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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

Caretos querem Património Cultural Imaterial já no próximo Entrudo

A festa dos Caretos de Podence, Macedo de Cavaleiros, em fase de inventariação, aspira ser Património Cultural e Imaterial Nacional. O processo deverá entrar em Outubro na Secretaria de Estado da Cultura. Alcançado este reconhecimento, avançará idêntica solicitação como Património da Humanidade da UNESCO da tradição ancestral que resiste até aos dias de hoje. É no Inverno, quando impera o frio, que os longos silêncios são interrompidos pelo Entrudo Chocalheiro.

A candidatura a Património Cultural e Imaterial Nacional ocupa, por esta altura, a Associação do Grupo dos Caretos de Podence, que assumiu a liderança do processo. 

António Carneiro, presidente da Associação, explicou ao Café Portugal que, neste momento, «está a proceder-se à inventariação com a recolha de fotografias, vídeos, estudos e documentos que retratam os caretos, tradição ancestral do nordeste transmontano». 

«A nossa intenção é que por altura do próximo Entrudo Chocalheiro de 2015 possamos anunciar que os caretos de Podence já são Património Imaterial de Portugal», afirmou aquele responsável, acrescentando que a entrega do inventário à Secretaria de Estado da Cultura deverá acontecer em Outubro.

Só depois, sublinha António Carneiro, avançará a candidatura a Património Imaterial da Humanidade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Nesta fase de recolha, a Associação do Grupo dos Caretos de Podence conta com a contribuição de vários historiadores e investigadores que, nas últimas décadas, estudaram esta tradição popular e pagã do nordeste transmontano. 

Entre eles, está o antropólogo Paulo Raposo, docente no Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL) ISCTE, que centrou a sua tese de doutoramento nos caretos de Podence. Trabalho que esteve na origem da obra ‘Por Detrás da Máscara’, publicado em 2011. 

Recorde-se que os caretos de Podence já tentaram o reconhecimento mundial pela UNESCO, nomeadamente em 2008, quando integraram uma candidatura conjunta com as tradições orais galaico-portuguesas. Na altura foi rejeitada «devido às várias tradições diferentes que estavam em causa», explicou o Presidente da Associação

A candidatura, agora em preparação, conta com uma verba de 25 mil euros, obtida através dos fundos do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN). 

Para António Carneiro, «é fundamental que os caretos de Podence sejam reconhecidos como uma importante tradição nacional. Não só para o país mas também para a região. Na verdade, estamos a falar de uma aldeia do nordeste transmontano, com pouca população, envelhecida, que tem sofrido os efeitos da emigração, mas conseguir manter viva uma tradição como esta até aos dias de hoje».


Uma manifestação que tem impulsionado o turismo e a economia locais, sustenta, sobretudo desde a criação da Casa do Careto (2004), instituição à qual também preside: «Temos mais visitantes, todos os anos por altura do Carnaval as unidades hoteleiras da região ficam lotadas, o que é um bom incentivo para a economia local», salienta. 

As origens dos caretos de Podence, explica o presidente da Associação do Grupo dos Caretos de Podence, remontam ao tempo dos Celtas. 

Com origens pagãs, os caretos saem à rua no Entrudo e perseguem as pessoas, especialmente as raparigas. Com os seus chocalhos à cintura, fatos de franjas de cores garridas feitas de linho e lã, percorrem todos os cantos, e sempre endiabrados, procuram as mulheres simulando um ritual erótico. 

Por fim, António Carneiro sublinha que «esta tradição conseguiu sobreviver, muito graças à população» mas nem sempre foi assim. «No Estado Novo, por exemplo, teve uma forte oposição do regime, que tentou pôr fim ao culto», recorda o responsável.

«Altos e baixos», que «souberam sempre ser ultrapassados, e também graças aos jovens e emigrantes que muito têm contribuído para manter a tradição», diz aquele responsável.

«Além das épocas naturais em que a comunidade emigrante de Podence regressa (Natal e Verão) à terra, também o Entrudo passou a ser pretexto de visita, contribuindo assim para manter vivo o espírito ancestral», remata António Carneiro.

Ana Clara; Fotos - Casa do Careto
in:cafeportugal.pt

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