Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

domingo, 9 de março de 2025

DESCER À CAPITAL

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Certa ocasião fui convidado por casal amigo, para almoçar. Ele, ocupava cargo de relevo numa empresa pública; ela, era professora.
Durante o repasto a conversa descambou para a política, e como lhes dissesse que não era apolítico, e nunca militara num partido, nem movimento, ela me disse:
-"Tudo que se escreve ou se diz, é política. Atitude ou opinião que se exprime, mesmo que se pense que nada tem com política, já o é."
Como a prosa continuasse abordando as características do bom político a mulher acrescentou:
-" Muitos que se filiam num partido têm pouca ideologia a fim; mas desejam ocupar cargo importante – o que é humano, – se não se milita num, nunca será chamado para nada..."
Nisso foi interrompida pelo marido:
- " Não basta ser militante, é preciso ter talento. Ser bom profissional... Mas é verdade que só são escolhidos os que se conhece. Ilustre desconhecido, que permanece no remanso de sua casa, por mais competente que seja, nunca será chamado para nada, porque ninguém o conhece.
Lembrei-me, então, de meu pai, que se carteava com nomes sonantes da literatura lisboeta. Estes, várias vezes diziam-lhe; " desça à Capital, escrevendo em matutino do Norte, será sempre um provinciano."
Resolveu bater à porta de velho amigo de infância, pessoa de peso na vida política.
Este respondeu-lhe que era amigo de editores e jornalistas da Capital, e com gosto o apresentaria a alguns.
Porém esclareceu:" Prometes-me que não vais escrever artigos que cheirem a sacristia, nem crónicas piegas e moralistas; trata temas sociais de combate: Tens um estilo peculiar, que ronda a poesia, não o alter, porque é muito apreciado."
Meu pai – segundo me disse, – agradeceu a gentileza, mas preferia ser provinciano, do que " descer" à Capital. Como católico não escreveria artigos, que a consciência reprovasse.
Era homem que preferia defender seus princípios, do que a glória da Capital.


Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

Sem comentários:

Enviar um comentário