segunda-feira, 30 de abril de 2018

Dizeres e Ditos Na Carta Gastronómica de Bragança

Sebastiana Maria dos Santos Batista
Sr.ª Dona Sebastiana Maria dos Santos Batista, 56 anos, vive em Bragança. Teve cinco filhos e tem sete netos. Pequena ia com a cria para os lameiros.
Os ricos vendiam aos pobres.
Vivia-se do que dava a casa. O cevado era fundamental, comiam toucinho, coelhos, feijões e caldo de couves. Cozinhava-se no borralho, na sertã e nas trempes. A matança do porco fazia-se à torna jeira. As tripas do cevado lavavam-se no ribeiro em água corrente, depois em casa com água morna, temperada com louro e rodelas de laranja. As tripas delgadas destinavam-se aos chouriços e linguiças, as grossas para os salpicões e palaio. Faziam salpicão de língua do porco.
As bocheiras comiam-nas os pobres.
Para a festa da Sra. da Hera levavam pão, bolos de bacalhau e frango frito ou estufado.
Naquela altura o dinheiro andava fugido.
No Natal comia-se polvo seco ou de meia cura cozido, e as sobras fritavam-se, No Entrudo as pessoas comiam chouriço de pão, pé de porco e butelo, na Páscoa folar (casa sem folar não era casa), na festa cabrito, cordeiro e leitão assados. O leitão (torradeiro) era torrado com pingo, só mais tarde é que veio a Vaqueiro. O café fazia-se no púcaro com a brasa dentro.
Os velhos comiam caldo, às mulheres paridas davam-lhe galinha velha durante uma semana. Os meninos de colo enchiam a boca com rolhos de açúcar embebidos em água.
Trabalhou desde muito nova como criada de servir. Tudo quanto sabe de cozinha aprendeu com as patroas.
Foi a salto procurou uma vida melhor. A vida é muito ingrata!

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

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