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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 5 de março de 2013

Para que serve a história


Não conheço curso mais útil do que o de História. Era aquele que gostaria de ter tirado, jornalista que sou. É o que considero, passados alguns anos nesta profissão, que me teria sido mais útil do que o muito fechado curso de Ciências da Comunicação que tirei - na altura, e hoje, com muito orgulho. Jornalismo é, em última análise, história a ser feita. Mas, lá está, ao jornalista pede-se profissionalmente que saiba avaliar essa qualidade, a histórica, o que distingue o factoide do facto, a breve da manchete. Daí a história ser um dos mais importantes conhecimentos que um jornalista deve ter.
Ao jornalista é bem útil saber de onde vem o mundo para perceber para onde vai. Como, aliás, a qualquer ser humano, razão pela qual repito a primeira linha desta crónica: não conheço curso mais útil do que o de História. Esta não é uma questão pessoal, portanto. Não diz apenas respeito ao jornalismo. Penso em todas as outras profissões que existem à face da terra - e mesmo as que operam a algumas milhas estratosféricas de distância, de piloto, engenheiro aeronáutico, a astronauta - e não encontro uma para a qual a história não seja uma disciplina determinante. Saber história é como saber onde pomos os pés quando andamos. Além disso, a história tem uma enorme vantagem sobre todas as outras disciplinas: é tão abrangente como a mais abrangente delas e tão específica como a mais específica delas. Por isso, é minha convicção que não devia haver nenhum curso que não tivesse a história como a sua base. Talvez se evitassem muitos erros. Em todas as áreas. Ou evitássemos repetir sempre os mesmos erros.
Se eu fosse futebolista, aprenderia muito ao passar em revista todos os golos já marcados até eu entrar em campo. Se eu fosse engenheira... bom, acho que não podia ser engenheira sem saber as teorias básicas que formaram a engenharia, uma arte do fazer qualquer coisa sobre qualquer coisa. Se eu fosse agricultora teria muitas vantagens em saber o que os meus antepassados tinham feito com a terra que se me colocava à frente para tirar dela frutos. Imaginem que, se eu fosse economista, até achava que havia uma fatia muito grande da minha disciplina, genericamente apelidada como a gestão de bens escassos, que era, precisamente... história. A história das necessidades, dos desejos, das crises e das prosperidades. Olhando para a crise em que nos encontramos, por exemplo. Uma das minhas quase imediatas reações seria encontrar as semelhanças e diferenças em relação a outras. E, nessas semelhanças e diferenças, de reações, de indicadores, de políticas, procuraria inspiração para lidar com a crise atual. Se eu fosse gestora, de qualquer empresa que me tivesse sido colocada em mãos, ganharia certamente muito em conhecer o passado da área em que me movia com o objetivo sempre pragmático de encontrar uma nova área de negócios. E se, nessa função de gestão, e face aos desafios cada vez mais complexos que se nos colocam pela frente neste mundo cada vez mais ligado, tecnológico e estranho, eu tivesse de contratar alguém cuja visão do mundo fosse determinante para a função a desempenhar, não hesitaria em contratar alguém com formação histórica, alguém que pela simples razão de conhecer outras visões do mundo, passadas e presentes, me dava a garantia de não reinventar a roda.
Finalmente, se eu fosse portuguesa, e tivesse atrás de mim mais de oitocentos anos de história, a história seria para mim muito mais do que uma disciplina. Faria parte do meu ADN. Uma história rica de peripécias de um dos povos mais marcantes do mundo, ainda por cima. Pequeno, mas interessante. Daquilo que tanto podia ser um desbloqueador de conversas entre desconhecidos num jantar formal como um negócio com muito futuro.

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