Bragança localiza-se na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, no extremo nordeste do país, a cerca de 20km da fronteira com Espanha, na denominada Terra Fria.
Povoada desde a pré-história, como o comprova o castro de Avelãs existente a 3km, Bragança era já uma importante cidade no período de ocupação romana tendo sido denominada Juliobriga, substituindo a anterior designação de Brigantia.
Durante a Idade Média, Bragança centra-se num núcleo muralhado sobranceiro ao vale do rio Fervença, conhecido como Cidadela e que mantém a sua morfologia medieval até aos nossos dias.
A marca visual da Cidadela é constituída pelo Castelo, um recinto com quatro torres circulares, no centro do qual se ergue a Torre de Menagem, construída no séc. XV, com traços arquitectónicos góticos. Alberga, desde 1983, o Museu Militar com peças de armamento desde o séc. XII até à II Guerra Mundial. Ainda no interior do castelo, adossada à face norte, localiza-se a Torre da Princesa, ligada a lendas de amores e princesas prisioneiras, que constitui um excelente miradouro sobre a cidade.
Junto ao Castelo localiza-se outro ex-libris da cidade - a Domus Municipalis. Datado do séc. XIII é um monumento singular da Península Ibérica, representativo da arquitetura românica civil, com a dupla função de cisterna e Sala de Reuniões da Câmara. Construído em alvenaria aparelhada de granito, a sua planta conforma-se num pentágono de lados desiguais e os alçados são ritmados por uma arcaria de volta perfeita. LER MAIS
No núcleo central da Cidadela ergue-se ainda a igreja de Santa Maria que poderá remontar aos primórdios do burgo, mas cuja edificação atual data do 3º quartel de quinhentos e cuja fachada apresenta um portal barroco.
A primeira cintura de muralhas, que envolve o núcleo antigo, remonta ao séc. XII, sendo reforçada por um segundo pano no séc. XIII. É reconstruída e reforçada nos séc.s XV e XVI, devido à sua destruição pelos sucessivos conflitos aí travados. A muralha é dotada de torreões circulares e coroada por um caminho de ronda. Possui três portas: a nascente a Porta do Sol e no remate poente do arruamento principal uma dupla entrada, a Porta da Vila na face exterior, e a Porta de Santo António, ladeada por dois torreões, no interior junto ao edificado.
Fora do perímetro muralhado, próximo da Cidadela, é edificado no séc. XIII o Convento de São Francisco, uma edificação de raiz românica com fachada maneirista de 1635 e reconstruído no séc. XIX.
Em 1464, D. Afonso V concede a Bragança o Foro de cidade, uma das mais antigas de Portugal.
Devido à sua posição estratégica do ponto de vista militar na zona fronteiriça e à crescente importância do comércio da seda, Bragança desenvolve-se e expande-se para o arrabalde a oeste, hoje o centro histórico da cidade.
Durante os séc.s XVI a XVIII a malha urbana consolida-se. São construídas várias casas brasonadas ou solares, como a Casa do Arco, que podemos apreciar percorrendo as ruas do centro histórico.
As igrejas e ordens religiosas que se instalam em Bragança são uma força motriz ao desenvolvimento urbano, pela construção de património e ao fomento do ensino, da saúde e da segurança social.
Destaca-se a construção da Igreja da Sé, datada de 1562. Destinada inicialmente a um convento de clarissas acabaria por ser entregue à Companhia de Jesus que cria, em instalações anexas, um Colégio. Hoje o conjunto foi recuperado para a instalação do Centro Cultural Municipal, Biblioteca, Conservatório de Música e Espaço de Memória da Cidade, mantendo-se a Igreja da Sé com entrada lateral e traça marcada pelas reformas do séc. XVIII.
De uma forma genérica o séc. XVIII é um período próspero da cidade. Bragança possui um elevado número de famílias nobres, religiosos e militares a viverem na cidade, o que leva a que a malha urbana se consolide, mas não aumentando significativamente em área.
