SOBRE O BLOGUE:
Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também... (Henrique Martins)
COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.
Gravado em Barrocal do Douro em Setembro de 2010. Alguns dos últimos habitantes de um enclave do modernismo arquitectónico erguido nos anos 50 do século XX para dar apoio à construção e funcionamento da barragem do Barrocal, Picote.
Informantes: Aires Correia, Ângelo Arribas, Justiniano Pinto, Lázaro António, Marceolina Rodrigues, Margarida do Vale. Entrevista: Filomena Sousa Vídeo e montagem: José Barbieri Apoios: Frauga – Associação para o Desenvolvimento Integrado de Picote Terra Mater – Ecomuseu da Terra de Miranda
Local: VINHAIS, BRAGANÇA Pinho Leal refere-se à lenda de João Serrão; nós vamo-la descrever servindo-nos das informações do velho Marques (Gentil Marques; Lendas de Portugal 2, pp. 181-186): «João Serrão, nobre fidalgo, de espírito fogoso e aventureiro, depois do regresso da Índia, aonde fôra em serviço de el-rei, passava o tempo, descuidadamente, administrando os fartos haveres que possuía no casal do Bairro de Além. Novo ainda, resolveu contrair matrimónio com uma nobre donzela de Bragança, de nome Guiomar Freire. Foi numa formosa manhã de Junho que se realizou o casamento. Numerosos convivas, grande festa; nas ruas, fogueiras rescendendo a rosmaninho e a alfazema; dentro do solar, a alegria comunicativa de donas e cavalheiros, o cintilar de vasos de ouro e prata, onde espumava o licor odorante de Riassós. Era alta noite, quando emudeceram os ecos dos últimos acordes dos descantes e das danças. Haviam decorrido oito dias de felicidade perene, quando os jovens fidalgos, sentados sob a copa frondosa de um velho castanheiro da cêrca fronteira, perceberam o ligeiro tropel de um cavaleiro que descia, apressado, a encosta da vila. «Quem será?» disseram. Passaram momentos, e um criado anunciou-lhes um emissário de sua majestade el-rei. Manda-o entrar recebendo de suas mãos uma carta. Leu-a. As faces tornaram-se pálidas, os olhos tristes fixaram a formosa companheira. «Que há?» disse esta. A custo balbuciou algumas palavras; tornou-a a ler; era certo. O rei convidava-o a acompanhá-lo na expedição à Africa, lembrando-lhe os anteriores serviços na Índia. Era uma honra. Que fazer? E a espôsa? e a casa? Mas o rei? mas a pátria? mas Deus? «Vai, diz-lhe a espôsa; a pátria e a religião assim o querem.» O dia 24 estava próximo, não havia tempo a perder; dá ordens, manda aparelhar o melhor ginete, lembra o elmo, a cota e o montante. Abraça a jovem espôsa, trocam as alianças, e lá foi para Lisboa, juntar-se aos expedicionários que na manhã brumosa do dia 24 de Junho de 1578 deviam ir, comandados pelo rei, bater o mouro infiel na sua própria casa. Luta horrível; a história o diz. João Serrão, como tantos compatriotas, ficou prisioneiro nos ergástulos de Fez. Ao caminho florido do Bairro de Além também chegaram as infaustas notícias da derrota. Guiomar Freire, aflita e saüdosa, mandava emissários a tôda a parte, pedindo novas do amado esposo, e todos lhe respondiam com a medonha descrição da inglória batalha. Morto? Prisioneiro? Era-lhe difícil a certeza e por isso, as horas que passavam, mais cruéis. Vestiu-se de pesado luto. No velho solar o silêncio de castelo feudal em ruínas. Apenas da rua Nova se podia descriminar em noites de inverno a luz frouxa de uma alâmpada coada através do vitral da capelinha do velho solar. Um dia, decorridos alguns anos, João Serrão, não podendo obter o resgate, apesar da heroicidade inexcedível dos irmãos trinitários, e tão inexcedível que alguns dêles, como Frei Roque, ficaram em reféns durante muitos anos, resolveu fugir de Fez, com alguns companheiros de infortúnio. Metidos em frágil batel, atravessaram o estreito, indo desembarcar, acossadas pela tormenta, a uma enseada nas costas do reino de Valência. E seguiram através da Espanha, esmolando de terra em terra, andrajosos, como pobres mendigos, dormindo ao relento, o cabelo desgrenhado, a barba esquálida, escondendo-se dos olhares da polícia de Castela, vergados mais ao pêso da penúria do que ao pêso dos anos. Emfim, chegaram a Portugal. Era já tarde, as sombras da noite vinham baixando do alto do Rossário, quando um pobre mendigo bateu à porta de Guiomar Freire, pedindo guarida. Casa hospitaleira, como tôdas as da região, uma criada trouxe-lhe a ordem de sua senhora ama para entrar. No lar a expressão efusiva de todos os lares trasmontanos; a fogueira aquecendo o ambiente e os corpos gelados da fria nortada. Um logar para o pobresinho», repetiram todos em côro, distinguindo-se a meiga voz de uma donzelinha de quinze anos ao mesmo tempo que erguia a loura cabecita do materno colo de Guiomar Freire; é que João Serrão havia deixado no jardim florido do Bairro de Além a semente fecundante que transmitiria aos vindouros o seu nome honrado. «Jesus Cristo também pediu para nos dar exemplo!» repetiu sentenciosamente a velha ama de Isabelinha Serrão Colmieiro. A nobre fidalga, de faces engelhadas pela dôr, coberta com um negro manto que desde o ano de 1578 não mais abandonara, inclinou a cabeça, exteriorisando o assentimento às palavras da velha criada. João Serrão relanceando os olhares curiosos por tudo e todos, percebeu bem a vida exemplar dos habitantes de sua casa, durante a longa ausência. Depois de cear e dar graças a Deus, cada qual contou sua história; e chegando a vez ao disfarçado mendigo, êste, depois de falar nas conquistas da India, começou a descrever a batalha de Alcácer Kibir; os ouvintes escutavam-no com religiosa atenção, observando que dos olhos húmidos de Guiomar Freire e da filha deslizavam lágrimas ardentes. «Também lá ficou. meu marido», diz ela, soluçando. João Serrão levantou-se, trémulo, e extendendo a mão direita, disse-lhe: «senhora, conheceis esta aliança?» Guiomar Freire vê a dádiva do casamento, reconhece o amado esposo, e, levantando-se amparada pela filha, caiu nos braços de João Serrão. Foi o arco-íris que voltou após tantos anos de tormenta. As janelas do velho solar abriram-se de par em par; os auríferos candelabros acesos levaram à veiga e ao burgo a boa nova da chegada do nobre fidalgo. E em paz viveram muitos anos até que a morte os separou e tornou a unir na fria sepultura da capela do velho palácio como se viu na lousa que lhe serviu de tampa: «Aqui jaz João Serrão de Moraes e sua mulher Guiomar Freire.» Fonte:MARTINS, Pe. Firmino Folklore do Concelho de Vinhais
