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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Defender a floresta dos incêndios exige a valorização dos activos florestais, adopção de medidas oficiais de prevenção, políticas mais assertivas de combate e uma maior vontade politica dos governos

São sobejamente conhecidas as razões que estão na origem dos incêndios. Não precisamos mais de diagnóstico de mais planeamento de mais nomenclatura precisa-se sim, de políticas públicas e comunitárias que invertam hemorragia demográfica que levaram à exaustão à rotura as aldeias da região. 
Precisa-se, que este e os próximos Governos tomem medidas efectivas de valorização dos recursos intrínsecos da floresta na área económica social cultural e ambiental. Os factores tradicionais que estão na origem dos incêndios à muito que se encontram identificados, mas não resolvidos, como sendo: certos interesses económicos instalados nesta área; a condescendência do actual regime jurídico no tratamento dado aos pirómanos; a falta de comportamento cívico e a negligência humana; a inexistência de fogos controlados para a renovação de pastagens para os animais; a ausência de campanhas de sensibilização junto das comunidades; a falta de investimento na prevenção em área privada, baldios e pública; o afastamento dos técnicos florestais de áreas de responsabilidade e de comando em muitas instituições; o insuficiente número de equipas de sapadores florestais; as questões fito sanitárias no coberto florestal; a gestão da caça; a conflitualidade territorial; o afastamento das populações e outros agentes económicos do mundo rural em todo o dispositivo de combate existente; a depreciação económica da madeira de pinho e o ambiente de crise da economia portuguesa são factores não despiciendos na abordagem da problemática dos incêndios.

Adensar ainda mais estes problemas o Governo extingue serviços públicos, faz reformas contra a opinião das populações afastando-as cada vez mais do poder de decisão, insiste em ofensivas contra a propriedade dos compartes tentando privatizar os baldios para ulteriormente os entregar aos interesses da indústria de celulose e multinacionais do sector.

Problemas fitossanitários das nossas florestas e a crise financeira do país põem em causa este importante sector da economia
A diminuição de actividade no sector da construção civil associado à crise da indústria da madeira e as novas exigências nacionais e comunitárias relativas ao aparecimento do Nemátodo e outros agentes biótipos, o corte, manifesto e transporte e comercialização da madeira de pinho com a obrigatoriedade de destroçar e queimar os sobrantes, submeter a madeira a tratamento térmico; são factores condicionantes e um sério desafio à manutenção, desenvolvimento dos povoamentos do pinheiro bravo na região e no País. Veja-se as dificuldades de comercialização da madeira das astas públicas promovidas recentemente um pouco em toda a região. Não se pode aceitar a ideia de que a floresta se resume apenas à produção de eucalipto para pasta de papel, sobreiro para cortiça, ou à produção do pinheiro manso para a produção de pinha. Em todo o caso nunca podemos dissociar o interesse da floresta de outras funções igualmente importantes para todas as espécies florestais e que estão relacionadas com a protecção do solo, a regulação do ciclo da água ou o sequestro de carbono para já não falar na cinegética ou na paisagem que são elementos de grande interesse para a economia regional e Nacional.

Existem estudos suficientes que dão respostas à forma de proteger a floresta com equipas especializadas em fogo, as Universidades produzem investigação de topo, reconhecida internacionalmente, acerca do comportamento do fogo e da sua relação com os diferentes tipos de vegetação.

O Governo precisa de aquilatar melhor a afectação de meios financeiros entre a prevenção e o combate. Precisa-se de mais equipes de sapadores florestais a inclusão destas, nas brigadas GAUF integrando organizações locais cujo dispositivo de proximidade e conhecimento de terreno, em colaboração com os bombeiros seria uma mais-valia para um efectivo combate aos incêndios florestais.

A título de exemplo, é justo realçar os dados relativos aos incêndios florestais dos anos de 2007 e 2008 com uma taxa de incêndios relativamente reduzida que poderá ter ocorrido por várias razões mas que aconteceu precisamente nos anos em que houve maior envolvimento das associações de produtores florestais e baldios na sensibilização das populações é justo concluir que tal impacto positivo estará também associado ao trabalho de sensibilização junto das populações.

PELA BOCA MORRE O PEIXE

Quando temos um secretário de Estado que perante o Estado de calamidade dos incêndios afirma que não arde mais nas áreas de responsabilidade de gestão do Estado, é pertinente perguntar qual a área total ardida nas áreas submetidas a Regime Florestal desde, pelo menos, 1990 (data a partir da qual são disponibilizados dados cartográficos pelo ICNF).

Peguemos como exemplo, o concelho de Mondim de Basto área onde o SBTMAD tem feito e desenvolvido trabalho junto das comunidades baldias através do Grupo de Baldios recentemente constituído. Utilizando dados cartográficos publicados pelo ICNF revelam que cerca de 85% da área ardida acumulada desde 1990 ocorreu em área baldia submetida a regime florestal e em regime de co-gestão com o Estado e apenas 15% em área particular. Isto é, dentro da área do Perímetro Florestal de Mondim de Basto, com uma área total de 11.046,5 ha, arderam cumulativamente 11.481 ha desde 1990. A esta haverá ainda somar a área ardida anterior a 1990, para a qual não existem dados publicados. Com este exemplo apenas se pretende realçar e chamar a atenção do Secretário de Estado para os resultados desta gestão e a pouca seriedade das suas afirmações " ao afirmar que lhe apontem a má gestão das áreas baldias mal geridas". É caso para dizer " não consegue ver o argueiro no seu próprio olho.

Só nos dois maiores incêndios que ocorreram no mês de Agosto neste Concelho em 2013, que abrangeram sobretudo a Freguesia de Ermelo e Atei estima-se uma área total ardida de cerca de 3.200 ha dos quais pelo menos 2.600 são área florestal baldia, onde o Estado é o co-gestor. A análise previsional dos prejuízos provocados por este incêndio leva-nos para valores de aproximadamente 11 milhões de euros, entre valores de substituição da floresta, depreciação de material lenhoso (prejuízo imediato), valores de perda/expectativa não cumprida (prejuízo futuro em 25 anos) e valor de destruição de activos como a resina. Junte-se a estes prejuízos a componente social ao colocar em causa um conjunto de empregos rurais directamente relacionados com a floresta, como resineiros e madeireiros agravando fortemente a sustentabilidade social destas áreas e agravando a desertificação.

Peguemos nestes dados e extrapolemos para o distrito de Vila Real e Bragança onde cumulativamente apenas neste ano de 2013 arderam 36 482 ha e tenhamos consciência de que os incêndios e a falta de políticas adequadas para que estes não tomem as proporções que têm tido, são uma das maiores condicionantes à sustentabilidade das zonas rurais.
O que se precisa na verdade é de menos retórica, mais e melhor trabalho e politicas que se adeqúe ao nosso mundo rural.

Vila Real, 5 de Setembro de 2013

A Direcção do SBTMAD

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