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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 31 de julho de 2024

MÚSICA NO PORTAL DOS CEREJAIS - De 1 a 8 de agosto em Alfândega da Fé

Festa em honra do Divino Santo Cristo - PICOTE

XIII° Festival de Folclore 2024 - FREIXIEL

Uma breve história da rádio em Portugal

 Sintonizamos a frequência da história deste meio de comunicação no nosso país desde o início do século XX até ao dia 25 de Abril de 1974.

LINA BALCIUNAITE / SHUTTERSTOCK - Exposição de rádios antigos em Mourão, vila raiana do distrito de Évora, em 2012.

Foi Heinrich Hertz quem descobriu as ondas de rádio, em 1886, mas só na década seguinte chegou um aparelho que as utilizou para transmitir mensagens. Guglielmo Marconi, inventor italiano, enviou mais tarde uma mensagem sem necessidade de fios a um colaborador que se encontrava a um quilómetro de distância em 1895 – seis anos depois, já conseguia comunicar sobre o Atlântico com os EUA.

Não demorou até que se entendesse o potencial desta nova tecnologia, com o início do século XX a abrir portas a aplicações científicas e tentativas de unir o mundo através da comunicação. Em 1920, foi lançado no mercado o primeiro aparelho de rádio e desde então, a presença deste meio de difusão é um conforto na vida dos cidadãos. Seja através de encarnações mais modernas, via online (ainda se lembra da Cotonete?) ou podcast, ou mantendo a telefonia sem fios, trazendo vozes familiares, música e informações a quem vive mais isolado, longe das cidades, a rádio merece destaque e celebração.

Recordamos aqui a história da rádio em Portugal, em factos, curiosidades e protagonistas.

CC BY 3.0 - Engenheiros dos correios britânicos inspeccionam o equipamento de telegrafia sem fios (rádio) de Guglielmo Marconi, durante uma demonstração na ilha de Flat Holm, a 13 de Maio de 1897. Fonte: Cardiff Council Flat Holm Project. 

1. OS PRIMÓRDIOS

Se Hertz, o cientista, desbravou o terreno para o surgimento deste meio de comunicação, foi Hertz, a rádio, que a estreou no nosso país. Fernando Gardelho Medeiros, um amador e amante das ondas hertzianas, transmitiu do seu quarto em 1914 esta rádio pirata antes de estas se tornarem populares nos anos 1980.

O alcance era reduzido: a Hertz chegava aos habitantes do bairro de Medeiros, em Lisboa, transmitindo palestras e música gravada. No entanto, o pioneiro da rádio em Portugal incentiva  à criação de outras estações pessoais, muitas vezes a partir de quartos ou instalações improvisadas, e à compra do equipamento feita através de investimentos particulares – em Lisboa, a Rádio Aliança, no Campo de Santana, e a Rádio Lisboa, na rua Serpa Pinto; ou, já no Porto, a ORSEC.

A febre em torno deste meio de comunicação instala-se definitivamente no país. O governo de então, já republicano, começa a fazer experiências avaliando o uso das ondas de rádio para fins militares, lembrando até algumas tentativas do capitão Severo da Cunha, em 1901, com telegrafia sem fios de curto curso. No entanto, as ambições das Forças Armadas nacionais eram maiores em 1919, conseguindo enviar uma transmissão entre o posto da Marinha em Monsanto, Lisboa, e um navio, o Douro, localizado a 300 quilómetros de distância.

Uma série de estreias reforçam a carolice e a curiosidade dos radialistas nacionais: a fundação da Rádio Academia de Portugal, por José Celestino Soares, uma escola virada para os amantes do meio em 1923; e no ano seguinte, o lançamento da revista “TSF”, com todas as novidades tecnológicas e culturais sobre o assunto. Não tarda que se instale no Chiado, nesse mesmo ano, a primeira emissora regular que recebeu o nome de Rádio Pim. Com a divulgação de aparelhos receptores, a rádio começava a chegar a um número maior de ouvintes.

Nas Ondas da Rádio - Exposição Temporária - Museu Virtual RTP

2. RADIODIFUSÃO

CT1AA é o nome técnico que marca uma mudança nos hábitos radialistas nacionais. É a designação de um emissor, comprado por um empresário e industrial português, Abílio Nunes dos Santos, alguém que viria a tornar-se figura fundamental da rádio nacional.

Além dos seus negócios, Abílio era um entusiasta de qualquer coisa relacionada com mecânica e electricidade: chegou a participar em corridas automóveis e, com o seu dinheiro e o da família abastada, lança-se na brincadeira de criar uma estação de rádio. A Rádio 1AA foi a sua primeira experiência, um caso clássico de alguém rico num país pequeno a tentar imitar o que se fazia lá fora.

No ano seguinte, viria a mudar de nome para um mais acessível Rádio Portugal. O indicativo de emissor torna-se então no referido CT1AA e a abertura das emissões crepitou com a voz de Ercília Costa, considerada a primeira fadista portuguesa de nome internacional. A Rádio Portugal é essencialmente uma paixão de Nunes dos Santos, sem ganhar dinheiro com publicidade, apostado em ter sempre o melhor equipamento disponível e em chegar ao maior público possível.

Em 1926, este segundo objectivo é alcançado com a criação da Rádio Colonial, dirigida a todos os portugueses que estavam em África. O empresário cuidou também de criar uma variação nas emissões que trouxe aquilo que reconhecemos hoje na rádio actual: além de músicas e palestras que as rádios locais já transmitiam, os seus emissores passavam um noticiário diário, baseado na imprensa escrita da época, algumas peças de teatro radiofónico e até música ao vivo.

Se já referimos o golpe de conseguir Ercília Costa como voz de inauguração, seria uma falta imperdoável não referir as várias performances da Orquestra Aldrabófona, na altura famosa nas noites de Lisboa e agora disponível para todo o público nacional. À época, um jornal questionou Abílio Nunes dos Santos até quando pretendia estender a sua aventura radiofónica. Simplesmente respondeu que, quando passasse a existir uma estação oficial que fizesse aquilo que ele fazia com a sua rádio, encerraria a sua. E como veremos, cumpriu a promessa.

Abílio Nunes dos Santos e os seus assistentes. Fonte: Arquivo Nacional Torre do Tombo.

3. O SENHOR EXTRATERRESTRE

Enquanto as Forças Armadas testavam a nova tecnologia para comunicar com embarcações, um natural de São Bartolomeu de Messines, no Algarve, guardava ambições mais… inter-galácticas. Joaquim dos Reis Varela é hoje esquecido pelas páginas da memória, mas em 1914, os jornais apelidaram-no como o português que falava com extraterrestres. Antecipando em muito algumas febres que hoje correm televisão e Internet, Varela desde muito cedo que se interessou pelo assunto da vida noutros planetas, principalmente quando lhe relataram a observação de certas luzes nos céus nocturnos do Algarve.

Sem grande educação formal, era um autodidacta, mas entusiasmado. A 20 de Dezembro de 1914, subindo ao Penedo Grande em Messines, usou um rádio para comunicar com os céus. Alguns amigos acompanharam-no e juraram que observaram então luzes verdes e azuis, segundo Varela provenientes de Urano e Mercúrio.

Nos anos seguintes, continuou a reafirmar os seus sucessos no falatório com extraterrestres, descrevendo culturas e linguagens, garantindo até que os mais inteligentes eram os marcianos. Com a sua aparelhagem de rádio, apontando às estrelas, Varela reuniu informação suficiente para escrever artigos de jornal e até livros sobre alienígenas e a possibilidade de uma fraternidade entre seres humanos e os irmãos astrais.

Claro está que foi constantemente ridicularizado, embora convidasse membros das academias científicas europeias para se juntarem ao seu esforço, avaliando a ciência das suas experiências. Morreu aos 39 anos, desiludido com a reacção dos seus contemporâneos, dos homens de saber à sua demanda, mas convencido de que fora o primeiro ser humano a estabelecer uma ligação com extraterrestres. 

