Entre as 19 medidas apresentadas, 15 são do lado da despesa e as restantes 4 do lado da receita.
Despesa:
1 – Reduzir os salários dos órgãos de soberania e da Administração Pública, incluindo institutos públicos, entidades reguladoras e empresas públicas. Esta redução é progressiva e abrangerá apenas as remunerações totais acima de 1500 euros/mês. Incidirá sobre o total de salários e todas as remunerações acessórias dos trabalhadores, independentemente da natureza do seu vínculo. Com a aplicação de um sistema progressivo de taxas de redução a partir daquele limiar, obter-se-á uma redução global de 5% nas remunerações;
2 - Congelar as pensões;
3 - Congelar as promoções e progressões na função pública;
4 -Congelar as admissões e reduzir o número de contratados;
5 - Reduzir as ajudas de custo, horas extraordinárias e acumulação de funções, eliminando a acumulação de vencimentos públicos com pensões do sistema público de aposentação;
6 - Reduzir as despesas no âmbito do Serviço Nacional de Saúde, nomeadamente com medicamentos e meios complementares de diagnóstico;
7 - Reduzir os encargos da ADSE;
8 - Reduzir em 20% as despesas com o Rendimento Social de Inserção;
9 - Eliminar o aumento extraordinário de 25% do abono de família nos 1º e 2º escalões e eliminar os 4º e 5º escalões desta prestação;
10 - Reduzir as transferências do Estado para o Ensino e sub-sectores da Administração: Autarquias e Regiões Autónomas, Serviços e Fundos Autónomos;
11 - Reduzir as despesas no âmbito do Programa de Investimentos e Despesas de Desenvolvimento da Administração Central (PIDDAC);
12 - Reduzir as despesas com indemnizações compensatórias e subsídios às empresas;
13 - Reduzir em 20% as despesas com a frota automóvel do Estado;
14 - Extinguir/fundir organismos da Administração Pública directa e indirecta;
15 - Reorganizar e racionalizar o Sector Empresarial do Estado reduzindo o número de entidades e o número de cargos dirigentes.
Receita:
1 - Redução da despesa fiscal
· Revisão das deduções à colecta do IRS (já previsto no PEC);
· Revisão dos benefícios fiscais para pessoas colectivas;
· Convergência da tributação dos rendimentos da categoria H com regime de tributação da categoria A (já previsto no PEC);
2 - Aumento da receita fiscal:
· Aumento da taxa normal do IVA em 2pp.;
· Revisão das tabelas anexas ao Código do IVA;
· Imposição de uma contribuição ao sistema financeiro em linha com a iniciativa em curso no seio da União Europeia;
3 - Aumento da receita contributiva:
· Aumento em 1 pp da contribuição dos trabalhadores para a CGA, alinhando com a taxa de contribuição para a Segurança Social.
· Código contributivo (já previsto no PEC).
4 - Aumento de outra receita não fiscal:
· Revisão geral do sistema de taxas, multas e penalidades no sentido da actualização dos seus valores e do reforço da sua fundamentação jurídico-económica.
· Outras receitas não fiscais previsíveis resultantes de concessões várias: jogos, explorações hídricas e telecomunicações.
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SOBRE O BLOGUE:
Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
(Henrique Martins)
COLABORADORES LITERÁRIOS
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
Saudades
"Um dia a maioria de nós irá separar-se.
Sentiremos saudades de todas as conversas atiradas fora, das descobertas que fizemos, dos sonhos que tivemos, dos tantos risos e momentos que partilhámos.
Saudades até dos momentos de lágrimas, da angústia, das vésperas dos fins-de-semana, dos finais de ano, enfim...do companheirismo vivido.
Sempre pensei que as amizades continuassem para sempre.
Hoje já não tenho tanta certeza disso. Em breve cada um vai para seu lado, seja pelo destino ou por algum desentendimento, segue a sua vida.
Talvez continuemos a encontrar-nos, quem sabe... nas cartas que trocaremos. Podemos falar ao telefone e dizer algumas tolices...
Aí, os dias vão passar, meses... anos... até este contacto se tornar cada vez mais raro.
Vamo-nos perder no tempo...
Um dia os nossos filhos verão as nossas fotografias e perguntarão:
Quem são aquelas pessoas? Diremos... que eram nossos amigos e... isso vai doer tanto!
- Foram meus amigos, foi com eles que vivi tantos bons anos da minha vida! A saudade vai apertar bem dentro do peito.
Vai dar vontade de ligar, ouvir aquelas vozes novamente...
Quando o nosso grupo estiver incompleto...reunir-nos-emos para um último adeus a um amigo. E, entre lágrimas, abraçar-nos-emos.
Então, faremos promessas de nos encontrarmos mais vezes daquele dia em diante.
Por fim, cada um vai para o seu lado para continuar a viver a sua vida isolada do passado. E perder-nos-emos no tempo...
Por isso, fica aqui um pedido deste humilde amigo: não deixes que a vida passe em branco, e que pequenas adversidades sejam a causa de grandes tempestades...
Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"
(Fernando Pessoa)
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
O Barbeiro
Um homem entra no salão do barbeiro, e pergunta:
«Quanto tempo falta até chegar a minha vez?»
O barbeiro olha em volta do seu salão, e responde:
«Mais ou menos 2 horas!».
O homem sai.
Passam mais alguns dias e o mesmo homem volta à barbearia e pergunta:
«Quanto tempo falta até chegar a minha vez?»
O barbeiro olha de novo em volta do seu salão, e responde:
«Mais ou menos 3 horas!».
O homem sai.
Passa uma semana e o mesmo homem entra na barbearia e pergunta de novo:
«Quanto tempo demora até chegar a minha vez?»
O barbeiro olha em sua volta e responde:
«Mais ou menos 1 hora e meia!».
O homem sai.
O barbeiro vira-se para um seu amigo que se encontrava na barbearia e diz-lhe:
«Oh Paulo, faz-me só um favor! Segue aquele homem e vê para aonde ele vai. O gajo sempre que entra aqui, pergunta quanto tempo até a sua vez, mas nunca mais volta».
Uns minutos depois, Paulo regressa ao salão a matar-se de rir histericamente.
O barbeiro curioso pergunta-lhe:
«Então? Onde é que ele vai depois daqui?»
O amigo Paulo levanta a cara, enxuga as lágrimas, pára de dar gargalhadas e responde-lhe:
«O tipo quando sai daqui vai p'ra tua casa!».
«Quanto tempo falta até chegar a minha vez?»
O barbeiro olha em volta do seu salão, e responde:
«Mais ou menos 2 horas!».
O homem sai.
Passam mais alguns dias e o mesmo homem volta à barbearia e pergunta:
«Quanto tempo falta até chegar a minha vez?»
O barbeiro olha de novo em volta do seu salão, e responde:
«Mais ou menos 3 horas!».
O homem sai.
Passa uma semana e o mesmo homem entra na barbearia e pergunta de novo:
«Quanto tempo demora até chegar a minha vez?»
O barbeiro olha em sua volta e responde:
«Mais ou menos 1 hora e meia!».
O homem sai.
O barbeiro vira-se para um seu amigo que se encontrava na barbearia e diz-lhe:
«Oh Paulo, faz-me só um favor! Segue aquele homem e vê para aonde ele vai. O gajo sempre que entra aqui, pergunta quanto tempo até a sua vez, mas nunca mais volta».
Uns minutos depois, Paulo regressa ao salão a matar-se de rir histericamente.
O barbeiro curioso pergunta-lhe:
«Então? Onde é que ele vai depois daqui?»
O amigo Paulo levanta a cara, enxuga as lágrimas, pára de dar gargalhadas e responde-lhe:
«O tipo quando sai daqui vai p'ra tua casa!».
terça-feira, 28 de setembro de 2010
A Arte do Assobio
Assobiar é uma relíquia de um tempo menos tecnológico, pré-TV Cabo e Internet, quando as pessoas precisavam fazer companhia a si mesmas e serem a fonte do próprio divertimento. Faz parte da cultura da conversa na varanda, na esplanada do café. É uma arte solitária. As crianças ainda tentam assobiar: franzem os lábios e sopram em vão. Um belo dia, conseguem reproduzir alguns acordes de uma canção infantil. A alegria é profunda, até ser silenciada pela inibição.
"O assobio é uma tradução da música através da alma, e as pessoas têm medo de libertar a sua alma."
Concurso de Fotografia
Com o objectivo de celebrar o Ano Internacional da Biodiversidade - 2010, a Câmara Municipal de Bragança promove, até ao dia 2 de Novembro, um concurso de fotografia subordinado ao tema: “Biodiversidade no Concelho de Bragança”.
Através desta iniciativa, a Divisão de Defesa do Ambiente do Município pretende sensibilizar para a conservação e valorização de todas as formas de vida existentes no planeta Terra, bem como fomentar a criatividade e expressividade do público em geral.
Todos os trabalhos seleccionados terão direito a um certificado de participação, sendo que o primeiro, segundo e terceiro lugares serão premiados com o valor pecuniário de 200, 100 e 50 euros, respectivamente, entregues em cerimónia pública pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Bragança, em data a confirmar posteriormente.
Divisão de Defesa do Ambiente – Concurso de Fotografia
Forte de S. João de Deus – Câmara Municipal de Bragança
5301 - 902 Bragança.
Através desta iniciativa, a Divisão de Defesa do Ambiente do Município pretende sensibilizar para a conservação e valorização de todas as formas de vida existentes no planeta Terra, bem como fomentar a criatividade e expressividade do público em geral.
Todos os trabalhos seleccionados terão direito a um certificado de participação, sendo que o primeiro, segundo e terceiro lugares serão premiados com o valor pecuniário de 200, 100 e 50 euros, respectivamente, entregues em cerimónia pública pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Bragança, em data a confirmar posteriormente.
Forte de S. João de Deus – Câmara Municipal de Bragança
5301 - 902 Bragança.
Ficha de Inscrição |
Regulamento |
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Afinal Não Somos Pobres
Estava há dias a falar com um amigo meu nova-iorquino que conhece bem Portugal.
Dizia-lhe eu à boa maneira do "coitadinho" português:
Sabes, nós os portugueses, somos pobres ...
Esta foi a sua resposta:
Como podes tu dizer que sois pobres, quando sois capazes de pagar por um litro de gasolina, mais do triplo do que pago eu?
Quando vos dais ao luxo de pagar tarifas de electricidade e de telemóvel 80 % mais caras do que nos custam a nós nos EUA?
Como podes tu dizer que sois pobres quando pagais comissões bancárias por serviços e por cartas de crédito ao triplo que nós pagamos nos EUA?
Ou quando podem pagar por um carro que a mim me custa 12.000 US Dólares (8.320 EUROS) e vocês pagam mais de 20.000 EUROS, pelo mesmo carro? Podem dar mais de 11.640 EUROS de presente ao vosso governo do que nós ao nosso.
Nós é que somos pobres: por exemplo em New York o Governo Estatal, tendo em conta a precária situação financeira dos seus habitantes cobra somente 2 % de IVA, mais 4% que é o imposto Federal, isto é 6%, nada comparado com os 20% dos ricos que vivem em Portugal. E contentes com estes 20%, pagais ainda impostos municipais.
Além disso, são vocês que têm "impostos de luxo" como são os impostos na gasolina e no gás, álcool, cigarros, cerveja, vinhos etc., que faz com que esses produtos cheguem em certos casos até 300 % do valor original, e outros como imposto sobre a renda, impostos nos salários, impostos sobre automóveis novos, sobre bens pessoais, sobre bens das empresas, de circulação automóvel.
Um Banco privado vai à falência e vocês que não têm nada com isso pagam, outro, uma espécie de casino, o vosso Banco Privado quebra, e vocês protegem-no com o dinheiro que enviam para o Estado.
