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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 30 de abril de 2024

Convívio Dia da Mãe - FELGAR

A PRAÇA CAVALEIRO DE FERREIRA E A NOVA SÉ CATEDRAL

Construção do Palácio da Justiça de Bragança

Deste modo se ia inscrevendo no espírito da opinião pública e dos que tinham capacidade de decisão os passos a dar quando começava a ser urgente a projeção de um novo ordenamento urbano. Todavia, apesar do novo limite que a linha férrea estabelecia, no lado poente da nova Avenida João da Cruz ainda sobrava espaço livre com suficiente amplitude para, já na vigência do Estado Novo, se formar uma nova praça – a Praça Cavaleiro de Ferreira, ministro da Justiça de Salazar –, contendo a novidade, em termos de urbanismo bragançano, de uma fonte de aparato. Seria delimitada a Norte e Sul pelos edifícios do Tribunal Judicial, residência dos magistrados e Caixa de Previdência, obras com uma intencionalidade arquitetónica monumental de modo a que a solidez do granito e a austeridade formal das suas linhas e volumes propagandeassem os critérios, políticos e estéticos, com que os dirigentes da época justificavam a sua legitimação. E se a estruturação da nova praça mostrava um assinalável afastamento das propostas apresentadas por Januário Godinho, merecedoras da aprovação do Governo em 1948, tal não significa que tivesse sido abandonada a ideia de fazer deste espaço o centro de uma dinâmica urbanística que abrisse outros horizontes a este centro urbano.




Em todo o caso, apesar da monumentalidade com que se edificou, a permanência de lotes sem utilização transmitiram duradouramente a sensação de um espaço fragmentado e carente da genuína vitalidade que, essencialmente, continuava a ser comandado a partir da Praça da Sé. Apesar da diversidade de linguagens estéticas, sinais dos diferenciados ritmos de ocupação de solos, será útil acrescentarmos que a sensação de desordenado campo aberto só se ultrapassou com a construção do Banco Nacional Ultramarino e, mais recentemente, com a do Teatro e de um bloco quase inteiramente dedicado à atividade comercial.

Capela de Santo António do Toural
Mas nenhum destes episódios construtivos invalidou a repetição de fenómenos mais antigos, visto que, antes destas obras, um dos lados da praça esteve destinado à implantação de um novo templo com funções catedralícias, o qual teria a servir-lhe de fundo a Escola Industrial e Comercial de Bragança. Para a concretização deste desígnio, na Quaresma de 1960 o bispo D. Abílio Vaz das Neves publicou uma pastoral respeitante à Sé Nova de Bragança, e em 14 de novembro de 1964 anunciou os nomes das pessoas que integravam a comissão executiva e a comissão de meios para levarem a cabo tão gigantesco empreendimento. Em 27 de outubro de 1963, no salão de festas do Paço Episcopal, o engenheiro João de Almeida, do Patriarcado de Lisboa, prestou esclarecimentos sobre o concurso de anteprojetos para a catedral que, logo no mês seguinte, se expuseram publicamente na Sociedade Nacional de Belas Artes.
Os propósitos iniciais relativos à construção da Igreja Catedral arrastar-se-iam no tempo por variados motivos, os quais decorriam de orçamentos curtos e também dos temores institucionais relativamente às novas tendências da arquitetura. Paralelamente, sentiam-se as dificuldades de conjugação das inércias que o tempo longo fomentava com alguns dos inovadores normativos que o Concílio do Vaticano II sancionou. Num outro tempo, à vista das grandes transformações que, cruzando os seus efeitos, produziram uma sociedade mais complexa, a Cidade respondeu expandindo-se, nem sempre bem, enquanto procurava responder às diversificadas solicitações que se exigiam.
D. Manuel de Jesus Pereira, que sucedeu a D. Abílio Vaz das Neves, aceitou aquele desígnio como herança e “mandou fazer nova planta, modesta, (e) escolheu o local, lá para as bandas do Toural, perto da Capela de Santo António”. O projeto chegou a ser exposto no salão da Câmara Municipal mas logo se esgotaram as vontades que o impulsionaram.

Diversas perspetivas da Catedral de Bragança



Passaram mais alguns anos para que o projeto da equipa do arquiteto Vassalo Rosa pudesse começar a concretizar-se, justamente com a abertura das fundações, iniciadas em 8 de junho de 1992. Este projeto, segundo o texto inserido no “Programa preliminar para a Nova Sé de Bragança”, de 1982, “tratando-se de uma igreja, além da verdade e pureza próprias de uma arquitetura autêntica, deve caraterizar-se por um conjunto harmónico de qualidades que exprima, em linguagem propriamente arquitetural, mais do que pelo recurso ao simbolismo das formas ou das decorações, o caráter sagrado do edifício que, pela consagração ritual, é retirado dos usos profanos e destinado a usos exclusivamente sacros. Por outras palavras, tanto exterior como interiormente, deve impor-se ao sentir comum dos homens não como um edifício que também pode ser uma igreja, mas como um edifício que não pode deixar de o ser”.
Agora, num outro sítio, encostando-se onde estiveram algumas cortinas do antigo Forte de S. João de Deus, edificou-se em Portugal a sua última catedral, inaugurada oficialmente em 7 de novembro de 2001 – sendo, como todas as catedrais portuguesas, dedicada a Nossa Senhora da Assunção.

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

Primeiro Despique de Bandas Filarmónicas, no dia 1 de junho, no Parque Municipal.

10 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

31 maio 1974-navarro

10 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

Biblioteca Municipal A. M. Pires Cabral | Yoga com Histórias para famílias.

 A Biblioteca Municipal A. M. Pires Cabral e a equipa de Apoio Municipal à Educação vão promover no dia 4 de maio, às 15h00, a atividade Yoga com Histórias para famílias.  Podem participar crianças dos 4 aos 9 anos, acompanhadas de um adulto.
Esta atividade visa proporcionar momentos em família e permitir uma interação positiva entre os participantes.

A atividade é gratuita, mas limitada a 15 inscrições.  A inscrição deve ser feita até ao dia 3 de maio, através do telefone 278 099 202 ou do email: bibliotecamunicipal@cm-macedodecavaleiros.pt

Jornadas Gastronómicas do Bacalhau, de 1 a 31 de maio.