Acaba hoje aquela que constitui a mais penosa experiência política a que me foi dado assistir na minha vida adulta em democracia. Salvaguardadas as exceções que sempre existem, quero dizer que nunca me senti tão distante de uma governação como daquela que este país sofreu desde 2011. Não duvido que alguns dos governantes que hoje transitam para o passado tentaram fazer o seu melhor ao longo destes cerca de quatro anos e meio. Em alguns deles detetei mesmo competência técnica e profissional, fidelidade a uma linha de orientação que consideraram ser a melhor para o país que lhes calhou governarem. Mas há coisas que, na globalidade do governo a que pertenceram, nunca lhes perdoarei. Desde logo, a mentira, a descarada mentira com que conquistaram os votos crédulos dos portugueses em 2011, para, poucas semanas depois, virem a pôr em prática uma governação em que viriam a fazer precisamente o contrário daquilo que haviam prometido. As palavras fortes existem para serem usadas e a isso chama-se desonestidade política. Depois, a insensibilidade social. Assistimos no governo que agora se vai, sempre com cobertura ao nível mais elevado, a uma obscena política de agravamento das clivagens sociais, destruidora do tecido de solidariedade que faz parte da nossa matriz como país, como que insultando e tratando com desprezo as pessoas idosas e mais frágeis, desenvolvendo uma doutrina que teve o seu expoente na frase de um anormal que jocosamente falou, sem reação de ninguém com responsabilidade, de “peste grisalha”. Vimos surgir, escudado na cumplicidade objetiva do primeiro-ministro, um discurso “jeuniste” que chegou mesmo a procurar filosofar sobre a legitimidade da quebra da solidariedade inter-geracional. Um dia, ouvi da boca de um dos “golden boys” desta governação, a enormidade de assumir que considerava “legítimo que os reformados e pensionistas fossem os mais sacrificados nos cortes, pela fatia que isso representava nas despesas do Estado mas, igualmente, pela circunstância da sua capacidade reivindicativa de reação ser muito menor dos que os trabalhadores no ativo”, o que suscitava menos problemas políticos na execução das medidas. Essa personagem foi ao ponto de sugerir a necessidade de medidas que estimulassem, presumo que de forma não constrangente, o regresso dos velhos reformados e pensionistas, residentes nas grandes cidades, “à provincia de onde tinham saído”, onde uma vida mais barata poderia ser mais compatível com a redução dos seus meios de subsistência. Fui testemunha de atos de desprezo por interesses económicos geoestratégicos do país, pela assunção, por mera opção ideológica, por sectarismo político nunca antes visto, de um desmantelar do papel do Estado na economia, que chegou a limites quase criminosos. Assisti a um governante, que hoje sai do poder feito ministro, dizer um dia, com ar orgulhosamente convicto, perante investidores estrangeiros, que “depois deste processo de privatizações, o Estado não ficará na sua posse com nada que dê lucro”. Ouvi da boca de outro alto responsável, a propósito do processo de privatizações, que “o encaixe de capital está longe de ser a nossa principal preocupação. O que queremos mostrar com a aceleração desse processo, bem como com o fim das “golden shares” e pela anulação de todos os mecanismos de intervenção e controlo do Estado na economia, é que Portugal passa a ser a sociedade mais liberal da Europa, onde o investimento encontra um terreno sem o menor obstáculo, com a menor regulação possível, ao nível dos países mais “business-friendly” do mundo”. Assisti a isto e a muito mais. Fui testemunha do desprezo profundo com que a nossa Administração Pública foi tratada, pela fabricação artificial da clivagem público-privado, fruto da acaparação da máquina do Estado por um grupo organizado que verdadeiramente o odiava, que o tentou destruir, que arruinou serviços públicos, procurando que o cidadão-utente, ao corporizar o seu mal-estar na entidade Estado, acabasse por se sentir solidário com as próprias políticas que aviltavam a máquina pública. No Ministério dos Negócios Estrangeiros, fui testemunha de uma operação de desmantelamento criterioso das estruturas que serviam os cidadãos expatriados e garantiam a capacidade mínima para dar a Portugal meios para sustentar a sua projeção e a possibilidade da máquina diplomática e consular defender os interesses nacionais na ordem externa. Assisti ao encerramento cego de estruturas consulares e diplomáticas (e à alegre reversão de algumas destas medidas, quando conveio), à retirada de meios financeiros e humanos um pouco por todo o lado, à delapidação de património adquirido com esforço pelo país durante décadas, cuja alienação se fez com uma irresponsável leveza de decisão.
Nunca lhes perdoarei o que fizeram a este país ao longo dos últimos anos. E, muito em especial, não esquecerei que a atuação dessas pessoas, à frente de um Estado que tinham por jurado inimigo e no seio do qual foram uma assumida “quinta coluna”, conseguiu criar em mim, pela primeira vez em mais de quatro décadas de dedicação ao serviço público – em que cultivei um orgulho de ser servidor do Estado, que aprendi com os exemplos do meu avô e do meu pai -, um sentimento de desgostosa dessolidarização com o Estado que lhes coube titular durante este triste quadriénio. Por essa razão, neste dia em que, com imensa alegria, os vejo partir, não podia calar este meu sentimento profundo. Há dúvidas quanto ao futuro que aí vem? Pode haver, mas todas as dúvidas serão sempre mais promissoras que este passado recente que nos fizeram atravessar. Fosse eu católico e dir-lhes-ia: vão com deus. Como não sou, deixo-lhe apenas o meu silêncio.
Também se conta que ao pé da fraga de João Fernandes há um poço de ouro, mas que está lá também um poço de veneno e que é a dita fraga que o está a segurar. Por isso, ninguém se atreve a ir lá procurar o ouro, com medo de mexer na fraga e a abrir o poço de veneno, o que seria uma grande desgraça para a nossa aldeia. Ainda hoje se houve dizer aos mais antigos: — Quando rebentar a fraga do João Fernandes acaba-se a nossa aldeia! Fonte:PARAFITA, Alexandre Património Imaterial do Douro (Narrações Orais)
Local: Gimonde, BRAGANÇA, BRAGANÇA Informante: Francisca Teresa Moreno (F), 47 anos No termo de Gimonde, no concelho de Bragança, há do lado direito do rio Sabor um cabeço com o nome de Monte Guieiro e que faz uma grande cova que é conhecida como “Cortadura dos Mouros”. Diz-se que foram os mouros que a fizeram. Segundo a lenda, os mouros, quando estavam subjugados pelos cristãos, depois da Reconquista, apostaram que, em apenas uma noite, faziam passar por ali o rio Sabor. Se o conseguissem, os cristãos não os expulsariam. Tentar, bem tentaram, mas não chegaram ao fim. Diz o povo que se têm mais uma hora ganhavam a aposta. Como não ganharam, tiveram de ir embora. E o corte lá ficou, chamando-se, por isso mesmo, “Cortadura dos Mouros”. Fonte:PARAFITA, Alexandre A Mitologia dos Mouros: Lendas, Mitos, Serpentes, Tesouros
No passado dia 21 de Novembro teve lugar no Museu do Ferro e da Região de Moncorvo a XII Partidela Tradicional da Amêndoa.