E vocês pagam ao vosso Governador do Banco de Portugal, um vencimento anual que é quase 3 vezes mais que o do Governador do Banco Federal dos EUA...
Um país que é capaz de cobrar o Imposto sobre Ganhos por adiantado e Bens pessoais mediante retenções, necessariamente tem de nadar na abundância, porque considera que os negócios da Nação e de todos os seus habitantes sempre terão ganhos apesar dos assaltos, do saque fiscal, da corrupção dos seus governantes e dos seus autarcas. Um país capaz de pagar salários irreais aos seus funcionários de estado e da iniciativa privada.
Os pobres somos nós, os que vivemos nos USA e que não pagamos impostos sobre a renda se ganhamos menos de 3.000 dólares ao mês por pessoa, isto é mais ou menos os vossos 2.080 €uros. Vocês podem pagar impostos do lixo, sobre o consumo da água, do gás e da electricidade. Aí pagam segurança privada nos Bancos, urbanizações, municipais, enquanto nós como somos pobres nos conformamos com a segurança pública.
Vocês enviam os filhos para colégios privados, enquanto nós aqui nos EUA as escolas públicas emprestam os livros aos nossos filhos prevendo que não os podemos comprar.
Vocês não são pobres, gastam é muito mal o vosso dinheiro.
Vocês, portugueses, ou são uns estúpidos ou uns mansos.
(desconheço o autor)
Dizia-lhe eu à boa maneira do "coitadinho" português:
Sabes, nós os portugueses, somos pobres ...
Esta foi a sua resposta:
Como podes tu dizer que sois pobres, quando sois capazes de pagar por um litro de gasolina, mais do triplo do que pago eu?
Quando vos dais ao luxo de pagar tarifas de electricidade e de telemóvel 80 % mais caras do que nos custam a nós nos EUA?
Como podes tu dizer que sois pobres quando pagais comissões bancárias por serviços e por cartas de crédito ao triplo que nós pagamos nos EUA?
Ou quando podem pagar por um carro que a mim me custa 12.000 US Dólares (8.320 EUROS) e vocês pagam mais de 20.000 EUROS, pelo mesmo carro? Podem dar mais de 11.640 EUROS de presente ao vosso governo do que nós ao nosso.
Nós é que somos pobres: por exemplo em New York o Governo Estatal, tendo em conta a precária situação financeira dos seus habitantes cobra somente 2 % de IVA, mais 4% que é o imposto Federal, isto é 6%, nada comparado com os 20% dos ricos que vivem em Portugal. E contentes com estes 20%, pagais ainda impostos municipais.
Além disso, são vocês que têm "impostos de luxo" como são os impostos na gasolina e no gás, álcool, cigarros, cerveja, vinhos etc., que faz com que esses produtos cheguem em certos casos até 300 % do valor original, e outros como imposto sobre a renda, impostos nos salários, impostos sobre automóveis novos, sobre bens pessoais, sobre bens das empresas, de circulação automóvel.
Um Banco privado vai à falência e vocês que não têm nada com isso pagam, outro, uma espécie de casino, o vosso Banco Privado quebra, e vocês protegem-no com o dinheiro que enviam para o Estado.
E vocês pagam ao vosso Governador do Banco de Portugal, um vencimento anual que é quase 3 vezes mais que o do Governador do Banco Federal dos EUA...
Um país que é capaz de cobrar o Imposto sobre Ganhos por adiantado e Bens pessoais mediante retenções, necessariamente tem de nadar na abundância, porque considera que os negócios da Nação e de todos os seus habitantes sempre terão ganhos apesar dos assaltos, do saque fiscal, da corrupção dos seus governantes e dos seus autarcas. Um país capaz de pagar salários irreais aos seus funcionários de estado e da iniciativa privada.
Os pobres somos nós, os que vivemos nos USA e que não pagamos impostos sobre a renda se ganhamos menos de 3.000 dólares ao mês por pessoa, isto é mais ou menos os vossos 2.080 €uros. Vocês podem pagar impostos do lixo, sobre o consumo da água, do gás e da electricidade. Aí pagam segurança privada nos Bancos, urbanizações, municipais, enquanto nós como somos pobres nos conformamos com a segurança pública.
Vocês enviam os filhos para colégios privados, enquanto nós aqui nos EUA as escolas públicas emprestam os livros aos nossos filhos prevendo que não os podemos comprar.
Vocês não são pobres, gastam é muito mal o vosso dinheiro.
Vocês, portugueses, ou são uns estúpidos ou uns mansos.
(desconheço o autor)
Muito Obrigado
Buracos, falta de rampas para acesso às passadeiras, passeios estreitos e paragens de autocarro desestruturados, edifícios de instituições públicas em que os responsáveis ignoram, pura e simplesmente, que existem concidadãos com deficiencia, estacionamentos de viaturas feitos de uma maneira selvagem e egoísta, são apenas alguns dos desafios impostos aos deficientes físicos em Bragança. A legislação existe.
Quando levaremos a sério estes problemas que alguns sentem no dia a dia? Ai se fosse um político ou um ricalhaço, um jogador de futebol ou um cantor pimba...até o levavam ao colo...
ESTAS sim, têm de ser as verdadeiras lutas que TODOS temos que travar. Festas, fados e guitarradas, só depois.
A LUTA CONTINUA!
(H.M.)
Carta ao Ministro das Finanças
Num país onde tanto dinheiro se continua a esbanjar, em inaugurações, jantaradas, festas e festinhas, carros topo de gama, assessores e mais assessores, secretárias e adjuntos...
Será esta a maneira mais racional de poupar? Tirar o apoio do Estado a quem mais precisa.
Agradeço que encaminhem os meus impostos para quem deles necessita e não para os carros topo de gama e para submarinos. (H.M.)
«Exmo. Senhor Ministro das Finanças
Victor Lopes da Gama Cerqueira, cidadão eleitor e contribuinte deste País,
com o número de B.I. 8388517, do Arquivo de identificação de Lisboa, contribuinte n.º152115870 vem por este meio junto de V. Exa. para lhe fazer uma proposta:
A minha Esposa, Maria Amélia Pereira Gonçalves Sampaio Cerqueira, vítima de CANCRO DE MAMA em 2008, foi operada em 6 Janeiro com a extracção radical da mesma.
Por esta 'coisinha' sem qualquer importância foi-lhe atribuída uma incapacidade de 80%, imagine, que deu origem a que a minha Esposa tenha usufruído de alguns benefícios fiscais.
Assim, e tendo em conta as suas orientações, nomeadamente para a CGA, que confirmam que para si o CANCRO é uma questão de somenos importância.
Considerando ainda, o facto de V. Ex.ª, coerentemente, querer que para o ano seja retirado os benefícios fiscais, a qualquer um que ganhe um pouco mais do que o salário mínimo, venho propor a V. Ex.ª o seguinte:
A devolução do CANCRO de MAMA da minha Mulher a V. Exa. que, com os meus cumprimentos, o dará à sua Esposa ou Filha.
Concomitantemente com esta oferta gostaria que aceitasse para a sua Esposa ou Filha ainda:
a) Os seis (6) tratamentos de quimioterapia.
b) Os vinte e oito (28) tratamentos de radioterapia.
c) A angústia e a ansiedade que nós sofremos antes, durante e depois.
d) Os exames semestrais (que desperdício Senhor Ministro, terá que orientar o seu colega da saúde para acabar com este escândalo).
e) A ansiedade com que são acompanhados estes exames.
f) A angústia em que vivemos permanentemente.
Em troca de V. Ex.ª ficar para si e para os seus com a doença da minha Esposa e os nossos sofrimentos eu DEVOLVEREI todos os benefícios fiscais de que a minha Esposa terá beneficiado, pedindo um empréstimo para o fazer.
Penso sinceramente que é uma proposta justa e com a qual, estou certo, a sua Esposa ou filha também estarão de acordo.
Grato pela atenção que possa dar a esta proposta, informo V. Exa. que darei conhecimento da mesma a Sua Ex.ª o Presidente da República, agradecendo fervorosamente o apoio que tem dispensado ao seu Governo e a medidas como esta e também o aumento de impostos aos reformados e outras...
Reservo-me ainda o direito (será que tenho direitos?) de divulgar esta carta como muito bem entender.
Como V. Ex.ª não acreditará em Deus (por se considerar como tal...) e por isso dorme em paz, abraçando e beijando os seus, só lhe posso desejar que Deus lhe perdoe, porque eu não posso (jamais) perdoar-lhe.
Com os melhores cumprimentos,
Atentamente,
Victor Lopes da Gama Cerqueira»
CORDIALMENTE E A BEM DA NAÇÃO,
Será esta a maneira mais racional de poupar? Tirar o apoio do Estado a quem mais precisa.
Agradeço que encaminhem os meus impostos para quem deles necessita e não para os carros topo de gama e para submarinos. (H.M.)
«Exmo. Senhor Ministro das Finanças
Victor Lopes da Gama Cerqueira, cidadão eleitor e contribuinte deste País,
com o número de B.I. 8388517, do Arquivo de identificação de Lisboa, contribuinte n.º152115870 vem por este meio junto de V. Exa. para lhe fazer uma proposta:
A minha Esposa, Maria Amélia Pereira Gonçalves Sampaio Cerqueira, vítima de CANCRO DE MAMA em 2008, foi operada em 6 Janeiro com a extracção radical da mesma.
Por esta 'coisinha' sem qualquer importância foi-lhe atribuída uma incapacidade de 80%, imagine, que deu origem a que a minha Esposa tenha usufruído de alguns benefícios fiscais.
Assim, e tendo em conta as suas orientações, nomeadamente para a CGA, que confirmam que para si o CANCRO é uma questão de somenos importância.
Considerando ainda, o facto de V. Ex.ª, coerentemente, querer que para o ano seja retirado os benefícios fiscais, a qualquer um que ganhe um pouco mais do que o salário mínimo, venho propor a V. Ex.ª o seguinte:
A devolução do CANCRO de MAMA da minha Mulher a V. Exa. que, com os meus cumprimentos, o dará à sua Esposa ou Filha.
Concomitantemente com esta oferta gostaria que aceitasse para a sua Esposa ou Filha ainda:
a) Os seis (6) tratamentos de quimioterapia.
b) Os vinte e oito (28) tratamentos de radioterapia.
c) A angústia e a ansiedade que nós sofremos antes, durante e depois.
d) Os exames semestrais (que desperdício Senhor Ministro, terá que orientar o seu colega da saúde para acabar com este escândalo).
e) A ansiedade com que são acompanhados estes exames.
f) A angústia em que vivemos permanentemente.
Em troca de V. Ex.ª ficar para si e para os seus com a doença da minha Esposa e os nossos sofrimentos eu DEVOLVEREI todos os benefícios fiscais de que a minha Esposa terá beneficiado, pedindo um empréstimo para o fazer.
Penso sinceramente que é uma proposta justa e com a qual, estou certo, a sua Esposa ou filha também estarão de acordo.
Grato pela atenção que possa dar a esta proposta, informo V. Exa. que darei conhecimento da mesma a Sua Ex.ª o Presidente da República, agradecendo fervorosamente o apoio que tem dispensado ao seu Governo e a medidas como esta e também o aumento de impostos aos reformados e outras...
Reservo-me ainda o direito (será que tenho direitos?) de divulgar esta carta como muito bem entender.
Como V. Ex.ª não acreditará em Deus (por se considerar como tal...) e por isso dorme em paz, abraçando e beijando os seus, só lhe posso desejar que Deus lhe perdoe, porque eu não posso (jamais) perdoar-lhe.
