No desenvolvimento do projeto de estudo e valorização do Castelo dos Mouros de Vilarinho dos Galegos, realizaram-se, pelo 3º ano consecutivo, escavações arqueológicas neste imponente castro, sobranceiro ao Douro internacional. Os trabalhos, dirigidos pelo arqueólogo António P. Dinis, do CITCEM-Universidade do Minho, coadjuvado por Emanuel Campos, arqueólogo municipal, tiveram a participação de 9 alunos da licenciatura em arqueologia, da UM, em regime de estágio curricular, para além de voluntários e trabalhadores contratados pela autarquia.
Os trabalhos de escavação realizados centraram-se no fosso, na “torre”/torreão, na entrada Sul e na muralha (troço médio exterior e troço Sul interior). Estes cinco pontos da estação arqueológica intervencionados em 2013 foram considerados fundamentais para o entendimento da evolução do sistema defensivo e caracterização da ocupação do próprio sítio.
O esvaziamento do entulho num troço do fosso, embora não tendo revelado espólio notável, mostrou que esta estrutura, cavada totalmente na rocha, teria assumido um papel importante na defesa do castro, uma vez que possuía cerca de 4 m de largura por 3 m de profundidade.
A intervenção na muralha saldou-se pela definição do seu alinhamento, na parte central exterior, ficando, somente, por clarificar a articulação com a muralha Norte, escavada em 2012, onde poderá estar uma entrada. As dificuldades sentidas neste sector prendem-se com o maior grau de destruição que aqui foi levado a cabo, ao longo dos séculos. O paramento de muralha posto a descoberto, este ano, revelou características já registadas anteriormente mas, infelizmente, com pior estado de preservação, obrigando a uma intensa operação de reconstrução, num futuro próximo. Relativamente à face interna da muralha, a escavação permitiu a sua identificação e caracterização, apresentando como factor distintivo a construção em patamares, com rampa para reforço e acesso.
A escavação na entrada Sul veio comprovar a existência de uma primeira muralha, com a qual estava articulada, e a sua reformulação com a condenação deste acesso, tendo o espaço adjacente, a Este, sido ocupado com uma estrutura, de tendência circular, aparentemente relacionada com práticas metalúrgicas. Esta muralha mais antiga, com um paramento menos cuidado, foi também identificada na intersecção com o torreão, registando-se contemporaneidade entre as duas estruturas. O troço do torreão agora descoberto, no lado voltado a Sul, ainda apresenta uma altura superior a 1m e possuía um muro de contrafortagem, de que resta a pedra da sapata.
Finalmente, dando continuidade ao trabalho interrompido em 2012, escavou-se a parte mais alta do sítio pondo-se a descoberto a face Sul de uma “torre”, maciça, de planta sub-retangular, com um patamar a definir o acesso ao topo, através de degraus de pedra que adossam ao paramento.
O espólio recolhido integra materiais de construção cerâmica, olaria de uso doméstico, cronologicamente balizada entre a Idade do Ferro e a Idade Média, mós, circulares e de vaivém, em granito, muitos restos ósseos, parte de um punhal, em ferro e fíbulas, em bronze.
Mogadouro, 2013-08-23
A. Pereira Dinis
Legenda das Fotos
in:mogadouro.pt
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