Prova de Trial 4X4 juntou centenas de fãs e pilotos de renome em Bragança

Município de Bragança executa apenas 66% do orçamento devido a atraso da obra do Museu da Língua

 O município de Bragança, em 2023, teve um volume de receita de 71,43 milhões de euros e um volume de despesa de 47,44 milhões de euros. Quanto à taxa de execução da receita foi de 98% e da despesa de 66,40%


O relatório de contas foi apresentado, ontem, na Assembleia Municipal. O presidente da câmara, Paulo Xavier, explica que a execução da receita é apenas de dois terços devido ao atraso das obras do Museu da Língua Portuguesa. “Neste momento, temos o Museu da Língua Portuguesa com uma dotação de 16 milhões de euros. Como a obra não tem evoluído como queríamos, obviamente que não há despesa nesse ponto. Tem uma fraca evolução. Por exemplo, a nível de despesa é cerca de um milhão e meio, até está data, o que é pouco”.

O documento foi aprovado, com votos a favor do Chega, mas com a abstenção do PS e da CDU. José Pires, do Chega, diz que aprovação foi dada porque o relatório é relativo ao que já aconteceu. “As contas é um documento técnico onde se aprova, onde se faz o balanço daquilo que foi feito. É um documento sem qualquer dúvida”.

Já o Partido Socialista absteve-se. Segundo Luís Pires, o programa do PS era diferente do proposto pela autarquia. “De há dez anos para cá a autarquia não tem feito absolutamente nada que não seja aquilo que é expectável. Como sabemos que tudo que é a verba que a câmara tem vai ser utilizada no seguimento daquilo que vai ser o plano rectificado com os brigantinos, que é diferente do nosso, não apoiamos. Por outro lado, o que me parece mais grave é que nem esse é feito. Há coisas que foram acordadas com os brigantinos, em urna, com os brigantinos. O saneamento, por exemplo, não está a ser feito”.

A CDU também se absteve, uma vez que não foram vertidos no plano do município as propostas da coligação. “O orçamento não responde àquilo que são as necessidades do município. Nenhuma das nossas propostas está reflectida neste orçamento e portanto não está nesta prestação de contas”.

Na Assembleia Municipal foram ainda aprovadas duas moções. Uma da CDU para que definitivamente seja resolvido o problema das escombreiras das antigas minas do Portelo. E outra, apresentada por Idalina Brito para o recrutamento de juízes sociais no concelho.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

Comunidade Intermunicipal recebe 109 milhões de euros da CCDR Norte

 Com o objectivo de promover o desenvolvimento e a coesão territorial, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte assinou um contrato de 109 milhões de euros com a Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes


Faz parte do acordo entre o Governo e a União Europeia, passando depois as CCDR’s a estabelecerem os seus planos com as CIM’s. De acordo com o presidente da CIM Terras de Trás-os-Montes, Jorge Fidalgo, estes milhões serão aplicados em projectos para desenvolver a região. “Estas verbas são para alocar a vários domínios, nomeadamente à administração pública, eficiência energética, regeneração urbana, às infraestruturas, quer de educação, quer de saúde, equipamentos sociais, desportivos, à habitação a custos acessíveis, mas também às empresas, ao sucesso educativo, intervenção na área social, digitalização e alterações climáticas”.

Parte da verba é alocada a projectos específicos dos municípios, mas 22 milhões de euros serão geridos directamente pela CIM. Jorge Fidalgo destaca que a vigilância do território é uma das preocupações. “Há verbas que vão ser desenvolvidas e aplicadas pela CIM. Nós queremos juntamente com o CDOS e a GNR instalar mais câmaras de vigilância para a prevenção e combate aos incêndios”.

No entanto, o autarca considera que estes 109 milhões de euros deveriam ser aplicados em áreas para resolver problemas específicos da região, como o despovoamento e o envelhecimento da população, deixando criticas ao Governo. “Só conseguimos atrair e fixar jovens com políticas diferenciadoras e, muitas vezes, estes investimentos que vão também proporcionar, de alguma forma, essa fixação de pessoas, mas deviam ser feitos em função as especificidades do território e não quase que uma cartilha para todo o território do Norte”.

O contrato para o desenvolvimento e coesão territorial entre a Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte foi assinado na passada quarta-feira, em Penedono.

A CIM Terras de Trás-os-Montes abrange os municípios de Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Mogadouro, Miranda do Douro, Vila Flor, Vinhais e Vimioso.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

Mirandelenses preocupados com a falta de qualidade do ar que se respira na cidade

 Muito fumo e cheiro intenso a óleo e baga de azeitona é frequente nas manhãs. Duas unidades de extração de óleo de bagaço de azeitona nas áreas limítrofes da cidade apontadas como causadoras desta poluição


Nos últimos tempos, com muita regularidade, Mirandela tem acordado com uma neblina espessa que raramente se dissipa totalmente e um cheiro muito intenso a óleo e baga de azeitona, alegadamente proveniente de duas unidades industriais de extração de óleo de bagaço de azeitona. Uma em Latadas, freguesia de Frechas, em Mirandela, e outra em Leirós, na confluência entre Eixes e Rio Torto já no concelho de Valpaços.

Têm sido várias as fotografias partilhadas nas redes sociais e têm subido de tom as críticas ao desconforto provocado pela alegada poluição do ar em Mirandela

É o caso de José Beça. “Nas caminhadas que faço logo pela manhã, o cheiro a óleos e a baga de azeite e uma nuvem de fumo paira no ar da cidade”, conta este empresário que diz ser uma situação recorrente. “Desde outubro, novembro, quando começam a laborar os lagares, até ao Verão é regular e há alturas em que o cheiro é mais intenso e acho que não é isto que queremos para a qualidade do ar que respiramos na nossa cidade, e para quem procura o bem-estar da família não está a encontrar”, lamenta José Beça que já publicou uma série de fotografias na rede social a ilustrar a situação. “Fiz isso para alertar as entidades, porque, pelo que sei, já houve várias denúncias e ninguém tem feito nada, não passa só pela câmara e pela junta de freguesia, passa por outras entidades, mas acho que se todos juntos fizéssemos denúncia da situação era melhor, se bem que existem algumas linhas de apoio SOS que não atendem o telefone”, denuncia.

Também Nélson Vaz, que regularmente se desloca para Vila Flor, por razões profissionais, relata vários casos de intensa neblina que provoca visibilidade nua aos condutores. “Já me deparei com nevoeiro muito cerrado, fora do normal, e reparei que era resultante do fumo que saía da fábrica em que a visibilidade na estrada era zero, não se via um palmo à frente”, conta.

