Mamoa de Donai |
Professor de francês e desenho no Liceu Nacional de Bragança, secretário do mesmo, sócio correspondente da Sociedade Martins Sarmento (secção arqueológica) e da Associação dos Beneméritos Italianos, com medalha de ouro de 2.ª classe. Era natural de Moncorvo, onde mostrou o génio empreendedor fundando uma fábrica de sabão, que chegou a ter grande importância. É verdade que a tradição do fabrico dos sabões de Moncorvo, de que fala Carvalho da Costa, é já antiga.
Nasceu a 20 de Fevereiro de 1835 e faleceu na cidade do Porto a 7 de Outubro de 1904. Frequentou a Academia Politécnica da mesma cidade, onde obteve o 3.º accessit na 8.ª cadeira no ano lectivo de 1856-1857, e concluiu o curso de farmácia, fazendo exame na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, em 14 de Novembro de 1857.
Em 1863 foi nomeado professor de francês, geometria e desenho para o Instituto de Guimarães; em 1870 professor, em comissão, para o Liceu Nacional de Bragança; em 13 de Janeiro de 1881 foi provido definitivamente na cadeira de francês deste mesmo liceu, de que foi nomeado reitor em 20 de Abril de 1887. Em 11 de Maio de 1876 havia já sido nomeado secretário do referido liceu.
Foi por várias vezes eleito procurador à Junta Geral do Distrito de Bragança e vogal da comissão distrital.
Quando esteve em Guimarães, como professor do Instituto, publicou no Vimaranense uma série de artigos sobre diversos assuntos, principalmente arquitectura.
É a José Henriques Pinheiro que se deve em Bragança o gosto pelos estudos arqueológicos, em que muito trabalhou, procedendo a escavações em Castro de Avelãs por conta da Sociedade Martins Sarmento de Guimarães e visitando ou colhendo informações nos locais assinalados por vestígios de civilizações extintas, concorrendo muito para a determinação da estrada romana, a que se refere o livro abaixo citado, por trazer a lume miliários até ao tempo ignorados.
Pela sua aposentação em 1894, saiu de Bragança a 11 de Janeiro de 1895 e foi viver com a família no Porto, onde, como atrás dissemos, faleceu.
Escreveu: Estudo da estrada militar romana de Braga a Astorga, em que são determinadas todas as estações da referida via. Porto, Imp. Civilização, 1896. 4.º de 131 págs. É uma interessante monografia sobre uma das cinco estradas romanas de Braga a Astorga, que, embora não corresponda inteiramente ao indicado no título, lançou muita luz acerca deste intrincado problema, a que Henriques Pinheiro dedicou aturado estudo, não se poupando a trabalhos sobre o campo, principalmente na região bragançana, onde a estrada passava.
Também colaborou na Revista de Guimarães, vol. V, págs. 71 e segs. e vol. VI, págs. 53 e segs., acerca das investigações que fez em Castro de Avelãs.
José Pinheiro era, além disso, dotado de um génio empreendedor, pelo que, ainda por este lado, tem direito ao nosso respeito. No intuito de beneficiar Bragança, incutindo-lhe gosto pela indústria, chegou a montar uma fábrica de massas (macarrão) e outra de sabão, que algo prosperaram, e pela sua persistente tenacidade manteve enquanto esteve em Bragança, ao mesmo tempo que procurava difundir a indústria avícola por meio de chocadeiras artificiais.
A Portugália, tomo II, pág. 482, consagrou algumas linhas necrológicas à memória do nosso biografado.
Em 1888 concorreram à Exposição da Avenida treze fábricas, e entre elas a de Bragança, propriedade de José Henriques Pinheiro, que produzia cerca de seiscentos quilos de sabão por ano e que vendia à razão de 140 réis o quilo.
Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança
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