Com os melhores cumprimentos,
Atentamente,
Victor Lopes da Gama Cerqueira»
CORDIALMENTE E A BEM DA NAÇÃO,
domingo, 26 de setembro de 2010
Igrejas Românicas de Portugal e Espanha vão ser recuperadas
No distrito de Bragança são cinco as igrejas românicas que a Iberdrola, em parceria com o Ministério da Cultura e a Junta de Castela e Leão, se propõe a recuperar, num prazo de quatro anos.
O Ministério da Cultura e Junta de Castela e Leão associaram-se à Iberdrola para recuperar 33 Igrejas de Portugal e Espanha. O projecto envolve um investimento de 4,5 milhões de euros e visa, no espaço de quatro anos, criar uma nova rota dos Caminhos de Santiago através do interior norte de Portugal. Para o distrito de Bragança está prevista a intervenção em cinco imóveis: na Igreja de São Bento, em Castro de Avelãs (Bragança); na Igreja de Santiago Maior, na Adeganha (Moncorvo); na Igreja de Santo André, em Algosinho (Mogadouro); na Igreja de N. Sr.ª da Natividade, em Azinhoso (Mogadouro) e na Igreja de Malhadas, em Malhadas (Miranda do Douro). O Plano de Restauro do Românico Atlântico prevê, ainda, a intervenção em oito igrejas do distrito de Vila Real; cinco no Porto; seis na província de Salamanca e nove em Zamora. Com este ambicioso projecto, a Iberdrola pretende “contribuir para o desenvolvimento económico e social das zonas onde desenvolve a sua actividade”, conforme frisou Ignacio Galán, presidente da empresa. A Iberdrola vai ser a responsável pela construção do empreendimento hidroeléctrico do Alto Tâmega, um dos maiores complexos levados a cabo nos últimos 25 anos no continente que será responsável pela produção de 1800 gigawatts ao ano (3 por cento do consumo eléctrico português). Mas, porque não querem “apenas produzir electricidade”, a Iberdrola propõe-se, assim, como mecenas de um projecto pioneiro que, no entender do presidente, “vai permitir criar turismo e riqueza em toda a zona transfronteiriça, um novo Xacobeo pelo interior norte”. Uma perspectiva partilhada por Gabriela Canavilhas, ministra da Cultura, que considera que este Plano pode vir a funcionar como “um motor da economia local e da afirmação das pequenas empresas de restauro ligadas a esta área”. Uma iniciativa que beneficia as Igrejas enquanto obras de arte de toda a sociedade civil, conforme notou o Bispo da Diocese de Bragança-Miranda, D. António Montes. “Uma larga maioria das obras de arte do país são de origem religiosa. Valorizando as igrejas, valoriza-se também a sua componente cultural”. No que diz respeito ao distrito de Bragança, Paula Silva, directora regional da Cultura do Norte, salienta a intervenção que se vai realizar na Igreja de São Bento, em Castro de Avelãs. A população já se tinha queixado da necessidade de realizar obras naquele imóvel, uma urgência também atestada por D. António Montes. “A intervenção que foi realizada em Castro de Avelãs visou apenas por a descoberto as ruínas do Mosteiro, o único Mosteiro medieval da região transmontana”, explicou Paula Silva, notando que também este monumento de arte românica se diferencia de outros por ser em tijolo e não em granito, como a maioria dos monumentos românicos de Portugal. O protocolo entre as três instituições foi assinado, na semana passada, em Bragança, na Domus Municipalis, monumento nacional, também ele românico, único em toda a Península Ibérica. As obras devem arrancar no próximo ano, depois de definidos os projectos de intervenção para cada imóvel, em conversação com os presidentes de câmara, juntas de freguesia e párocos.
(Por: Carla A. Gonçalves-in Mensageiro de Bragança)
O Ministério da Cultura e Junta de Castela e Leão associaram-se à Iberdrola para recuperar 33 Igrejas de Portugal e Espanha. O projecto envolve um investimento de 4,5 milhões de euros e visa, no espaço de quatro anos, criar uma nova rota dos Caminhos de Santiago através do interior norte de Portugal. Para o distrito de Bragança está prevista a intervenção em cinco imóveis: na Igreja de São Bento, em Castro de Avelãs (Bragança); na Igreja de Santiago Maior, na Adeganha (Moncorvo); na Igreja de Santo André, em Algosinho (Mogadouro); na Igreja de N. Sr.ª da Natividade, em Azinhoso (Mogadouro) e na Igreja de Malhadas, em Malhadas (Miranda do Douro). O Plano de Restauro do Românico Atlântico prevê, ainda, a intervenção em oito igrejas do distrito de Vila Real; cinco no Porto; seis na província de Salamanca e nove em Zamora. Com este ambicioso projecto, a Iberdrola pretende “contribuir para o desenvolvimento económico e social das zonas onde desenvolve a sua actividade”, conforme frisou Ignacio Galán, presidente da empresa. A Iberdrola vai ser a responsável pela construção do empreendimento hidroeléctrico do Alto Tâmega, um dos maiores complexos levados a cabo nos últimos 25 anos no continente que será responsável pela produção de 1800 gigawatts ao ano (3 por cento do consumo eléctrico português). Mas, porque não querem “apenas produzir electricidade”, a Iberdrola propõe-se, assim, como mecenas de um projecto pioneiro que, no entender do presidente, “vai permitir criar turismo e riqueza em toda a zona transfronteiriça, um novo Xacobeo pelo interior norte”. Uma perspectiva partilhada por Gabriela Canavilhas, ministra da Cultura, que considera que este Plano pode vir a funcionar como “um motor da economia local e da afirmação das pequenas empresas de restauro ligadas a esta área”. Uma iniciativa que beneficia as Igrejas enquanto obras de arte de toda a sociedade civil, conforme notou o Bispo da Diocese de Bragança-Miranda, D. António Montes. “Uma larga maioria das obras de arte do país são de origem religiosa. Valorizando as igrejas, valoriza-se também a sua componente cultural”. No que diz respeito ao distrito de Bragança, Paula Silva, directora regional da Cultura do Norte, salienta a intervenção que se vai realizar na Igreja de São Bento, em Castro de Avelãs. A população já se tinha queixado da necessidade de realizar obras naquele imóvel, uma urgência também atestada por D. António Montes. “A intervenção que foi realizada em Castro de Avelãs visou apenas por a descoberto as ruínas do Mosteiro, o único Mosteiro medieval da região transmontana”, explicou Paula Silva, notando que também este monumento de arte românica se diferencia de outros por ser em tijolo e não em granito, como a maioria dos monumentos românicos de Portugal. O protocolo entre as três instituições foi assinado, na semana passada, em Bragança, na Domus Municipalis, monumento nacional, também ele românico, único em toda a Península Ibérica. As obras devem arrancar no próximo ano, depois de definidos os projectos de intervenção para cada imóvel, em conversação com os presidentes de câmara, juntas de freguesia e párocos.
(Por: Carla A. Gonçalves-in Mensageiro de Bragança)
sábado, 25 de setembro de 2010
Hino Nacional de Portugal
Em Portugal, a reacção popular contra os ingleses e contra a monarquia, que permitia esse género de humilhação, manifestou-se de várias formas. “A Portuguesa” foi composta em 1890, com letra de Henrique Lopes de Mendonça e música de Alfredo Keil, e foi utilizada desde cedo como símbolo patriótico mas também republicano. Aliás, em 31 de Janeiro de 1891, numa tentativa falhada de golpe de Estado que pretendia implantar a república em Portugal, esta canção já aparecia como a opção dos republicanos para hino nacional, o que aconteceu, efectivamente, quando, após a instauração da República a 5 de Outubro de 1910, a Assembleia Nacional Constituinte a consagrou como símbolo nacional em 19 de Junho de 1911 (na mesma data foi também adoptada a bandeira nacional).
A Portuguesa, proibida pelo regime monárquico, que originalmente tinha uma letra um tanto ou quanto diferente (mesmo a música foi sofrendo algumas alterações) — onde hoje se diz “contra os canhões“, dizia-se “contra os bretões“, ou seja, os ingleses — veio substituir o Hymno da Carta, então o hino da monarquia.
Em 1956, existiam no entanto várias versões do hino, não só na linha melódica, mas também nas instrumentações, especialmente para banda, pelo que o governo nomeou uma comissão encarregada de estudar uma versão oficial de A Portuguesa. Essa comissão elaborou uma proposta que seria aprovada em Conselho de Ministros a 16 de Julho de 1957, mantendo-se o hino inalterado deste então.
Nota-se na música uma influência clara do hino nacional francês, La Marseillaise, também ele um símbolo revolucionário (ver revolução francesa).
O hino é composto por três partes, cada uma delas com duas quadras (estrofes de quatro versos), seguidas do refrão, uma quintilha (estrofe de cinco versos). É de salientar que, das três partes do hino, apenas a primeira parte é usada em cerimónias oficiais, sendo as outras duas partes praticamente desconhecidas.
A Portuguesa é executada oficialmente em cerimónias nacionais, civis e militares, onde é prestada homenagem à Pátria, à Bandeira Nacional ou ao Presidente da República. Do mesmo modo, em cerimónias oficiais no território português por recepção de chefes de Estado estrangeiros, a sua execução é obrigatória depois de ouvido o hino do país representado.
A Portuguesa foi designada como um dos símbolos nacionais de Portugal na constituição de 1976, constando no artigo 11.°, n.º 2, da Constituição da República Portuguesa (Símbolos nacionais e língua oficial):
Castelo de Mirandela – Bragança
Porta de Santo António |
É, portanto, ao reinado de D. Dinis e à viragem para o século XIV que se atribui a construção do castelo. Infelizmente, dele pouco resta. Em 1530, menos de um século depois de ter sido renovado, a estrutura apresentava já sinais de ruína, com múltiplas parcelas derrubadas. As referências à decadência do monumento acentuam-se na época moderna e, em 1706, Carvalho da Costa menciona ainda a existência de três portas – Porta ou Arco de Santiago; Porta de Santo António e Postigo de São José. O século XIX foi particularmente nefasto para a sobrevivência do castelo. Nesta altura, ao abrigo de uma ideia de “progresso”, muitas cidades e vilas portuguesas viram as suas muralhas serem demolidas, e Mirandela não foi excepção. Os muros foram substituídos por casas unifamiliares e, nos inícios do século XX, foi o próprio município que destruiu uma das portas.
Da fortaleza dionisina, composta por alcáçova, torre de menagem e cerca citadina resta, hoje, a Porta de Santo António, vão de perfil apontado entre maciços muros, originalmente dotado de adarve (actualmente transformado em terraço de habitação privada). É possível que a porta tenha sido reconstruída, uma vez que o aparelho construtivo da sua secção inferior, em granito, é substancialmente distinto do superior, realizado em xisto, mas até que se realize um estudo rigoroso das parcelas sobreviventes, pouco se poderá concluir.
(Texto: IPPAR – PAF)
Castelo do Mogadouro – Bragança
São ainda muito discutidas as origens deste castelo. Em recentes escavações efectuadas junto da actual igreja matriz, foi detectado um nível ocupacional da época romana, que pode, eventualmente, estar em relação com um primitivo núcleo proto-histórico, mas de que não se revelaram quaisquer contextos conservados. A área intervencionada foi muito reduzida, mas provou o mais alargado potencial arqueológico do local, que aguarda ainda um programa de estudo integral.