4. O RÁDIO CLUBE PORTUGUÊS

Em 1928, nasce no concelho da Parede a Rádio Clube Costa do Sol, pelas mãos de Alberto Lima Bastos e do Major Jorge Botelho Moniz. Tendo sido um dos participantes do golpe do 28 de Maio de 1926, Moniz tinha ligações ao novo regime, que instalou uma ditadura militar em Portugal, e como tal, a sua rádio local, que só chegava a Lisboa (o seu lema, humorístico, era “Rádio do Estado Livre de Portugal e da Galiza”),  foi crescendo de tal forma que o seu emissor começou a transmitir a nível nacional.

Nessa altura, em 1931, a emissora muda de nome para Rádio Clube Português (RCP). Ao longo da sua existência, e apesar de vários contratempos logísticos, esta rádio foi em simultâneo revolucionária e conservadora. A sua revolução veio na maneira como encarou o papel da radiofonia na vida dos ouvintes, oferecendo uma diversidade de programas de rádio: além do teatro radiofónico, a RCP acrescentou programas infantis (“O Senhor Doutor”), magazines culturais (“Serões de Arte”), música regular, conversas entre locutores e até transmissões desportivas, quando transmitiu, em 1933, um jogo entre a Académica e o União de Coimbra. Além disso, criou o hábito das novelas radiofónicas, com sucessos como o folhetim “Força do Destino”; programas humorísticos como o “Graça com Todos”, dos Parodiantes de Lisboa, ainda hoje detendo o recorde de programa mais longevo da rádio portuguesa; e iniciando a moda dos discos pedidos, com “Quando o telefone toca”.

O objectivo era o de entreter os ouvintes constantemente e manter até um espírito patriótico, de onde advinha o seu lado mais consevador. Botelho Moniz, com ligações excelentes com o Estado Novo e a União Nacional (úteis já que o Estado detinha o monopólio da comunicação), fez do seu órgão um baluarte do regime, com censura nos costumes e humor, notícias que faziam a propaganda do Estado Novo e também um serviço constante à distracção dos portugueses em relação aos seus problemas. Foi Botelho Moniz que, querendo ajudar o Estado a criar uma televisão, requereu licença estatal para instalar uma estação audiovisual, antecipando o que seria a RTP. Numa ironia, a estação de um grande entusiasta da ditadura seria central no início da Revolução do 25 de Abril, emitindo as senhas que congregaram os militares revoltosos e servindo de posto de comando durante a Revolução.

Salazar numa visita à Emissora Nacional. Fonte: Arquivo Nacional Torre do Tombo.

5. A EMISSORA NACIONAL

Porém, o regime pretendia ter um órgão de comunicação próprio e assim, em 1935, nasceu a Emissora Nacional, numa iniciativa do engenheiro e estadista Duarte Pacheco. No ano seguinte, é lançada a Rádio Renascença; e fica assim completo o triângulo mágico de emissoras que marcarão o período da ditadura. Abílio Nunes dos Santos, como prometera, encerrou a sua rádio.

A Emissora Nacional toma a tarefa de desenvolver e controlar a cultura portuguesa. O seu primeiro director foi um militar, Henrique Galvão, e começou com duas emissões diárias: uma à hora de almoço e outra à hora do jantar. Muitas vezes, quem não tinha aparelhos, reunia-se em espaços públicos para escutar as emissões.

Indo ao encontro destes hábitos, e querendo que as suas emissões chegassem ao máximo de ouvintes, a Emissora Nacional promoveu a venda de receptores de rádio a baixo custo, instalando-se assim no máximo de casas nacionais. Esta rádio devia mostrar o grau de organização exemplar do Estado Novo e servir todos os seus habitantes, incluindo nas colónias e até em locais onde existissem grandes comunidades emigrantes portuguesas. A sua programação devia adequar-se a estes públicos: para as colónias, os noticiários eram sobre a realidade africana; nos EUA, por exemplo, focava-se em divulgação turística de Portugal em inglês.

Através de vários ideólogos do regime, com destaque para António Ferro, a Emissora Nacional tentava filtrar e modular os gostos nacionais, recorrendo a uma série de directivas que pretendiam criar um estilo português: a estação formava os seus próprios músicos, radialistas e cantores, que ajudava a promover nas suas ondas radiofónicas e emissões. Alguns dos seus programas mais emblemáticos mostram a toada conservadora: “Serão para Trabalhadores”, onde se divulgava o melhor da música ligeira nacional, a aceite pelo regime;  “Retiro da Severa”, dedicado ao fado e firmando-o como banda sonora nacional; ou “Diário da Emissora Nacional”, programa informativo controlado pela Censura.

Bruno Fernandes

"85ª Volta a Portugal em Bicicleta (Bragança) 2024

Dois emigrantes feridos com gravidade em despiste de moto4

 Dois jovens, emigrantes em França, ficaram esta terça-feira à tarde feridos com gravidade na sequência do despiste da moto4 em que seguiam, na Estrada Municipal 518, entre Fontes Barrosas e Formil, na serra da Nogueira.


De acordo com o segundo comandante dos bombeiros de Bragança, Paulo Ferro, os dois ocupantes foram projetados mas acabaram atingidos pela mota.

“O alerta dado pelo CODU pelas 15h00 indicava um despiste de moto onde haveria um ferido ligeiro. Para o local enviámos uma ambulância, um veículo de apoio e a moto de emergência.

No local deparámo-nos com dois homens com ferimentos graves, com idades entre os 20 e os 25 anos”, explicou.

Ainda de acordo com Paulo Ferro, devido ao local com pouca cobertura de rede, houve dificuldade em encontrar o sinistro.

“Ainda houve necessidade de ativar mais uma ambulância e a VMER de Bragança” frisou.

Os feridos, emigrantes em França, foram transportados para o hospital de Bragança, com suspeitas de traumatismos, fraturas nos braços e suspeita de traumatismo craniano.

A GNR de Bragança tomou conta da ocorrência.

AGR

ExpoMoncorvo decorre de 10 a 15 de agosto com mais de 50 expositores

 A ExpoMoncorvo, certame que decorre de 10 a 15 de agosto no concelho de Torre de Moncorvo, conta este ano com mais de meia centena de expositores, com destaque para a agricultura, pecuária, emprego, empreendedorismo, atividades cinegéticas e biodiversidade.


O certame decorre em simultâneo com as festas desta vila do distrito de Bragança.

“Estas iniciativas têm sempre como objetivo englobar toda a comunidade local, empresários ou associações agrícolas e pecuárias. Este certame está aberto a outras empresas dos concelhos vizinhos do território do Douro Superior, como forma de dar a conhecer as suas atividades empresariais”, explicou à Lusa o presidente da Câmara Municipal, José Meneses.

Dedicado aos produtos regionais, às atividades comerciais, industriais e à maquinaria agrícola, o certame pretende ser uma montra do que de melhor se produz e faz na região, como o vinho, a amêndoa, o azeite e a carne de cordeiro, entre outros produtos de origem agrícola e pecuária.

“Haverá também um programa paralelo com palestras temáticas, animação infantil, muita música, gastronomia e animação, onde acredito que os visitantes podem conhecer este território e todo o seu potencial agrícola e pecuário”, vincou o autarca social-democrata.

Inseridos na ExpoMoncorvo, realizam-se concursos de raças autóctones e, no campo cinegético, está prevista a largada de 800 aves como perdizes, patos e faisões.

Haverá ainda um passeio de motos, a cargo do Motard Club de Moncorvo, e o espetáculo de ‘Freestyle’, com Jaque Stunt e NH – Pina – Stunt Team.

De acordo com José Meneses, todas estas atividades servem igualmente para dar as boas-vindas aos emigrantes que por esta altura do ano se deslocam a Nordeste Transmontano e, em particular, ao concelho de Torre de Moncorvo.

