Uma mulher de 60 anos, residente no concelho de Mirandela, está há cinco meses, à espera de uma consulta de medicina física e de reabilitação, na Unidade Local de Saúde do Nordeste recomendada pelo IPO, para a realização de sessões de fisioterapia a um braço que ficou com mobilidade reduzida na sequência de uma mastectomia da mama.
A ULS do Nordeste ainda não tem uma data agendada para a marcação da consulta, até porque, o único médico fisiatra que existe para os 15 centros de saúde e os três hospitais do distrito vai de férias no início do próximo mês.
Maria Bacalhau, de 60 anos, reside em São Salvador, no concelho de Mirandela. Há cerca de três anos, foi-lhe diagnosticado cancro da mama, tendo sido submetida a uma mastectomia e fez também quimioterapia e esvaziante ganglionar, no Instituto Português de Oncologia, no Porto.
Desde então tem vindo a ser seguida com regularidade no IPO, e nos últimos tempos tem sentido muitas dores e reduzida mobilidade no braço direito, levando o IPO a recomendar a realização de sessões de fisioterapia para debelar a situação.
No entanto, para que fosse possível dar seguimento a essa recomendação, a médica de família teve de pedir a marcação de uma consulta na ULS do Nordeste, na especialidade de medicina física e de reabilitação, o que veio a acontecer no dia 17 de fevereiro deste ano.
No relatório enviado, a médica de família referia mesmo que a prioridade da consulta era urgente. Só que, cinco meses depois, a consulta ainda não está marcada.
Virgílio Bacalhau, marido da utente, telefonou para o hospital de Macedo de Cavaleiros, onde a consulta deve ser marcada, e ficou a saber que ainda não há qualquer data agendada e nem têm qualquer previsão, porque o único médico fisiatra ao serviço da ULS do Nordeste, que integra 15 centros de saúde e três hospitais, prepara-se para gozar um período de férias, o que o deixou indignado: “Disseram que está atrasado, e que não sabem quando é que isto será resolvido. Disseram que a única forma de ser mais rápido era recorrer a uma clínica privada, mas nós não temos possibilidades”. Virgílio conta ainda que as dores da mulher são insuportáveis: “ela chora, e cada vez está pior. Foi às urgências esta segunda-feira, e é só medicamentos em cima de medicamentos. Acho que não se justifica só um médico para todo um distrito”.
Diga-se ainda, que as consultas desta especialidade, para além da lista de espera, só acontecem nos hospitais de Bragança e Macedo de Cavaleiros, levando a que os utentes do sul do distrito tenham de efetuar uma longa distância.
Por exemplo, um utente de Freixo de Espada à Cinta, tem de percorrer cerca de 200 quilómetros, ida e volta, para ter uma consulta de medicina física e de reabilitação, no Serviço Nacional de Saúde.
Confrontado com este caso, a administração da ULS do Nordeste respondeu através do gabinete de comunicação, confirmando que apenas dispõe de um fisiatra no seu quadro clínico, mas alega que está a desenvolver todos os esforços, “quer no sentido de o dotar de mais profissionais médicos, quer de facultar a resposta assistencial necessária aos utentes da especialidade de Fisiatria – entre os quais a referida utente de Mirandela – com a maior celeridade possível”.
Informação CIR (Rádio Terra Quente)
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