Durante a iniciativa falou ao público presente a vereadora do Município de Torre de Moncorvo, Piedade Meneses, sobre a importância cada vez mais crescente desta cultura no nosso concelho. Dirigiu-se também ao auditório Joaquim Morais, da Confraria da Amêndoa, e Nelson Campos, encarregado do Museu do Ferro. Sendo Torre de Moncorvo terra de muita amêndoa, em tempos passados a população reunia-se ao serão para ajudar a partir as amêndoas colhidas nesse ano, cada um pegava num ferro e numa pedra e partia separando a casca do grão. Foi este o momento que se recriou no Museu do Ferro, as mais de 40 pessoas presentes foram convidadas a participar na Partidela da Amêndoa. E como manda a tradição não faltou a animação musical com a Tuna da Lousa, o convívio entre idosos e crianças e uma merenda tradicional destinada a todos os participantes que teve lugar no final da atividade. NI-Luciana Raimundo in:noticiasdonordeste.pt
Uma alteração legislativa que puna a não utilização de dispositivos de segurança nos tractores e máquinas agrícolas é defendida pela Autoridade para as Condições de Trabalho.
Para Lília Condado, directora do Centro Local do Nordeste Transmontano da ACT, é necessário ainda mais formação e mudar mentalidades no sentido de adoptar mais frequentemente boas práticas de segurança para combater os acidentes nos trabalhos agrícolas. “Uma das medidas é realizar acções de formação, outra forma passará pela alteração legislativa e pela penalização, porque um dos factores de maior sinistralidade é a falta de utilização do arco de segurança, porque legalmente o uso não é obrigatório, e pode ser retirado”, considera. O sector agrícola é o terceiro no qual se registam mais casos de acidentes no trabalho a seguir à construção civil e à indústria transformadora. A responsável do centro local da ACT revela que apesar de este ano não se ter registado um aumento de mortes resultantes de acidentes com tractores na região, o número continua a ser preocupante e as causas são várias. “É um fenómeno que tem uma grande dimensão, muitas vezes não é a sua profissão principal, o uso de álcool, a idade do trabalhador e da própria máquina, as verificações periódicas que não são feitas e a falta de acções de sensibilização e de formação”, enumera Lília Condado. A prevenção de riscos profissionais em máquinas e equipamentos de trabalhos agrícolas foi o mote para um workshop promovido pela Confederação dos Agricultores de Portugal destinada a trabalhadores e associações deste sector, na casa do Lavrador, em Bragança. A segurança na aplicação de produtos fitofarmacêuticos, as lesões músculo-esqueléticas na agricultura e as obrigações das entidades empregadoras foram outros dos temas abordados. Escrito por Brigantia
O director dos centros de saúde de Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor garante que há cobertura efectiva de todos os utentes inscritos.
Perante críticas ao funcionamento de centros de saúde proferidas pela autarca de Alfândega da Fé, Berta Nunes, na passada semana, o director coordenador de três unidades de cuidados de saúde primária, Marcelino Silva, assegura ainda que as situações agudas têm resposta no próprio dia. “Há cobertura efectiva, o que pode não haver, e acontecerá muitas vezes, é que os utentes não serão atendidos de imediato conforme querem. Numa situação aguda temos de atendermos doente com uma situação aguda no próprio dia, e isso acontece através da consulta aberta”, frisa. A situação considerada mais preocupante pela autarca local surgiu há um ano em meio, quando 1 dos 4 médicos de família ficou de baixa. Os constrangimentos têm sido ultrapassados com recurso à ida de clínicos de centros de saúde de Mirandela e de Carrazeda de Ansiães. O médico e director coordenador do centro de saúde adianta ainda que no que diz respeito a médicos de família, Alfândega tem um nível de cobertura acima do determinado a nível nacional. “O normal é um médico para 1560 habitantes. Em Alfândega há 4820 habitantes, 4 médicos de família e cada médico tem em média 1200 utentes. Um deles está de baixa, mas para utentes três médicos vão todas as semanas para que haja maior resposta”, salienta ainda. No entanto, Marcelino Silva reconhece que a idade do corpo clínico pode contribuir para que o atendimento não corresponda às expectativas de quem se dirige ao centro de saúde de Alfândega da Fé. O director coordenador dos centros de saúde de Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor garante mesmo que na avaliação do desempenho aos indicadores de cuidados de saúde primários houve um aumento da qualidade assistencial da unidade de saúde de Alfândega. Escrito por Brigantia
A desvalorização dos cuidados de saúde e o facto de enfermeiros especialistas não conseguirem exercer as suas competências nos hospitais e centros de saúde foram os principais problemas transmitidos a José Ribeiro, candidato à presidência da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros, que no final da passada semana visitou vários serviços da Unidade Local de Saúde do Nordeste.
O candidato a representante dos enfermeiros do Norte considera que há muitos profissionais especialistas que não estão a ser devidamente aproveitados. “Temos muitos enfermeiros especialistas que não competem exercer as suas competências, são enfermeiros que têm uma determinada especialidade e não estão enquadrados nos locais onde deviam estar para poder exercer a sua especialidade”, frisou. Apesar de na ULS Nordeste estar a decorrer um processo para contratação de 80 enfermeiros, José Ribeiro entende que existe uma grande demora desde o momento em que surge a necessidade e a entrada efectiva dos profissionais ao serviço. “Temos um modelo muito centralizador e burocratizado que não permite ao administrador responder em tempo oportuno à carência ou ausência de um recurso, por licença de maternidade ou doença e quando é dada a autorização, muitas vezes, o recurso ausente já está a regressar quando é dada a autorização”, sublinha. O enfermeiro considera ainda preocupante a falta de enfermeiros nos quadros de instituições privadas. Problemas identificados por José Ribeiro numa visita de 2 dias a vários centros de saúde e às três unidades hospitalares da ULS Nordeste, outras instituições de saúde e IPSS’s do distrito. As eleições para a ordem dos enfermeiros estão agendadas para 15 de Dezembro. Escrito por Brigantia
Foi apresentado este sábado, no Centro de Arte Contemporânea, em Bragança, o Livro “Graça Morais, a História Contada por Crianças”.