No campo gastronómico, o destaque vai para os pratos à base de cordeiro da Terra Quente e para a amêndoa coberta de Moncorvo, que é desde de março de 2018 um produto com Indicação Geográfica Protegida (IGP).

Haverá ainda o Festival da Caldeirada da Ribeira, que se realiza pela primeira vez e que contará com nove restaurantes aderentes.

Para o dia 14 de agosto está marcada uma Garraiada a ter lugar no Largo da Feira.

Os palcos musicais estão reservados para artistas como Bárbara Bandeira (13 de agosto), Pedro Abrunhosa ( 14 de agosto) e Pedro Mafama (15 de agosto).

FYP // JAP
Lusa/Fim

Terras de Trás-os-Montes - O Destino Natural

Os primeiros tempos da república em Bragança – notícias e problemas

 
Para termos uma ideia mais nítida do que se teria passado nos derradeiros anos da Monarquia e nos primeiros momentos do novo regime, podemos continuar a “navegar” pela imprensa. Como fomos acentuando, deparamos com artigos, mais ou menos “catequéticos”, que publicitam ideias e doutrinas republicanas; com artigos de opinião e notícias que documentam ideias, aspirações – generosas intenções –, anseios e desígnios republicanos; com informações sobre alguns dos muitos problemas existentes e sobre projetos que, por vezes, não passam disso; com medidas pensadas e equacionadas que, em muitos casos, não chegaram a ser postas em prática. Problemas de âmbito local e de cariz nacional são tratados e discutidos nos órgãos próprios do governo local, debatidos na imprensa, mobilizando, porventura, importantes setores da população.
Como já fomos vendo, era ingente a preocupação de propagandear e mentalizar, de ensinar a justeza das grandes causas da República – por oposição à doutrina e à prática monárquicas – e de afastar medos em relação a princípios, decisões e reformas republicanas.
Em A Pátria Nova de 23 de novembro, tecem-se louvores às realizações e à “obra colossal” da República.
Procura-se tranquilizar os espíritos: “A República acha-se hoje mais consolidada que muitas que há anos figuram como tais no mapa das nações.” E esta idílica visão: “Foram-se os frades. As freiras, alegres umas, tristes outras, ora emigraram, como aves para sempre feridas, ou andam por cá, de xaile e lenço, chilreantes como cotovias que viram abertas as portas da gaiola”. Prepara-se a “separação da Igreja do Estado”.
O autor não sabe o que mais se deve admirar: “se a heroica revolução de outubro”, se a “obra administrativa, política e social que se seguiu ao ingente feito”. São enumeradas algumas importantes medidas: “aboliu-se a Câmara dos Pares, verdadeira cidadela do preconceito, constituída por imbecis que herdavam o lugar, pelos mitrados que eram membros natos e ainda pelas mediocridades que cercavam os Braganças”. Na ordem social, destaca-se a lei do divórcio, um “trabalho admirável.”
Com “Salvos pela República” prossegue a doutrinação. O artigo, de Augusto Moreno, enaltece as superiores virtudes deste regime, em especial no campo social. A “queda da Monarquia não significa apenas a substituição de D. Manuel pelo sr. Teófilo Braga. O novo regímen – tudo o anuncia – será sobretudo um outro, e muito diferente, modo de ser social”. A Pátria Nova de 4 de dezembro enumera as grandes medidas já tomadas – inquilinato e divórcio – e as que se esperam: “sufrágio universal, registo civil, separação da Igreja do Estado”.
A esperança desmesurada nas potencialidades miríficas da instrução, continua a ser reafirmada, como se pode ver nos números de 2 de novembro de 1910 e de 19 de janeiro de 1911. A instrução primária é considerada “a pedra angular sobre que a República há de assentar firmemente o novo edifício social”. É emitida uma circular do “subinspetor do círculo escolar de Bragança”, com diretrizes sobre o que os professores deviam pensar e ensinar. Também a República não persegue a religião, como o povo imagina, “só expulsa os jesuítas, já expulsos pelo Marquês de Pombal” e “suprime as comunidades monásticas e dissolve todas as ordens congreganistas de freiras ou frades”, já extintas por José António de Aguiar e Anselmo Braamcamp. Há sugestões para uma melhor gestão das escolas, entre, as quais se destacam a “coeducação dos sexos”. Continua a propor-se a transformação das quatro escolas primárias de Bragança em duas escolas centrais”.
Nestes combates em prol da reconversão ética e moral, procura-se pôr termo ao caciquismo e à “cunha” que fizeram “abandalhar” a vida pública. Com “Abaixo a empenhoca”, faz-se uma denúncia da “indecente” instituição nacional da “cunha”. “Empenhocas” para tudo – só assim as coisas andavam –, mesmo quando se tinha razão e se cumpriam todos os trâmites legais. Nada se fazia “sem recorrer ao cacique que apadrinhasse” a pretensão. Urge que tudo isto acabe. “Apesar de o regímen ser novo, há muita gente velha”.
Outra das questões debatidas, a concitar frequentes artigos de opinião, respeita ao mundo rural, que urgia promover e desenvolver. A agricultura, a silvicultura, a pecuária e os problemas humanos e sociais do universo campestre merecem intervenções, bem fundamentadas, feitas por estudiosos e especialistas de mérito. É, de facto, de qualidade, a “doutrina” produzida em todos estes domínios. São numerosos os textos sobre os incomensuráveis proveitos que resultariam da arborização do Distrito, como se pode ver pelos escritos de António de Moura Pegado, no Jornal de Bragança, em julho de 1910. O meio rural, ainda “medievo” (não tenhamos medo da palavra), era marcado pela miséria, por condições muito precárias de existência, por infindos problemas de higiene e salubridade, por doenças e elevada mortalidade, pelo êxodo e pela emigração.São essas condições que se denunciam, e que se tentam debelar. No Jornal de Bragança de 1 de junho de 1910, o fenómeno da emigração era visto com um olhar realista e certeiro, concluindo-se que o êxodo rural contribui para agravar ainda mais a difícil situação nos campos. Ter-se-ia verificado um verdadeiro êxodo “depois da devastação filoxérica” (1890) e das campanhas de “incitamento” “subvencionadas” pelos governos americanos.
“O amor da terra natal era sufocado pelas imposições de miséria… Ficam os inválidos, ficam os velhos e ficam as crianças que são hoje os operários rurais.”
Discutem-se as questões agrárias. A dos baldios é das mais debatidas. Especialistas e homens informados, ligados à agricultura, pugnam pela reconversão dos terrenos maninhos, incultos, e dos baldios. Depois do triunfo da revolução, continuam a ser feitas propostas e tentativas – numa lógica capitalista e de afirmação do individualismo –, de aproveitamento desses terrenos.
No domínio da saúde pública, chama-se atenção para os múltiplos “agravos higiénicos” que molestam as aldeias do Concelho. Os párocos e os professores deveriam ter um importante papel na alteração deste estado de coisas, mas é “o barbeiro que, pelo magro estipêndio de alguns alqueires de centeio”, exerce “cumulativamente o mister de Fígaro e de mezinheiro emérito”. O autor chama a atenção para a necessidade das vereações intervirem, em especial – o que seria de “primacial importância” – no que respeita à água que é responsável pela “transmissão de doenças: as febres tifoides, as enterites, as disenterias”.
Para melhor compreendermos o que se passava e para vermos como era muito o que aqui chegava e o que se discutia, são de registar alguns ecos de perplexidades e de receios que se faziam sentir perante as medidas que o Governo Provisório tomava e as que se preparava para tomar. Um articulista do Jornal de Bragança, em 30 de outubro de 1910, no artigo “A Separação da Igreja do Estado”, já manifestava a sua discordância face ao que poderiam ser medidas e decisões excessivas e desaconselháveis. Não se justifica – segundo ele – que o Governo, que não está legalmente confirmado pelo voto, vá fazer, “por uma providência ditatorial”, “tão profundas modificações em assunto de tal magnitude” no campo religioso. E ainda se acrescentava: é um Governo levantado por uma revolução “que, embora triunfante, não pode bem chamar-se vencedora”. Recomendava-se moderação, o que, aliás, era aconselhado pelas características da revolução portuguesa. “É certo que no momento revolucionário se conseguem muitas vezes reformas profundas nas tradições e nos hábitos que dificilmente se fazem em circunstâncias normais; mas temos de reparar que a nossa revolução não se firmou pelo terror dos vitoriosos, mas pela adesão de quase todo o povo.”
A receita era consolidar primeiro o regime republicano e fazer propaganda “não contra a Igreja, que essa pode ser prejudicial e contraproducente, mas contra os seus privilégios”, como se lê numa carta de Machado de Araújo, de 25 de outubro. Prosseguem as recomendações que preconizavam ponderação nas medidas que levariam à lei da separação. A separação não pode ser a “supressão da Igreja pelo Estado, de onde resultarão grandes perturbações em todas as províncias”.
Como é sabido, havia republicanos que pensavam do mesmo modo. Para além de recearem exageros provocados pela intervenção na esfera religiosa, temiam as resistências sociais que tais medidas podiam suscitar.
Queria-se uma solução que passasse por eleições e, consequentemente, pela escolha de um governo legitimado pelo sufrágio. A 30 de novembro de 1910, já se denunciam os males resultantes do exercício de um Governo provisório. “É isto um grande mal, porque a força está substituindo o direito e, pelo paradoxo das coisas, nessa força é que reside a maior fraqueza”. “Sente-se já o ruído… da onda popular”. “Só uma assembleia, representativa de todos os legítimos interesses nacionais… tem a força incontrastável do direito para submeter todas as rebeldias”.
