: Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso e Vinhais.

A região tem tradições únicas como as Festas de Inverno e as máscaras, três parques naturais – Montesinho, Douro Internacional e Vale do Tua -, a maior reserva transfronteiriça da Biosfera e um geoparque da rede UNESCO. Vai daí os concelhos juntaram-se no projecto Nove Passos, para divulgar a sua Natureza através de nove trilhos ou percursos pedestres. Em cada concelho é proposto um percurso com direito a carimbo no Passaporte Natural.

Foi criada também uma app, disponível na app store e Google Play, que funciona offline (importante, porque a rede de telemóvel não é constante), com a descrição detalhada dos percursos e respectivo tema, localização e ficha técnica, áreas protegidas em que se insere, monumentos naturais, etc.

Foi com entusiasmo que 18 membros da ABVP – Associação de Bloggers de Viagem Portugueses aceitaram o desafio para explorarem estes trilhos, como muitos de vocês tiveram oportunidade de perceber, nos stories do Instagram.

Trilhos em Macedo de Cavaleiros

No concelho de Macedo de Cavaleiros, território classificado pela UNESCO como Geopark Terras de Cavaleiros devido à sua importância geológica, existem 24 percursos pedestres de pequena rota marcados, de diferentes níveis de dificuldade. É uma delícia caminhar pela região, que integra duas importantes áreas protegidas: o sítio de importância comunitária Morais (rede Natura 2000) e a paisagem protegida da Albufeira do Azibo.

O percurso de Macedo de Cavaleiros que faz parte do projecto Nove Passos, Nove Concelhos é o PR4 Trilho Quercus, dedicado às aves aquáticas. Com cerca de 8 quilómetros, este percurso linear tem partida (ou chegada) junto à praia fluvial da Fraga Pegada, e percorre uma parte das margens da albufeira.

Criada nos anos 1970 para abastecimento de água da população e aproveitamento agrícola, a barragem foi sendo colonizada por muitas aves, que aqui procuram refúgio e nidificam. O mergulhão-de-crista – de vistosas plumagens e danças nupciais ainda mais inusitadas – é o símbolo do trilho e da paisagem protegida. Mas pode observar muitas outras aves, nos dois observatórios criados para esse fim: garças, mergulhões pequenos, patos-reais, guarda-rios, corvos marinhos… Sem esquecer o milhafre-real, em perigo de extinção, e tantos outros mamíferos e anfíbios.

Não nos esquecemos que estamos em território do Geopark, com a visita ao geossítio metavulcanitos da Fraga da Pegada, isto é, rochas de origem vulcânica onde foram escadas gravuras rupestres, e o curioso xisto borra-de-vinho a surgir, aqui e ali.

O trilho tem sombra na maior parte do caminho, pois a albufeira é rodeada de farta vegetação, em particular de frondosos sobreiros. No entanto, existem duas subidas mais íngremes sem sombra (leve chapéu).

Junto à aldeia de Santa Combinha, espreite a belíssima paisagem do miradouro, passeie entre as casas de xisto e visite o espaço de trabalho do artesão conhecido como “Zé das Casinhas”. Se tiver tempo, regresse para conhecer o PR2 Trilho Ricardo Magalhães, circular, onde foram identificadas 43 espécies de borboletas e muitas libélulas.

Os sobreiros que deram nome ao percurso pedestre.

O que visitar em Macedo de Cavaleiros

A Natureza é um grande atractivo de Macedo de Cavaleiros, mas não é o único motivo para visitar a região. Para mim, há três outros grandes motivos para rumar até lá: o impressionante Geopark Terras de Cavaleiros, a albufeira do Azibo com as suas praias galardoadas e a aldeia de Podence.

Monumentos geológicos

Comecemos pelo Geopark Terras de Cavaleiros, que integra a rede mundial de geoparques da UNESCO desde 2015. Com uma geologia que nos transporta até há 540 milhões de anos, é considerado um dos cinco umbigos do mundo, locais que explicam a dinâmica dos oceanos e continentes ancestrais.

Por exemplo, no Monte de Morais, as rochas contam-nos a história do choque de dois continentes anteriores à Pangea e do desaparecimento do oceano Rheic, “pai” do nosso oceano Atlântico. Mas há um total de 42 geossítios identificados e algumas dessas formações geológicas têm relevância internacional.

Eu conheci o G31 – Gnaisses de Lagoa (41⁰ 25’ 30.0’’ N; 6⁰ 45’ 45.7’’ W), o G32 – Descontinuidades de Conrad e Moho (41⁰ 25’ 06.1’’ N; 6⁰ 45’ 50.5’’ W) e o G36 – Poço dos Paus (41⁰ 28’ 42.03’’ N; 6⁰ 51’ 00.19’’ W).