Certo é que o castelo já existiria em 1145, quando foi doado aos Templários por Fernão Mendes de Bragança, juntamente com a fortaleza de Penas Róias. Esta doação não pode ser dissociada de um qualquer reduto militar aí existente, argumento que aponta para uma primitiva edificação a rondar as primeiras décadas do século XII. A presumível modéstia dessa estrutura levou a que a Ordem do Templo realizasse uma integral reforma da fortaleza, actualizando-a segundo a linguagem da arquitectura militar da época. É desta forma que se explica a construção do castelo românico de Mogadouro, de que se conserva apenas parcialmente a torre de menagem. O conjunto foi muito adulterado nos séculos posteriores e não é possível ser reconstituído no seu traçado original, mas não se deveria diferenciar muito do de Penas Róias, cuja reforma templária está atestada por uma epígrafe datada de 1172. Assim, seria uma fortaleza com torre de menagem isolada no centro do recinto muralhado, sendo este, por sua vez, defendido por torres quadrangulares.
Em 1197, num amplo processo de reconhecimento da autoridade real nesta região, D. Sancho I trocou os castelos de Mogadouro e de Penas Róias por territórios raianos da Beira Baixa, com certeza mais atractivos para os Templários, mas algumas décadas depois a vila é novamente mencionada como pertença daquela Ordem. Ao longo do século XIII, a localidade foi agraciada com dois forais régios (1272 e 1273, ambos passados por D. Afonso III) e, em 1319, transitou para a Ordem de Cristo.
Tem-se atribuído a esta época a reforma gótica do castelo, perspectiva que é reforçada pelo perfil ovalado da sua cerca, tal como Duarte d’Armas a desenhou nos inícios do século XVI. Neste documento gráfico, o mais antigo que se conhece sobre a fortaleza, a torre de menagem, apesar de se encontrar no centro do pátio, parece estar ligada a um superior caminho de ronda, mas as múltiplas transformações por que o conjunto passou nos derradeiros séculos da Idade Média fazem com que qualquer conclusão seja, por agora, prematura.
Como comenda da Ordem de Cristo, o castelo foi adaptado a residência dos comendadores, facto que implicou grandes transformações na estrutura original. Desta forma, e durante os séculos XIV e XV, foram vários os edifícios construídos no interior, em especial durante o governo dos Távoras (primeira metade do século XV). É essa residência que Duarte d’Armas desenhou, composta por “três corpos principais, dispostos perpendicularmente e construídos em altura de dois pisos” (GOMES, 2003, p.130). Para além disso, as antigas dependências trecentistas foram utilizadas como estrebarias, facto que levou a que praticamente todo o pátio interior fosse ocupado por uma densa malha de construções, que chegaram a englobar a torre de menagem.
Em termos militares, o castelo desenhado por Duarte d’Armas incluía apenas três torres (a de menagem e duas adossadas às muralhas, uma pentagonal e outra quadrangular). Para além disso, o reduto dispunha de uma barbacã mais baixa, que o rodeava integralmente e ao qual se associava um espaço livre, “pequeno reduto cinegético onde se conservavam coelhos”.
A destruição de todo este complexo, que no século XVIII ainda era designado por “Palácio, a que chamam castelo” desenrolou-se ao longo da época moderna e acentuou-se nos últimos séculos, chegando até aos nossos dias como uma notável ruína, de que se conserva apenas a torre de menagem e parte das antigas muralhas.
(Texto: IPPAR)
Certo é que o castelo já existiria em 1145, quando foi doado aos Templários por Fernão Mendes de Bragança, juntamente com a fortaleza de Penas Róias. Esta doação não pode ser dissociada de um qualquer reduto militar aí existente, argumento que aponta para uma primitiva edificação a rondar as primeiras décadas do século XII. A presumível modéstia dessa estrutura levou a que a Ordem do Templo realizasse uma integral reforma da fortaleza, actualizando-a segundo a linguagem da arquitectura militar da época. É desta forma que se explica a construção do castelo românico de Mogadouro, de que se conserva apenas parcialmente a torre de menagem. O conjunto foi muito adulterado nos séculos posteriores e não é possível ser reconstituído no seu traçado original, mas não se deveria diferenciar muito do de Penas Róias, cuja reforma templária está atestada por uma epígrafe datada de 1172. Assim, seria uma fortaleza com torre de menagem isolada no centro do recinto muralhado, sendo este, por sua vez, defendido por torres quadrangulares.
Em 1197, num amplo processo de reconhecimento da autoridade real nesta região, D. Sancho I trocou os castelos de Mogadouro e de Penas Róias por territórios raianos da Beira Baixa, com certeza mais atractivos para os Templários, mas algumas décadas depois a vila é novamente mencionada como pertença daquela Ordem. Ao longo do século XIII, a localidade foi agraciada com dois forais régios (1272 e 1273, ambos passados por D. Afonso III) e, em 1319, transitou para a Ordem de Cristo.
Tem-se atribuído a esta época a reforma gótica do castelo, perspectiva que é reforçada pelo perfil ovalado da sua cerca, tal como Duarte d’Armas a desenhou nos inícios do século XVI. Neste documento gráfico, o mais antigo que se conhece sobre a fortaleza, a torre de menagem, apesar de se encontrar no centro do pátio, parece estar ligada a um superior caminho de ronda, mas as múltiplas transformações por que o conjunto passou nos derradeiros séculos da Idade Média fazem com que qualquer conclusão seja, por agora, prematura.
Como comenda da Ordem de Cristo, o castelo foi adaptado a residência dos comendadores, facto que implicou grandes transformações na estrutura original. Desta forma, e durante os séculos XIV e XV, foram vários os edifícios construídos no interior, em especial durante o governo dos Távoras (primeira metade do século XV). É essa residência que Duarte d’Armas desenhou, composta por “três corpos principais, dispostos perpendicularmente e construídos em altura de dois pisos” (GOMES, 2003, p.130). Para além disso, as antigas dependências trecentistas foram utilizadas como estrebarias, facto que levou a que praticamente todo o pátio interior fosse ocupado por uma densa malha de construções, que chegaram a englobar a torre de menagem.
Em termos militares, o castelo desenhado por Duarte d’Armas incluía apenas três torres (a de menagem e duas adossadas às muralhas, uma pentagonal e outra quadrangular). Para além disso, o reduto dispunha de uma barbacã mais baixa, que o rodeava integralmente e ao qual se associava um espaço livre, “pequeno reduto cinegético onde se conservavam coelhos”.
A destruição de todo este complexo, que no século XVIII ainda era designado por “Palácio, a que chamam castelo” desenrolou-se ao longo da época moderna e acentuou-se nos últimos séculos, chegando até aos nossos dias como uma notável ruína, de que se conserva apenas a torre de menagem e parte das antigas muralhas.
(Texto: IPPAR)
Castelo de Penas Róias – Mogadouro – Bragança
Apesar do ruinoso estado actual, o castelo de Penas Róias foi uma das importantes fortaleza medieval de Trás-os-Montes e o papel que desempenhou no século XII (período de afirmação do nascente reino de Portugal perante o Islão mas também face ao seu vizinho leonês) foi fundamental na defesa desta zona raiana. Desconhecemos ainda as origens da sua ocupação e consequente tutela sobre o território envolvente. No local foram identificados numerosos materiais proto-históricos, que poderão ter correspondência com um eventual povoado fortificado (que, por sua vez, parece alargar-se a zonas vizinhas, como a área do Valado, no sopé da encosta onde o castelo se implanta, e o abrigo rupestre da Fraga da Letra). Após esta ocupação (que se pressupõe ter sido relativamente densa), assiste-se a um vazio romano, sintoma de que o local não foi atractivo nesse novo quadro organizativo, ao contrário de muitos outros povoados fortificados proto-históricos, que sabemos terem sido romanizados.
A Alta Idade Média continua o vazio e só voltaremos a encontrar referências ao local e vestígios materiais de ocupação no século XII, ou um pouco antes. Em 1145, sabemos que Penas Róias foi doada aos Templários por Fernão Mendes de Bragança, ao tempo tenens da Terra de Bragança, circunscrição na qual a localidade estava inserida. Este facto sugere que, por essa altura, já existiria um reduto defensivo de alguma importância, pois, de outra forma, não se justificaria a doação aos Templários. A ser assim, poderá ganhar nova relevância os vestígios de torreões de planta circular, que ainda se encontram nos vértices do castelo. Estes elementos não são comuns na nossa arquitectura militar medieval setentrional (que optou, na maioria dos casos, por torres de planta quadrangular) e podem estar associados a uma fase construtiva mais ligada à realidade leonesa (lembramos que os castelos da margem direita do rio Côa optaram sistematicamente por esta solução). Os estudos mais recentes de Mário Barroca, apesar de sugerirem uma anterioridade dos torreões circulares de Penas Róias em relação à obra templária, não os ligam à arquitectura leonesa, mas sim a uma superior qualidade construtiva, uma vez que só as plantas quadrangulares e rectangulares dispensavam a actividade de um verdadeiro arquitecto.
A construção templária está confirmada por uma epígrafe datada de 1172 – e não 1166, como tradicionalmente se supõe. Integrada na torre de menagem, encontra-se em muito mau estado e as regras inferiores apresentam inúmeros problemas de leitura, mas é ainda possível reconhecer a data que pretende comemorar: Era 1210 (ano de 1172) ou Era 1219 (ano de 1182). Francisco Manuel ALVES, 1940 e Cordeiro de SOUSA, 1948, pretenderam ver nela o nome do mestre templário Gualdim Pais, mas tal não é inteiramente verificável. Do que não parecem restar grandes dúvidas é de que a campanha contou com o seu patrocínio directo. A torre insere-se num amplo processo de construção de castelos românicos templários no país, todos comemorados por epígrafes (Tomar, Longroiva, Almourol, entre outros) e todos empreendidos por Gualdim Pais. De planta quadrangular inserida no centro do pátio muralhado, é o único elemento monumental remanescente, e possuía, pelo menos, três pisos, sendo o acesso ao interior efectuado por porta elevada, feito através de escada amovível.
Penas Róias teve muralha, ainda desenhada por Duarte d’Armas no início do século XVI. Nessa altura, há muito os Templários haviam trocado a fortaleza por territórios mais a Sul, na Beira Interior (Idanha-a-Velha, em 1197, e uma parcela junto a Vila Velha de Ródão, em 1199), mas o castelo dominava ainda um pequeno povoado, ligeiramente afastado dele. Dois séculos e meio depois, todavia, o panorama era já desastroso, não restando qualquer parede da muralha exterior do recinto.
(Texto: IPPAR)
A Alta Idade Média continua o vazio e só voltaremos a encontrar referências ao local e vestígios materiais de ocupação no século XII, ou um pouco antes. Em 1145, sabemos que Penas Róias foi doada aos Templários por Fernão Mendes de Bragança, ao tempo tenens da Terra de Bragança, circunscrição na qual a localidade estava inserida. Este facto sugere que, por essa altura, já existiria um reduto defensivo de alguma importância, pois, de outra forma, não se justificaria a doação aos Templários. A ser assim, poderá ganhar nova relevância os vestígios de torreões de planta circular, que ainda se encontram nos vértices do castelo. Estes elementos não são comuns na nossa arquitectura militar medieval setentrional (que optou, na maioria dos casos, por torres de planta quadrangular) e podem estar associados a uma fase construtiva mais ligada à realidade leonesa (lembramos que os castelos da margem direita do rio Côa optaram sistematicamente por esta solução). Os estudos mais recentes de Mário Barroca, apesar de sugerirem uma anterioridade dos torreões circulares de Penas Róias em relação à obra templária, não os ligam à arquitectura leonesa, mas sim a uma superior qualidade construtiva, uma vez que só as plantas quadrangulares e rectangulares dispensavam a actividade de um verdadeiro arquitecto.