A difícil situação laboral – com o intenso surto grevista (em especial no setor ferroviário) que afetava o País – também preocupava as forças da governação local e os republicanos brigantinos. A 13 de janeiro de 1911, em “pública assembleia”, nos Paços do Concelho, convocada pela Comissão Municipal para condenar o movimento grevista e manifestar apoio ao Governo Provisório, Alves de Morais, o “velho” republicano, ao agradecer ao povo de Bragança e à Comissão, “expressa o seu júbilo por ver que a ideia da República está encarnada no espírito de todos e principalmente das classes ilustradas”, e condena as greves pelo que “atualmente tinham de antipatrióticas e de inoportunas”.
A conflitualidade religiosa também está presente. Para auscultar problemas e contribuir para a aceitação do novo regime, o Governador Civil não se limita a visitar os quartéis, também inspeciona o Seminário – o que aconteceu a 29 de outubro. A melindrosa questão religiosa, que podia acentuar clivagens e provocar resistências, era de difícil gestão, tanto mais que o bispo de Bragança não era consensual.
No jornal de Raul Teixeira, escreve-se que o bispo de Bragança, “essa criatura turbulenta e inchada de ódios, acaba de demitir o dr. Manuel da Nóvoa de professor de preparatórios do Seminário”. Não se poupam qualificativos depreciativos: a inteligência “adiposa do Sr. Mariz”; “o despeito mesquinho, a vaidade balofa, o fátuo melindre”.
E acaba com um pedido veemente: “Encerre-se o Seminário e não haja só justiça para o bispo de Beja.” Pedia-se para tratar o bispo de Bragança com a mesma receita que fora aplicada àquele prelado.
Relata-se uma insubordinação contra o vice-reitor e que o Governador Civil ordenará “certamente” uma sindicância para apurar a verdade, entendendo-se que tal é a consequência de se conservar à frente do Seminário um indivíduo imposto “pelos membros da Companhia de Jesus”, o que sobremaneira ofende o espírito liberal desta Cidade”.
Há notícias, relacionadas com a esfera religiosa, que documentam os novos tempos que se viviam. No texto “Vítimas da reação” relata-se o caso de dois irmãos que foram alvo da perseguição “monárquico-clerical” e o júbilo, agora sentido, pela sua libertação da Cadeia da Relação do Porto. Acusados de “atentado anarquista” e condenados pela explosão de uma bomba no Paço Episcopal, em 13 de dezembro de 1909, eram agora recebidos como heróis e esperados por centenas de pessoas na estação de caminho-de-ferro de Bragança, apesar do “impróprio da hora”, com vivas à República, ao Governo, à Liberdade.
E deparamos, ainda, com notícias que dão conta de algumas perturbações. Sinais, aparentemente menores, que indiciam um certo mal-estar e que traduzem descontentamento são visíveis na Cidade, nos fins de 1910 e inícios de 1911. A Pátria Nova relata acontecimentos preocupantes para os responsáveis republicanos, como, por exemplo, o facto de os alunos do Liceu resolverem retomar o trabalho escolar só depois do dia 6 de janeiro de 1911 (isto é, prolongando as férias de Natal), sem que o reitor e o Governador conseguissem demovê-los.
Acusações e ataques anónimos – ditos caluniosos e torpes – são relatados no artigo “Torpeza”.Os suspeitos eram, para o jornal republicano, os do costume. São espalhados, “por mão criminosa”, escritos “tendentes a indispor e malquistar com a população os republicanos mais em evidência”. “Virtuosas e honestíssimas senhoras casadas não têm escapado a esses nojentos caluniadores.” E em comentário: “os processos são puramente jesuíticos e desta maldita seita foram apenas expulsos do País os seus membros de roupeta”. “Os de batina, saia, casaca, farda e até de jaqueta… por aí se ficaram alapardados”.
Denunciam-se gestos reaccionários e provocatórios dos sequazes do “padre Cabral e de Couceiro”: “é muito curiosa a medalhinha que usam os partidários do senhor D. Manuel…, numa das faces a Imaculada Conceição, cercada com esta legenda: mostrai que sois nossa mãe; na outra os seguintes santos: S. José, S. Luís Gonzaga e Santo Inácio de Loiola, todos em cima de coroa real… É com esta gente que pensam restaurar a Monarquia…, sem se lembrarem de que foram estes mesmos que a perderam… Divertidíssimos imbecis, ide-vos fiando na Virgem, que o mais que conseguireis é enganar os tolos…”.
Porque há desconfianças, em relação à legalidade de atos administrativos das “câmaras monárquicas”, são decididas sindicâncias à administração municipal de todas as vereações monárquicas e de todos os secretários, desde o ano de 1902. Na reunião de 10 de novembro, o Presidente propõe recuar esta data para 1886, acabando por se fixar o ano de 1900.
A conflitualidade social que é documentada, num meio em que escasseava o operariado e ainda mais o proletariado, diz respeito, fundamentalmente, a algumas perturbações laborais causadas pelos tipógrafos – o que vai criar, por vezes, perturbações na publicação atempada das folhas locais. É assim que, por exemplo, no número de 3 de novembro de A Pátria Nova, se fala em “desobediência cometida pelo pessoal tipográfico” para com o chefe, o que impediu a publicação de um número do jornal. O Jornal de Bragança também é afetado, tendo saído com atraso.
Notícias breves do quotidiano, que podem passar despercebidas, assumem, se vistas à luz do contexto da época, uma relevância significativa.
Nos fins de novembro, ainda se realizam manifestações de fé republicana. O Governador Civil, que se havia ausentado para Lisboa, é recebido na gare pelos “rapazes do liceu”, com “a respetiva tuna”. João de Freitas, das janelas do hotel, “agradeceu a manifestação… numa alocução eloquente”, refere A Pátria Nova de 23 de novembro.
Também se concretizavam gestos de amor à Pátria republicana, que se traduziam, por exemplo, na entrega de donativos para melhorar a situação financeira do País. Um proprietário de Izeda, cujo nome não se revela, mas provavelmente um republicano crente e ativista, entrega ao doutor Domingos Frias, vice-Governador Civil, a quantia de 10$000 réis para a “subscrição aberta para o pagamento da dívida flutuante externa”.
Para além dos mais variados problemas que faziam parte da vida da Cidade, também se registavam episódios e casos relacionados com a perturbação da ordem pública, que caíam no âmbito da agitação social. O primeiro incidente sério é catalogado como “uma grave desordem”. A notícia pretende ser objetiva. Domingo, dia 15 de janeiro de 1911, pelas 9 da noite, registou-se na Rua Alexandre Herculano um “grave conflito com a polícia”. Um agente policial sofreu “um golpe na cabeça e uma facada no braço”, tendo sido “morto com um tiro o pedreiro Manuel Outeiro e ferido com outro tiro o trolha João dos Reis”. “Ao que nos contam” – como se relata – tudo teria começado com alguns jovens, de 15 a 18 anos, que, na Rua Direita, gritavam “Viva a Monarquia. Abaixo a República”. Não obedeceram a um cabo da polícia que os ameaçou de prisão. A “algazarra” prosseguiu… O cabo pede a colaboração de dois polícias. O encontro entre os desordeiros e as autoridades deu-se na “junção da calçada do rio com a Rua Alexandre Herculano”. Um dos jovens foi preso, enquanto os outros se evadiram. Juntam-se populares que querem “tirar o preso” à autoridade, acabando por “desarmá-la”, provocando-lhe “ferimentos”. “Vendo-se ferido, um dos guardas desfechou o revólver caindo morto o infeliz Manuel Outeiro, com o coração atravessado por uma bala”. Cresce a “indignação popular”, e o polícia atinge um outro cidadão, cujo “estado é grave”.
O alvoroço leva ao local João José Alves, elemento da redação do jornal e vereador. O povo não deixa remover o cadáver. O Governador Civil, informado do que se passa, dirige se com amigos “para o local do conflito, fazendo ver ao povo que seria punido quem tivesse originado a desordem, quer fosse a polícia, quer fossem os populares”.
O morto é levado e o Governador acompanha-o. Certo é que tudo começou com a prisão de um dos jovens que, nos primeiros dias de 1911, davam “morras” à República. Simples irreverência juvenil, ou mais do que isso? Acontecimento isolado, com pouco significado, ou episódio que indicia a existência de descontentamentos em relação ao novo poder, a que estes jovens dão voz?
A reação popular é difícil de avaliar: traduz apenas um gesto de solidariedade para com o preso, ou tem um significado social e político?
É incontestável que as ocorrências merecem a classificação de “desordem grave” – assim são percecionadas –, que há desobediência à autoridade, que há desacatos e que há vítimas. Tinha-se perturbado a ordem, mas, sobretudo, tinha-se invetivado a República.
As armas são de fogo, mas tudo o mais – cenário, ambiência, intervenientes e personagens, com as suas movimentações, comportamentos e interações – parece saído, em boa medida, de algumas páginas de Fernão Lopes. Há algumas coincidências e semelhanças: ajuntamentos, tumultos, solidariedades, cumplicidades; a presença da suprema autoridade, que rapidamente aparece, que dialoga com os populares e que tem uma ação pacificadora. Falta, porventura, o talento narrativo do cronista.
Por se recear a ocorrência de mais alterações da ordem, e com o intuito de prevenir males maiores, as autoridades adotam soluções que se querem persuasivas e dissuasoras: “durante a noite, a polícia da Cidade” passa a ser feita pela força militar de Infantaria n.º 10, “em patrulhas”. Como acentua o repórter, “o sossego tem sido completo”. Reina novamente a ordem…