Nélson lembra que já ouviu relatos de acidentes devido a este tipo de situações, mas na variante de Valpaços, pelo que receia que um dia possa acontecer alguma tragédia também na zona de Latadas. “Possivelmente irá dar fruto a que existam acidentes”, alerta este mirandelense, confirmando que “quase todos os dias há fumos a sair e um cheiro anormal que chega à nossa cidade, principalmente pela manhã”, diz.

Também o presidente da concelhia de Mirandela do PSD já tornou pública a sua preocupação com este assunto, durante o programa “POLITICAMENTE FALANDO” na Terra Quente FM. “É um forte odor que se faz sentir na cidade que, efetivamente, causa incómodo, não faz bem, não dá uma boa imagem da cidade e é uma situação que se tem repetido anos a fio e deve haver algumas formas de mitigar este cheiro que provem das fábricas a funciona perto da cidade e há que fazer alguma coisa”, refere Nuno Magalhães.

Também os três vereadores da oposição na Câmara Municipal de Mirandela - Duarte Travanca, Francisco Clemente e Nélia Pinheiro – têm levado o assunto a várias reuniões do executivo, a última das quais aconteceu na reunião de 21 de março (tal como consta da ata da referida reunião) pedindo uma intervenção para efetuar uma medição da qualidade do ar para se conhecer o real impacto provocado.

Entretanto, já esta manhã, na reunião da Assembleia Municipal, o assunto foi suscitado pelo deputado municipal do PS, Mário Vilarinho, ao que a presidente da câmara lembrou que “já é uma problema que existe há muitos anos, mas que se tem agravado, porque a área do olival tem aumentado o que faz com estas fábricas tenham mais horas de laboração, mas são fundamentais para que se produza azeite”, acrescentou Júlia Rodrigues.

Quanto ao papel do Município sobre o caso, a autarca revelou que, por iniciativa do executivo, já houve uma reunião, no dia 23 de abril, a entidade competente nesta área é a CCDRN, e estamos a aguardar o relatório”, ressalvado que “nós só temos uma fábrica no nosso concelho, a outra é do concelho de Valpaços, mas evidentemente que os prejuízos têm sido para nós”, afirmou.

Foi a resposta da presidente da câmara de Mirandela, esta manhã, durante o período antes da ordem do dia da sessão da assembleia municipal.

Escrito por Terra Quente (CIR)
Foto: Terra Quente

Desemprego aumentou 4,6% na região

 Dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional referentes a Fevereiro


Segundo o último relatório do Instituto do Emprego e Formação Profissional, publicado na semana passada, em Fevereiro deste ano, no Centro de Emprego de Bragança estavam desempregadas 3515 pessoas, mais 156 em relação a Janeiro. Assim, verificou-se um aumento de 4,6%.

Em comparação a Fevereiro do ano passado, também se verificou um aumento de 6,5%.

O Centro de Emprego de Bragança abrange os concelhos de Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vimioso, Vila Flor, Vinhais.

A região acompanha assim a taxa de desemprego a nível nacional, que teve em Fevereiro um aumento de 6,7%, em relação ao mês anterior.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Ângela Pais

O Município de Mogadouro organiza o VIII Torneio de Ténis e orienta as linhas gerais do Qualifying.

 Esta primeira fase tem como objetivos principais a promoção e divulgação da modalidade, o convívio e confraternização em contexto desportivo, a dinamização de espaços concebidos em exclusivo para a prática do ténis e ordenação dos participantes para a fase final do torneio.🥎

Todas as informações disponíveis AQUI.

Macedo de Cavaleiros instala 4.300 contadores de água inteligentes na cidade

 O município de Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, terminou a instalação de 4.300 contadores de água inteligentes na cidade, num investimento a rondar os 1,1 milhões de euros, foi hoje anunciado.


Em comunicado, a Câmara Municipal disse que este é o maior projeto do género em todo o país a usar o LoRa (comunicação sem fios de longo alcance), para otimizar a gestão da rede pública, visando a diminuição do volume de água consumido e não faturado.

Ao longo de meio ano foram instalados na quase totalidade do perímetro urbano contadores mais modernos, que são ultrassónicos e com sistema telemétrico, “que permitem medir em tempo real o consumo doméstico e detetar anomalias no fluxo de fornecimento”, explicou o município.

Isso significa que, caso seja detetado um consumo fora do normal, é ativada uma equipa de técnicos para o local para averiguar se aconteceu uma rotura na rede ou um furto de água.

À Lusa, o presidente da autarquia, Benjamim Rodrigues, explicou que o investimento para reduzir as perdas de água começou há cerca de seis anos. Depois de um “compasso de espera”, porque havia a intenção de associar municípios numa solução comum que não se concretizou, Macedo de Cavaleiros resolveu avançar. 

Este novo sistema permitiu, por exemplo, detetar situações em que os munícipes estavam a ter “prejuízos avultados”, que se revelaram situações sociais graves, segundo o presidente da câmara.

“Constantemente nos deparamos com situações dessas, de aglomerados familiares grandes em que, sem estarem a contar, estas pessoas que têm os dinheiros contados durante o mês, têm faturas saídas do nada na ordem dos 1.000 euros”, disse Benjamim Rodrigues, que acrescentou que o município vai gerindo cada caso “de forma razoável e equilibrada”.

Agora, com estes contadores inteligentes concentrados onde está a maioria dos clientes, com a monitorização em tempo real a intervenção de reparação pode ser feita de forma célere.

Em 2017, segundo dados do Relatório Anual dos Serviços de Águas e Resíduos em Portugal da Entidade Reguladora dos Serviços de Água e Resíduos (ERSAR) mencionados no comunicado da autarquia, as perdas na rede pública em Macedo de Cavaleiros rondavam os 81%.

De acordo com os mesmos dados, em 2021 as perdas caíram para 66,57% e em 2022 voltaram a descer, para 57,60%, o que permitiu à autarquia poupar nesse ano 313.531 euros e um valor semelhante no ano seguinte.

No entanto, segundo Benjamim Rodrigues, os prejuízos anuais da autarquia com a água andam ainda entre “um milhão e os dois milhões de euros”, entre água não fatura ou que se perde nos ramais.

“O problema maior que temos são os 470 quilómetros de condutas que estão obsoletas, com mais de 30 anos e com materiais degradados, (…) o que nos obriga a ter duas equipas para reparações imediatas, para evitar perdas de água”, disse.

Benjamim Rodrigues avançou que, por isso, não está previsto para já a instalação de contadores inteligentes em meio rural, porque a maior preocupação é substituir as condutas danificadas antes desse passo.