O projecto com desenhos e palavras traçados por crianças que frequentam o Jardim de Infância da Cáritas é o resultado da reunião de trabalhos realizados no âmbito do Plast&Cine 2015, que, em Abril, homenageou a pintora transmontana. No lançamento do livro, Graça Morais admitiu reconhecer-se na pintura dos mais novos. “Acho que sou eu, é um retrato muito bem pintado, revejo-me”, afirmou. “É uma emoção fortíssima, porque são crianças muito pequeninas que fazem desenhos maravilhosos e que escreveram um texto muito simples, mas que diz tudo o que é importante na minha vida”, afirma. “É muito mais bonito que a minha pintura porque é feito com uma ingenuidade e intensidade que é muito belo”, refere mesmo. Foi das mãos de artistas de palmo e meio como Filipe que saiu a obra agora publicada. O rapaz de apenas 5 anos garante que já aprecia a obra de Graça Morais. “Pintei a Graça Morais. Ela pinta coisas muito giras”, disse. O livro terá um carácter solidário, sendo parte da receita atribuída à Cáritas diocesana de Bragança. É uma forma de perpetuar a edição de 2015 do Plast&Cine, que homenageou Graça Morais. No próximo ano, a cidade vai acolher novamente a edição do evento de arte com um homenageado diferente, como adiantou Avelina Ferraz da organização da iniciativa. Depois de Graça Morais, a 7ª edição do Plast&Cine, que vai decorrer também em Bragança, homenageará outro artista da região. Escrito por Brigantia
Quase 200 pessoas no jantar do segundo aniversário da ASA para comemorar o primeiro lugar da piloto Bruna Lopes no Campeonato Nacional de Velocidade 2015 em 85cc.
O Hotel Turismo S. Lázaro serviu de anfitrião às 190 pessoas que decidiram manifestar o seu apoio à Astro Surpresa Associação (ASA) em noite de segundo aniversário. O jantar de ontem, que serviu também como mote de celebração ao primeiro lugar conquistado pela piloto brigantina Bruna Lopes, demonstrou bem o apreço que a cidade tem pela vitória suada e alcançada à custa de “muito sangue, suor e lágrimas”, não só pela jovem, mas também pelos seus pais que tornaram tudo possível e que moveram montanhas para nutrir os desejos e sonhos da sua única filha. “É muito gratificante chegar ao final do ano, depois de muito esforço, trabalho e sacrifício, e vermos que as pessoas estão do nosso lado e que acreditam realmente na Bruna”, confessa Elma Jacinto, a presidente da ASA e “mãe-galinha” da piloto brigantina. “Ter uma filha não é fácil, mas é um orgulho para mim e apesar do trabalho, eu faço-o por amor”, reflete a principal responsável pela associação, manifestamente agradecida pelo reconhecimento massivo da cidade denotado pelo número de presenças. Criada em dezembro de 2013, o núcleo duro da ASA é constituído por nove amigos. Sem associados, apesar de se considerar uma associação, a ASA foi criada com a intenção de divulgar a região de Bragança, mas, sobretudo, de apoiar jovens pilotos. “É óbvio se conseguíssemos fundar uma escola para pôr os meninos a andar como, de resto, se faz em Espanha, isso seria ótimo”, confessa Elma Jacinto, acreditando que esse desejo será “quase uma missão impossível” de concretizar. “A ASA não patrocina a Bruna, mas sim divulga-a e ajuda-a no sentido em que arranja apoios para a Bruna”, conclui a responsável.
O jantar que começou por volta das 19h30 com receção e porto de honra só terminou por volta da meia-noite, já depois da atuação do grupo musical The Matt Sessions. Quem também ficou comovida com toda esta vaga de apoio foi a própria Bruna Lopes: “sinto uma grande felicidade e alegria dentro de mim e também muito orgulho em saber que tenho tanta gente ao meu lado que acredita em mim”. “O apoio não é só aquele que fornece dinheiro, também é o psicológico. Aquele apoio que vem de uma voz amiga e que nos diz: força, tu és capaz, tu consegues”, sublinha a piloto que aproveita para deixar uma palavra de agradecimento, carinho e apreço aos pais, bem consciente de todos os sacrifícios inerentes à competição. Vitória fruto do trabalho e dedicação “Não há palavras que descrevam a sensação e o orgulho que sentimos como pais ao ver a nossa filha subir ao pódio e sagrar-se campeã nacional”, comentou o pai de Bruna Lopes. Mecânico e proprietário de uma loja de motas, Bruno foi também ele um corredor exímio das pistas. Questionado se foi ele a incutir a paixão das motas na sua filha, responde, peremptoriamente: “Eu nunca quis que a Bruna andasse de mota, foi uma iniciativa dela
que não parava de pedir para andar. Tanto pediu que eu, um dia, cedi e, logo na sua primeira vez, sem lhe explicar nada, excepto o básico, ela andou e andou fora do normal, como se já tivesse feito isso antes”. Bruno Lopes confessa que a época passada foi esgotante e que todos os tempos livres que teve foram dedicados à filha Bruna. “Foi muito duro! Muitas noites sem dormir a trabalhar na mota, muitas horas a treinar, tem de se dar tudo. É mais complicado ainda porque não temos onde treinar, por vezes treinamos no parque de estacionamento do NERBA. Agora, treinar mesmo, só nas corridas”, revela. Bruno Mateus Filena in:diariodetrasosmontes.com
No sábado, em Macedo de Cavaleiros caminhou-se pela Igualdade de Género e Não Violência.
Uma iniciativa da Câmara Municipal, depois de no dia 25 de ter assinalado o Dia Internacional pela Eliminação da Violência Contra as Mulheres, onde o objetivo foi sensibilizar a população para a importância de uma vida igualitária entre homens e mulheres, como explica Carlos Barroso, vice-presidente do concelho. Antes da caminhada, houve uma aula de Kickboxing, onde os instrutores foram os atletas da Associação de Desportos de Combate de Macedo de Cavaleiros. Clícia Queiroz, atleta medalhada e com percurso internacional na modalidade, amadrinhou a iniciativa. Já Angelina Silva, a nova presidente da Associação de Desportos de Combate, considera que ativiades deste género se deveriam replicar. Entre os participantes, muitas mulheres. Quem apareceu para caminhar recebeu um simbólico guarda-chuva azul-escuro, em representação das nódoas negras infligidas às vítimas de violência. Também os idosos do projeto Idade Maior Idade Melhor deram o seu contributo, ao recitarem a letra da música Medusa, da conhecida rapper nacional Capicua, que fala sobre a violência doméstica. Escrito por ONDA LIVRE
Em Parada de Infanções, dezenas de pessoas tingem um curral perdido na noite de 28 de Dezembro para contemplarem corajosos lutadores.