Título: Bragança na Época Contemporânea (1820-2012)
Edição: Câmara Municipal de Bragança
Investigação: CEPESE – Centro de Estudos da População, Economia e Sociedade
Coordenação: Fernando de Sousa

PINHO DA SILVA - TERESINHA

 Chamava-se Teresinha, e fazia hoje anos. Era morena, daquele moreno, centeio e transmontano que tem sol por dentro: rosto bronzeado de princesinha moira, seus olhos reais abertos para a irrealidade das coisas e das almas!...

Chamava-se Teresinha, e fazia hoje anos...

Tinha fartos cabelos insculpidos de ondas profundas, em pau-preto filamentado e dúctil. Quando saltava às cordas (" zás! zás! za´s! ") os pés muito juntinhos, aos pulos, saltando e saltando, – e a corda vermelha descendo e batendo: ("prás! prás! prás! “) os grossos e espiralados caracóis cor-de-noite, que lhe ladeavam a carita de porcelana tostadinha, também saltavam ("zás! zás! zás! "); também batiam ("prás! prás! prás!"): eram como sinos de carrilhão alegre, bimbalhando, em catedral de esperanças, um hino infantil de avezinha amanhecida...

Teresinha garota e traquina esfuziava, pelo liceu da Praça do Coronel Pacheco, como rastilho lúdico, estralejando risos e conquistando simpatias. Qual das suas antigas condiscípulas a recorda sem saudade?!...

Ai, as aulas do primeiro ciclo, com Teresinha, criança, sobre um banco para chegar ao quadro!...

Ai, as molhadelas até aos ossos, e os sapatos afogados!...

Ai, os outros sustos da " pedra-do- estiquete!..."

Ai, a figura sinistra e negra, da talvez ex-freira!...

Ai, o grande casarão monástico, transformado em cortiço minérvico de abelhinhas esculpidas em corolas rociadas !

Teresinha cresceu. Fez-se senhora. Já não saltava às cordas (" zás! zás! zás!"), os pés muito juntinhos, aos pulos, saltando e saltando, – e a corda vermelha descendo e batendo: (" prás! prás! prás! ")

Teresinha cresceu...

Casaquinho vermelho, de botões prateados, e saia escocesa; livros entalados no braço, na cabeça uma boina clara; no rosto uma larga pincelada de sol, onde bailavam sombras oscilantes de roseiras, e brilhavam dois olhos luminosos e meigos, semicerrados pela violência da luz estival, estou a vê-la chegar das aulas. Do alto do patim da escada, junto da qual floriam jarros, quantas vezes a esperei! E ela ao ver-me esperá-la, a sorrir:

- "Olá! Está ai?!"

- "Não! Estou lá fora! "

Teresinha parava. Olhava-me, entre risonha e trocista:

 - "Com que então o " senhor" está lá fora?! Ora não querem lá ver?!!! "

E porque era transmontana, e achava delicioso, e saborosamente arcaico, certos termos e expressões da sua terra: (- " Dê-me um cibinho de pão!"; - " Colhi um mandil de casulas chicharas..." - "Estava arrimado ao fundo das escaleiras"), por vezes rematava apenas:

- " Ora não?"

No ar cruzavam borboletas brancas, e diluíam-se vagos perfumes de roseirais em flor!

 Ao longe, gemiam rolas...

Lembras-te desse tempo, Teresinha?

Tu lembras-te?

" Ora não"?

Com areia fina entre dedos de criança, o tempo fugiu imperceptivelmente...

Teresinha acalenta os filhos. Por duas vezes ela os vê florir entre os seus braços:

- " Já se quer erguer!"

- " Já tem dois dentinhos!"

  - "Já começa a andar! "

- "Já diz:"mamã"!

Teresinha mamã, sente-se inundada de felicidade!

Aperta ao coração os pequeninos que Deus lhe deu, e ergue os belos e grandes olhos castanhos para o azul do céu...É de lá, desse lago aéreo onde vagam as pombas, que descem os anjos pequeninos!...

- "Já se quer erguer!"

- "Já tem dois dentinhos!"

- "Já começa a andar! "

- "Já diz: "mamã!"

Lembras-te desse tempo, Teresinha? Tu lembras-te?

"Ora não"? "Ora não", Teresinha?

Na sua cama de doente, debaixo de uma colcha alvíssima e bem esticada, Teresinha geme baixinho. Sobre os grandes olhos castanhos, como sobre o seu espírito, que tão luminoso foi, desceu a treva. Lá fora também há escuridão: a escuridão da noite e das almas! E há gemidos: os ventos de Novembro, envolto em bátegas de chuva e de granizo...Noite de lágrimas!...