“Faz mais sentido fazer a reparação da rede de abastecimento e depois fazer esse investimento”, afirmou, dizendo que as obras nas aldeias, com prioridade para as que têm as redes mais degradadas, vão continuar nos próximos anos, dentro das capacidades financeiras do município. 

Apesar de reconhecer que a despesa com a água continua a ser “uma pesada fatura”, Benjamim Rodrigues salientou a redução dos desperdícios, a rondar os 25% menos desde 2017.

“Estamos a fazer um caminho que nos enche de orgulho. Tínhamos perdas acima dos 81%, agora vamos na ordem dos 57% e temos indicativos de que irá passar para os 50%, à volta disso”, referiu Benjamim Rodrigues.

TYR // JAP
Lusa/Fim

PJ deteve suspeito de matar octogenário em Vinhais

 A Polícia Judiciária (PJ) deteve um homem, de 26 anos, suspeito de matar um homem de 84 anos em Vinhais a 17 de abril, anunciou hoje aquela força.

Em comunicado, a PJ refere que os factos ocorreram na via pública, quando o arguido alegadamente investiu na direção de um homem de 84 anos, empurrando-o e projetando-o contra o solo, provocando-lhe ferimentos que determinaram a sua morte.

A Lusa contactou fonte do comando distrital da Guarda Nacional Republicana (GNR), que confirmou que foram acionados nesse dia para uma alegada agressão num estabelecimento comercial, um café, na localidade de Rebordelo. Quando os militares chegaram, a vítima estava a ser assistida pela equipa médica do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

A GNR avançou ainda que o suspeito já não se encontrava no local, mas que foi identificado pelas autoridades pouco depois. No dia seguinte, a guarda entrou em contacto com o hospital de Bragança, para onde o idoso foi transportado, sendo possível apurar que se encontrava em estado grave.

O idoso acabou por morrer, sem que tenha sido possível apurar até ao momento a data em concreto. A investigação passou para a alçada da PJ.

O detido, suspeito de um crime de homicídio, vai ser presente a interrogatório judicial para aplicação das medidas de coação.

TYR/VCP // LIL
Lusa/Fim

Alegados ataques de abutres deixam produtores apreensivos no Douro Internacional

 Um alegado ataque de abutres ocorrido hoje em Bemposta, no concelho de Mogadouro, deixou apreensivo um produtor pecuário que, além do prejuízo causado, fala na proximidade, cada vez mais frequente, destas aves às populações.


“Tenho as vacas a pastar num terreno situado na aldeia de Bemposta há mais de uma semana, num lameiro em Bemposta, onde há casas de um lado do outro. Ao início da manhã fui ver o gado e estava tudo tranquilo e fui lavrar. Mais tarde voltei e vi os abutres a bicarem num vitelo recém-nascido, que acabou por morrer”, explicou à Lusa José Augusto Morais.

De acordo com este produtor, os abutres saírem do local de forma muita rápida, o que não deu para fotografar o bando destas aves necrófagas, “mas o prejuízo ficou”.

“Fiquei surpreendido pela forma como o alegado ataque foi feito e tão perto das casas. Em conversa, vou tendo conhecimento de mais casos, tal como aconteceu há uns dias numa localidade vizinha, onde o animal teve ser tratado para evitar a sua morte”, explicou.

No espaço de pouco mais de duas semanas, este é o segundo alegado ataque do género atribuído aos abutres, sendo que o primeiro aconteceu em 08 de abril na localidade de Vilar do Rei.

“Tratava-se de uma novilha que tinha estado em trabalho de parto. Depois de parir, o vitelo mamou e tudo parecia correr. Após o esforço de parto, a progenitora deitou-se e foi nesse momento que o bando de abutres atacou e feriu de morte o animal”, explicou à data o proprietário Paulo Vilariça.

Esta já não é primeira vez que estas aves necrófagas atacam nos terrenos destes dois proprietários, havendo outros registos em ambas as localidades.

Os produtores do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI) não duvidam que este tipo de ataque é cada vez mais frequente, havendo por vezes divergências entre as autoridades e os proprietários na forma de abordagem ao acontecimento e origem.

“Nesta matéria não posso fazer nada, apenas fico com o prejuízo”, vincou José Augusto Morais.

Contactado pela Lusa, o presidente da Câmara de Mogadouro, António Pimentel, que é também o presidente da Comissão de Congestão do PNDI, disse que “os proprietários terão de ser ressarcidos dos alegados prejuízos e que vai levar o tema à próxima reunião da comissão de cogestão, no próximo dia 07 de maio”.

A Lusa contactou o ICNF e aguarda resposta.

De acordo os especialistas em avifauna rupícola, o abutre - também conhecido por grifo - que regularmente nidifica em Portugal, com incidência no PNDI e Tejo Internacional, apresenta um estatuto de “espécie quase ameaçada”.

FYP // JAP
Lusa/Fim

A Praça da Sé

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Naquele tempo, a Praça da Sé era o centro do mundo!


Vindo da reclusão do Seminário Menor de Vinhais, chegar à Praça da Sé, pelo menos uma vez por semana, mesmo que a partir do Seminário Maior de Bragança, representava uma lufada de liberdade, apesar de mitigada, restrita e controlada. Em linha com a “primavera marcelista” anunciada após a célebre queda da cadeira no Forte de Santo António, no Estoril e fomentada, intramuros, pelas notícias que chegavam das “liberdades” aprovadas e recomendadas pelo Concílio Vaticano II.

Em ambos os casos o sonho voou mais célere, mais alto e mais ambicioso que a realidade.

