Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 31 de janeiro de 2025

Grandes etnógrafos portugueses: guardiões da cultura popular

 A etnografia portuguesa tem uma história rica e diversificada, marcada por investigadores que se dedicaram ao estudo das tradições, costumes e modos de vida das comunidades em Portugal.


Desde o século XIX até à atualidade, vários etnógrafos portugueses destacaram-se pelos seus contributos inestimáveis para a compreensão da cultura popular e das identidades regionais do país.

Entre os mais reconhecidos, podemos mencionar José Leite de Vasconcelos, Jorge Dias, Michel Giacometti, Ernesto Veiga de Oliveira, Benjamim Enes Pereira, Manuel Viegas Guerreiro e Fernando Galhano.

José Leite de Vasconcelos (1858-1941) é frequentemente considerado o pai da etnografia portuguesa. Filólogo, arqueólogo e etnógrafo, foi um dos primeiros a sistematizar o estudo da cultura popular portuguesa.

Fundou o Museu Etnológico Português (hoje Museu Nacional de Arqueologia) e realizou extensas investigações sobre o folclore, as tradições orais, a linguística e os costumes do povo português.

Entre as suas obras mais relevantes destacam-se “Etnografia Portuguesa“, onde compilou um vasto conjunto de informações sobre a vida rural, as festas populares, as crenças e os rituais de várias regiões do país.

Jorge Dias (1907-1973) foi um dos mais influentes etnógrafos portugueses do século XX. A sua abordagem foi profundamente influenciada pela antropologia social e pela etnografia germânica, tendo estudado em profundidade a cultura material e imaterial do país.

Uma das suas investigações mais notáveis incidiu sobre os Macondes de Moçambique, o que fez dele uma referência internacional nos estudos africanos. No entanto, também dedicou grande parte do seu trabalho ao estudo da cultura portuguesa, particularmente à análise da ruralidade e da organização social das comunidades do Norte de Portugal.

A sua obra “Os Arados Portugueses” constitui um exemplo da sua abordagem minuciosa ao estudo das práticas agrícolas tradicionais.

Michel Giacometti (1929-1990) foi um etnógrafo e musicólogo corso que se radicou em Portugal e desempenhou um papel crucial na recolha e preservação da música tradicional portuguesa. Percorreu o país gravando e documentando canções, práticas musicais e rituais populares que estavam em risco de desaparecer.

A sua colaboração com o realizador Alfredo Tropa na série “Povo que Canta” da RTP tornou-o uma figura icónica da cultura popular portuguesa. O seu trabalho influenciou gerações de investigadores e artistas, como José Mário Branco e Fausto Bordalo Dias, que incorporaram nas suas músicas os sons e histórias recolhidos por Giacometti.

Ernesto Veiga de Oliveira (1910-1990) destacou-se pelo seu trabalho na etnografia material, estudando objetos, utensílios, instrumentos e práticas tradicionais portuguesas.

Foi um dos principais colaboradores do Centro de Estudos de Etnologia Peninsular e dedicou-se a uma investigação detalhada sobre o quotidiano das populações rurais, particularmente sobre a arquitetura vernacular, os transportes tradicionais, a cestaria, a cerâmica e as técnicas agrícolas.

A sua obra “Instrumentos Musicais Populares Portugueses“, escrita em coautoria com Benjamim Pereira e Joaquim Nogueira, é um dos estudos mais completos sobre a cultura musical popular portuguesa.

Benjamim Enes Pereira (n. 1928) é outro nome incontornável da etnografia portuguesa, com um trabalho focado na cultura material e nas manifestações culturais do povo português.

Colaborou com Ernesto Veiga de Oliveira em várias investigações e publicou estudos detalhados sobre a cultura popular, a arquitetura tradicional e as técnicas artesanais.

A sua obra “Estudos de Etnologia” reúne uma parte significativa da sua pesquisa, sendo uma referência essencial para qualquer estudioso da etnografia portuguesa.

Manuel Viegas Guerreiro (1912-1997) foi um etnógrafo e antropólogo que estudou extensivamente as culturas africanas e a tradição oral portuguesa. A sua pesquisa incidiu sobre os povos de Angola, Moçambique e Guiné-Bissau, documentando aspetos linguísticos e culturais fundamentais para a compreensão das sociedades africanas e da sua ligação a Portugal.

Foi professor na Universidade de Lisboa e um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento dos estudos etnográficos em Portugal.

Fernando Galhano (1904-1995) dedicou-se ao estudo da cultura material portuguesa, com especial enfoque na arquitetura popular e nos instrumentos agrícolas e de pesca. O seu trabalho ajudou a documentar e preservar práticas tradicionais que estavam em risco de desaparecer.

Publicou numerosos estudos sobre a etnografia portuguesa, colaborando com outros investigadores para a valorização do património cultural do país.

Além destes nomes, há muitos outros investigadores que contribuíram significativamente para o estudo e preservação da cultura popular portuguesa.

O trabalho dos etnógrafos portugueses tem sido fundamental para a valorização das tradições e para a compreensão das dinâmicas socioculturais do país. As suas investigações continuam a influenciar estudiosos, artistas e decisores políticos na promoção e salvaguarda do património cultural português.

Sem comentários:

Enviar um comentário