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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Futebol, cachupa e mornas em Bragança

Viagem à odisseia de um grupo de jovens com alma cabo-verdiana no futebol transmontano
Genes cabo-verdianos no futebol transmontano. ADN africano numa equipa de futebol bragantina. Alegria desconcertante e poder físico incomum misturados com organização arreigada e honestidade fundamentalista. 
Este é o mundo fantástico da Associação dos Estudantes Africanos de Bragança. Líder da Divisão de Honra distrital, projeto único e assente na aglutinação de vontades coincidentes. «Futebol, cachupa e mornas», é tudo o que passa pela alma de um plantel «de artistas». 
Vítor Reis, nado e criado em Bragança, é o treinador. Lidera um grupo «quase exclusivamente» originário de Cabo Verde. As exceções são quatro portugueses e um são-tomense. Ao Maisfutebol confessa a «surpresa» por liderar um grupo com estas características no Norte de Portugal.
«Apareceram-me no meu sítio de trabalho e convidaram-me. São rapazes formidáveis, cheios de vida, mas precisavam e precisam de disciplina e organização. O resto eles têm: talento e força», diz, ainda deitado numa cama de hospital, a recuperar de uma cirurgia a uma hérnia inguinal. 
Há nove anos em Cabo Verde, Óscar Monteiro já fala com um ligeiro sotaque transmontano. É um dos mais experientes da equipa. Avançado, dirigente e fundador, um faz-tudo dedicado e apaixonado pela causa.
A ideia fervilhava-lhe na cabeça. No último verão passou da intenção à ação. Nasceu assim a AEAB/IPB FC. «Queria trazer um bocadinho do sal cabo-verdiano para Bragança e a equipa de futebol foi o último passo nesse sentido», conta Óscar Monteiro.
«A ideia é integrar os cabo-verdianos na comunidade brigantina. Não queremos segregar ninguém, nem queremos ser uma caixa fechada», avisa de pronto. Aproximar a equipa da cidade e a cidade da equipa. O primeiro lugar no campeonato é o mote galanteador. 
50 bragantinos numa festa com cachupa
A harmonia entre as partes é «total». Nem sempre foi assim, porém. No início do século, Bragança era uma cidade estranha à entrada dos estudantes de outros países. Óscar Monteiro exemplifica com o seu próprio percurso de vida.
«Quando cheguei a Bragança, há nove anos, tentei alugar um quarto. Falei com vários senhorios por telefone, combinava uma hora para ir ver o quarto e quando lá chegava, olhavam para a minha cara, viam que era negro, e diziam que estava arrendado. Isso foi algo que me marcou». 
Tudo mudou para melhor. «As pessoas de Bragança gostam de nós e nós gostamos de Bragança. Estou cá há nove anos e quando acabar o curso quero ficar cá. Eu e muitos dos meus colegas», acrescenta Óscar Monteiro, um dos maiores impulsionadores deste projeto.
Racismo é palavra proibida. E desadequada. Dentro e fora do futebol, assegura Óscar Monteiro. «No campo não há racismo nem nunca sofremos nenhum tipo de ataques. Já jogávamos futebol no Distrital de Bragança, em outras equipas, e toda a gente nos conhece», sublinha. 
Há, isso sim, um entusiasmo «enorme» das pessoas da cidade e dos estudantes do Politécnico pela carreira imprevista desta equipa-sensação. 
«No domingo, por exemplo, no fim do jogo com o Argozelo, fizemos um grande jantar de cachupa. Convidámos os jogadores, os treinadores e cerca de 50 adeptos do adversário. Fizemos uma grande festa».


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