Foi aquela praça o lugar de passagem para o outro lado da cidade, com ligeiro acréscimo de emancipação, no internato do Colégio S. João de Brito. A vigilância, mais branda e responsabilizadora não impedia o contacto com outras realidades surpreendentes e quase inverosímeis, vindas de lugares distantes. Muitos dos novos colegas eram filhos de emigrantes e, alguns deles, tinham o privilégio de ir passar as férias de verão a terras de França de onde traziam relatos inacreditáveis, quiçá fantasiosos, da vida quotidiana daquelas distantes paragens. Eram histórias que, apesar das juras de autenticidade por quem as contava, eram vistas, por quem as ouvia, como pouco críveis, no mínimo grosseiramente exageradas. Queriam fazer-nos crer que nos “boulevards” de Paris e de outras cidades e vilas gaulesas, os cidadãos, qualquer um, podia, se quisesse, sem mais nem menos, pronunciar-se, publicamente, contra o Governo da Nação, tecendo-lhe críticas, mesmo que injustificadas e, inclusive, dizer maledicências sobre os políticos e as políticas! Era lá possível? Por cá, nada disso era permitido e, pior que tudo, temia-se que as próprias paredes tivessem ouvidos. Só nos mais recônditos e esconsos esconderijos a boca se atrevia a verbalizar o que o pensamento criava, alimentava e, sigilosamente guardava. Os gauleses, ao que nos diziam, escreviam livros onde abertamente e sem subterfúgios criticavam, se tal lhes aprouvesse, as opções governamentais, as doutrinas estatais e o rumo da nação. Faziam-no sem qualquer entrave e até nos jornais havia colunas abertas à oposição e à livre expressão. Sem barreiras. Sem pressupostos. Em Portugal tudo passava pelo crivo prévio da Censura. Nada se publicava, nada chegava ao conhecimento da população sem o visto dos senhores do lápis azul que cortavam a torto e a direito não só o que, na sua “douta” e “esclarecida” opinião, contrariava a linha orientadora do regime como, inclusive, muito do que não entendendo, por suspeitarem esconder algo “impróprio” era igualmente rejeitado, por perigoso. As próprias peças de teatro levadas à cena pelas comissões de estudantes ou associações recreativas, tinham de estar devidamente autorizadas.
Autorização, era a palavra de ordem, primeira e precedente em toda a vida de então. Eu próprio só nasci porque o Estado assim o permitiu. A minha mãe, Regente Escolar, teve de ser autorizada a casar com o meu pai e este teve de provar ter meios suficientes para suportar a vida familiar de forma autónoma e independente. Casamento que retirou à minha mãe, toda e qualquer independência pois para tudo e para nada (quase nada era permitido às mulheres, nesse tempo) precisava, igualmente, da anuência do marido.
Insistiam os colegas a quem o sacrifício paterno de fuga à miséria através da emigração a salto lhes abria, nos três meses de verão, uma janela para um país que, visto de cá, parecia inventado, que tudo era lá, tão livre quanto natural. Os livros, fossem quais fossem eram lidos nos “autobuses”, sem ter de lhes esconder as capas nem ocultar os autores e os discos não só eram ouvidos por quem e onde lhes apetecesse como reproduziam temas tocados e cantados em praça pública em festivais de verão, mas também em festas e arraiais. E, destes últimos, traziam exemplares que a medo tocávamos em tempos mortos, nas camaratas, em grupos restritos crendo que, por serem cantados em francês eram menos perigosos por serem menos entendíveis que, ao que constava, os “bufos”, sendo diligentes eram pouco dotados, em geral! Mesmo assim foi com alguma emoção que ouvimos o Serge Reggiani a reclamar contra as normas militares de então e que, em surdina repetíamos “Monsieur le Président, je vous fais une lettre, que vous lirez peut-être … je ne suis pas sur Terre, pour tuer des pauvres gens… je m’en vais déserter!”

Desertar!

Como não pensar noutra coisa, quando a guerra no ultramar durava há tanto que parecia não acabar… e onde se consumiam tantas vidas de jovens pouco mais velhos que nós. O que, na minha infância, parecia uma ficção aterrorizadora, trazida nas ondas do rádio que, à noitinha, toda a aldeia se reunia, em casa de quem tinha esses mágicos aparelhos a pilhas (não havia electricidade disponível!) começava a transformar-se numa realidade cada vez mais presente, cada vez mais inevitável, cada vez mais próxima, cada vez mais dura. Em 1973 morreu em Angola um jovem da minha aldeia. Em choque escrevi um poema que publiquei mais tarde e que guardo com tristeza. Titulei-o de “post-scriptum” por ser a linha escrita depois da história (breve) da sua vida ter terminado.

A Poesia era um dos nossos refúgios.

Achávamo-nos poetas porque era difícil exprimir alguns sentimentos em prosa. E também porque as metáforas permitiam dizer o que pensávamos sem ter de o explicitar. Apesar do gosto pela métrica e pela rima que, normalmente conferem musicalidade e sonoridade ao poema (os poemas nascem para serem ditos, mesmo que em silêncio, para serem ouvidos, mesmo que “apenas” sentidos) nessa altura escrevíamos, sobretudo, versos brancos de rima livre “enganando” a opressão constante, presente e sufocante.

Escrevíamos e líamos.

