terça-feira, 24 de abril de 2012

Os Deolindos (burgueses urbano deprimidos pseudo-intelectuais da tanga)

Coitados dos deolindos, esses putos de 25 anos que apesar de terem uma licenciatura em gestão de artes cénicas não encontram trabalho na sua área e que como muitos são contratados para um estágio onde não recebem mais de quinhentos euros e que não têm dinheiro para comprar uma casa com três quartos no Chiado e por isso vivem com os pais em vez de partilhar um apartamento com mais três deolindos e que são obrigados a andar de transportes porque não há banco que lhes dê um crédito para comprar um Golf.
É fodido ter 25 anos e confirmar que a vida lá fora não respeita as mordomias a que estávamos habituados em casa dos pais. 
É fodido não receber 2.000 Euros porque “fartei-me de estudar”, é fodida a incerteza de um contrato de trabalho merdoso, é fodido. 
Eu acho bem que os deolindos se queixem à porta da Bicaense, que bramem contra as injustiças do liberalismo, que cantem hinos no festival da Zambujeira. Pois.
O que eu já acho mesmo fodido é que os Deolinda, esse grupo de intervenção estilo Lux, não cantem a essa geração de trabalhadores das fábricas de São João da Madeira que se matam a trabalhar de sol a sol e pelo salário mínimo, se é que recebem, porque muitas das vezes os patrões declaram-se em falência para abrir outra fábrica mesmo ao lado.
Fodido mesmo é que o Bloco de Esquerda, os líderes da esquerda betinha e fracturante, nunca se tenha lembrado dos salários miseráveis das educadoras de infância, das empregadas de supermercado, das cabeleireiras, das senhoras da limpeza, porque esta gente não canta hinos, não é gira, não tem um curso superior em Cultura Visual, não lê Paul Auster, não tem tempo para se queixar porque passa a vida a trabalhar.
Basicamente, estes defensores da suposta geração perdida são incapazes de sentir empatia pelo povão, pela que sempre se chamou classe trabalhadora e que é realmente a geração desperdiçada, gente cuja força bruta e capacidade de sacrifício e de trabalho ninguém aproveitou mais que para encher centros comerciais e estádios de futebol.
Gente que acorda de madrugada para dar de comer aos filhos e a uns pais cuja reforma não passa dos 250 euros, que paga empréstimos, crédito habitação, impostos, segurança social, tem os putos em escolas e ATL, mas que chega ao fim do mês sem capacidade de poupança porque não lhes dá o ordenado para mais e que não sai da cepa torta, incapaz de pertencer à classe média, que é a que levanta o país e que realmente deveria interessar ao Bloco, aos deolindas e a todos estes indignados.
Mas esta gente que não interessa a ninguém porque não vai a concertos no Coliseu ouvir os Deolinda porque não têm dinheiro nem pais a quem continuar a chular as entradas enquanto se queixam que são escravizados.


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2 comentários:

  1. Quem escreveu isto, ESCREVEU! E bem.

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  2. geralmente é a classe média que se mobiliza em protestos por os outros estarem impossibilidatos de o faezr, por precisarem de trabalhar e por precisarem de estar mais preocupados com o ter dinheiro para a comida daquela dia. é uma situaçao algo paradoxal, mas às vezes as revoltas da classe média acabam por ter benefícios para as pessoas em situação mais carenciada realisticamente falando. não acho que o caminho seja rebaixar quem protesta e é da classe média, mas sim por juntar a esses protestos temas que também beneficiam classes mais desfavorecidas, por juntar as pessoas. a reinvidicação de algo não deveria ser feita com o rebaixamento dos outros. já sabemos que há gente a queixar se por nao ter um iphone enquanto ha quem nao tenha que comer. mas a forma passa por alertar quem tem o ipod e tempo e poder para se manifestar para as outras carencias, e não por humilhá-los e causar uma possivel indeferença ou defesa logo à partida nessas pessoas

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