Em tronco nu e descalços, estes gladiadores, escravos da tradição nordestina, saltam para o centro do curral com o objectivo de assentar as costas do adversário na humedecida palha de Inverno. Na verdade, a galhofa é o que resta da luta greco-romana. Uma luta livre em que cada atleta procura derrubar o adversário e imobilizá-lo de costas no chão. Teoricamente, só quando isso acontece é que se reconhece a vitória e se encontra o vencedor. Embora, a desistência também identifique o ganhador e o vencido, como sucedeu desta vez, em alguns dos confrontos. Corpo a corpo, mano a mano, os jovens medem forças para alcançarem a glória de vencer, uma garrafa de whisky e uma rosca de pão. Acorrem sempre adversários de Grijó de Parada e, esporadicamente, um ou outro de aldeias vizinhas, também, eles, filhos deste rito, mas que já não materializam na sua terra. Desta forma, luta-se também pelo povo e em seu nome, daí que os eleitos sejam os mais fortes da terra. No meio da barulheira da peleja, Manuel Pedras (ex-lutador invencível da Galhofa) vaticina combates pobres, comparados com o seu tempo mítico. “Antigamente era doutra maneira! Íamos a concursos para todo lado… Espanha, Covilhã…”, conta Manuel Pedras. A primeira luta foi peremptória e consagrou um jovem de Grijó, não dando tempo para incitamentos ao derrotado. Ainda assim, ambos levaram garrafas de whisky e um hino oriundo de gaitas de foles e tambores. “Noutros tempos havia mais rivalidade, hoje luta-se para não se perder a tradição e sob o signo da amizade”, compara o peso – pesado de outrora. A segunda luta prometia, os destemidos eram do mesmo porte – cerca de 80 Kg de cada lado. Contudo, o físico dos atletas mereceu uma nota de M. Pedras: “Há largos anos, os lutadores preparavam-se exclusivamente para o dia 28. Cerca de 2/3 meses antes dos embates, os lutadores fartavam-se de pão, ovos, chicha, vinho e batatas para engordarem para este dia especial. Agora, os jovens são tratados a sumos… a leite…”, lamenta, Mas a luta correu bem, com muito espectáculo e os jovens, pioneiros nestas andanças, até se portaram bem. Mais um intervalo e mais uns copitos de tinto, sempre ao som do gaiteiro. Os muitos minutos de espera pareciam adivinhar o fim da Galhofa. Entretanto, um destemido patenteou a arena improvisada, como que ao desafio. Comer para ganhar peso era a receita dos “gladiadores” de outros tempos para levar a melhor nas tradicionais galhofas Fez-se, então, a última luta, entre Coelhoso e Grijó. A disputa prometia, com dois atletas com muito génio, muita força. Apenas faltava a adrenalina do sorteio das galhofas de outrora. “Antigamente as lutas eram sorteadas, tanto no dia das mamotas (lutas que antecediam as deste dia com menor relevância) como nestas de hoje, aumentando a curiosidade de todos os intervenientes”, acrescentou M. Pedras. No final, com algum sangue à mistura, a manha do grijoense acabou abafada na palha, pedindo o abandono. Quem não ficou contente com a luta foi a corda da assistência, pois o combate não teve honra nem dignidade perante a solenidade da Galhofa. Mudam-se os tempos, alteram-se as tradições, mas cumpriu-se a festa, onde vencedores e vencidos comem do mesmo pão, para ainda terem forças para o bailarico que se seguirá. Após a corrida da rosca (feita de 100 metros em pés descalços) e a galhofa, o Santo Estêvão encerra as festividades na certeza que as gentes estão proficuamente preparadas para entrar no novo ciclo anual. in:diariodetrasosmontes.com
Pedras de Revides e da Ferradura são achados históricos preservados na freguesia
Eucísia, no concelho de Alfândega da Fé, é conhecida pelas lendas das feiticeiras e pelo património histórico e arqueológico que guarda ao longo dos anos. Pelas ruas da aldeia encontramos pessoas, na sua maioria idosas, que recordam os tempos em que os jogos de roda e o convívio preenchiam os seus dias. Os tempos de antigamente permanecem gravados na memória, tal como as lendas que associam a localidade a “terra de feiticeiras”. “Ouvi contar a lenda das feiticeiras aos antigos. Diziam que veio para cá um padre que se embebedou, e, no dia seguinte, acordou na loja de um cavalo. Então espalhou que foram as bruxas que o levaram para lá”, explicou Adélia Monteiro, de 67 anos. A partir daí, quem passava por Eucísia temia o poder das feiticeiras e alguns até traziam trovisco para as afugentar. “Contava-se que passou por aqui um homem a cavalo num burro que trazia um ramo de trovisco. As mulheres de cá sentiram-se ofendidas e juntaram-se todas para bater ao forasteiro”, recorda Maria Alice, outra habitante. O tempo passa devagar numa localidade caracterizada pelo sossego e pela calma transmitida pela natureza. Os habitantes de Eucísia realçam, com orgulho, que a beleza das paisagens e a água em abundância são as principais riquezas desta terra, que viu partir a juventude para terras longínquas. “Aqui não há emprego. A única fonte de rendimentos é a agricultura. Foi isso que levou os jovens a emigrar”, lamenta o presidente da Junta de Freguesia de Eucísia, José Carlos Pimentel. A criação de um centro de convívio para idosos é um dos projectos reivindicados para a aldeia O olival, o amendoal, o sobreiro e alguma vinha são as principais actividades lucrativas das cerca de 150 pessoas que residem em Eucísia e em Santa Justa. “Temos cerca de 208 eleitores inscritos, mas a maioria encontra-se no estrangeiro”, acrescenta o autarca. Para quem resiste na freguesia, José Carlos Pimentel afirma que faz falta um centro de convívio para amparar os idosos que, actualmente, passam o tempo nas suas casas. “As verbas são escassas e não dão para tudo. Mas é uma infra-estrutura que faz falta e para a qual temos espaço suficiente, tanto na sede da Junta como na antiga escola primária”, salienta o responsável. A par das histórias, quem permanece na aldeia afirma que as mudanças que têm ocorrido ao longo dos tempos têm contribuído para a melhoria da qualidade de vida, mas lamentam a desertificação que assola a freguesia. Depois da requalificação da igreja matriz, que se ergue no centro de Eucísia, é a vez da melhoria da estrada que liga a aldeia a Santa Comba da Vilariça, uma obra que já se encontra em curso. Fonte atrai pessoas de todo o concelho A água que jorra da fonte natural de Eucísia atrai pessoas de todo o concelho de Alfândega da Fé. “Corre durante todo o ano. No Verão é fresca e no Inverno é mais quente. Há muita gente que vem aqui buscar água”, afirma José Carlos Pimentel. A riqueza da água da fonte junta-se ao valor arqueológico das pedras de Revides (Santa Justa) e da Ferradura (Eucísia). Trata-se de dois achados históricos que, no futuro, podem atrair turistas a estas localidades. “Gostávamos que fosse criado um roteiro turístico no concelho, que incluísse as pedras, bem como os monumentos da freguesia”, concluiu José Carlos Pimentel. in:diariodetrasosmontes.com
É mais de um mês a viver o Natal. Macedo de Cavaleiros transforma-se na Cidade Natal de 4 de dezembro a 10 de janeiro.