Vamos a uma pequena explicação sobre eles. Os gnaisses (não é curiosa esta palavra?) ficam na margem direita do rio Sabor, muito próximo da aldeia da Lagoa, e são rochas com mais de 500 milhões de anos, que testemunham a existência de um pequeno continente muito anterior aos que existem hoje.

Os gnaisses apresentam cristais de forma alongada, causados pela pressão e movimento a que a rocha foi sujeita ao longo dos milénios.

Muito perto ficam as maravilhosas descontinuidades sísmicas de Conrad e a de Moho: superfícies que separam diferentes tipos de materiais no interior do planeta Terra à vista de todos! Uma descontinuidade separa o manto da crosta inferior e a outra separa a crosta inferior da superior.

O geossítio Poço dos Paus fica na aldeia de Chacim e tem rochas que se formaram no antigo oceano Rheic, antes dos continentes chocarem e este desaparecer. Rochas do mesmo tipo que existem nas profundezas do Atlântico.

Estes monumentos geológicos têm placas informativas. Mas dificilmente teria percebido a raridade destas pedras sem a explicação do geólogo Pedro Peixoto, que se mudou para Macedo de Cavaleiros por causa do Geopark e (percebe-se) é completamente apaixonado por este território especial.

Dica: na aldeia da Lagoa, procure a Tia Maria Luísa que, provavelmente, estará de volta do forno a cozer pão. Sente-se a conversar e deixe-se contagiar pela alegria que emana, aos 82 anos de idade. Embaixadora do geoparque, a tia Maria Luísa é uma lição de vida ambulante. Um cancro na flor da idade roubou-lhe o sonho de ser mãe, mas adoptou não poucas crianças, cuidou delas como suas. Hoje, é acarinhada por toda a comunidade e afirma, peremptória: “eu nasci para ser feliz”.

Albufeira do Azibo

Três linhas de água transformaram esta paisagem, hoje protegida, resultando no imenso lago do Azibo. Graças à sua beleza e qualidade ambiental das suas praias fluviais, o Azibo tornou-se um dos maiores atractivos do nordeste transmontano no Verão.

Praticamente lado a lado, a praia da Fraga da Pegada e a praia da Ribeira estão entre as melhores praias fluviais do país, galardoadas com bandeira Azul, ano após ano, graças à água cristalina e boas infraestruturas de apoio. A praia da Ribeira foi mesmo a vencedora das 7 Maravilhas Praias de Portugal. Para além de um extenso relvado, encontra ali parque infantil, campos de jogos, restaurante-café, casas de banho e duches. Também é possível praticar desportos aquáticos não motorizados como canoagem, vela e stand up paddle.

Para além de relaxar numa das praias, a albufeira oferece outras actividades apetecíveis. Por exemplo, experimentei um passeio de trotinete eléctrica com a Azibo Nature e um charmoso passeio, num barco solar e ecológico, com a Sun Azibo Cruzeiros, onde consegui vislumbrar mergulhões-de-crista com binóculos e fui mimada com um espumante e produtos regionais.

Entre as várias experiências que esta empresa oferece, o cruzeiro ao pôr do sol deve ser particularmente bonito (e romântico), sobretudo no recanto de águas calmas após as “portas” do Azibo. Já foi escolhido para vários pedidos de casamento, como podem imaginar.

Aldeia de Podence e os seus caretos

Macedo de Cavaleiros rima com Entrudo Chocalheiro. É mesmo obrigatório uma visita à aldeia de fortes tradições que gerou os tradicionais Caretos de Podence, Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO desde 2019.

Visitar Podence durante o Entrudo Chocalheiro, quando o diabo anda à solta pelas ruas, deve ser uma experiência fantástica. Os rapazes mascarados saem em corrida desenfreada nos seus fatos coloridos, perseguindo as raparigas para as “chocalhar”: agitam os chocalhos pendurados que vão embater, por vezes dolorosamente, nas suas vítimas. A tradição serve como despedida do Inverno e para marcar o início da Quare
sma, com excessos que têm raízes nas antigas saturnais romanas, em homenagem ao deus das sementeiras.

Um careto gigante recebe os visitantes à entrada da aldeia de Podence.

Qualquer altura do ano é boa para visitar a Casa do Careto, onde se explica as personagens misteriosas e todo o trabalho realizado para que não se perdesse estas tradições seculares. E para passear na aldeia, cada vez mais colorida, graças à imaginação de artistas que pintam nas paredes várias versões dos diabretes.
Em Podence vivi uma das experiências mais interessantes desta viagem a Macedo de Cavaleiros. Os artesãos Filipe e Sofia mostraram como se fazem os fatos de lã e as máscaras de metal, na sua oficina à entrada da aldeia. O Filipe aprendeu a fazer máscaras em pele com o avô e, o que começou por ser um hobby, passou a ser a sua actividade profissional em 2014.

