A construção da barragem do Tua, em Trás-os-Montes, encontra-se no chamado pico da obra com mil trabalhadores e 60% dos trabalhos executados, informou hoje a concessionária EDP.
Em resposta a um pedido de informação da agência Lusa, a elétrica divulga que "a barragem de Foz Tua está executada em 60% e trabalham, neste momento, cerca de mil trabalhadores em obra".
A concessionária aponta ainda que "o enchimento da albufeira e entrada em serviço está previsto para 2016".
O empreendimento faz parte do Plano Nacional de Barragens e começou a ser construído em fevereiro de 2011 com um investimento previsto de 305 milhões de euros para a execução da obra adjudicada ao agrupamento de empresas Mota-Engil/Somague/MSF.
Desde que foi anunciada que tem sido alvo de polémica com partidos e movimentos a pedirem a suspensão do projeto, uma reivindicação que será reiterada, na quinta-feira, na Assembleia da República com o debate de três iniciativas: uma petição da Plataforma Salvar o Tua, um projeto de lei do Bloco de Esquerda (BE) e um projeto de resolução do Partido Ecologista "Os Verdes" (PEV).
Na base da contestação estão os impactos no património natural do rio transmontano, no Alto Douro Vinhateiro, Património da Humanidade, e a submersão de parte da linha do Tua.
A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) foi chamada a intervir e acabou por concluir pela compatibilidade do projeto com o património classificado, mas com condicionantes, nomeadamente o abrandamento da obra que atrasou o prazo de conclusão, inicialmente previsto para 2015, em um ano.
A barragem situa-se no troço inferior do rio Tua, na confluência dos concelhos de Carrazeda de Ansiães e Alijó, próximo do rio Douro, abrangendo os concelhos de Alijó e Murça, no Distrito de Vila Real, e Mirandela, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor, no Distrito de Bragança.
O paredão em betão do tipo abóbada de dupla curvatura terá 108 metros de altura máxima e 275 metros de desenvolvimento de coroamento, a cerca de um quilómetro da foz do rio Tua, um afluente do Douro.
A obra fica também marcada pela polémica em torno dos acidentes de trabalho, com quatro sinistros em que morreram quatro pessoas e oito ficaram feridas.
A Autoridade para as Condições no Trabalho (ACT) tem realizado várias fiscalizações ao local e divulgado a deteção de "várias falhas de segurança".
A ação desta entidade levou a uma intervenção pública do responsável da região Norte da Ordem dos Engenheiros que se insurgiu contra a atuação, defendendo que "a obra é exemplar ao nível da segurança na construção".
Em julho de 2014, o Ministério do Ambiente ordenou uma inspeção às obras na sequência de queixas, nomeadamente da Plataforma Salvar o Tua, de alegado incumprimento de obrigações impostas pela Declaração de Impacte Ambiental (DIA).
Os resultados desta inspeção ainda não são conhecidos.
HFI // JGJ
Lusa/fim
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