Sob o mote “A magia desce à rua”, o objetivo é o de as famílias partilharem momentos de diversão que prometem ser para recordar. O programa é repleto de atividades, destacando-se o “Slide no Bosque Encantado”, os “Calhambekes dos Duendes”, a “Ilha dos Doces” e claro, a “Quinta do Pai Natal”, figura principal da época que, chega a 19 de dezembro num ambiente de festa, permanecendo até dia 24 para receber todos os desejos dos mais pequenos. O espetáculo “Conta-me histórias” com João Pedro Pais, agendado para 11 de dezembro, já tem lotação esgotada. A Cidade Natal inicia com o “Anúncio”, às 20:30H, uma recriação histórica da anunciação do Arcanjo Gabriel à Virgem Maria, da chegada a Belém e do nascimento de Jesus Cristo. No dia seguinte, são os Pais Natal em bicicleta que concentram as atenções, no “Natal sobre Rodas”. No dia 12 abre ao público a exposição de várias imagens do Menino Jesus, no Museu de Arte Sacra, intitulada “Deus Menino”. As escolas do concelho têm a sua festa nos dias 14 e 15, no Centro Cultural. Os concertos de Natal do Grupo Coral Macedense decorrem na Santa Casa da Misericórdia (dia 16 – 20:30H), Igreja de São Pedro (dia 18 – 21:00H), Casa do Povo de Chacim (dia 20 – 16:00H) e Convento de Balsamão (dia 27 – 16:30H). De 22 a 24 decorre na Praça dos Segadores, junto ao grande Presépio, o Mercado de Natal, com produtores e artesãos locais. A Cidade Natal encerra a 10 de janeiro com o tradicional Encontro de Cantares de Reis, às 15:00H no Centro Cultural. NI-Nélio Pimentel
João Diegues é um jovem escritor transmontano, de apenas 20 anos de idade, que acaba de publicar o seu segundo livro.
João Diegues
João Diegues é natural de Vinhais e residente em Bragança e além de músico e cantor em diversas bandas, fotógrafo e trabalhador estudante, conta já com dois livros editados, “Caminhos de Primavera”, publicado em 2013, e “O Reencontro”, publicado em 2015. O escritor “começou a descobrir a paixão pela escrita aos 17 anos quando atravessou uma fase obscura e repleta de adversidades na sua vida, começando por escrever poemas, para libertar todos os pensamentos e mágoas, vendo em outubro de 2013 o seu primeiro livro a nascer. A partir daí continuou experimentando novas formas de escrita lançando a julho de 2015 um romance. Por agora prepara o terceiro livro sobre a guerra colonial, e de novo mais um livro sobre a sua terra em Trás-os-Montes, que é Vinhais”. O jovem escritor transmontano vai doar percentagem das suas vendas a 3 instituições de solidariedade nas próximas apresentações desta sua segunda obra. Já no dia 3 de Dezembro o romance "O Reencontro" será apresentado no Centro Cultural Solar dos Condes, Vinhais pelas 14:30 horas. O autor doa 10% das suas vendas realizadas neste dia a uma instituição de solidariedade local. O mesmo acontecerá no dia 5 de Dezembro, no Bragança Shopping, piso 3, às 16:00 horas. Aqui o escritor dá 10% da receita a uma instituição de solidariedade social, votada e eleita por todos aqueles que adquirirem o livro. “ O Reeencontro” é um livro que « relata um romance passado entre a vila de Vinhais e a cidade de Bragança, tendo como principal a história de um jovem transmontano que vai estudar para Lisboa para a Faculdade de Letras. De família pobre e simples mas rica em valores, encontra uma rapariga por quem se apaixona mas, sendo de religião diferente, vê-se obrigada pelos pais a vestir o hábito num convento no Brasil deixando Carlos, transmontano de sangue, na maior das tristezas. Mas nunca desiste! Quando vai de férias para a sua terra volta a acreditar que é possível encontrar Cátia, a sua amada. Com a ajuda psicológica de seu avô que o visita em sonhos, vai conseguir chegar até ela! » in:noticiasdonordeste.pt
O Partido Ecologista os Verdes continua a lutar para reestruturar a Rede Ferroviária Nacional. Desta vez, e no primeiro dia do governo de Costa, a proposta para criar um Plano Ferroviário Nacional foi aprovada por maioria, ao contrário do que tinha acontecido na anterior legislatura, em que tinha sido chumbada pela maioria PSD/CDS, bancada que hoje votou novamente contra, já como oposição.