A construção templária está confirmada por uma epígrafe datada de 1172 – e não 1166, como tradicionalmente se supõe. Integrada na torre de menagem, encontra-se em muito mau estado e as regras inferiores apresentam inúmeros problemas de leitura, mas é ainda possível reconhecer a data que pretende comemorar: Era 1210 (ano de 1172) ou Era 1219 (ano de 1182). Francisco Manuel ALVES, 1940 e Cordeiro de SOUSA, 1948, pretenderam ver nela o nome do mestre templário Gualdim Pais, mas tal não é inteiramente verificável. Do que não parecem restar grandes dúvidas é de que a campanha contou com o seu patrocínio directo. A torre insere-se num amplo processo de construção de castelos românicos templários no país, todos comemorados por epígrafes (Tomar, Longroiva, Almourol, entre outros) e todos empreendidos por Gualdim Pais. De planta quadrangular inserida no centro do pátio muralhado, é o único elemento monumental remanescente, e possuía, pelo menos, três pisos, sendo o acesso ao interior efectuado por porta elevada, feito através de escada amovível.
Penas Róias teve muralha, ainda desenhada por Duarte d’Armas no início do século XVI. Nessa altura, há muito os Templários haviam trocado a fortaleza por territórios mais a Sul, na Beira Interior (Idanha-a-Velha, em 1197, e uma parcela junto a Vila Velha de Ródão, em 1199), mas o castelo dominava ainda um pequeno povoado, ligeiramente afastado dele. Dois séculos e meio depois, todavia, o panorama era já desastroso, não restando qualquer parede da muralha exterior do recinto.
(Texto: IPPAR)
Fortaleza do Outeiro – Bragança
O Monte do Castelo de Outeiro, cujo cume se eleva a cerca de 800 metros de altitude, é um ponto estratégico de inegável importância na paisagem do Nordeste transmontano. A meio caminho entre Bragança e Vimioso, dele se avistam as terras de Miranda e de Zamora, circunstância que favoreceu a implantação do castelo medieval. Na actualidade, a estrutura defensiva é uma pálida imagem do que outrora foi, mas a história da localidade prova esse passado importante, cujas origens, ao que tudo indicam, remontam ao período romano e a um primeiro estabelecimento privado de carácter agrícola.
O castelo de que restam apenas vestígios é uma construção da Baixa Idade Média, com grande probabilidade do reinado de D. Dinis. Em 1287, Santa Maria de Outeiro é referida como paróquia e uma década depois menciona-se a povoação de Outeiro de Miranda. A fortaleza deve ser contemporânea destas datas, indicação reforçada pela planta ovalada irregular do seu perímetro amuralhado, tão característico das vilas novas proto-urbanas de Trás-os-Montes e do Alto Douro, nos séculos XIII e XIV. Sobre a estruturação interna, desconhecemos quase tudo. E o que ainda resta, entre arbustos e alta erva, carece de uma intervenção arqueológica de fundo, que nos forneça indicadores cronológicos seguros acerca das fases de ocupação e de destruição do conjunto.
O enorme desconhecimento que hoje possuímos acerca deste castelo não implica, contudo, uma desvalorização acerca do seu papel na história. Em 1369, no contexto das guerras peninsulares que contribuíram para a mudança dinástica após a morte de D. Fernando, a fortaleza foi tomada por tropas castelhanas passando, a partir de então, a defender o partido estrangeiro. Décadas depois, foi assaltada por D. João I, que a devastou. Este mesmo monarca, pacificado o território e pretendendo desenvolver o depauperado reino, patrocinou a reconstrução das suas muralhas e concedeu privilégios a todos quantos edificassem casas no interior do castelo. Em 1418, decorriam ainda obras de alargamento do perímetro muralhado, sinal de que o programa de D. João I havia sido bem acolhido. Ao longo de toda a centúria de Quatrocentos, regista-se a cedência de privilégios régios (D. Afonso V e D. João II), sintoma claro da importância do castelo no contexto regional nordestino.
No reinado de D. Manuel, Outeiro é uma vila no seu apogeu. Duarte d’Armas descreve uma torre de menagem rectangular, aparentemente adossada a uma das portas, uma extensa barbacã em forma de “D”, e “diversos elementos defensivos, como os hurdícios, ou balcões com matacães, e as troneiras, que portegiam as portas, inscritas nas próprias torres”. Paradoxalmente, é também com D. Manuel que o castelo inicia a sua lenta decadência. O foral de 1514 é um marco importantíssimo neste contexto, uma vez que é a partir deste diploma que se verifica a transferência da população para o vale, abandonando as zonas altas de mais difícil acesso.
A história da fortaleza durante a Idade Moderna é a de uma lenta e inexorável decadência. Ainda assolada por forças espanholas na Guerra da Restauração, no século XVII, as décadas seguintes determinaram o completo abandono do castelo e até a decadência da vila, cujo concelho foi extinto em 1853. Outeiro nunca integrou as rotas de redescoberta da Idade Média do Romantismo, nem tão pouco figurou como monumento militar emblemático a ser restaurado pela vaga restauradora do Estado Novo. Uma pequena campanha consolidadora teve lugar em 1993, mas todo o conjunto espera ainda por um projecto integral de conhecimento, intervenção e valorização.
(Texto: IPPAR – PAF)
O castelo de que restam apenas vestígios é uma construção da Baixa Idade Média, com grande probabilidade do reinado de D. Dinis. Em 1287, Santa Maria de Outeiro é referida como paróquia e uma década depois menciona-se a povoação de Outeiro de Miranda. A fortaleza deve ser contemporânea destas datas, indicação reforçada pela planta ovalada irregular do seu perímetro amuralhado, tão característico das vilas novas proto-urbanas de Trás-os-Montes e do Alto Douro, nos séculos XIII e XIV. Sobre a estruturação interna, desconhecemos quase tudo. E o que ainda resta, entre arbustos e alta erva, carece de uma intervenção arqueológica de fundo, que nos forneça indicadores cronológicos seguros acerca das fases de ocupação e de destruição do conjunto.
O enorme desconhecimento que hoje possuímos acerca deste castelo não implica, contudo, uma desvalorização acerca do seu papel na história. Em 1369, no contexto das guerras peninsulares que contribuíram para a mudança dinástica após a morte de D. Fernando, a fortaleza foi tomada por tropas castelhanas passando, a partir de então, a defender o partido estrangeiro. Décadas depois, foi assaltada por D. João I, que a devastou. Este mesmo monarca, pacificado o território e pretendendo desenvolver o depauperado reino, patrocinou a reconstrução das suas muralhas e concedeu privilégios a todos quantos edificassem casas no interior do castelo. Em 1418, decorriam ainda obras de alargamento do perímetro muralhado, sinal de que o programa de D. João I havia sido bem acolhido. Ao longo de toda a centúria de Quatrocentos, regista-se a cedência de privilégios régios (D. Afonso V e D. João II), sintoma claro da importância do castelo no contexto regional nordestino.
No reinado de D. Manuel, Outeiro é uma vila no seu apogeu. Duarte d’Armas descreve uma torre de menagem rectangular, aparentemente adossada a uma das portas, uma extensa barbacã em forma de “D”, e “diversos elementos defensivos, como os hurdícios, ou balcões com matacães, e as troneiras, que portegiam as portas, inscritas nas próprias torres”. Paradoxalmente, é também com D. Manuel que o castelo inicia a sua lenta decadência. O foral de 1514 é um marco importantíssimo neste contexto, uma vez que é a partir deste diploma que se verifica a transferência da população para o vale, abandonando as zonas altas de mais difícil acesso.
A história da fortaleza durante a Idade Moderna é a de uma lenta e inexorável decadência. Ainda assolada por forças espanholas na Guerra da Restauração, no século XVII, as décadas seguintes determinaram o completo abandono do castelo e até a decadência da vila, cujo concelho foi extinto em 1853. Outeiro nunca integrou as rotas de redescoberta da Idade Média do Romantismo, nem tão pouco figurou como monumento militar emblemático a ser restaurado pela vaga restauradora do Estado Novo. Uma pequena campanha consolidadora teve lugar em 1993, mas todo o conjunto espera ainda por um projecto integral de conhecimento, intervenção e valorização.
(Texto: IPPAR – PAF)
Castelo do Tourão ou Castelo de Rebordãos – Bragança
“Um dos mais amplos e deslumbrantes panoramas de Trás-os-Montes”, do castelo de Rebordãos avistam-se as fortalezas de Bragança, Vimioso, Outeiro, Penas Róias, Miranda e as terras para lá do Douro, rumo a Zamora. O acesso a este monte, rodeado por fragas, é apenas efectuado a partir de Sul (onde se situava a entrada principal) e de Este, avançando sobre a Serra de Nogueira, que limita a região brigantina por sudoeste.
No reinado de D. Sancho I, no âmbito do esforço régio em fazer reconhecer a sua autoridade no Nordeste transmontano, Rebordãos foi uma das povoações que recebeu carta de foral, sinal de que era um aglomerado importante nos primeiros séculos de independência do reino de Portugal.
A forma elíptica do castelo parece ser o resultado da campanha de obras aqui realizada na viragem para o século XIII. Com efeito, a fortaleza não segue, ainda, a tendência oval dos castelos góticos de Trás-os-Montes e do Alto Douro (característica das reformas militar e administrativa do reinado de D. Dinis na região), limitando-se a acompanhar as condicionantes do terreno. Por outro lado, e apesar do estado de ruína da estrutura impossibilitar uma correcta leitura dos vestígios, o sistema defensivo interior parece ser muito rudimentar, desprovido, mesmo, de torre de menagem, mas a verdade é que não estamos suficientemente informados acerca do seu projecto fundacional.
O Abade de Baçal, já no século XX, identificou ainda alguns elementos interessantes, como “restos de fossos e muros com metro meio de largura por três de altura”, nas zonas aparentemente de mais fraca defesa, ou “paredes formando pequenos compartimentos (…) casas de habitação?”, no interior (ALVES, 4ªed., vol. IX, 1987, p.8). Elementos que, conjugados com outras descobertas no terreno, aguardam a definição de um projecto de intervenção arqueológica dirigido à Idade Média.
A importância medieval de Rebordãos não se manteve pelos séculos seguintes. O carácter complementar e de vigilância da sua fortificação certamente diluiu-se ao longo dos tempos e a perda de função militar acarretou a decadência da própria comunidade intra-muros. A vila transferiu-se para sudoeste, uma zona mais amena e propícia à fixação humana. Foi aí que se instalou o pelourinho e a casa da câmara, ambos com origens no século XVI, o que prova como, já por essa altura, o velho castelo roqueiro do reinado de D. Sancho I havia perdido grande parte da sua importância.
(Texto: IPPAR – PAF)
No reinado de D. Sancho I, no âmbito do esforço régio em fazer reconhecer a sua autoridade no Nordeste transmontano, Rebordãos foi uma das povoações que recebeu carta de foral, sinal de que era um aglomerado importante nos primeiros séculos de independência do reino de Portugal.
A forma elíptica do castelo parece ser o resultado da campanha de obras aqui realizada na viragem para o século XIII. Com efeito, a fortaleza não segue, ainda, a tendência oval dos castelos góticos de Trás-os-Montes e do Alto Douro (característica das reformas militar e administrativa do reinado de D. Dinis na região), limitando-se a acompanhar as condicionantes do terreno. Por outro lado, e apesar do estado de ruína da estrutura impossibilitar uma correcta leitura dos vestígios, o sistema defensivo interior parece ser muito rudimentar, desprovido, mesmo, de torre de menagem, mas a verdade é que não estamos suficientemente informados acerca do seu projecto fundacional.
O Abade de Baçal, já no século XX, identificou ainda alguns elementos interessantes, como “restos de fossos e muros com metro meio de largura por três de altura”, nas zonas aparentemente de mais fraca defesa, ou “paredes formando pequenos compartimentos (…) casas de habitação?”, no interior (ALVES, 4ªed., vol. IX, 1987, p.8). Elementos que, conjugados com outras descobertas no terreno, aguardam a definição de um projecto de intervenção arqueológica dirigido à Idade Média.
