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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues, João Cameira e Rui Rendeiro Sousa.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 12 de setembro de 2025

"ISSO É EM PORTUGAL E NA EUROPA!..."

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")


 Estando na companhia amiga de meu cunhado, a almoçar suculenta feijoada brasileira, onde não faltava boa farofa, couve guisada e abundante carne, tudo bem regado com fresco e encorpado vinho gaúcho, este, volvendo-se afetuosamente, para mim, disparou: 
- " Por que não obtêm Bilhete de Identidade brasileiro, como o avô de minha mulher, que era português?
Fiquei mudo de espanto.
Ele, risonho, prosseguiu:
 - " Eu ajudo... Casou com comunhão de bens, com paulistana, em Perdizes, perante Juiz de Paz. Foi abençoado na Bexiga. Tem muita família e amigos, no Brasil, e casa em Santa Catarina. Fala português. Tem documentos brasileiros. Não é jovem, em breve estará aposentado. Não vai tirar emprego a ninguém..."
Enquanto assim falava, pensava na alegria que daria a minha mulher de poder passar, em minha companhia, a velhice, no torrão natal.
Fomos à Polícia. Atendeu-nos jovem funcionário. Historiei a situação, apresentei certidão de casamento...
Alegrei-me, quando me disse:" Basta, sendo português, com casa no Brasil, não deve haver obstáculo”.
Gentilmente indicou o fotógrafo, que tirava retratos, com os requisitos necessários.
De fotografias na mão, dirigi-me de novo à Polícia. Mandaram-me preencher papelada...
Depressa se esvaneceram as minhas esperanças. O malfadado computador, teimava em não aceitar os documentos, perante a estupefação do amável empregado.
Então surgiu homem grandalhão, de voz meiga, lamentando o sucedido. "Que fosse á Polícia Federal...Que fosse á Federal..."
Receoso, penetrei no edifício da Federal. Expûs o pretendido. Encaminharam-me para gabinete sobriamente decorado, onde fui recebido por carrancudo guarda. Ao tomar conhecimento do pretendido, a fisionomia desnudou-se, abrindo-se em festivos sorrisos:
- " Para nós, os portugueses, são nossos irmãos. Infelizmente não o posso satisfazer. Mas consegue, direito de residência; mas, cuidado! se ausentar mais de seis meses, caduca! Naturalmente, se pedir, será de novo concedido”.
Respondi-lhe: o brasileiro, para obter a nacionalidade portuguesa, basta-lhe ter ascendência portuguesa, ou residir meia dúzia de anos em Portugal...
Com disfarçado risinho, bailando nos grossos lábios, afirmou:
- "Isso é em Portugal! e na Europa!...”


Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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