Depois juntou-se-lhe a Sofia, no trabalho artesanal e na empresa de animação turística. Eu participei no workshop de pintura de máscaras desta dupla de artesãos e a minha obra prima está, orgulhosamente, em lugar de destaque da minha sala.

A Sofia tem a máscara que pintei. Não está gira?

Mais para fazer em Macedo de Cavaleiros

Já enumerei argumentos mais que suficientes para visitar Macedo de Cavaleiros. Ainda assim, refira-se que a cidade possui vários espaços museológicos, de que são exemplo o Museu Martim Gonçalves de Macedo, em homenagem ao soldado que salvou o futuro rei D. João I, o Museu Municipal de Arqueologia ou o Museu do Mel e da Apicultura, o primeiro do género criado em Portugal (a lista completa de museus aqui).

Longe do centro histórico, destaco dois locais que poderá querer incluir no roteiro. A pitoresca aldeia de Vale Pradinhos, onde se produz o famoso vinho Valle Pradinhos desde 1913. Na aldeia de Chacim, sugiro uma visita ao pacífico Convento de Balsamão, que pode conjugar com o G36 – Poço dos Paus.

A casa dos padres marianos da Imaculada Conceição é um lugar de recolhimento, silêncio e paz. É possível ficar alojado neste complexo, partilhando alguns dos espaços com a comunidade religiosa, que está sempre disponível para conversar. Os quartos não têm televisão, as refeições são feitas em conjunto, com produtos da horta.

O convento pretende, num futuro próximo, desenvolver o projecto turístico com o aproveitamento das águas termais, na origem da lenda da Senhora com um bálsamo na mão que curou as feridas dos soldados cristãos e ajudou a vencer os mouros provocando uma chacina, na origem do nome da aldeia. Tratar dos animais, colher fruta, ajudar na reflorestação ou cultivar cereais que serão usados na produção de uma cerveja artesanal serão outras experiências disponíveis.

Dormir no recolhimento de uma comunidade religiosa deve ser uma experiência e tanto.

Dicas úteis

Quando visitar Macedo de Cavaleiros

Diz o povo que em Trás-os-Montes se vive nove meses de Inverno e três de inferno. Na transição entre a Terra Quente (vales dos rios Tua e Douro, a sul) e a Terra Fria a norte, Macedo de Cavaleiros possui as estações um pouco mais marcadas. Na Primavera, os montes ficam perfumados e coloridos com muitas flores, as ribeiras e cascatas estão cheias. O início da Primavera é também a melhor época para observação de mergulhões-de-crista em período nupcial.

No Verão, é possível aproveitar as praias fluviais do Azibo e, apesar de quente, a estação não é tão tórrida, se comparada com outros concelhos transmontanos. No Outono, a região assume tons doirados muito bonitos, com temperaturas perfeitas para boas caminhadas. No Inverno chegam os dias frios, alguma chuva, geadas e neve (de vez em quando). Nas duas estações mais frias, existe maior diversidade de aves aquáticas no Azibo.

A data de algumas festas e eventos diferenciadores podem também influenciar a altura da visita, nomeadamente o Entrudo Chocalheiro de Podence, as feiras da caça (Janeiro), a Feira do Folar antes da Páscoa, a Feira de São Pedro (Junho), a Ceifa e Segada de Morais (Julho), o Festival Internacional de Música Tradicional (Agosto) ou a secular Feira das Cebolas em Chacim (Setembro).


Onde ficar em Macedo de Cavaleiros

Em Macedo de Cavaleiros existem poucos hotéis, mas muito alojamento local. No centro da cidade, o moderno Hotel Muchacho ou, no antípodas, o histórico Solar Morgado Oliveira do século XVII poderão ser boas opções. Junto à albufeira, a Casa Vale de Azibo é uma das mais bem pontuadas no Booking.

Eu fiquei na Casa da Fraga, na pequena aldeia de Ferreira, um alojamento local com piscina muito charmoso. A Ângela é a anfitriã perfeita, serve scones e bolinhos de amêndoa mornos ao pequeno-almoço, granola caseira e sumo de laranja, enquanto nos faz sentir parte da família. Peça-lhe a sobremesa de milhos e coullie de frutos vermelhos (ela vai adorar contar a história da sobremesa).


Onde comer

Nas Terras de Trás os Montes há 23 produtos classificados com Denominação de Origem Protegida (DOP) e Indicação Geográfica Protegida (IGP). Portanto, pode esperar carnes, vinhos, frutos secos, fumeiro, queijos, mel e azeite de qualidade e sabor inconfundível.

