Portugal, Bragança, Carrazeda de Ansiães, Lavandeira
Arquitectura religiosa, pré-românica e gótica. Capela de fundação pré-românica, de planta longitudinal simples com nave e capela-mor mais estreita e baixa, com fachada principal em empena rasgada por pequena fresta. Fachadas laterais rasgadas por frestas e portas travessas, ambas dinteladas, assente em impostas de perfil curvo e encimadas por tímpano. Capela-mor gótica, com arco triunfal em arco apontado.
Número IPA Antigo: PT010403070030
Categoria
Monumento
Descrição
Planta longitudinal simples, com nave e capela-mor, em ruínas e sem cobertura, de volumes escalonados, com pé-direito maior na nave, rematado em empena. Fachadas em silharia de granito, terminadas em cornija suportada por cachorrada. Fachada principal virada a O., em empena, apenas com fresta axial. Fachada lateral esquerda virada a N., com porta assente em impostas salientes, de perfil curvilíneo, encimada por tímpano curvo, emoldurado por friso cordiforme; é ainda rasgada por duas frestas na nave e uma na capela-mor. Fachada lateral direita virada a S., com porta composta por lintel assente em impostas salientes, de perfil curvilíneo, uma delas decorada com cruz de Cristo, encimado por tímpano curvo, ligeiramente reentrante, com quatro linhas horizontais incisas e moldura tripla toreada; é rasgada por duas frestas na nave, decorada superiormente por duas incisões, formando um pequeno arco de volta perfeita, e janela quadrada na capela-mor.
Fachada posterior com frestas axiais na nave e capela-mor, ambas com remates em empenas. INTERIOR com arco triunfal de perfil quebrado, duplo, o interior assente em impostas salientes. Na capela-mor, subsistem vestígios do pavimento em lajes de granito.
Acessos
A partir de Carrazeda de Ansiães, por EM em direcção a Selores, após cerca de 4 Km. à esquerda, em direcção ao Castelo de Ansiães
Protecção
MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 740-FS/2012, DR, 2.ª série, n.º 252, de 31 dezembro 2012
Grau
2 - imóvel ou conjunto com valor tipológico, estilístico ou histórico ou que se singulariza na massa edificada, cujos elementos estruturais e características de qualidade arquitectónica ou significado histórico deverão ser preservadas. Incluem-se neste grupo, com excepções, os objectos edificados classificados como Imóvel de Interesse Público.
Enquadramento
Rural, isolado, a meia encosta, implanta-se sobre uma plataforma no monte onde se implanta o Castelo de Carrazeda (v. PT010403070002), cerca de 100 m. antes das muralhas da vila, junto à entrada municipal que dá acesso à porta principal da vila muralhada.
A paisagem envolvente é dominada pela presença de rochedos graníticos envolvidos pela vegetação de pinheiros, giestas e carrascos. A cerca de 20 metros a S., encontra-se uma necrópole de sepulturas escavadas na rocha, de que são visíveis três sepulturas antropomórficas, abertas em paralelo no afloramento granítico.
Descrição Complementar
Utilização Inicial
Religiosa: capela
Utilização Actual
Devoluto
Propriedade
Pública: estatal
Afectação
IPPAR, DL 106F/92, de 1 Junho
Época Construção
Séc. 11 (conjectural) / 15
Arquitecto / Construtor / Autor
ARQUITETO: Baltazar de Castro (1930).
Cronologia
Séc. 11 - provável construção da primitiva igreja, de que resta a actual nave; 1384, 19 Junho - documento referindo a existência de duas igrejas em Ansiães, às quais ordena que dêem as terças para a reparação das muralhas da vila; séc. 15 - remodelação do edifício e construção da actual capela-mor; séc. 16, início - D. Manuel I transforma a antiga abadia, com apresentação da Câmara de Ansiães, em reitoria, de apresentação régia, pertencendo à comenda da Ordem de Cristo, tendo por anexas as igrejas de Santo Amaro de Luzelos, Santa Águeda de Carrazeda, São Gonçalo de Zedes, Santiago de Amedo, Nossa Senhora das Neves do Pinhal e São Lourenço de Pombal; séc. 16, final - a sede da reitoria e Comenda de São João Baptista passa para a nova igreja construída em Marzagão, em 1571; 1706 - segundo o padre Carvalho da Costa é cabeça da Comenda de São João Baptista, sendo Comendador Manuel de Melo, porteiro-mor e regedor da Casa da Suplicação e Prior do Crato; 1721 - era reitor, João Pinto de Morais e comendador, José de Sousa e Melo, porteiro-mor; a igreja é referida como tivesse "as paredes fortes e direitas, tem muito do tecto do seu corpo cahido e o mais: e a sua cappela mor estam arruinadas (...) prodigiosamente se conservam nella e suas paredes, as pinturas de humas fermosas imagens, sem nellas chover, fazendo-o em todas as mais partes della (...)" (MORAIS, 1985); 1930, 15 maio - Portaria com nomeação do arquiteto Baltazar de Castro para integrar a Comissão administrativa das obras da Capela de São João Baptista de Ansiães (Portaria de 10 maio, DG n.º 110, 2.ª série); 1996 - 2001 - intervenção arqueológica da responsabilidade dos arqueólogos Luís Pereira e Nuno Soares, sendo detectados vestígios do período romano; 2001, 31 agosto - proposta de abertura do processo de classificação da DRPorto; 04 setembro - despacho de abertura do processo de classificação; 2012, 27 abril - proposta da DRCNorte para a classificação como Monumento de Interesse Público; 13 setembro - anúncio n.º 13413/2012, DR, 2.ª série, n.º 178, do projeto de decisão de classificar o imóvel como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção.