No S. João de Brito, obviamente, mas a partir da Praça da Sé. Era no Café Chave D’Ouro que nos reuníamos para, num canto, discretamente, falarmos de Manuel Alegre, António Gedeão, Aquilino Ribeiro, José Gomes Ferreira e outros que nos entusiasmavam e davam alento à esperança de ver surgir a mudança. Lembro-me bem de quando um de nós mostrou o livro do Artur Portela Filho, “A Funda” embrulhado num jornal, para que não se visse a capa onde um busto com um buraco na testa prometia “estragos” na situação. Os livros eram comprados na Livraria Mário Péricles, a poucas passadas dali e procurados, com cuidado e muita reserva na secção de “culinária”. Eram depois trocados de forma sub-reptícia e com grande discrição. Com os discos era diferente. Não era tão fácil trocá-los e a sua audição requeria maiores cuidados.
Em 1972 comecei a frequentar o Liceu. Novos horizontes se abriram. O universo de colegas e a sua proveniência era maior e, sobretudo, maior e mais diversificado o conjunto de professores. Apesar dos cuidados e cautelas, nunca demasiados, foi notória a existência de um grupo de docentes “desalinhados” com a doutrina oficial que nos davam respaldo e em casa de quem, por vezes, noite fora, ouvíamos o Zeca, o Adriano e outros. Ficou-me gravada, talvez por a ter ouvido vezes sem conta, a impressionante “Grândola Vila Morena” onde o arrastar dos passos que lhe marca o compasso se misturava, quase harmonicamente, com os riscos naturais dos discos de vinil, depois de muito uso. De entre estes sobressaiu o padre Ferreira que nas aulas de Religião e Moral também nos dava lições de civismo e cidadania. Nesse ano viera a Bragança Veiga Simão, o Ministro da Educação, celebrando o quarto centenário da publicação dos Lusíadas. Recebido com pompa e louvaminhandos discursos das autoridades e dirigentes educativos. O padre vermelho, como era apelidado por alguns detractores que afiançavam que nos arredores de Paris, de onde viera, lia mais o Kapital do que a Bíblia, tratou de nos desconfortar, desmontando a hipocrisia de tamanha festa e concordante “plesbicito”. Ora se a poesia é para comer, como nos revelou Natália Correia, facilmente se depreende que se semeada, há-de nascer e dar frutos. Foi o que aconteceu, apesar da “destruição” precoce da geada.
Não podendo atuar livremente, não podendo expressar opiniões sem ser imediatamente impedido, não podendo tomar atitudes que não fosse celeremente cerceadas ficou uma única solução que, com a bênção eclesiástica tratámos de operacionalizar. Parte do grupo estava ainda no S. João de Brito, como semi-internos mas, outra parte tinha-se mudado para a cidade e moravam em quartos da Pensão Machado Cura, junto aos Correios. Coube-lhes a eles comprarem pincéis e tinta e levá-los, à hora marcada, para a entrada do Liceu. Nós esperámos que o silêncio nocturno demonstrasse que o Colégio dormia, sobretudo os prefeitos e demais pessoal de apoio e saímos por uma janela que dava para um terraço de onde descemos por uma escada de madeira “descuidadamente” deixada encostada ao bordo exterior. Passava da meia-noite quando, deixando o nosso café, Zip-Zip para trás e já com as luzes apagadas, nos encontrámos no portão liceal ao fundo da escadaria. Estava destrancado o que facilitou o acesso. Subimos, nervosos e excitados. Havia dois tipos de tinta: uma metalizada mais leve e outra vermelha mais espessa. Não queríamos causar dano permanente, apenas dar conta da nossa oposição à situação e por isso a primeira seria para usar nos vidros da porta de entrada e a segunda para escrever na pedra granítica do chão. Já não me recordo do texto que tínhamos acordado mas sei bem que, na soleira, começámos a pintar, em letras garrafais, a palavra proibida: LIBERDADE! Nos vidros pretendíamos escrever várias frases começadas por “Não”. Não levámos a cabo tal intento! Por razão que nunca foi possível apurar um contínuo do Liceu que, segundo constava, era informador, nunca tendo sido provado posteriormente, mas igualmente nunca tendo sido apurado o contrário, estacionou o carro ao fundo da escadaria pondo-nos, de imediato, em sobressalto. Quando, com uma lanterna de pilhas, começou a subir as escadas em direção ao local onde nos encontrávamos, ficámos em pânico. Num ato de desespero e para que nem tudo fosse perdido, derramámos a lata de tinta vermelha e desatámos a correr na direção das traseiras onde havia outro portão. Que, para nosso azar, estava trancado. Ainda hoje não sei como, quer eu quer os meus companheiros de aventura, saltámos a vedação de um pulo, sem que as pontas de ferro, em forma de lança, nos causassem qualquer rasgo nas roupas ou na pele. Corremos depois em direção à Estação dos comboios e, daí, seguimos pela rua Abílio Beça, até à Praça da Sé, pois então!
Foi na Praça da Sé que ficámos a respirar o nosso quinhão de liberdade, pequeno, minúsculo, pírrico, mas que nos encheu a alma, embora nos desinquietasse o espírito e nos atormentasse a razão. Os externos subiram a rua de novo, em direção aos Correios e nós caminhámos para o outro lado da cidade, ansiosos e receosos. Ao atravessar a ponte sobre o Fervença verificámos, com alívio que no Liceu estava todo o corpo de polícia da cidade (portanto não era possível haver ninguém atrás de nós, naquela altura) e que não sabiam por onde andávamos dado que as manobras de carro, acendendo e apagando as luzes, em diferentes direção, indiciavam que nos julgavam ainda dentro do recinto.
No dia seguinte havia poucos vestígios do que se passara, mas a notícia era comentada à boca pequena. Nenhuma das nossas proclamações vira a luz do dia, mas a semente estava lançada. O grupo “revolucionário” conseguiu nesse ano reivindicar e obter autorização para que a Direção da Academia fosse escolhida por voto direto e universal e que, apesar do apoio institucional à lista que se nos opunha, ganhássemos as mesmas, com larga maioria.
Foi este mesmo grupo que, em 25 de Abril de 1974, ao cair da tarde, depois das aulas e depois de confirmado o golpe militar em Lisboa, veio celebrar para a Praça da Sé. Que, igualmente nos recebeu no Primeiro de Maio desse ano onde no meio de grande festa e uma alegria sem tamanho, subindo ao pelourinho, no meio do largo, em meu nome e no dos que comigo ousaram expressar a sua opinião, na negra noite do fascismo ergui um cartaz de cartolina verde onde, em letras garrafais vermelhas tinha escrito a palavra que, desde o ano anterior estava escondida e incompleta: “LIBERDADE!”

A Praça da Sé foi e é, ainda hoje, para mim, a Praça da Liberdade

Maio de 2023

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia), A Morte de Germano Trancoso (Romance) e Canto d'Encantos (Contos), tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

IV Jogos Tradicionais

 A IV edição dos Jogos Tradicionais vai decorrer no 12 de maio, com início às 10h00, junto ao Edifício Side Up.
Será um momento de convívio entre os vários participantes durante os jogos e o almoço, que será oferta do Município.

As inscrições devem ser feitas até ao dia 6 de maio através do e-mail: educacao@cm-macedodecavaleiros.pt ou entregues no Gabinete de Educação, sito no Edifício Side Up.

Os primeiros classificados de cada modalidade irão representar o Município na final promovida pela Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes, que vai decorrer em Mirandela, no dia 16 de junho.

domingo, 28 de abril de 2024

3 figuras icónicas numa imagem da Feira das Cantarinhas.

Falta o Subiote de Lata que fazia a "delícia" dos estudantes para garantir que não havia lugar ao silêncio.

Estão quase a chegar a Bragança. Quantos de nós não terão episódios para contar onde esta imagem fará o melhor dos cenários...