Lutando contra tudo e contra todos, os filhos conseguem chegar à sua cabeceira. Afagam-lhe a cabeça torturada; beijam-lhe o rosto crispado; apertam entre as suas mãos de homens as mãos femininas que lhes ampararam os primeiros passos...Mas Teresinha é tão infeliz que não se apercebe da sua presença, e continua a gemer baixinho...

Ai, as cordas vermelhas descendo e batendo!

Ai, os pés de Teresinha pulando e saltando!

Teresinha menina...

Teresinha estudante...

Teresinha mulher...

Teresinha mamã...

Chamava-se Teresinha e fazia hoje anos!

 Pobre Teresinha!...

Transcrito de: “ O Comércio do Porto” – 01/08/1969 – secção:  “Apontamentos”.

PINHO DA SILVA – (1915-1987) – Nasceu em Santa Marinha, Vila Nova de Gaia. Frequentou o Colégio da Formiga, Ermesinde, e a Escola de Belas Artes, do Porto. Discípulo de Acácio Lino, Joaquim Lopes e do Mestre Teixeira Lopes. Primo do escultor Francisco da Silva Gouveia. Vilaflorense adotivo, por deliberação da Câmara Municipal de Vila Flor.
Tem textos  dispersos por várias publicações, entre elas: “O Comércio do Porto”, onde mantinha a coluna “ Apontamentos”, e o “Mundo Português”, do Rio de Janeiro, onde publicou as “ Crônicas Lusíadas”. Foi redator do “Jornal de Turismo”, membro da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto, e secretário-geral da ACAP. Está representado na selecta escolar: " Vamos Ler", da: Livraria Didáctica Editora, com o texto : " Bacos e redes".

Nota do "Memórias": Pinho da Silva era Pai do nosso estimado amigo e colaborador, Humberto Pinho da Silva e "Teresinha" era Sua extremosa Mâe que nasceu em1 de agosto  de 1915 e faleceu  em 30 de Novembro  de 1968.

terça-feira, 30 de julho de 2024

Santulhão: 22 empreendedores vão apresentar projetos inovadores

 Em Santulhão e no âmbito das festas de verão, vai realizar-se de 5 a 10 de agosto, o evento Pecha Kucha, uma iniciativa que convida pessoas empreendedoras, naturais da região, a apresentarem as suas ideias e projetos num curto espaço de tempo, com a exibição de 20 slides e a “falar menos e mostrar mais”.


O evento foi inspirado no conceito japonês, criado em 2003, segundo o qual, cada orador faz a sua apresentação num tempo máximo de seis minutos e 40 segundos.

“Esta dinâmica obriga a apresentar o projeto de um modo resumido. Com esta rigorosa gestão do tempo há depois espaço a perguntas, o que propociona uma maior interação entre o orador e o público”, explicou Francisco Lopes, da Comissão de Festas de Santulhão.

Esta é a primeira vez que um evento desta natureza se realiza na localidade e o objetivo é dar visibilidade a pessoas naturais de Santulhão e de outras localidades vizinhas, que se destacam em alguma área profissional e académica.

Na perspetiva de Francisco Lopes, as 22 pessoas convidadas são exemplos de resiliência e de aposta no interior do país.

“Estas pessoas, pela sua capacidade de trabalho e de inovação, são fundamentais para a dinamizar a economia local e ao mesmo tempo são inspiradores para a fixação de outras pessoas nesta região”, enalteceu.

Em Santulhão o evento vai contar com a participação de Paulo Rosário (Cogumelos do Planalto), César Rodrigues (Bardo – Queijo de Cabra Bio), Jones Casimiro (Cenários), Elisabete Rodrigues (Património e Turismo), Claúdio Rosário (PINTA), João Alves (GeoParque Terras de Cavaleiros), Ana Antunes (Construção em Terra), José Ferreira (Palombar), Alfredo Cordeiro (Agricultura Biológica), Alice Tavares Costa (Reabilitação Urbana), Gracinda Rodrigues (Gestão de Águas), Francisco Pavão (Azeites), Carlos Prada de Oliveira (Minas de Argozelo), Carina Machado Lopes (Estratégias de Desenvolvimento Local), António Henrique (Ginãstica de Manutenção), Francisco Bruçõ (Termas de Vimioso), Claúdia Costa (Fotografia), Francisco Cordeiro Alves (Pedagogia), Isabel Fernandes (Chestwine Tanino Enológico), Jorge Afonso (Casa do Joa), Isabek Rodrigues (Museologia) e Paulo Preto (Música).

O Pecha Kucha é uma iniciativa organizada pela Comissão de Festas, que conta com o apoio da freguesia de Santulhão.

Nas instalações da freguesia, o público tem ainda a oportunidade de visitar a exposição de fotografia “Retratos de Santulhão”, cuja inauguração ocorre a 4 de agosto.

«A par da exposição, vão ser exibidos vídeos sobre as “Histórias da Terra e das Gentes de Santulhão” e um documentário sobre tradição local da apanha da azeitona. Com a realização destas atividades culturais queremos proporcionar uma variada oferta cultural à população local e aos emigrantes que regressam nesta altura do ano”, disse.

Segundo Francisco Lopes, as fotografias “Retratos de Santulhão” podem ser adquiridas pelo público e o valor da venda destina-se à angariação de verbas pela Comissão de Festas deste ano.

HA

Festas de Santulhão 2024

Vilarelhos, a aldeia da poesia, em Alfandega da Fé, com o Festival PAN que decorreu este fim-de-semana

 O 6º Encontro do Festival Transfronteiriço de Poesia, Património e Arte de Vanguarda em Meio Rural – PAN decorreu em Vilarelhos, no concelho de Alfândega da Fé, nos dias 26, 27 e 28 de julho.


A iniciativa reuniu mais de duas centenas de participantes ligados à literatura, às artes plásticas e à música e já transformou Vilarelhos, na aldeia da poesia, como refere, a vice-presidente da Câmara Municipal de Alfândega da Fé, Maria Manuel Silva:

“Exatamente, Vilarelhos é a única aldeia da poesia, neste país, porque até agora não encontramos registo de outra no país. Foi implementada uma rota da poesia que tem 19 pedras com poemas. Esta rota já foi aumentada.”

Ao longo de três dias foram muitos poetas, prosadores, artistas plásticos, músicos nacionais e da vizinha Espanha:

“Estamos a falar de mais de 40 artistas. Três dezenas de poetas e escritores. Depois temos artistas plásticos, pintores, gente que trás aqui algum folclore e ainda 7 músicos”.

Música, poesia em meio rural aliada aos monumentos da aldeia:

“Este festival tentar valorizar todo o património que toda a aldeia tem.”

O PAN é para continuar com mais poesia, exposições e boa música.

O tema deste ano foi o “50 Abril – liberdade com liberdade” numa alusão à comemoração dos 50 anos do 25 de abril de 1974 e à relação direta da atividade cultural na luta pela liberdade e pelos direitos fundamentais.

Este Festival teve início na aldeia de Morille, em Salamanca, tendo chegado a Portugal pela primeira vez em 2015 e a Alfândega da Fé em 2018, com o propósito de levar arte de vanguarda, poesia, música e cultura aos meios rurais, reunindo diversos artistas de Portugal e Espanha em experiências artísticas e culturais diversas.

Tem também as particularidades de envolver a comunidade local no acolhimento de artistas, de converter em galerias de arte edifícios sem utilização atual e de trazer para a rua tertúlias literárias.

Escrito por Rádio ONDA LIVRE

Investigação arqueológica no Côa revela pinturas do pós-paleolítico, as primeiras na região

 Investigadores da Universidade de Coimbra puseram a descoberto, pela primeira vez no Vale do Côa, uma rocha pintada com motivos associados à arte levantina da pré-história pós-paleolítica, disse hoje à agência Lusa a presidente da Fundação Côa Parque.


