quinta-feira, 11 de maio de 2017

Manuel Paulino de Oliveira

Conselheiro, comendador da ordem de Cristo, sócio do Instituto de Coimbra, da Sociedade Entomológica da França e da Bélgica e da Sociedade de História Natural de Espanha. Natural de Bragança, onde nasceu a 11 de Novembro de 1837 e faleceu em Coimbra a 25 de Agosto de 1899, pela uma hora da madrugada. Era lente de filosofia (aposentado) por decreto de 3 de Setembro de 1898; havia-se doutorado a 27 de Julho de 1862 (554). Por decreto de 24 de Novembro de 1864, sendo substituto extraordinário da faculdade de filosofia, foi promovido a substituto ordinário. A Sociedade de Geografia de Lisboa, em sessão de 6 de Novembro de 1899, exarou um voto de sentimento pela morte deste ilustre bragançano. (Sumário das sessões da dita Sociedade desde a sua fundação até 31 de Dezembro de 1900, págs. 104).
Regeu no princípio na Universidade de Coimbra a cadeira de química da faculdade de filosofia e mais tarde a de zoologia, que era a sua especialidade, onde se tornou notável como classificador, chegando a sua fama ao estrangeiro.
Deixou escritas no Jornal da Academia várias notas sobre insectos da África portuguesa. Na Revista da Sociedade de Instrução do Porto e no Instituto de Coimbra publicou as suas listas de coleópteros portugueses, reunidos depois em volume que abrangem 2329 espécies distribuídas por 660 e tantos géneros e representando os cecilídeos e os carabídeos nacionais. É este, pela amplitude, o seu trabalho mais notável.
Mais tarde, os opistobrânquios de Portugal, que possuía nas suas colecções, forneceram-lhe material para organizar a lista respectiva, abrangendo 45 espécies, 13 das quais são novas para a fauna do Atlântico e 27 para a nossa.
Os hemípteros portugueses, em número de 382 espécies, forneceram-lhe elementos para um novo catálogo e bem assim as nossas faunas mamológicas, ornitológicas e herpetológicas, estas últimas ampliadas com bibliografias, processos de captura, transporte, conservação, frequência, vocabulário popular e distribuição geográfica. O seu trabalho de classificação e busca é considerável e notavelmente concorreu para a realização do inventário da fauna do país. São notáveis os serviços que prestou ao Museu de Coimbra, de que foi director nos últimos anos.

Escreveu mais:
Dissertação inaugural para o acto de conclusões magnas de... Coimbra, Imprensa da Universidade, 1862. 8.º de 70 págs. O argumento desta tese era: Haveria um ou mais centros de criação vegetal? Dado em congregação da faculdade de filosofia de 20 de Novembro de 1861.
Mélanges entomologiques sur les insectes du Portugal. Coimbre, 1876. 8.º de 59 págs.
Relatório da comissão nomeada para assistir ao Congresso Filoxérico da Suíça e visita aos vinhedos de França a fim de estudar os meios de combater a nova moléstia das vinhas. Coimbra, 1878. 8.º de 224 págs.
Études sur les insectes d’Angola qui se trouvent au Muséum National de Lisbonne, in Jornal da Academia. Lisboa, 1879-1880.
Études sur les insectes de l’Afrique qui se trouvent au Muséum National de Lisbonne, in Jornal da Academia. Lisboa, 1880.
Catalogue des insectes du Portugal – Coleopteres. Coimbra, 1892 (?).
Opistobranches du Portugal. Coimbre, 1895.
Tabela dicotómica para a determinação dos mamíferos de Portugal. Coimbra, 1895. 1 vol. de 8 págs.
Eastonia Locardi – Número especial. Porto, 1896.
Catalogue des hémiptéres du Portugal – Heteroptéres. Coimbre, 1896. 8.º de 80 págs.
Répteis e anfíbios da Península Ibérica e especialmente de Portugal. Coimbra, 1896. 8.º de 61 págs.
Aves da Península Ibérica e especialmente de Portugal. Coimbra, 1896 (556). 8.º de 202 págs.
Préparation et conservation de quelques animaux par l’Aldéhyde formique. Coimbra, 1895, 8.º de 8 págs.
Em 1877 foi escolhido pelo governo português para seu representante no Congresso Antifiloxérico de Zurique, na Suíça, onde se distinguiu pelas suas comunicações e propostas. Por esta ocasião, o governo francês condecorou-o com o grau de cavaleiro da Legião de Honra. Voltando ao país, foi incumbido pelo ministro da Marinha da coordenação e classificação dos insectos de Angola e nomeado pelo ministério do Reino em 1878 presidente da comissão antifiloxérica do norte, onde prestou grandes serviços que lhe valeram em recompensa a carta de conselho (557).

Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança

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