Experimentei três bons restaurantes na região, que posso recomendar sem reservas. A Casa do Lago, para um jantar longo e cheio de petiscos, enquanto aprecia um lindo pôr do sol no Azibo. Adorei os rebuçados de queijo brie e mel, assim como a salada de polvo e os peixinhos da horta. Ah, sem esquecer do memorável gelado de canela e pudim de castanha.

O Solar de Chacim, na aldeia homónima, para um longo almoço na varanda com vista para a piscina, num ambiente mais requintado (também possui alojamento). Comida genuína, com um toque de sofisticação. Ou um piquenique no parque de merendas do Azibo, organizado pelo hotel Alendouro, com todos os produtos regionais que pode imaginar: bôla, requeijão com doce, enchidos, mão de porco, saladas frias. Tudo apresentado num cesto lindo e regado com um belo Valle Pradinhos.


Esta viagem foi realizada a convite da CIM Terras de Trás-os-Montes, a quem agradecemos.

Publicação original AQUI.

Ruthia Portelinha

Apresentação do Livro - In Memoriam Manuel António Miranda

Provérbios sobre as actividades agrícolas e o clima

 Os provérbios são elementos de sabedoria popular que transmitem conhecimentos comuns sobre a vida do dia-a-dia, às vezes contraditórios, pois a “verdade” a que dizem respeito não pode ser separada da comunidade sócio-cultural que lhe deu origem.


Abaixo, uma listagem de provérbios sobre as atividades agrícolas e o clima, recolhidos na região de Trás-os-Montes e Alto Douro:

De Janeiro a Julho

» Por Sto Antão (17.1), neve pelo chão.

» Por S. Sebastião (20.1), laranja na mão.

» Por S. Matias (24.2), começam as enxertias.

» Por S. Matias, noites iguais aos dias.

» Por S. Marcos (25.4), bogas e sáveis nos barcos.

» Por S. Barnabé (16.5), seca a palha pelo pé.

» Pelo S. João (24.6), ceifa o pão.

» Pelo S. João, lavra se queres ter pão.

» Lavra pelo S. João: terás palha e grão.

» No S. João, semeia de gabão.

» Pelo S. João, deve o milho cobrir o cão.

» Pelo S. João, figo na mão.

» Até ao S. João, é sezão.

» Para o S. João guarda o melhor tição.

» Até ao S. João sempre de gabão.

» Ande por onde andar o Verão, há-de vir pelo S. João.

» Galinhas de S. João, pelo Natal, ovos dão.

» Sardinha de S. João pinga no pão.

» Ande o calor por onde andar, pelo Santo António (13.6), há-de chegar.

» No dia de S. Pedro (29.6), vai ver o olivedo. Se vires um bago, conta um cento.

» Por S. Pedro, fecha o rego.

» Por Santa Marinha (18.7), vai ver a tua vinha.

» Por Santa Ana (26.7), limpa a pragana.

De Julho a Setembro

» Por S. Gens (25.8), vareja as nozes se as tens.

» Chuva por Santo Agostinho (26.8), é como se chovesse vinho.

» Por S. Mateus (21.9), pega nos bois e lavra com Deus.

»Por S. Mateus, vindimam os sisudos e semeiam os sandeus.

» Por S. Mateus, conta as ovelhas, que os cordeiros são teus.

» Nas têmporas de S. Mateus, pede bom tempo a Deus.

» Nas têmporas de S. Mateus, não peças chuva a Deus.

» Águas verdadeiras por S. Mateus as primeiras.

» Quem planta no S. Miguel (29.9), vai à horta quando quer.

» Quem se aluga no S. Miguel não se senta quando quer.

» S. Miguel soalheiro enche o celeiro.

» S. Miguel das uvas, tanto tardas e tão pouco duras!

» S. Miguel passado, tanto manda o amo como o criado.

» Se houvesse dois S. Miguéis no ano, não havia moço que parasse no amo.

Em Setembro e Outubro

» Por S. Francisco (4.10), semeia o trigo. O velho que tal dizia já semeado havia.

» S. Francisco veja o teu campo arado e teu trigo semeado.

» Por S. Lucas (18.10), colhidas estão as uvas.

» Por S. Lucas, mata os porcos e tapa as cubas.

» Por Santa Ireia (20.10), pega nos bois e semeia.

» Por S. Judas (28.10), colhidas são as uvas.

» Por S. Simão (29.10), semear sim, navegar não.

» Por S. Simão, favas na mão.

» No dia de S. Simão, quem não faz magusto não é bom cristão.

» Quem não planta horta pelos Santos (1.11), inveja a dos vizinhos e espreita pelos cantos.

» Por Todos os Santos, neve pelos cantos.