Festa em Honra do Divino Senhor de Cabeça Boa

31 de MAIO de 1974 - Mensageiro de Bragança

O ÚLTIMO ENFORCADO EM BRAGANÇA

JORGE (José), como é mais conhecido, ou José Jorge de Figueiredo, como se vê numa carta que adiante se reproduz – Natural de Maçainhas, concelho de Belmonte, distrito de Castelo Branco; filho de Manuel Jorge de Figueiredo.
Fez parte da Divisão Auxiliar à Espanha e depois ficou pertencendo ao batalhão de caçadores n.° 3 em Bragança. Desertando por uma falta leve do serviço militar, viveu no Alentejo do produto do seu trabalho de campo.
Ultimamente, estando a servir em casa de José Rebelo em Vila Boim, próximo de Elvas, este, desconfiando que Jorge mantinha relações ilícitas com uma pessoa de sua família, levou-o enganado a casa do administrador ou regedor da vila, mandando, entretanto, a um seu amigo que juntasse gente e o prendesse. Jorge, vendo a atitude do povo e receando que o quisessem prender como desertor, deitou a fugir, ao mesmo tempo que Rebelo gritava sobre ele: «Agarra esse homem, que é o José da Gama», indivíduo a quem aquele povo imputava vários crimes como guerrilheiro.
Foi preso e testemunhas falsas, angariadas pelo Rebelo, acusaram-no de grandes crimes, como a fuga dos presos da cadeia de Almeida e outros, pelo que foi condenado à morte na forca e executado no campo de Santo António de Bragança, vulgarmente chamado Toural, a 3 de Abril de 1843. Talvez devesse ser executado na terra da sua naturalidade ou onde se dizia cometera os crimes, mas para que o facto tivesse menos eco, a pretexto de que fora soldado do batalhão de Bragança, aqui veio ser justiçado.
O povo de Bragança e arredores até bem longínquos tem este justiçado como vítima inocente da malvadez humana e venera-o como santo e mártir, depositando na sua sepultura cera, azeite, dinheiro e outras dádivas, em cumprimento de votos e petições cujo bom despacho atribui à intercessão deste padecente. Com o produto destas esmolas já se lhe erigiu no cemitério público uma capelazinha sobre o local que se julga ser a sua sepultura, fazendo-se-lhe muitos sufrágios no aniversário da sua morte.
Nesta capela arde permanentemente uma lâmpada e, além de muitas esmolas, há viçosas flores carinhosamente renovadas. A autoridade eclesiástica ainda não se pronunciou sobre este facto, pelo que nada podemos dizer sobre ele; no entanto informaremos que gente muito ilustrada, além da do povo, sente unanimemente sobre a santidade do malogrado José Jorge.
Esta crença geral, que poderia ter sua razão de ser como protesto contra as prepotências dos grandes e natural sentimentalismo pelos oprimidos logo em seguida ao facto, mal se explica hoje, passados oitenta e seis anos, espaço longo de mais para um povo impressionável como o nosso, mas que esquece facilmente essas impressões, persistir no mesmo pensar, a não haver um quid venerável que o justifique. Demais, a 19 de Setembro de 1845 foi enforcado em Chaves José Maria, por alcunha o Calças, natural de Faiões, junto a essa vila; pois a memória deste homem, o último justiçado civil no norte de Portugal, desapareceu com as suas cinzas, bem como a de Francisco Mendes, de Carção, de quem falamos adiante. Este facto, dada a proximidade de Chaves e Bragança e afinidade étnica entre um e outro povo, depõe grandemente sobre os méritos de José Jorge.
No «Livro dos óbitos da freguesia de Santa Maria da cidade de Bragança» há os seguintes trechos que lhe dizem respeito:
«José Jorge de Figueiredo, filho de Manuel Jorge de Figueiredo, natural de Maçainhas de Belmonte do concelho da Guarda, soldado que foi de caçadores n.° 3.Morreu na forca no campo de Santo Antonio desta cidade depois de ter recebido todos os sacramentos espirituaes no dia 3 de abril de 1843, tendo feito hua carta que escreveu Luís Teixeira capellão do dito corpo na qual pede a seu pae e mais vezinhos perdão das offensas e lhe roga que elle deixa tudo a seus sobrinhos, no caso de elle ser morto assim como lhe digão por sua alma seis Missas, e que repartam hua moeda pellos pobres mais necessitados do lugar.
Em ultimo lugar e já no cimo do Pativolo depois de ter feito hua exhortação moral a seus camaradas e a todo o povo a quem declarou a sua innocencia, entregou o papel ao capellão de São Bento, o Reverendo Manuel Annes, que contem o seguinte conforme se acha escrito no Periodico dos Pobres do Porto d’este anno n.° 94: “José Jorge de Figueiredo padecente que estou para ser enforcado em onra do meu porte melitar e cevil, tenho a declarar o seguinte: Digo não sei a razão porque fui exauturado das honras melitares tendo eu sido soldado fiel desde que assentei praça; andei no Exercito de Espanha athé que tive hua simples desserção que pratiquei por temer o castigo de certa cousa leve que me impotarão, e tendo depois como dessertor procurado viver por casa de patrões no Alemtejo, sustentando-me do meu jornal de travalhador de campo fui exautorado das ditas honras tendo outros cometido varias deserções rouvos e asacinos, morrem como melitares e não como paisanos, como aconteceo á pouco em Chaves.
Em onra do meu porte cevil e religioso, confesso que sempre fui temente a Deus e ás Justiças d’este mundo, e que a morte que me impõem só ma podiam empor por eu andar a servir quando desertor em Villaboim ó pé de Elvas, em casa de José Rebelo, que tendo este desconfianças de que eu tinha amizade illicita com familia de sua casa me levou enganado a casa do Regedor da dita Villa ou Administrador e nontanto mandou outro seu amigo a convidar gente para me prenderem e eu que vi tal gente, desconfiando que quizessem prender-me por desertor cuidei em fugir e logo então o dito Rebello gritou: agarrem esse que é o José da Gama homem a quemaquelle povo impotava varios crimes como guerrilheiro e assim fui eu prezo dizendo que era o tal Gama e logo tratou o dito Rebello de me imputar grandes crimes: como a fuga dos presos d’Almeida etc. etc. mas infelizmente só pode arranjar testemunhas falsas que me impuzessem a morte porque vou padecer innocentemente, mas o meu sangue um dia pedirá justiça no devino tribunal visto que pelos homens sou tão barbaramente condemnado e por isso perdoo a todos os que esta me tramarão para que Deus me perdoe a mim e agradeço a todo o povo de Bragança a parte do sentimento que toma na minha morte, que só Deus lh’o gratifica; e espero das auctoridades que esta minha confissão a façam publica. Campo de Santo Antonio 3 d’Abril de 1843. José Jorge”.
