Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Aníbal Cavaco Silva descongelou a bílis acumulada ao longo dos últimos sete anos e veio destilar o rancor acumulado contra António Costa, à reunião dos autarcas laranjas. De um homem a quem o país deu tudo quanto lhe pediu, desde duas maiorias absolutas a duas presidências da República, esperavam-se contributos para ajudar a nação, nestes tempos conturbados em vez de acusações, mesmo que com algum fundamento, sobre a gestão do poder que o povo português sufragou, confortavelmente, há pouco mais de um ano. Assiste-lhe, obviamente, o direito de expressar a sua opinião, como qualquer português, pois vivemos em democracia e com total liberdade de expressão. Mas, para ser sério e honesto como reclama, de forma tão evidente só o poderá ser mais que ele, segundo as suas próprias palavras, quem possa ter nascido duas vezes, as comparações que faz com a atual situação política deveria ter como contraponto não o seu primeiro governo que, é necessário reconhecê-lo, desenvolveu o país e usou bem os recursos europeus, mas o final do cavaquismo liderado por personagens que ficaram bem conhecidas como Duarte Lima, Arlindo de Carvalho, Oliveira e Costa, e Dias Loureiro. É verdade que o (des)governo de António Costa tropeça, a cada semana, em nova trapalhada, confusão e desorientação, mas não deixa de ser igualmente verdadeiro que depois de uma pandemia, uma guerra e num clima de incerteza mundial conseguiu, finalmente, dominar o deficit e contê-lo dentro de limites razoáveis e geríveis. Sendo evidente a arrogância galambista e a prepotência pedronunista, é difícl tomar por conselheiro do interesse nacional quem, no final do seu mandato enquanto primeiro-ministro, só pensou no seu interesse pessoal, na sua carreira política e no lugar que, ansiosamente desejava, ignorando e desprezando tudo e todos, a começar pelo seu próprio partido e o seu mais fiel e dedicado colaborador, Fernando Nogueira.
O pior de tudo foi a euforia laranja à volta das declarações cavaquistas.
Criticas ao governo, seja ele de que partido for, é o dia a dia da oposição e Cavaco também as teve por alguém que, igualmente, foi Primeiro-Ministro, antes dele. E algumas com muita razão, como as eleições seguintes vieram demonstrar. Nos tempos que correm, o que não falta é quem acuse a governação de tudo e mais alguma coisa e, convenhamos, em termos de verrinosidade, já temos quem o suplante e não é companhia nem exemplo que se recomende.
A cereja em cima do bolo foi o “ilustrativo” elogio a Montenegro. Primeiro, pelo termo de comparação. “Tão competente ou mais que eu próprio”, mostrando ao limite a importância que o palestrante atribui à sua personalidade. Atingir capacidades por si alcançadas é feito único, realçável e de valor intrínseco supremo. Acresce a falsidade e hipocrisia com que é feito, pois é óbvio que resulta de uma notória falsa (i)modéstia a que o autor já há muito nos habitou. Ser melhor do que quem nunca se engana e raramente tem dúvidas... será não se enganar e não ter dúvidas nenhumas? Deus nos acuda!
Perante as trapalhices (dês)governamentais o que o país precisa não é de quem as aponte, realce, branda e agite. O que é preciso é de ideias, projetos, intenções propostas que coloquem o país no bom caminho, promovam o desenvolvimento e fomentem o bem estar. Mas como disso, Cavaco nada disse e Montenegro nada acrescentou, o elogio resume-se a um atestado de menoridade.
O pior de tudo foi a euforia laranja à volta das declarações cavaquistas.
Criticas ao governo, seja ele de que partido for, é o dia a dia da oposição e Cavaco também as teve por alguém que, igualmente, foi Primeiro-Ministro, antes dele. E algumas com muita razão, como as eleições seguintes vieram demonstrar. Nos tempos que correm, o que não falta é quem acuse a governação de tudo e mais alguma coisa e, convenhamos, em termos de verrinosidade, já temos quem o suplante e não é companhia nem exemplo que se recomende.
A cereja em cima do bolo foi o “ilustrativo” elogio a Montenegro. Primeiro, pelo termo de comparação. “Tão competente ou mais que eu próprio”, mostrando ao limite a importância que o palestrante atribui à sua personalidade. Atingir capacidades por si alcançadas é feito único, realçável e de valor intrínseco supremo. Acresce a falsidade e hipocrisia com que é feito, pois é óbvio que resulta de uma notória falsa (i)modéstia a que o autor já há muito nos habitou. Ser melhor do que quem nunca se engana e raramente tem dúvidas... será não se enganar e não ter dúvidas nenhumas? Deus nos acuda!
Perante as trapalhices (dês)governamentais o que o país precisa não é de quem as aponte, realce, branda e agite. O que é preciso é de ideias, projetos, intenções propostas que coloquem o país no bom caminho, promovam o desenvolvimento e fomentem o bem estar. Mas como disso, Cavaco nada disse e Montenegro nada acrescentou, o elogio resume-se a um atestado de menoridade.
José Mário Leite, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.
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