terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Estudantes Africanos ponderam desistir do campeonato distrital de futebol

A formação dos Estudantes Africanos queixa-se de racismo e da falta de atitude da Associação de Futebol de Bragança perante o comportamento de alguns árbitros.

Óscar Monteiro, técnico e director dos Estudantes, acusa mesmo a direcção da associação de compactuar com os árbitros Joel Miranda, Nelson Ramos e Rui Domingues, que considera não mostrarem qualquer respeito pelos jogadores e pela restante estrutura do clube:

“Nós já sabemos o que é que esses três árbitros fazem sempre. A AFB sabe desses problemas e continuam a chamá-los para os nossos jogos, como se fosse de propósito. Estamos a falar do Joel, do Nelson, e do Rui Domingues.”

A situação levou a formação de Estudantes a manifestar-se contra o racismo e a discriminação.

O protesto aconteceu no domingo, na jornada 10 da Divisão de Honra Repsol Gás, frente ao GD Sendim. Os jogadores da formação africana estiveram, no início da partida, 30 segundos sem jogar para mostrar o seu descontentamento.

Óscar Monteiro refere que o protesto não está relacionado com os resultados mas sim com o comportamento dos árbitros mencionados:

“Não tem a ver com o resultado do jogo. Nós não queremos falar sobre resultados, mas sim sobre o comportamento deles direcionados a nós, de incitação à violência. Eles não têm qualquer respeito pela nossa equipa, nem pela direção, nem pelos jogadores.”

O treinador já inteirou o presidente da AFB, António Ramos, sobre a situação e pediu para que os três árbitros não sejam nomeados para os jogos dos Estudantes. Óscar Monteiro mostra-se desagradado com a resposta do líder da associação:

“Disseram-me diretamente que eles nos tinham na mira, que qualquer coisa que nós digamos, eles castigam-nos. O presidente da AFB continua a deixar que esses árbitros apitem os nossos jogos.”
Óscar Monteiro entende a falta de atitude da associação de futebol como um “acto de vingança” pelo facto de os Estudantes terem reclamado o dinheiro a que, supostamente, teriam direito da receita da final da taça da época passada.

Os Estudantes Africanos ponderam mesmo abandonar a competição e pedem a demissão da direcção da A.F. Bragança:

“Nós neste momento estamos a ver de que forma podemos abandonar o campeonato e não voltarmos a jogar até que a AFB mude de direção. Quando tivermos a certeza de que ao deixarmos o campeonato não temos problemas com a Federação Portuguesa de Futebol, vamos fazê-lo. Até lá, continuamos com este protesto.”

E, a continuar em prova, os Estudantes prometem não ir a jogo caso sejam nomeados os árbitros Joel Miranda, Nelson Ramos e Rui Domingues. A equipa vai ainda manter o protesto de 30 segundos sem jogar em todas as jornadas até ao final da época.

Espera-se que ainda hoje haja reacção de António Ramos, presidente da Associação de Futebol de Bragança, às declarações de Óscar Monteiro, técnico dos Estudantes Africanos.

Foto: Press Nordeste
INFORMAÇÃO CIR (Rádio Brigantia)

Direcção da A.F. Bragança refuta declarações do técnico dos Estudantes Africanos.

A Associação de Futebol de Bragança já respondeu em comunicado às declarações do técnico dos Estudantes Africanos, Óscar Monteiro, que acusou a associação e o presidente, António Ramos, de compactuar com o comportamento de discriminação racial de alguns árbitros.
No documento, que chegou à redação da Brigantia, lê-se que a “Associação de Futebol de Bragança não pactua com situações de violência e racismo exacerbados”.

Sobre a postura do técnico/director da equipa dos Estudantes a AFB aponta para a crise de resultados da equipa e o facto de ocupar, esta temporada, com dez jornadas realizadas, o último lugar do campeonato distrital.

“Quando os directores e treinadores não conseguem atingir os resultados a que se propuseram entram, geralmente, em situações de contestação, para com quem gere o futebol distrital e, principalmente, com os juízes de campo, que são o alvo principal dessa contestação”, lê-se no documento assinado por António Ramos, presidente da AFB.

O documento refere ainda as “inverdades propaladas” por Óscar Monteiro ao referir que o presidente da associação de futebol terá dito “que fale o branco com os árbitros”.  No comunicado lê-se que é “mais uma calúnia para atingir fins inconfessáveis”.

A resposta da AFB aponta para “ameaças e tentativas de agressão aos árbitros, bem como ameaças ao presidente e ao coordenador técnico distrital da AF Bragança, por parte do ´técnico/dirigente´da AE Africanos”.

As atitudes de Óscar Monteiro são consideradas pela AFB “exageradas” e os árbitros chegam mesmo “a acusá-lo de atitudes racistas para com alguns deles”.


Num campeonato em que vários plantéis são formados por alguns jogadores oriundos dos PALOP, a associação de futebol frisa que “nunca houve, em tempo algum, acusações de racismo por parte dessas formações contra a AF Bragança.

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