E não continha mais. E para constar me assigno dia, mez era ut supra.
O Prior, Innocencio Antonio de Miranda»
Segue a cópia da carta que José Jorge dirigiu ao pai e que foi escrita pelo então capelão do batalhão de caçadores n.° 3, reverendo Luís Teixeira (está no mesmo «Livro dos óbitos» da citada igreja de Santa Maria de Bragança):
«Meu querido Pai. Saude e venturas é o que lhe desejo i a toda a nossa familia a quem muito me recommendo.
Meu Pai. No fim de todos os meus trabalhos estou reduzido á ultima mizeria, em summa chigou a confirmação da minha sentença dia tres deste, vou padecer e espiar a culpa dos meus crimes a unica coiza que lhe peso he que logo que esta receba se lembre da minha alma.
A saber no caso de meu Pai ser morto deixo tudo o que me pertence a meus sobrinhos para que encommendem a minha alma a Deus e hua moeda de ouro para ser repartida aos pobres mais necessitados do logar i seis missas por minha alma i peço-lhe que me perdoem pello amor de Deus i a meus yrmãos da mesma sorte i adeus até o dia de juizo digo mais a todos os meus parentes amigos i conhecidos peso perdão que reprehendão os seus filhos para que não cheguem á minha desgraça i a todos peso me encomendem a Deus.
Bragança 1 de abril de 1843. Deste seu filho obediente – José Jorge Figueiredo».
«Entrou na Cadeia Civil desta cidade por ordem do Snr. Juiz ordinário deste julgado o prezo José Jorge solteiro natural de Maçainhas julgado de Belmonte da Beira Alta filho de Manuel Jorge do dito lugar tera o mesmo de altura cecenta e tres polgadas rosto redondo cor clara com hum risco na face esquerda barba cerrada olhos castanhos escuros, cavello da mesma cor vestido Jaqueta e calça de caragoça sem collete, disse ter de idade vinte oito annos ocupação que tinha sido soldado de caçadores numero tres athe ao dia nove do corrente mez que pello seu commandante do dito corpo foi mandado entregar á authoridade civil deste julgado para delle tomar conta por assim ser julgado no Supremo Tribunal do concelho de Guerra pelo crime de omecidio em que tinha sido acusado no concelho de guerra a que tinha ja respondido eu que este mandei fazer e subscrevi aos nove de março de mil oitocentos e quarenta e tres. O Carcereiro Agustinho José».
(De letra diversa segue a seguinte nota:) «Declaro que este Reo foi no ditho Supremo Tribunal condemnado a pena ultima». (À margem há mais estoutra nota:) «Foi inforcado no campo de Santo Antonio em dia 3 de abril de 1843. Bragança 19 de agosto de 1845.
Depois de 1834 foram justiçados no norte de Portugal (na área da Relação do Porto) catorze indivíduos, sendo quatro no Porto e dez em diferentes pontos, o último dos quais foi o Calças, em Chaves, em 1845, de quem se encontra o processo com todas as horripilantes circunstâncias do enforcamento no Museu Regional de Bragança.
Nos Contos de Afonso Botelho, Lisboa, Livraria de António Maria Pereira, 1894, desde págs. 63 a 83, deixou-nos este escritor (irmão do doutor António Botelho Sarmento, que vivia, casado, em Alvites, concelho de Mirandela), um interessante conto, que diz em nota ser «fundado n’uma tradição popular de Bragança».
Segundo se depreende do referido conto, José Jorge (dá-lhe simplesmente este nome) mantinha amores com uma tal Miquelina, do Pinheiro Velho, concelho de Vinhais. Foi visitá-la em três dias de licença na festa do dia de Natal, e um indivíduo, em companhia de quem fez parte da viagem (ao qual, numa expansão de amante feliz, contara a sua vida), aproveitou- se da escuridão da madrugada em que José Jorge dela se despediu para se lhe introduzir no quarto e fazer-lhe as suas exigências torpes, às quais a moça não acedeu, e, como gritasse por socorro, matou-a e ao pai e mãe que vinham em seu auxílio, evadindo-se depois sem que ninguém suspeitasse do crime, imputando-se as responsabilidades a José Jorge, donde resultou ser preso e julgado, mas absolvido por falta de provas.
Voltou ao serviço militar para caçadores n.° 3 em Bragança, de onde depois desertou, indo para o Alentejo como trabalhador de campo para casa de uma mulher casada que mantinha relações ilícitas com um primo.
Como tivesse conhecimento dessas relações despediu-se, suspeitando a adúltera que Jorge descobrira a sua maldade; não deu, porém, mostras disso e muito afável deu-lhe até um farnel com merenda para o caminho, escondendo juntamente com ela algumas pratas da casa; auxiliado pelo amante, o marido imputa as culpas a José Jorge, após de quem fez correr gente, conseguindo prendê-lo, fazê-lo julgar e condenar. Termina Botelho por dizer que mais tarde se vieram a descobrir os verdadeiros autores tanto deste crime do Alentejo como do de Pinheiro Velho.
Nunca ouvimos as espécies referentes ao caso do Pinheiro Velho, não obstando, porém, isso nada relativamente à sua veracidade; contudo achamos inverosímil – ainda mesmo atenta a circunstância de conto – que sendo José Jorge admitido à convivência da família de Miquelina, a ponto de cear com ela intimamente na clássica noite da consoada, como um membro que brevemente seria legítimo, se despedir assim em latim, como amante criminoso que tem todo o cuidado em ocultar as suas vistas. Além disso, pelos documentos que deixamos reproduzidos vemos como as coisas se passaram.

«Despezas que se fizerão para a construção da forca em que sofreu a pena capital José Jorge soldado que foi do Batalham n.° 3 de Caçadores:

21 taboas de choupo de J.° Ferz. carpinteiro a 160 cada uma. . . . 3:360
6 páos de castanho de Fran.co Glz. de Formil a 200 cada um . . . .1:200
Outro dito de cast.o de Magdalena de Formil . . . . . . . . . . . . ...... . . . 200
Outro d.o de Rosa Afonso de Formil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... 200
3 centos de pregos que se comprarão a Fran.co Joaq.m . . . . . . . . . 660
Duas barrumas ao m.mo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ..60
Duas d.as mais pequenas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 40
Quatro cavilhotes que fez Estevão Serralheiro. . . . . . . . . . . . . . . .... 190
Hûa corda que se comprou a Manuel Antonio Pizarro . . . . . . . ........ 810
4 geiras de carpinteiro a M.el Gama e M.el Parada a 240 cada uma.960
Hum páo grande a J.e Villa Nova. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 2:000
Outro d.o de M.el Melides Per.a . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2:000
Soma total ......................................................................................11:680 rs.»

(FONTE: Francisco Manuel Alves, Abade de Baçal.)