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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira..
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 8 de julho de 2024

A Inconsistência Semântica de Certos Provérbios - II

Por: António Pires 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

 “A ocasião faz o ladrão”

Não sendo minha intenção ousar pôr em causa o “princípio universal” desta expressão popular, no entanto, tenho outra explicação para justificar a motivação de quem se deixa seduzir pelo alheio, vulgo, se presta ao gamanço. 
Na minha modesta opinião, o traço de personalidade “ladrão”, tal como a Maldade do Ser Humano, a Ganância, a Arrogância, a Vaidade, a Sacanice, a Soberba, a Traição, a Antipatia …, à semelhança dos respectivos opostos, situam-se, numa espécie de repositório, nos vários e complexos compartimentos do cérebro humano. A informação está lá, qual centralina nos veículos automóveis.
O que leva à pergunta: então, a nossa personalidade não resulta do berço, do ambiente familiar e escolar, da sociedade, das vivências, do ADN? Claro que sim. Somos o somatório de todos esses pressupostos. Mas o que mais determina os nossos comportamentos é a nossa essência, que, não raras vezes, a máscara ajuda a esconder esse Ser que não somos.
Antes de mais, é conveniente distinguir dois tipos de ladrões - separação que, na prática, a nossa Justiça não faz: aqueles que, por instinto de sobrevivência, roubam um pacote de leite no hipermercado, para dar aos filhos famintos; e os que, vivendo bem com 10, querem 20, cedendo, assim, ao segundo dos pecados capitais. Em relação aos segundos, é frequente usar-se não o termo “roubar”, mas o simpático e complacente eufemismo “desviar”.
Quem nunca ouviu, com perplexidade, a seguinte pergunta, quando alguém, respeitado na comunidade, que nós conhecemos, e por quem “púnhamos a mão no lume”, pela sua conduta moral intocável, foi tentado pelos milhões que estavam ali à mão: “como é que este homem é corrupto?! Não acredito! É impossível! Só pode ser uma cabala!”
É a essência que estava lá, adormecida, mas que um dia se revelou, num momento em que a pessoa não pôde controlar. O mesmo acontece com a traição, independentemente do género: está-lhes no sangue, é indomável. 
Uns e outros, ladrões e infiéis, têm personalidades reprimidas. Pois, por muito que a sociedade os condicione e limite na sua verdadeira natureza (durante 10/20/30 anos), um dia estala-lhes o verniz, saem do armário, para incredulidade e desilusão dos paroquianos.
Como não posso nem tenho a veleidade de contrariar o que o povo tem por sagrado, e porque sou confesso admirador da tradição oral, fico-me pela ideia de que o ladrão (ganancioso) faz a ocasião.

António Pires


António Pires, natural de Vale de Frades/S. Joanico, Vimioso. 
Residente em Bragança.
Liceu Nacional de Bragança, FLUP, DRAPN.

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