A importância medieval de Rebordãos não se manteve pelos séculos seguintes. O carácter complementar e de vigilância da sua fortificação certamente diluiu-se ao longo dos tempos e a perda de função militar acarretou a decadência da própria comunidade intra-muros. A vila transferiu-se para sudoeste, uma zona mais amena e propícia à fixação humana. Foi aí que se instalou o pelourinho e a casa da câmara, ambos com origens no século XVI, o que prova como, já por essa altura, o velho castelo roqueiro do reinado de D. Sancho I havia perdido grande parte da sua importância.
(Texto: IPPAR – PAF)
Galinha Revoltada
Deus criou o mundo em 7 dias, mais coisa menos coisa.
No oitavo, sem nada para fazer, criou um gabinete tipo provedor do utente, e dedicou-se a ouvir as eventuais reclamações.
A primeira a apresentar protestos foi a GIRAFA:
- Porra, Deus! Que sacanagem é esta?
Este meu pescoço enorme é ridículo! Não há espelho p'ra mirar...
- Calma, dona Girafa! Tudo foi muito bem pensado.
Com esse pescoço comprido, além de a senhora poder comer as folhas mais tenras, do alto das árvores, vai poder perceber a aproximação do inimigo antes dos outros animais e assim se defender.
A girafa ouviu as explicações e ficou convencida de que Deus, afinal, tivera uma boa idéia.
Logo depois entrou o ELEFANTE, injuriando:
- Puta Merda, Deus! Eu sou enorme de gordo, obeso e tenho esta tromba toda na minha cara. Isto é sacanagem! Vão dizer que sou trombudo, bucha!
Deus, pacientemente, explicou:
- Com esse tamanho todo, nem o Leão, que é o rei da selva, terá coragem de te enfrentar e, além do mais, graças a essa tromba, você é o único animal que pode tomar banho de chuveiro. À borla e com hidromassagem!
O elefante ponderou e chegou à conclusão que Deus tinha razão.
O terceiro animal da fila era a GALINHA, que já entrou metendo o pé na porta:
- NEM VEM COM EXPLICAÇÕES! ISSO NÃO DÁ P'RA MIM! DECIDE JÁ OU HOJE AQUI NINGUÉM DORME!!!
OU AUMENTAS O CÚ...
OU DIMINUIS O OVO!!!
No oitavo, sem nada para fazer, criou um gabinete tipo provedor do utente, e dedicou-se a ouvir as eventuais reclamações.
A primeira a apresentar protestos foi a GIRAFA:
- Porra, Deus! Que sacanagem é esta?
Este meu pescoço enorme é ridículo! Não há espelho p'ra mirar...
- Calma, dona Girafa! Tudo foi muito bem pensado.
Com esse pescoço comprido, além de a senhora poder comer as folhas mais tenras, do alto das árvores, vai poder perceber a aproximação do inimigo antes dos outros animais e assim se defender.
A girafa ouviu as explicações e ficou convencida de que Deus, afinal, tivera uma boa idéia.
Logo depois entrou o ELEFANTE, injuriando:
- Puta Merda, Deus! Eu sou enorme de gordo, obeso e tenho esta tromba toda na minha cara. Isto é sacanagem! Vão dizer que sou trombudo, bucha!
Deus, pacientemente, explicou:
- Com esse tamanho todo, nem o Leão, que é o rei da selva, terá coragem de te enfrentar e, além do mais, graças a essa tromba, você é o único animal que pode tomar banho de chuveiro. À borla e com hidromassagem!
O elefante ponderou e chegou à conclusão que Deus tinha razão.
O terceiro animal da fila era a GALINHA, que já entrou metendo o pé na porta:
- NEM VEM COM EXPLICAÇÕES! ISSO NÃO DÁ P'RA MIM! DECIDE JÁ OU HOJE AQUI NINGUÉM DORME!!!
OU AUMENTAS O CÚ...
OU DIMINUIS O OVO!!!
No Monte Alentejano
Então compadre, diga lá qual é o seu problema.
- Oh Sr. doutor, você sabe onde é que eu moro, é lá no alto do monte! Todos os dias me levanto, desço aquele monte todo e vou p'rá lida da minha horta. Mas depois, durante o dia, dá-me a vontade de... pronto, ir ter com a minha Maria, né verdade! Mas depois de subir aquele monte todo, um homem já não tem acção pra nada. Agora não sei o que fazer.
- Então faça assim, compadre: Em vez de ser você a ir ter com a sua Maria, faça ao contrário. Leve a caçadeira, e depois quando lhe der a vontade, dê um tiro e a sua Maria vai ter com você.
- Bem pensado, Sr. Doutor. Muito obrigado.
Passado um tempo, o alentejano vai outra vez ao médico para dizer como vão as coisas:
- Então compadre, deu resultado ou não deu?
- Deu sim senhor! Agora é uma maravilha! É só disparar a caçadeira e lá vem a minha Maria a correr! É uma beleza! Agora até são duas vezes ao dia, uma de manhã e uma à tarde!
Passado mais um tempo, o médico encontra o alentejano lá pelas ruas e dá-lhe uma palavrinha.
- Boa tarde compadre! Como é que vai a vida? Continua uma maravilha, espero eu.
- Oh Sr. Doutor, não me diga nada...
- Então homem, mas o que é que se passa? O compadre e a sua Maria não iam bem?
- Pois era Sr. Doutor, mas desde que abriu a época de caça nunca mais vi a minha Maria
- Oh Sr. doutor, você sabe onde é que eu moro, é lá no alto do monte! Todos os dias me levanto, desço aquele monte todo e vou p'rá lida da minha horta. Mas depois, durante o dia, dá-me a vontade de... pronto, ir ter com a minha Maria, né verdade! Mas depois de subir aquele monte todo, um homem já não tem acção pra nada. Agora não sei o que fazer.
- Então faça assim, compadre: Em vez de ser você a ir ter com a sua Maria, faça ao contrário. Leve a caçadeira, e depois quando lhe der a vontade, dê um tiro e a sua Maria vai ter com você.
- Bem pensado, Sr. Doutor. Muito obrigado.
Passado um tempo, o alentejano vai outra vez ao médico para dizer como vão as coisas:
- Então compadre, deu resultado ou não deu?
- Deu sim senhor! Agora é uma maravilha! É só disparar a caçadeira e lá vem a minha Maria a correr! É uma beleza! Agora até são duas vezes ao dia, uma de manhã e uma à tarde!
Passado mais um tempo, o médico encontra o alentejano lá pelas ruas e dá-lhe uma palavrinha.
- Boa tarde compadre! Como é que vai a vida? Continua uma maravilha, espero eu.
- Oh Sr. Doutor, não me diga nada...
- Então homem, mas o que é que se passa? O compadre e a sua Maria não iam bem?
- Pois era Sr. Doutor, mas desde que abriu a época de caça nunca mais vi a minha Maria
Recrutamento para a CIA
A CIA resolveu recrutar um atirador.
Após uma série de selecções, entrevistas e testes, escolheram três candidatos:
Um francês, um inglês e um alentejano.
Para a prova final, os agentes da CIA colocaram os candidatos diante de uma porta metálica e entregaram-lhes uma pistola.
-Queremos ter a certeza de que seguem as instruções, quaisquer que sejam as circunstâncias.
Dizem então ao francês:
- Por detrás desta porta você vai encontrar a sua mulher sentada numa cadeira. Terá que a matar!
- Estão a falar a sério?
Eu jamais mataria a minha mulher!
- Então você não serve, responde o agente.
Ao inglês deram as mesmas instruções.
Pegou na arma e entrou na sala.
Durante 5 minutos, tudo muito calmo.
Depois regressou com as lágrimas nos olhos.
- Tentei, mas não posso matar a minha mulher.
- Você também não está preparado para trabalhar nesta agência.
Pegue na sua mulher e vá-se embora.
Chegou enfim a vez do alentejano!
Deram-lhe as mesmas instruções, indicando-lhe que teria de matar a sua mulher. Ouviram-se tiros, um estrondo e depois outro... A seguir ouvem-se gritos, barulhos de móveis partir, etc...
Após alguns minutos fica tudo muito calmo...
A porta abre-se lentamente e o alentejano sai, limpa o suor e diz:
- Vocês bem me podiam ter dito que os tiros eram de pólvora seca! Tive que a matar com a cadeira...
Após uma série de selecções, entrevistas e testes, escolheram três candidatos:
Um francês, um inglês e um alentejano.
Para a prova final, os agentes da CIA colocaram os candidatos diante de uma porta metálica e entregaram-lhes uma pistola.
-Queremos ter a certeza de que seguem as instruções, quaisquer que sejam as circunstâncias.
Dizem então ao francês:
- Por detrás desta porta você vai encontrar a sua mulher sentada numa cadeira. Terá que a matar!
- Estão a falar a sério?
Eu jamais mataria a minha mulher!
- Então você não serve, responde o agente.
Ao inglês deram as mesmas instruções.
Pegou na arma e entrou na sala.
Durante 5 minutos, tudo muito calmo.
Depois regressou com as lágrimas nos olhos.
- Tentei, mas não posso matar a minha mulher.
- Você também não está preparado para trabalhar nesta agência.
Pegue na sua mulher e vá-se embora.
Chegou enfim a vez do alentejano!
Deram-lhe as mesmas instruções, indicando-lhe que teria de matar a sua mulher. Ouviram-se tiros, um estrondo e depois outro... A seguir ouvem-se gritos, barulhos de móveis partir, etc...
Após alguns minutos fica tudo muito calmo...
A porta abre-se lentamente e o alentejano sai, limpa o suor e diz:
- Vocês bem me podiam ter dito que os tiros eram de pólvora seca! Tive que a matar com a cadeira...
O Relógio no Porto
O José mostra orgulhosamente o seu novo apartamento a um amigo após um jantar bem regado.
Quando chegam à sala, o amigo repara numa tampa de panela, enorme, pendurada numa parede e pergunta:
- O que é aquilo?
O José responde:
- É o meu relógio!
- E como funciona? - pergunta o amigo.
O José pega num martelo e arregaça uma pancada enorme no gongo. De repente, ouve-se do outro lado da parede:
- Pró c ... , grandessíssimo filho da p .... SÃO DUAS HORAS DA MANHÃ!
- Num falha, carago!
Quando chegam à sala, o amigo repara numa tampa de panela, enorme, pendurada numa parede e pergunta:
- O que é aquilo?
O José responde:
- É o meu relógio!
- E como funciona? - pergunta o amigo.
O José pega num martelo e arregaça uma pancada enorme no gongo. De repente, ouve-se do outro lado da parede:
- Pró c ... , grandessíssimo filho da p .... SÃO DUAS HORAS DA MANHÃ!
- Num falha, carago!
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
O Despertar de um Castelo
O Mundo não é, de facto, pintado a preto e branco. Não critico, mas faz-me pensar se, numa região onde tanta coisa faz falta, será legítimo investir tanto dinheiro só em 3 dias quando o ano tem 365...dias, para os que cá vivem. Onde estão os investimentos para a criação de emprego? Onde está a habitação a preços controlados? Onde está a animação cultural dos bairros da área urbana? Onde está o investimento, sério, nas áreas rurais? Onde está o apoio, imprescindível à terceira idade? Onde está o investimento na cultura a que todos tenham acesso? Um milhar de turistas em três dias compensa a saída de milhares de jovens a caminho do litoral e do estrangeiro para poderem ganhar a vida?
Trata-se de...prioridades.
Mas lá que é bonito, sobre isso não tenho dúvidas.
Não sei se estou a ser "velho do restelo", mas...não há um ditado que diz que, as casas não se começam pelo telhado? O divertimento faz parte integrante e fundamental nas nossas vidas, mas não será um pouco acessório quando por estas bandas falta tanta coisa essencial?