“Trata-se de uma rocha pintada com alguma espetacularidade iconográfica na vertente sobre o Côa, juntando-se a algumas das mais icónicas rochas gravadas do Paleolítico Superior do Vale do Côa. Trata-se de um novo conjunto, desta feita pintado, com motivos que se enquadram nos milénios da pré-história pós-paleolítica”, explicou Aida Carvalho.

Até aqui, no Vale do Côa, eram conhecidas rochas picotadas representado motivos da fauna daquele território de há cerca 25.000 a 30.000 anos, com destaque para auroques (boi selvagem), cavalos, cabras e cervas, entre outros.

De acordo com Aida Carvalho, “as figuras pintadas nesta rocha são de grande originalidade no contexto da Arte do Côa e facilmente apreensíveis por qualquer pessoa, complementando assim de maneira muito feliz aquele que já é um percurso especial e ímpar na visitação do território do Côa”.

“São pequenos núcleos de pintura, agora descobertos, associados à chamada arte levantina. Esta nova descoberta é fundamental para o Parque Arqueológico do Vale do Côa, porque denota a presença humana, que foi sucessivamente gravando ao longo de um largo período da pré-história [testemunhos] fundamentais para reforçar os círculos artísticos neste território”, vincou Aida Carvalho.

Vários investigadores indicam que a arte levantina se expressa sobretudo em pintura, centrada na figura humana e na sua representação, muitas vezes com alusão à natureza e a situações do quotidiano. São pinturas, gravuras e desenhos que podem ir de simples linhas ou sinais, a cenas de caça, localizadas em paredes de grutas, cavernas ou abrigos.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) inscreveu a arte rupestre levantina ibérica, incluída no Arco Mediterrânico, na lista do Património Mundial da Humanidade, em 1998.

A equipa de investigadores da Universidade de Coimbra está a trabalhar na datação exata das pinturas agora descobertas no Vale do Côa, e no processo de verificação dos motivos representados, para estudos que serão apresentados a breve prazo.

Segundo Aida Carvalho, a localização desta nova rocha facilita o acesso de logística de apoio, o que também deverá promover uma melhor experiência da visita ao parque arqueológico, no futuro, sem aumentar a pressão humana sobre este sítio em particular. “Este será um motivo para a revisitação à Arte do Côa”, concretizou Aida Carvalho à Lusa.

Nesse contexto, um cais palafítico, segundo a responsável, poderá vir a revitalizar as visitas nesta área do parque.

“A colocação de um cais palafítico sobre o Côa, para jusante deste sitio, permitiria a fácil atracagem da embarcação eletrossolar da Fundação Côa Parque, eliminando o custo ambiental dos combustíveis fósseis e permitindo uma muito maior facilidade no acesso ao acervo de rochas decoradas, selecionadas para visita”, indicou a presidente da Fundação.

Quando da criação do Parque Arqueológico do Vale do Côa (PAVC), em agosto de 1996, foram identificadas 190 rochas com arte rupestre. Atualmente são 1511, das quais 38 são pintadas, que representa um total de 15.661 motivos identificados, em mais de uma centena sítios distintos, sendo predominantes as gravuras paleolíticas, executadas há cerca de 30.000 anos.

“Trata-se de um ciclo artístico que nunca foi interrompido, ao longo de mais de 30.000 anos”, rematou Aida Carvalho, em declarações à Lusa.

A arte do Côa foi classificada como Monumento Nacional em 1997 e, em 1998, como Património Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

Como uma imensa galeria ao ar livre, o PAVC ocupa 20 mil hectares de terreno que estão distribuído pelos concelhos Vila Nova de Foz Côa, Mêda, Pinhel e Figueira de Castelo Rodrigo, no distrito da Guarda, a que se junta o concelho de Torre de Moncorvo, no distrito de Bragança, com manifestações de arte rupestre.

Francisco Pinto, da agência Lusa
FYP // MAG
Lusa/fim

𝗣𝗿𝗼𝗴𝗿𝗮𝗺𝗮 | 𝗙𝗲𝘀𝘁𝗮𝘀 𝗱𝗮 𝗩𝗶𝗹𝗮 𝗲 𝗱𝗼 𝗖𝗼𝗻𝗰𝗲𝗹𝗵𝗼 𝗲 𝗘𝘅𝗽𝗼𝗠𝗼𝗻𝗰𝗼𝗿𝘃𝗼

Incêndio na cozinha de apartamento em Mirandela causa "queimaduras ligeiras" ao proprietário

 Um jovem de 21 anos de idade sofreu queimaduras de primeiro grave, em algumas partes do corpo, na sequência de um incêndio que deflagrou na cozinha do seu apartamento, situado no sétimo andar do edifício “Variante”, um dos mais altos de Mirandela.


A vítima foi transportada à unidade hospitalar local. “O proprietário teve de ser evacuado devido a queimaduras ligeiras na sequência da tentativa inicial de proceder à extinção das chamas”, refere o comandante dos bombeiros voluntários de Mirandela, que receberam o alerta para o incêndio perto do meio-dia.

“Quando as equipas chegaram ao local, o incêndio estava confinado à cozinha”, adianta Luís Carlos Soares.

Quanto às possíveis causas para a ignição deste incêndio, o comandante dos bombeiros revela que “as informações que nos deram foi de que o jovem proprietário da casa estaria a confecionar alimentos e, entretanto, ter-se-á ausentado da habitação. Quando regressou já tinha deflagrado um incêndio na cozinha com muito fumo”, conta.

Segundo relatos de vizinhos, o jovem terá ido fazer compras de última hora e quando regressou apercebeu-se que tinha deixado ficar as chaves no interior do apartamento e teve de se deslocar a um familiar para lhe ceder as chaves suplentes e quando regressou já tinha deflagrado o incêndio.

A situação foi rapidamente controlada e o incêndio foi dado como extinto cerca das 13,00 horas. “Estamos neste momento numa fase de consolidação dos trabalhos e de ventilação do apartamento”, relatou Luís Soares.

Os prejuízos estão confinados à cozinha. “Os móveis da cozinha ficaram danificados”, confirma o comandante.

No combate às chamas estiveram 15 operacionais com o apoio de cinco viaturas.

A PSP esteve no local com uma equipa a tomar conta da ocorrência.

Artigo escrito por Fernando Pires (jornalista)

OS FIDALGOS - BRAGANÇA - Família Figueiredos – IV - Família Figueiredos Sarmentos - Família Fonseca Pinto

 Família Figueiredos – IV

D. MARIA LOPES DE MORAlS, instituiu, em 5 de Dezembro de 1673,um morgadio com capela dedicada a Nossa Senhora da Conceição. Casou com Francisco de Figueiredo Sarmento. Não teve descendência e legou este morgadio a seu marido (ver 6º em Doutéis, de Bragança).
FRANCISCO DE FIGUEIREDO SARMENTO, administrador deste morgadio,que o legou a:
FRANCISCO XAVIER DA VEIGA CABRAL, fidalgo da Casa Real, governador da vila de Bragança (ou cidadela), filho de D. Maria de Figueiroa, sobrinha de Francisco de Figueiredo Sarmento, filha de António da Ponte Galego e de D.Maria Nogueira, neta de Domingos da Ponte Galego, general de artilharia da província de Trás-os-Montes, e casada com Sebastião da Veiga Cabral, mestre de campo general, governador da mesma província (132).

