O Museu Abade de Baçal, em Bragança, inaugura no próximo dia 7 de abril a exposição "Memórias do Salto: Emigração clandestina no estado Novo em Trás-os-Montes", um projeto de mediação patrimonial que visa valorizar, registar e divulgar as memórias dos portugueses oriundos do Nordeste Transmontano que emigraram de forma ilegal para França entre 1958 e 1974. Trata-se de um projeto desenvolvido pelos Amigos do Museu Abade de Baçal e pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Nos anos sessenta, em pleno regime do Estado Novo, muitas foram as pessoas que por todo o país se aventuraram a procurar uma vida melhor para lá das fronteiras de Portugal.
E porque as fronteiras estavam fechadas, foi necessário passar a salto, clandestinamente, longe das patrulhas da Guarda Fiscal, que muitas vezes fechava os olhos porque sabiam que aqueles homens e mulheres “iam ao destino governar a vida”.
Mas muitas vezes eram apanhados e chamada a Pide, uma polícia política a quem interessava sobretudo os passadores, um grupo de homens que se organizava também clandestinamente em redes que envolviam muitas outras pessoas, com tarefas bem definidas para levar o grupo até um determinado ponto.
No início dos anos sessenta era perigoso passar em Espanha. A viagem chegava a demorar mais de uma semana, sempre de noite, muitas vezes a pé, por sítios que ainda hoje os ex-emigrantes não sabem descrever. Depois de 1967, os espanhóis facilitavam mais e as viagens começaram a demorar menos tempo e o dinheiro pago aos passadores também diminuiu.
Estes testemunhos são contados na primeira pessoa e foram alvo de uma recolha oral nos concelhos de Vinhais, Bragança, Vimioso, Miranda do Douro, Mogadouro e Macedo de Cavaleiros.
Um projeto da Associação dos Amigos do Museu do Abade de Baçal, em colaboração com o Museu do Abade de Baçal e a Faculdade de Letras do Porto que obteve cofinanciamento do Norte 2020, com o nome de “Memórias do Salto”, que dá forma a esta narrativa.
Durante mais de um ano, uma equipa de investigadores percorreu este território do Nordeste Transmontano à procura de testemunhos vivos de todo o processo que envolveu a emigração, antes do 25 de abril de 1974.
Emigrantes, passadores, angariadores, guardas-fiscais, elementos da Pide, partilharam as suas memórias, que este projeto pretende salvaguardar e valorizar integrando-as agora no acervo do Museu do Abade de Baçal.
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Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço.
A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
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