Características Particulares
Templo de fundação pré-românica, com a capela-mor remodelada no séc. 15, com introdução dum arco triunfal duplo de perfil apontado. Destaca-se a decoração das portas e frestas, com molduras toreadas, elemento presente em alguns edifícios moçárabes, friso cordiforme, este semelhante ao existente numa fresta de São Gens de Francelos e pequenos sulcos horizontais num dos tímpanos, bem como uma cruz de Cristo numa das impostas. A parede fundeira denota vestígios de ter possuído estrutura adossada, provavelmente um coro-alto. As paredes exteriores sofreram solidificações a reaproveitamentos, visível nos silhares com recorte curvo sobrepostos num dos cunhais da capela-mor.
Próximo, localiza-se necrópole com sepulturas antropomórficas escavadas na rocha.
Dados Técnicos
Sistema estrutural de paredes portantes.
Materiais
Paredes em cantaria de granito.
Bibliografia
AGUILAR, José de, Carrazeda de Ansiães e o seu termo: esboço e subsídios para uma monografia, Carrazeda de Ansiães, 1980; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Arte da Alta Idade Média, in História da Arte em Portugal, vol. 2, Lisboa, 1986; ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológico-Históricas do Distrito de Bragança, Porto, 1910-1947; FERREIRA, Cândida Florinda, Carrazeda de Ansiães: notas monográficas. Lisboa, 1932; LEMOS, F. Sande, A vila fortificada de Ansiães. Notícia preliminar das sondagens arqueológicas realizadas em 1987, na vila fortificada de Ansiães, in Cadernos de Arqueologia, 5, Braga, 1988; MAGALHÃES, António de Sousa Pinto e, Memórias de Ansiães [1721], Carrazeda de Ansiães, 1985; MESQUITA, José Maria de Morais, Memórias etimológicas e históricas do concelho de Ansiães, Porto, 1857; MONTEIRO, João Baptista Lopes, O castelo de Ansiães, Trás-os-Montes e Alto Douro, n.º 7, 1948; MORAIS, João Pinto de e PEREIRA, Ricardo Manuel Paninho, De Ansiães a Carrazeda de Ansiães, Bragança, 1991; PEREIRA, António Luís e SOARES, Nuno Miguel, Intervenção arqueológica na vila medieval de Ansiães (Carrazeda de Ansiães), in Douro - estudos & documentos, vol. 1, n.º 1, Porto, 1996; PEREIRA, António Luís e SOARES, Nuno Miguel, Intervenção arqueológica na vila medieval de Ansiães (Carrazeda de Ansiães), in Douro - estudos & documentos, vol. 2, n.º 4, Porto, 1997; SILVA, João Carlos Pereira Ribeiro da, Ansiães e os seus forais, Carrazeda de Ansiães, 1997; SOUSA, Frei Manuel Bernardo de Magalhães e, Notabilidades antigas e modernas da villa de Anciaens, in Revista de História, tomo V, n.º 17 e tomo VI, n.º 21, Lisboa, 1916 / 1917; VASCONCELOS, J. Leite de, Castelo dos moiros (Ansiães), in O Arqueólogo Português, vol. 23, Lisboa, 1918.
Documentação Gráfica
IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR: DRP
Documentação Fotográfica
IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR: DRP
Documentação Administrativa
IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR: DRP
Intervenção Realizada
Observações
Autor e Data
Miguel Rodrigues 2002
in:monumentos.pt
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