QUEREMOS TRABALHO!...Falo em nome de todos os nossos filhos que, aqui, SEM CUNHAS, não conseguem sobreviver. A mim, estas festanças e este esbanjar, nada me diz...ou melhor, diz sim...diz e de que maneira.
(H.M.)
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Colóquios da Lusofonia
Os Colóquios da Lusofonia como embaixadores de culturas, ponte entre Bragança, Açores e Macau. É sob este mote que arranca o 9.º Colóquio Anual de Lusofonia, que decorre de 27 de Setembro a 2 de Outubro.
Organizado pela Câmara Municipal de Bragança que, pelo nono ano, presta homenagem à Lusofonia, o evento traz à Cidade escritores e estudiosos que vão abordar temáticas como “Língua Portuguesa no Mundo”, “Tradução”, “Acordo Ortográfico”, “Lusofonias/Insularidades/Açorianidade”, “Questões e Raízes da Lusofonia”, “Língua Portuguesa”, “A Herança Islâmica Portuguesa – Questões e Raízes da Lusofonia”, “Literatura Africana de Língua Portuguesa”, “Judeus e Marranos”, entre outras.
Organizado pela Câmara Municipal de Bragança que, pelo nono ano, presta homenagem à Lusofonia, o evento traz à Cidade escritores e estudiosos que vão abordar temáticas como “Língua Portuguesa no Mundo”, “Tradução”, “Acordo Ortográfico”, “Lusofonias/Insularidades/Açorianidade”, “Questões e Raízes da Lusofonia”, “Língua Portuguesa”, “A Herança Islâmica Portuguesa – Questões e Raízes da Lusofonia”, “Literatura Africana de Língua Portuguesa”, “Judeus e Marranos”, entre outras.
Programa |
Guerra Junqueiro
Nome: Abílio Manuel Guerra Junqueiro
Nascimento: 15-9-1850, Freixo de Espada à Cinta
Morte: 7-7-1923, Lisboa
Poeta e político português, nascido em 1850, em Freixo de Espada à Cinta (Trás-os-Montes), e falecido em 1923, em Lisboa, Guerra Junqueiro é entre nós o mais vivo representante de um romantismo social panfletário, influenciado por Vítor Hugo e Voltaire. Oriundo de uma família de lavradores abastados, tradicionalista e clerical, é destinado à vida eclesiástica, chegando a frequentar o curso de Teologia entre 1866 e 1868. Licenciou-se em Direito em Coimbra, em 1873, durante um período que coincidiu com o movimento de agitação ideológica em que eclodiu a Questão Coimbrã. Nessa cidade convive de perto com o poeta João Penha, em cuja revista literária, A Folha , faz a sua estreia literária. Durante a sua vida, combina as carreiras administrativa (exercendo a função de secretário dos governos civis de Angra do Heroísmo e de Viana do Castelo) e política (sendo eleito por mais de uma vez deputado pelo partido progressista) com a lavoura nas suas terras de Barca de Alva, no Douro. Nos anos oitenta, participa nas reuniões dos Vencidos da Vida , juntamente com Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós e António Cândido, entre outros. Reage ao Ultimato inglês de 1890, com o livro de poesias Finis Patriae , altura em que se afasta ideologicamente de Oliveira Martins, confiando na República como solução para os males da sociedade portuguesa. Entre 1911 e 1914, assume o cargo de Ministro de Portugal na Suíça. Na fase final da sua vida, retira-se para a sua propriedade no Douro, assinalando-se então uma viragem na sua orientação poética, que se volta para a terra e para "os simples", como atestam as suas últimas obras: Pátria (1896), ainda satírica, mas já de inspiração saudosista e panteísta; Os Simples (1892) - um hino de louvor à terra, de uma poesia que evoca a sua infância, impregnada de saudosismo, de recordações calmas e consoladoras e onde se sente uma grande ternura pela correspondente paisagem social; Oração ao Pão (1903) e Oração à Luz (1904), estas enveredando por trilhos metafísicos.
O anticlericalismo, que em vida lhe granjeou o escândalo e a fama, o estilo arrebatado, vibrante, apoiado na formulação épica do verso alexandrino de influência huguana, contribuíram para a apreciação do crítico Moniz Barreto: "Quando se procura a fórmula do espírito de Guerra Junqueiro acha-se que ele é muito mais orador que poeta e que tem muito mais eloquência que imaginação."
Poeta panfletário, confidencial, satírico e também religioso, o seu valor foi contestado na década de 20. No entanto, os seus defensores nunca deixaram de acreditar na sua genialidade como satírico e como lírico.da sua escrita:
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,
sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que
um lampejo misterioso da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,
não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,
sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,
descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação,
da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador; e este, finalmente,
tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política,
torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,
incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos,
iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,
e não se malgando e fundindo, apesar disso,
pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
Nascimento: 15-9-1850, Freixo de Espada à Cinta
Morte: 7-7-1923, Lisboa
Poeta e político português, nascido em 1850, em Freixo de Espada à Cinta (Trás-os-Montes), e falecido em 1923, em Lisboa, Guerra Junqueiro é entre nós o mais vivo representante de um romantismo social panfletário, influenciado por Vítor Hugo e Voltaire. Oriundo de uma família de lavradores abastados, tradicionalista e clerical, é destinado à vida eclesiástica, chegando a frequentar o curso de Teologia entre 1866 e 1868. Licenciou-se em Direito em Coimbra, em 1873, durante um período que coincidiu com o movimento de agitação ideológica em que eclodiu a Questão Coimbrã. Nessa cidade convive de perto com o poeta João Penha, em cuja revista literária, A Folha , faz a sua estreia literária. Durante a sua vida, combina as carreiras administrativa (exercendo a função de secretário dos governos civis de Angra do Heroísmo e de Viana do Castelo) e política (sendo eleito por mais de uma vez deputado pelo partido progressista) com a lavoura nas suas terras de Barca de Alva, no Douro. Nos anos oitenta, participa nas reuniões dos Vencidos da Vida , juntamente com Oliveira Martins, Ramalho Ortigão, Eça de Queirós e António Cândido, entre outros. Reage ao Ultimato inglês de 1890, com o livro de poesias Finis Patriae , altura em que se afasta ideologicamente de Oliveira Martins, confiando na República como solução para os males da sociedade portuguesa. Entre 1911 e 1914, assume o cargo de Ministro de Portugal na Suíça. Na fase final da sua vida, retira-se para a sua propriedade no Douro, assinalando-se então uma viragem na sua orientação poética, que se volta para a terra e para "os simples", como atestam as suas últimas obras: Pátria (1896), ainda satírica, mas já de inspiração saudosista e panteísta; Os Simples (1892) - um hino de louvor à terra, de uma poesia que evoca a sua infância, impregnada de saudosismo, de recordações calmas e consoladoras e onde se sente uma grande ternura pela correspondente paisagem social; Oração ao Pão (1903) e Oração à Luz (1904), estas enveredando por trilhos metafísicos.
O anticlericalismo, que em vida lhe granjeou o escândalo e a fama, o estilo arrebatado, vibrante, apoiado na formulação épica do verso alexandrino de influência huguana, contribuíram para a apreciação do crítico Moniz Barreto: "Quando se procura a fórmula do espírito de Guerra Junqueiro acha-se que ele é muito mais orador que poeta e que tem muito mais eloquência que imaginação."
Poeta panfletário, confidencial, satírico e também religioso, o seu valor foi contestado na década de 20. No entanto, os seus defensores nunca deixaram de acreditar na sua genialidade como satírico e como lírico.da sua escrita:
"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio,
fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora,
aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias,
sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice,
pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas;
um povo em catalepsia ambulante, não se lembrando nem donde vem, nem onde está, nem para onde vai;
um povo, enfim, que eu adoro, porque sofre e é bom,
e guarda ainda na noite da sua inconsciência como que
um lampejo misterioso da alma nacional,
reflexo de astro em silêncio escuro de lagoa morta.
Uma burguesia, cívica e politicamente corrupta até à medula,
não descriminando já o bem do mal, sem palavras, sem vergonha,
sem carácter, havendo homens que, honrados na vida íntima,
descambam na vida pública em pantomineiros e sevandijas,
capazes de toda a veniaga e toda a infâmia, da mentira à falsificação,
da violência ao roubo, donde provém que na política portuguesa sucedam, entre a indiferença geral, escândalos monstruosos, absolutamente inverosímeis no Limoeiro.
Um poder legislativo, esfregão de cozinha do executivo;
este criado de quarto do moderador; e este, finalmente,
tornado absoluto pela abdicação unânime do País.
A justiça ao arbítrio da Política,
torcendo-lhe a vara ao ponto de fazer dela saca-rolhas.
Dois partidos sem ideias, sem planos, sem convicções,
incapazes, vivendo ambos do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogos nas palavras, idênticos nos actos,
iguais um ao outro como duas metades do mesmo zero,
e não se malgando e fundindo, apesar disso,
pela razão que alguém deu no parlamento,
de não caberem todos duma vez na mesma sala de jantar."
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Para os Amantes das Touradas...
É enorme o tamanho da crueldade do ser humano!
“Os animais e a natureza são pouca coisa para o homem quando o homem é pouca coisa.”
“Os animais e a natureza são pouca coisa para o homem quando o homem é pouca coisa.”
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
Carta de um cliente ao BES
(Esta carta foi direccionada ao banco BES, porém devido à criatividade com que foi redigida, deveria ser direccionada a todas as instituições financeiras.)
Exmos. Senhores Administradores do BES
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. Rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria desta forma: todos os senhores e todos os usuários pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer outro produto adquirido (um pão, um remédio, uns litro de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.
Que tal?
Pois, ontem saí do BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como todo e qualquer outro serviço. Além disso impõe-se taxas de. Uma 'taxa de acesso ao pão', outra 'taxa por guardar pão quente' e ainda uma 'taxa de abertura da padaria'. Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.
Financiei um carro, ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobram-me preços de mercado, assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão.
Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri.
Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de crédito'-equivalente àquela hipotética 'taxa de acesso ao pão', que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar
Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de conta'.
Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa 'taxa de abertura de conta' se assemelharia a uma 'taxa de abertura de padaria', pois só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.
Antigamente os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como 'Papagaios'. Para gerir o 'papagaio', alguns gerentes sem escrúpulos cobravam 'por fora', o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos. Agora, ao contrário de 'por fora' temos muitos 'por dentro'.
Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobram-me uma taxa de 1 EUR. Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5 EUR 'para manutenção da conta' - semelhante àquela 'taxa de existência da padaria na esquina da rua'.
A surpresa não acabou. Descobri outra taxa de 25 EUR a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela 'taxa por guardar o pão quente'.
Mas os senhores são insaciáveis.
A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações de v/. Banco.
Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois de eu pagar as taxas correspondentes talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc., etc., etc. e que apesar de lamentarem muito e de nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto pela lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal. Sei disso, como sei também que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais, mas também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma.
A REVOLUÇÃO APROXIMA-SE!!!
Exmos. Senhores Administradores do BES
Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. Rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria desta forma: todos os senhores e todos os usuários pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer outro produto adquirido (um pão, um remédio, uns litro de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.
Que tal?
Pois, ontem saí do BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como todo e qualquer outro serviço. Além disso impõe-se taxas de. Uma 'taxa de acesso ao pão', outra 'taxa por guardar pão quente' e ainda uma 'taxa de abertura da padaria'. Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.
Financiei um carro, ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobram-me preços de mercado, assim como o padeiro cobra-me o preço de mercado pelo pão.
Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri.
Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de crédito'-equivalente àquela hipotética 'taxa de acesso ao pão', que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar
Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de conta'.
Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa 'taxa de abertura de conta' se assemelharia a uma 'taxa de abertura de padaria', pois só é possível fazer negócios com o padeiro, depois de abrir a padaria.
Antigamente os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como 'Papagaios'. Para gerir o 'papagaio', alguns gerentes sem escrúpulos cobravam 'por fora', o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos. Agora, ao contrário de 'por fora' temos muitos 'por dentro'.
Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobram-me uma taxa de 1 EUR. Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5 EUR 'para manutenção da conta' - semelhante àquela 'taxa de existência da padaria na esquina da rua'.
A surpresa não acabou. Descobri outra taxa de 25 EUR a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela 'taxa por guardar o pão quente'.
Mas os senhores são insaciáveis.
A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações de v/. Banco.
Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois de eu pagar as taxas correspondentes talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc., etc., etc. e que apesar de lamentarem muito e de nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto pela lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal. Sei disso, como sei também que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais, mas também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma.
A REVOLUÇÃO APROXIMA-SE!!!
Lhéngua Mirandesa
" Não é o Português a única língua usada em Portugal (...) fala-se aqui também o mirandês" anunciava, em 1882, José Leite de Vasconcelos no seu "Dialecto Mirandês" dando, assim a conhecer ao mundo a existência desta língua.
A sua origem remonta ao período em que, numa zona muito mais vasta, incluindo Astúrias e Leão, se começou a constituir um grupo de variedades romances com muitos traços comuns entre si e que as distinguiam de outras romances também em formação - por um lado, o galego - português e, por outro o castelhano. A esse conjunto romance deu a tradição linguística a denominação de leonês, denominação essa que tem vindo a ser substituída pela de asturo-leonês, mais conforme com a sua antiga extensão histórica e geográfica.
Trata-se de variedades que enfrentaram os séculos sem o apoio de uma escrita específica, dado que no tempo da sua maior pujança se escrevia exclusivamente em latim, e que passada essa época, só as línguas que correspondiam ao poder mais forte, politicamente centralizado e complexo, cultivaram escritas românticas e acabaram por estabelecer normas com tendência unificadora. Apesar disso, é possível à história da língua encontrar, sobretudo em documentos não literários, testemunhos escritos de existência e persistência desse antigo agrupamento linguístico ao longo dos séculos.
A manifesta perda de influência do primeiro reino cristão da Península que se viu politicamente absorvido pelo Reino de Castela, com carácter definitivo, a partir do século XIII (1226), fez com que o asturo-leonês fosse assimilado pelo castelhano e gorasse as suas possibilidades de expansão e de afirmação como língua nacional, o que não impediu no entanto, que do asturio-leonês tivessem permanecido vestígios. O mirandês, variedade do leonês ocidental, é disso um exemplo vivo.
Para que tal acontecesse várias circunstâncias históricas terão contribuído:
A pertença desta zona do nordeste transmontano, ainda em época de dominação romana, ao convento jurídico de Asturica Augusta e não ao de Bracara Augusta;
A pertença da Terra de Miranda à diocese de Astorga entre os séculos VIII e XII;
A não pertença de toda esta região de Bragança ao território que inicialmente integrou o Condado Portucalense;
A intensa colonização de que esta região foi alvo a partir do século XIII, como revelam as Inquisições de D. Afonso III, por agentes leoneses, mormente os mosteiros de Santa Maria de Moreruela e de San Martín de Castañeda, o mosteiro beneditino de Castro de Avelãs, os Templários de Alcañices e, outros particulares que terão mantido a posse da terra muito para além do século da fundação da nacionalidade portuguesa;
As relações privilegiadas, bastante antigas, entre Terras de Miranda e terras de Leão;
O isolamento desta região em relação ao resto do país a que, formalmente, há muito pertencia. Na realidade esteve, durante muitos séculos, mais voltada para Espanha do que para Portugal criando, por conseguinte, grandes afinidades culturais com as localidades mais próximas do país vizinho e condições para que o leonês sobrevivesse nesta zona.
Apesar de viver em estreito convívio com o português, numa situação de bilinguismo social, conseguiu resistir às pressões deste que, desde cedo, se começou a impor como língua socialmente mais prestigiada das duas.
Para esta resistência e vitalidade muito terão contribuído as suas funções sociais e simbólicas, de coesão, de solidariedade intra-grupal e de comunicação que fizeram nutrir, em épocas históricas diferentes, atitudes linguísticas favoráveis.
Tendo ao longo dos tempos, o Mirandês, tradição oral, passado de pais para filhos, só em finais do século XIX, com José Leite de Vasconcelos, famoso filólogo, arqueólogo e etnógrafo, começou a ser escrita e investigada. Bernardo Fernandes Monteiro da Póvoa; António Maria Mourinho de Sendim e Manuel Preto de São Martinho, entre outros, seguiram-lhe os passos.
Falada ou escrita, esta língua, reflecte a maneira de conceber o mundo, de ver, de pensar, estar, sentir e de ser dos mirandeses, ou seja, a sua cultura, de per si, muito rica.
Não se pode conceber uma língua, sem uma cultura envolvente, enraizada e capaz de, em intercâmbio, produzir elementos semânticos próprios.
A cultura mirandesa tem, de facto, uma componente etnográfica que a língua por sua vez, expressa.
Assim sendo, dá sentido aos laços da dança dos Pauliteiros, que vem da dança Indo-Europeia de Espadas; às danças paralelas e de roda; às cantigas da segada e demais rimances; às cantigas dos ciclos da lã, do linho e das mondas; às cantigas de ronda; às cantigas religiosas (Natal, Reis, Páscoa); aos jogos de roda, etc.
Do mesmo modo, algumas peças teatrais, conhecidas por "colóquios" que se fazem ao ar livre, em dias de festa, ensaiadas sobre grandes palcos (tratam temas de inspiração religiosa ou profana), são escritas e representadas em mirandês por gente do povo. Em todas elas aparece a figura do tonto, antigo bobo, com a missão de fazer troça com trovas, como se pode ver pelos versos:
Pobo que stais a oubir
Que muito bos anganhais
Bós dezis que you sou tonto
Mas bós inda sodes mais.
Agora de barriga chena
Yê que you me bou a stender
Em mirandês se contam histórias, se cantam e dançam as cantigas à volta da fogueira das festas pré-cristãs, do solstício de Inverno, do "carocho" e da "velha" de Constantim e da Velha de Vila Chã e de S. Pedro da Silva; se conversa e canta nos fiandeiros, reuniões familiares e de vizinhos, nas tardes e noites de Outono; se contam histórias, se discute acerca dos trabalhos agrícolas, se reza, se joga, nos serões de Inverno, à lareira, na cozinha, verdadeira sala de cultura do nascimento até à morte.
Em mirandês se informam os costumes comunitários, que vêm de tempos pré-romanos: partilha de lagares, eiras e vales, concelhos, arranjos de caminhos, festas e jantares rituais, trabalhos da lavoura (e seus instrumentos)...
A sua origem remonta ao período em que, numa zona muito mais vasta, incluindo Astúrias e Leão, se começou a constituir um grupo de variedades romances com muitos traços comuns entre si e que as distinguiam de outras romances também em formação - por um lado, o galego - português e, por outro o castelhano. A esse conjunto romance deu a tradição linguística a denominação de leonês, denominação essa que tem vindo a ser substituída pela de asturo-leonês, mais conforme com a sua antiga extensão histórica e geográfica.
Trata-se de variedades que enfrentaram os séculos sem o apoio de uma escrita específica, dado que no tempo da sua maior pujança se escrevia exclusivamente em latim, e que passada essa época, só as línguas que correspondiam ao poder mais forte, politicamente centralizado e complexo, cultivaram escritas românticas e acabaram por estabelecer normas com tendência unificadora. Apesar disso, é possível à história da língua encontrar, sobretudo em documentos não literários, testemunhos escritos de existência e persistência desse antigo agrupamento linguístico ao longo dos séculos.
A manifesta perda de influência do primeiro reino cristão da Península que se viu politicamente absorvido pelo Reino de Castela, com carácter definitivo, a partir do século XIII (1226), fez com que o asturo-leonês fosse assimilado pelo castelhano e gorasse as suas possibilidades de expansão e de afirmação como língua nacional, o que não impediu no entanto, que do asturio-leonês tivessem permanecido vestígios. O mirandês, variedade do leonês ocidental, é disso um exemplo vivo.
Para que tal acontecesse várias circunstâncias históricas terão contribuído:
A pertença desta zona do nordeste transmontano, ainda em época de dominação romana, ao convento jurídico de Asturica Augusta e não ao de Bracara Augusta;
A pertença da Terra de Miranda à diocese de Astorga entre os séculos VIII e XII;
A não pertença de toda esta região de Bragança ao território que inicialmente integrou o Condado Portucalense;
A intensa colonização de que esta região foi alvo a partir do século XIII, como revelam as Inquisições de D. Afonso III, por agentes leoneses, mormente os mosteiros de Santa Maria de Moreruela e de San Martín de Castañeda, o mosteiro beneditino de Castro de Avelãs, os Templários de Alcañices e, outros particulares que terão mantido a posse da terra muito para além do século da fundação da nacionalidade portuguesa;
As relações privilegiadas, bastante antigas, entre Terras de Miranda e terras de Leão;
O isolamento desta região em relação ao resto do país a que, formalmente, há muito pertencia. Na realidade esteve, durante muitos séculos, mais voltada para Espanha do que para Portugal criando, por conseguinte, grandes afinidades culturais com as localidades mais próximas do país vizinho e condições para que o leonês sobrevivesse nesta zona.
Apesar de viver em estreito convívio com o português, numa situação de bilinguismo social, conseguiu resistir às pressões deste que, desde cedo, se começou a impor como língua socialmente mais prestigiada das duas.
Para esta resistência e vitalidade muito terão contribuído as suas funções sociais e simbólicas, de coesão, de solidariedade intra-grupal e de comunicação que fizeram nutrir, em épocas históricas diferentes, atitudes linguísticas favoráveis.
José Leite de Vasconcelos |
Falada ou escrita, esta língua, reflecte a maneira de conceber o mundo, de ver, de pensar, estar, sentir e de ser dos mirandeses, ou seja, a sua cultura, de per si, muito rica.
Não se pode conceber uma língua, sem uma cultura envolvente, enraizada e capaz de, em intercâmbio, produzir elementos semânticos próprios.
A cultura mirandesa tem, de facto, uma componente etnográfica que a língua por sua vez, expressa.
Assim sendo, dá sentido aos laços da dança dos Pauliteiros, que vem da dança Indo-Europeia de Espadas; às danças paralelas e de roda; às cantigas da segada e demais rimances; às cantigas dos ciclos da lã, do linho e das mondas; às cantigas de ronda; às cantigas religiosas (Natal, Reis, Páscoa); aos jogos de roda, etc.
Do mesmo modo, algumas peças teatrais, conhecidas por "colóquios" que se fazem ao ar livre, em dias de festa, ensaiadas sobre grandes palcos (tratam temas de inspiração religiosa ou profana), são escritas e representadas em mirandês por gente do povo. Em todas elas aparece a figura do tonto, antigo bobo, com a missão de fazer troça com trovas, como se pode ver pelos versos:
Pobo que stais a oubir
Que muito bos anganhais
Bós dezis que you sou tonto
Mas bós inda sodes mais.
Agora de barriga chena
Yê que you me bou a stender
I bós stais todos de boca abiêrta
Cun bien ganas de comer.
Em mirandês se informam os costumes comunitários, que vêm de tempos pré-romanos: partilha de lagares, eiras e vales, concelhos, arranjos de caminhos, festas e jantares rituais, trabalhos da lavoura (e seus instrumentos)...
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