Manuela Cunha, da direção nacional do partido, afirma que o primeiro passo é a criação de um documento estratégico, que depois será vertido para o Plano Ferroviário Nacional que pretendem elaborar. As obrigações do projeto estão claras. Nestes moldes, a ferrovia pode regressar a Trás-os-Montes, bem como a outros pontos do país. Manuela Cunha considera que a reposição de transportes e uma alternativa ao alcatrão pode atrair mais pessoas e mais empresas. A deputada frisa as vantagens de voltar a ter uma ligação ferroviária nas regiões do interior, e fixa alguns prazos para a elaboração deste futuro Plano Ferroviário Nacional. Ainda na ressaca da tomada de posse do XXI Governo, os Verdes conseguiram hoje aprovar na Assembleia da República, por maioria, a criação de um Plano Ferroviário Nacional, um documento considerado pelo partido “estruturante para voltar a erguer uma rede ferroviária que sirva (…) o país”. Este plano prevê também a ligação ferroviária a todas as capitais de distrito e à vizinha Espanha, o que poderá significar, num futuro ainda indefinido, o regresso do comboio da Bragança, que, relembro, não tem ligação ferroviária desde dezembro de 1991. Escrito por ONDA LIVRE
O dia 2 de Outubro de 1958 foi um dia quente, apesar de já ter entrado o Outono. Eu fazia a minha primeira viagem não acompanhado, ou, melhor dizendo, na companhia de outros meninos que, como eu, iam iniciar a grande aventura do conhecimento num estabelecimento de ensino secundário. Apanhámos no Tua o comboio que nos conduziria a Bragança por volta das duas da tarde, uma hora em que as pedras estalam de calor e nos carris se podem – diz-se – assar peixes. Sete horas depois entrávamos na estação de Bragança, no topo da avenida com o nome do homem que foi determinante na construção da linha no início do século XX. Essas sete horas foram o tempo duma primeira experiência inesquecível por várias razões. A máquina a vapor vomitava um fumo espesso, que, nos túneis do início da linha, penetrava nas carruagens provocando um cheiro ácido. Mas, nos diversos apeadeiros e estações cujos nomes descobríamos deslumbrados, era uma azáfama de entradas e saídas, com o agitar de bandeiras e o silvar de apitos dos agentes do caminho-de-ferro. A pouca velocidade da composição permitia por vezes, a partir das plataformas das carruagens, colher um figo maduro ou um bago de uva dos ramos que cobriam as ravinas a que se prendia a linha. Do outro lado, era o vale cavado pela água ao longo de milénios onde, lá bem no fundo, corria a água do Tua, ora agitada entre fraguedos do leito, ora espairecendo sobre terrenos de aluvião em lugares mais abertos. Na outra margem do rio, a cascata de pedra, essa imponente arquitectura da natureza que semeou a paisagem de gigantes, que se estendia serra acima até aos cabeços onde por vezes uma capelinha branca assinalava a devoção das populações. A espaços incertos, como incerta é a vida de quem come o pão que o diabo amassou, umas oliveiras, umas figueiras, uns pés de vinha plantados em buracos entre as fragas. De longe em longe, espaços de mato rasteiro, povoado certamente de coelhos e outras espécies, onde, ainda assim, pontuavam colmeias para produção do mel silvestre. Tudo isto mudava de figura quando se entrava no concelho de Mirandela. Os montes adoçavam o seu perfil e a sua altura, os campos alargavam-se em hortas de melões e hortaliça, alargava-se a vista sobre povoações próximas. Entrava-se depois no planalto onde se haviam produzido cereais e, já perto de Bragança, tomava-se contacto com o minifúndio de lameiros onde pastavam os gados. Chegava-se a Bragança de noite, com as camisas brancas enfarruscadas de pó de carvão e a alma cheia de imagens impressionantes. Este era o Tua selvagem da minha infância. Sei que, no Inverno, era um rio impressionante cor de lodo, que carregava as águas provenientes das serras da fronteira, e que atravessá-lo em barcaças para a apanha da azeitona na outra margem era uma manobra arriscada, onde se perderam algumas vidas. Era também um rio de peixes, e de transgressões das regras da pesca. Era uma marca da gente ribeirinha e um componente indispensável da geografia do Nordeste. A pouco e pouco o comboio perdeu terreno, vencido pelos concorrentes motorizados e pelas estradas de alcatrão, pela pressa de chegar que acabou com o deleite da viagem. Após protestos veementes de alguma população, o jogo dos números levou ao encerramento da parte da linha de Mirandela a Bragança, ficando a população do sul do distrito agarrada ao resto, mantendo a linha como circuito de vida e de contacto. Esse resto, dizem-nos, é percorrido anualmente por alguns milhares de pessoas. Um acidente na linha e a perspectiva duma barragem ameaçam acabar com ele. Em nome do progresso, em nome da energia limpa. Será? Quem conheceu o rio selvagem da minha infância não pode deixar de pensar que o ambiente é feito de memórias de homens, de gerações de homens, envolvidos ao longo duma permanência milenar com uma paisagem característica que determinou uma certa forma de vida e de actividade. Essas marcas de memória estão impressas na paisagem. Essas árvores de fruto plantadas em ravinas, essas oliveiras, essas vinhas velhas, essas colmeias, essas casinhas plantadas de longe em longe, as capelas, as povoações debruçadas sobre o rio, tudo isso é parte duma identidade sedimentada, alheia talvez ao bulício dos negócios, mas consciente dos valores da solidariedade, da vizinhança, do respeito da natureza. O que mais me atormenta na perspectiva de desaparecer a linha não é a linha em si mesma. São os valores que a linha representa, é um vale único que se encobrirá dos olhos das próximas gerações, é o mudar de identidade do vale, do que restará do vale. E, sobretudo, a falta de ponderação de todos estes factores quando se tomam decisões. O império dos números anula todas as outras considerações. O equilíbrio económico dos projectos leva sempre a melhor sobre os equilíbrios sociais e ambientais, esquecendo-se os decisores de que o tempo do social e do ambiental é um tempo muito mais longo, porque os sentimentos dos povos e as características das paisagens não se amortizam em meia dúzia de anos. Ainda estamos a tempo. Talvez seja inevitável construir a barragem. Mas será inevitável destruir a linha? Será inevitável deixar a paisagem inacessível? Será inevitável eliminar a presença humana no vale do Tua, ou numa parte dele? Que compensações arquitectónicas, que compromissos ambientais, que alternativas de circulação, que alternativas de vida se propõem? Não tenho respostas, nem conhecimentos para as sugerir. Mas penso que há-de haver formas de conciliar a economia, a energia, com os homens e as suas memórias. Por isso, penso que é inderrogável responsabilidade dos nossos autarcas lutarem abertamente, à luz do dia, perante as populações e apoiados nelas, para que não se perca o essencial. 3 Dez.2007 in:diariodetrasosmontes.com
Apesar do novo modelo ter já sido concessionado à empresa AeroVip, os voos ainda não foram retomados. Falta um visto do Tribunal de Contas.