Família Figueiredos Sarmentos

PEDRO JOSÉ SOARES DE FIGUEIREDO SARMENTO, tenente-coronel de infantaria de Bragança, governador da nova Colónia, com patente de brigadeiro, em 1763, onde esteve até 1775, casou no Rio de Janeiro e faleceu em Lisboa em Junho de 1776, deixando uma filha única.
Era filho de Aleixo José Soares de Figueiredo Sarmento e de D. Rosa Maria Teresa de Sousa Pimentel, irmã de Lázaro José de Figueiredo Sarmento, alcaide-mor de Bragança.
Neto paterno de Pedro Soares de Figueiredo Sarmento, cavaleiro da Ordem de Cristo, coronel de infantaria, e de D. Perpétua de Figueiredo, filha de Francisco da Silva Barreto, fidalgo da Casa Real (filho de Domingos Nunes de Morais, capitão-mor de Paçó, e de D. Maria da Silva, filha de Francisco da Silva Barreto, capitão-mor de Paçó), e de D. Perpétua da Rocha Figueiredo, que era neta de Gaspar da Silva, capitão-mor de Vinhais, e de D. Isabel de Morais, filha de Rodrigo de Morais (o Indiano), natural de Tuizelo.
Segundo neto paterno de Aleixo Soares e de D.Maria de Buitrão Soto Maior, filha de Sebastião de Figueiredo Sarmento, cavaleiro da Ordem de Cristo, capitão de cavalaria, e de D. Mariana de Buitrão Soto Maior (133), aos quais nos referiremos na Árvore Genealógica dos Figueiredos, da Quinta de Arufe.

Família Fonseca Pinto

AGOSTINHO JOSÉ DA FONSECA PINTO, bacharel, filho do doutor Agostinho José da Fonseca, professo na Ordem de Cristo, professor de filosofia em Bragança, natural de Faria, termo de Barcelos, e de D.Mariana Albina de Lima Pinto, do Porto, nasceu em Bragança a 26 de Março de 1825. Era neto materno de Miguel José Pinto Castelinho, natural de Alfândega da Fé, major de artilharia, director do trem do ouro e das obras militares da cidade do Porto.
Casou, em 1850 com D. Adelaide Felisbina de Mesquita Antas, natural de Outeiro(134).
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(132) BORGES, José Cardoso – Descrição Topográfica da Cidade de Bragança, notícia XI, «Dos Morgados», § 13, fol. 298 (mihi).
(133) PINTO, D. Bento – Caderno de Árvores de Costado.
(134) Museu Regional de Bragança, maço Casamentos, Outeiro.
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MEMÓRIAS ARQUEOLÓGICO-HISTÓRICAS DO DISTRITO DE BRAGANÇA

Taxa para aceder às Praias do Azibo começa a ser aplicada em Agosto

 A Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros vai começar a cobrar um euro, a partir de agosto, aos frequentadores-condutores que têm como destino o estacionamento junto à Praia da Ribeira, na Albufeira do Azibo.


Todos os anos, o Azibo recebe cerca de 400 mil visitantes, por esse motivo a autarquia pretende pugnar pelo “equilíbrio do impacto turístico na qualidade da paisagem”, parcialmente integrada da Rede Natura 2000 e vai aplicar no próximo mês uma taxa simbólica.

Considerada como uma das jóias naturais do Nordeste Transmontano, a Albufeira do Azibo contam com uma paisagem protegida, parcialmente integrada da Rede Natura 2000 e um dos ativos ambientais mais significativos da Reserva da Biosfera Transfronteiriça da Meseta Ibérica.

“Trata-se de um valor simbólico, de um euro, que pretende sensibilizar os utilizadores para esta nossa preocupação. Vamos avançar gradualmente e iniciar a cobrança pela estância mais frequentada e que, amiúde, fica com os acessos congestionados. A praia da Fraga da Pegada ficará para a fase posterior. Foi uma decisão que tivemos de tomar, a bem de todos. Com esta taxa de acesso estaremos a ajudar a custear a manutenção dos espaços, a promover o ordenamento rodoviário mais cómodo e seguro, e a incutir uma maior consciência de sustentabilidade ambiental”, explica Benjamim Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros.

Para o autarca, trata-se de uma “medida urgente e que se impunha”. Inclusive porque estão na calha “melhorias dos espaços em questão”.

Recorde-se que a albufeira foi idealizada para servir de apoio ao regadio agrícola no concelho de Macedo de Cavaleiros, mas rapidamente ganhou o estatuto de Paisagem Protegida. É formada por três linhas de água – o rio Azibo (13 Km) e as ribeiras do Azibeiro (7,3 Km) e do Reguengo (7,8 Km) –, e faz parte da bacia hidrográfica do rio Sabor.

A geografia exibe uma fauna e uma flora de grande relevância. De acordo coma autarquia, muitos rumam àquelas paragens para a observação de aves, caminhadas, fotografia de natureza, canoagem e demais escapadas de contacto com o que de mais puro a terra-mãe e as linhas de água da zona fornecem.

Jornalista: Rita Teixeira
Foto: Arquivo/Canal N

“UMA ILHA, MAS EM VEZ DE MAR, TERRA.”

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Pela mão da minha filha Inês, tive a oportunidade de ler, com prazer, emoção e alguma comoção o livro de Susana Moreira Marques “Agora e na Hora da Nossa Morte” editado pela Tinta da China. A jornalista/escritora registou as histórias, os comentários e as suas impressões, de várias visitas às terras de Miranda entre junho e outubro de 2011. 
Estava no terreno um projeto idealizado por Jorge Soares e Sérgio Gulbenkian, diretor e diretor adjunto do Serviço de Saúde e Desenvolvimento Humano da Fundação Calouste Gulbenkian. Foi o Sérgio que, pela primeira vez me falou dele, por saber dos laços familiares e de proximidade ao Planalto e tive oportunidade de ouvir detalhar ao Jorge, numa das várias reuniões de diretores na Praça de Espanha.
Figura relevante neste desígnio de democratizar, estender e melhorar os cuidados paliativos em Miranda, Vimioso e Mogadouro foi Jacinta Fernandes, coordenadora da Unidade Domiciliária dos Cuidados Paliativos daquela região. Encontrei-a no início de 2014, em Bragança por ocasião da reunião da Assembleia Distrital, tinha eu sido eleito para a presidência da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo e ela reeleita para a de Miranda do Douro. Trocámos breves, mas interessantes, impressões sobre este projeto consolidando a impressão que trazia da sua relevância e interesse para a região.
Falei, logo que tive oportunidade, com o António José Salgado, coordenador do Centro de Saúde de Moncorvo que me acompanhara na lista e na campanha autárquica e, tendo obtido a sua concordância, empenhei-me, no meu regresso a Lisboa, em explorar a possibilidade de extensão deste projeto às terras de Mendo Corvo.
Não foi uma tarefa fácil não só por causa da rigorosa gestão orçamental, mas, igualmente, porque era necessário obter a concordância de Jacinta Fernandes. Tudo isso foi ultrapas- sado com a boa vontade do responsável do Centro de Saúde de Moncorvo disponibilizando os recursos adicionais necessários, por reconhecer a mais valia do projeto para a população e, logo, para a unidade que dirigia. De Miranda veio, igualmente, um generoso e solidário sim e, em Lisboa, começou a ganhar forma a extensão da experiência ganhando com isso dimensão e, igualmente, trazendo crédito para a iniciativa, por funcionar como uma espécie de avaliação positiva, intermédia, antes do seu termo. O próprio executivo da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo reservava já, para o novo orçamento, uma verba adequada para o apoio domiciliário… Porém, a forma como o Presidente da Câmara moncorvense idealizara este apoio não se coadunava com o forma operacional daquele que estava já em curso, com os resultados conhecidos e com as normais expetativas.
O projeto da Câmara de Moncorvo era outro: não tinha nada a ver com Miranda e o apadrinhamento da Gulbenkian apenas seria aceite se passasse pelo apoio da Santa Casa da Misericórdia de Torre de Moncorvo. Como tal não aconteceu, em Moncorvo nasceu um novo projeto liderado pela Misericórdia e financiado pela Câmara.
Desconheço qualquer avaliação e nunca tive conhecimento da publicação dos resultados obtidos. Seguramente serão relevantes e bons, mas duvido que, sozinhos, tenham ido tão longe quanto poderiam ter ido se pudessem acrescentar valor ao que já estava no terreno. Daí que, de todo o livro da Susana Marques, a frase que mais me tocou é a do final da página 24 e que escolhi para titular este texto: “Uma ilha, mas em vez de mar, terra.”

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance), Canto d'Encantos (Contos) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.