Essa obra chama-se Dicionário dos mais ilustres Transmontanos e Alto Durienses. E aquilo que inicialmente me parecia um projecto irrelevante, passou, nestes 14 anos, entretanto decorridos, a obra de referência obrigatória, quer para os bibliógrafos, quer para os coordenadores de antologias, quer para investigadores que são convidados a escrever monografias académicas. Alguns autores de renome se inspiraram nesta obra com características pioneiras e cada vez me sinto mais lisonjeado com citações em obras como esta que Hirondino da Paixão Fernandes (o actual Abade de Baçal), nos proporcionou. Essa obra tem dez volumes, referencia escritores, jornalistas e artistas do Distrito de Bragança.
E em todos os dez tomos a avaliar pelos três que já compulsámos, se constata que os nossos três volumes forneceram ao ilustre investigador Bragançano, muitas centenas de citações. Apenas fica este exemplo a realçar o mérito do Dicionário que gerou algumas inimizades e censuras pessoais ao coordenador mas que será, doravante, fonte de consulta obrigatória. Durante o próximo ano a Âncora trará a público um novo volume, reeditado, com alterações, aditamentos e reformulações que preencherá o I volume que esgotou. Temos recebido importantes contributos de transmontanos que atingiram o topo da carreira e que se notabilizaram.
Deixamos este gratificante exemplo de um médico que nasceu em 18 de Abril de 1940, em Vinhais e faleceu em 9 de Agosto de 2005. Fez a formação do secundário no Liceu D. Manuel II, no Porto, dispensando do exame de Aptidão à Faculdade de Medicina da mesma cidade. Concluiu a licenciatura em 31 de Janeiro de 1967, com a classificação de 17 valores. Tal nota mereceu-lhe o prémio Desembargador Almeida Ribeiro. Foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian nos dois últimos anos do curso. A tese de licenciatura sobre a «Fibrilação Ventricular em Hipotermia» foi classificada com 20 valores. Fez também o exame do «Educational Council For Foreign Medical Graduates» com a classificação de 84/100. Em 9 de Outubro de 1967 ingressou no curso de Oficiais Milicianos em Mafra, onde frequentou o curso de Instrução em Doenças Tropicais, sendo o 1º classificado. Seguiu-se a sua colocação no Hospital Militar do Porto, tendo sido mobilizado para a Guiné em 10/2/1969.
Passou à disponibilidade em 18/12/1970. Iniciou a carreira hospitalar como médico estagiário Voluntário do Serviço de Clínica Cirúrgica do Hospital de S. João, em 27/4/1967 que interrompeu por força do serviço militar obrigatório. Ainda durante o serviço militar fez concurso documental para Médico do Internato geral. Após o regresso da vida militar realizou em 23/11/1970 o exame Final do Internato Geral com a classificação de Muito Bom com Distinção. Em 2/2/1971 entrou no Internato Complementar de Cirurgia Geral do Hospital de S. João. A seu pedido foi exonerado do cargo hospitalar para tomar posse como Assistente da Faculdade de Medicina do Porto. Em Julho de 1975 realizou o exame Final do Internato Complementar de Cirurgia Geral com a classificação de Bom. Esteve inscrito no Quadro de Especialistas de Cirurgia Geral da Ordem dos Médicos desde 2976. Iniciou a actividade docente nos Serviços de Clínica Cirúrgica da Faculdade de Medicina do Porto em 28/2/1974. No ano seguinte passou, após a morte do Prof. Álvaro Rodrigues, a colaborar no ensino de Propedêutica Cirúrgica, até 14/10/1986. Em fins de 1977 foi proposto para defender a tese de doutoramento à qual deu o título de Autotransplante de Fragmentos de Pâncreas. Estudo Operatório, Metabólico e Morfológico no cão, que dedicou aos pais, Mário Artur Madureira e Laura de Jesus Fernandes da Costa e às filhas, Ana Cristina e Isabel Maria. Essa tese teve uma tiragem reduzida, em 1992 e teve também uma edição em Inglês com o título: Who`sWho in the World (1999).
Através da nossa leitora M. Adelaide da Costa Mendes da Silva, recebemos, como oferta, um exemplar dessa tese doutoral que constitui uma relíquia científica com que a esposa do Cirurgião Transmontano, Maria. Luísa Madureira, quis honrar-nos. Mário Madureira invoca na dedicatória «todos os investigadores cuja abnegação, esforço e talento contribuíram no centenário: 1889-1990, para um melhor conhecimento e tratamento dos diabéticos. Este cirurgião Vinhaense esclarece no Resumo (p.241) que «em oitenta cães, não submetidos a qualquer manipulação cirúrgica, após um jejum de 18 horas, determinou-se uma glicemia igual a 82,6 # 15,9 mg/100 ml, que variou entre 55 e 110 mg/100 ml. O autor faz um resumo de 14 páginas em inglês e na bibliografia insere 1.275 fontes utilizadas para a elaboração deste notável documento que honra qualquer autor e ou instituição que tenha contribuído para sua existência. A obra em formato A4 e em corpo 11 daria cerca de mil páginas se fosse editada em moldes comerciais. É ilustrada profusamente com muitas dezenas de diapositivos a cores e a preto e branco, com gráficos e estatísticas científicas que muito representam para os avanços da medicina nos domínios dos autotransplantes de fragmentos de pâncreas. Muitos avanços para os diabéticos que mereceram uma vida inteira deste talentoso médico Transmontano que nos deixou aos 65 anos de vida.
Por Barroso da Fonte, Dr.
in:dodouro.com
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