Fonte da AeroVip garante à TSF que "estão prontos para arrancar amanhã", assim haja uma autorização formal. Nesta altura, tudo depende de um visto do Tribunal de Contas. O processo deu entrada neste organismo no final de setembro, pouco antes das eleições Legislativas. O novo modelo de negócio aponta para uma ligação do nordeste até Portimão, com escala em Bragança, Vila Real, Viseu, Cascais (Tires) e Portimão. Em 27 de novembro de 2012, após 15 anos de voos ininterruptos, o avião deixou de voar porque, segundo o governo, Bruxelas não estava de acordo com o modelo de financiamento directo de 2,5 milhões de euros por ano à operadora. A 18 de dezembro de 2014, o Conselho de Ministros aprovou uma despesa máxima de 7,8 milhões de euros para a concessão da rota durante 36 meses após a celebração do contrato. Em janeiro deste ano, uma retificação a esta resolução, explica que o montante a pagar à transportadora será fracionado: 650 mil euros em 2015, até 2,6 milhões de euros em 2016, o mesmo valor em 2017 e um máximo de 1,95 milhões de euros em 2018. A AeroVip foi a vencedora do concurso público. O contrato está assinado e a própria página da transportadora na internet já tem o preço dos bilhetes. Resta agora o "sim" do Tribunal de Contas. Ainda assim, os transmontanos não estão muito confiantes de que os voos regressem a curto prazo. O presidente da Câmara de Vila Real diz que tem dúvidas. Rui Santos considera que a própria rota proposta não foi bem estudada e é pior que a anterior. Também o autarca Bragança vê com bons olhos a ida ao Algarve, mas Hernani Dias não entende a demora e duvida do regresso dos voos. Afonso de Sousa TSF
“A oliveira dá-nos a azeitona, a azeitona dá-nos o azeite, o azeite dá-nos luz na candeia, saúde no mal e gosto no prato” (provérbio popular)
Na Terra Fria Transmontana a cultura da oliveira está representada pelo olival de minifúndio, associado a técnicas culturais ancestrais. Em Santulhão o olival tradicional é uma presença constante na paisagem. A colheita da azeitona faz-se entre os meses de Novembro e Janeiro recorrendo ainda a métodos tradicionais, o varejamento ou vareja, utilizando varas de castanho ou freixo. A azeitona colhida segue depois para o lagar, onde é extraído o azeite, um produto de excelência, utilizado maioritariamente na alimentação, mas também empregue na medicina popular ou como lubrificante de alfaias agrícolas (o de pior qualidade). Com esta actividade pretende-se que o participante fique a conhecer todo o processo de fabrico do azeite, desde a Oliveira até ao Lagar, passando um dia agradável no campo e experienciando a técnica tradicional da apanha da azeitona. Programa 28 de Novembro – Santulhão (Vimioso) 9:30 – Encontro de participantes junto ao antigo posto da GNR de Santulhão 9:45 – Caminhada “No trilho da Oliveira” (extensão: 4 km; grau: fácil) 11:00 – Apanha tradicional da Azeitona 12:45 – Almoço de campo - merenda no olival 15:00 – Visita guiada ao lagar de azeite de Santulhão
NOTA: Programa sujeito a alterações e dependente das condições meteorológicas. Informações Preço*: Sócios** da ALDEIA: 10€ *O preço inclui a participação na actividade, a merenda de campo e a visita guiada ao lagar de azeite. **A inscrição como sócio da ALDEIA (10€) pode ser feita em simultâneo como o pagamento da inscrição na actividade.
A Biblioteca Municipal de Torre de Moncorvo recebe no próximo dia 28 de Novembro, sábado, pelas 14h30, a apresentação do livro “General Claudino Pimentel – Glórias e Agruras” da autoria de Adília Fernandes e Adriano Vasco Rodrigues.
Adília Fernandes, é natural do Felgar, doutorada em História pela Universidade do Minho, investigadora do Centro de Investigação Transdisciplinar Cultura, Espaço e Memória da Universidade do Porto e investigadora da Associação Portuguesa de Investigação Histórica sobre as Mulheres. Conta com a publicação de diversos artigos enquadrados no âmbito da história das mulheres e da história da região de Moncorvo. Adriano Vasco Rodrigues é natural da Guarda mas tem fortes ligações ao concelho de Moncorvo, tendo casado na freguesia de Felgar. Exerceu a docência nos três ramos de ensino: primário, secundário e superior, e tem-se dedicado à investigação nos ramos da História e Arqueologia.
Sebastião Rebouta dá continuidade a uma arte de família que tem passado de geração em geração
Longe vão os tempos em que a família Rebouta, natural do Felgar, concelho de Torre de Moncorvo, passava os dias a moldar diversas peças em barro, que eram utilizadas na cozinha tradicional. A substituição do barro pelo ferro levou ao declínio da olaria, pelo que, actualmente, Sebastião Rebouta é o único oleiro no sul do distrito de Bragança. Este artesão vai trabalhando, apenas, para manter a tradição da sua família. Abraçou o ofício desde tenra idade, altura em que começou a ajudar o pai a fazer testos e recebia um tostão por cada peça. Com o passar dos anos foi aprendendo a moldar peças de diversas formas e feitios, mas, actualmente, vê a sua arte à beira do fim, uma vez que não tem seguidores. Recorde-se que o Felgar foi o centro de maior exploração da indústria artesanal da olaria. Em pleno século XVII e XVIII, os três fornos de louça coziam peças que abasteciam os concelhos de Moncorvo, Carrazeda de Ansiães, Freixo de Espada à Cinta, Alfândega da Fé e Vila Nova de Foz Côa. Os alguidares, cântaros, canecas, jarros, púcaros e vasilhas eram algumas das peças que saíam da fábrica do Felgar, onde também se fabricavam artefactos microcerâmicos de carácter etnográfico. O processo de transformação do barro e o peso e evolução da olaria no Felgar foram estudados por Liliana Reis, aluna do 4º ano de Arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que chegou à conclusão que esta arte se encontra em vias de extinção. A extracção do barro nas proximidades das margens do rio Sabor também é tarefa do oleiro, que, antes de conceber a peça, recolhe a matéria-prima e prepara-a para entrar na roda, que é onde os objectos ganham forma. Com 60 anos de idade, o último oleiro do Felgar tem nas suas mãos o futuro de uma arte que fez história no concelho de Torre de Moncorvo A secagem, trituração, peneiração, o amassar e o fingimento do barro são as tarefas que antecedem a execução dos utensílios. Após a criação de cada objecto, o oleiro decora-o, seca-o e coze-o num forno de lenha. Antigamente, o barro era transformado em várias formas desde a malga, aos alguidares e, até, cinzeiros. Agora, os utensílios de barro foram substituídos pela louça de ferro fundido ou esmalte e os oleiros dedicam-se, essencialmente, à criação de peças para decoração. Segundo o encarregado do Museu do Ferro & da Região de Moncorvo, Nelson Campos, a essência da olaria do Felgar foi-se perdendo ao longo dos anos. Actualmente, esta arte está nas mãos de um oleiro com mais de 60 anos, que vai criando as suas peças num atelier improvisado. O responsável realça, ainda, que Torre de Moncorvo foi palco de cursos de formação nesta área, financiados pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional. No entanto, nenhum dos formandos quis dar seguimento à arte, que se encontra mais comprometida do que nunca. “ O principal local de extracção do barro ficará submerso com a construção da barragem do Baixo Sabor”, lamenta Nelson Campos. Peças históricas levadas pelos espanhóis Para imortalizar a arte que fez história no Felgar, o PARM - Projecto Arqueológico da Região de Moncorvo quer criar um núcleo museológico dedicado à olaria nesta localidade. Segundo Nelson Campos, os espanhóis andam pelas aldeias do concelho de Torre de Moncorvo a apanhar objectos de barro sem qualquer identificação de origem. “São peças arqueológicas quer fazem parte da nossa história, pelo que devem ser conservadas e preservadas num espaço próprio”, salienta o responsável. Os objectos que, outrora, foram concebidos na fábrica do Felgar são procurados por indivíduos espanhóis que oferecem tachos de esmalte em troca destas relíquias. “Corremos o risco de perder, para sempre, este pedaço de história. Por isso, temos que agir antes que seja tarde demais”, reconhece Nelson Campos. in:diariodetrasosmontes.com