Em 1764 dá-se a transferência da Sede Episcopal de Miranda do Douro para Bragança, passando esta a funcionar no antigo Colégio de São Pedro do séc. XVI, que sofre obras de ampliação e beneficiação para adaptação à sua nova função. No séc. XX este espaço é convertido em Museu sob direção do Abade de Baçal do qual adota o nome. Do seu espólio fazem parte uma coleção de peças de arqueologia, testemunhos da ocupação romana, como marcos miliários, pintura e escultura, entre outros.
No séc. XIX, durante o período das Invasões Francesas, a cidade sofre um retrocesso, agravado pela extinção do comércio da seda, um importante motor económico da região, e pela filoxera da vinha que enfraquece a economia rural. Este fatores contribuem para a emigração da população e consequente perda demográfica. A área urbana no início do séc. XX não difere muito da do séc. XVIII.
No início do séc. XX, a chegada do caminho de ferro e a construção da Estação, terminal da linha do Tua, conjuntamente com o rasgamento da Av. João da Cruz, veio criar uma nova zona de expansão urbana.
Os planos de urbanização dos anos 40, da autoria de Januário Godinho, e dos anos 60, de Viana de Lima, regulam o crescimento da cidade. São abertos novos eixos urbanos e construído edifícios de serviços, como os Correios, o Palácio da Justiça, escolas públicas, o hospital, o Instituto Politécnico, unidades hoteleiras e zonas industriais. Isto introduz na cidade novas polaridades. Contudo, o aumento populacional continua lento, devido à forte emigração e ao isolamento demográfico causado pela condições topográficas e climatéricas adversas e às más acessibilidades.
O crescimento urbano e demográfico é retomado a partir dos anos 70, auxiliado pela fixação de uma população estudantil. Com a adesão de Portugal à CEE, em 1986, Bragança aproveita os apoios comunitários para empreender uma reforma urbana, modernizando-se. São criadas infraestruturas básicas, novos eixos viários e áreas residenciais.
Nos últimos anos, a política de desenvolvimento urbano de Bragança assenta na valorização do património, na requalificação urbana, na oferta diversificada de espaços culturais e na criação de espaços verdes. Estão a ser criadas novas acessibilidades ao centro do país e a Espanha, quer por meio terrestre, quer por meio aéreo com a criação do Aeroporto Regional de Bragança.
Há uma clara aposta na arquitetura contemporânea no projeto de novos edifícios, nomeadamente o Teatro Municipal e o Centro de Arte Contemporânea Graça Morais, projetado por Eduardo Souto de Moura. Este projeto foi galardoado pelo Instituto de Turismo de Portugal e pelo "The Chicago Athenaeum Museum of Architecture and Design", dos EUA.
No âmbito do programa Polis, são empreendidos diferentes projetos que abrangem uma vasta área: Corredor Verde do rio Fervença, Centro de Ciência Viva, Praça Camões, Arranjo Urbanístico da Zona Histórica e da Encosta do Castelo e Iluminação Cénica da Cidadela.
O Corredor Verde do rio Fervença, que permite valorizar ambiental e paisagisticamente as margens do rio vem introduzir percursos pedonais e cicloviários que respeitam a topografia natural do terreno, quatro pontes de madeira que permitem o fácil atravessamento de uma margem a outra, novas zonas de lazer como parque infantil, esplanada e anfiteatro ao ar livre.
O Centro de Ciência Viva está instalado no espaço da antiga Central Hidroelétrica, na margem esquerda do rio, incluindo também um antigo moinho utilizado na industria da seda, agora reabilitado.
A pensar no futuro, nos últimos anos têm sido realizados estudos e implementados projetos para tornar Bragança numa Ecocidade. Pretende-se incentivar a fixação de industrias de baixo impacte ambiental ligadas à ecoenergia, promover o ecoturismo, interligado com a zona protegida do Nordeste Transmontano e a construção sustentável.
Bragança afirma-se como uma cidade com muitos séculos de história, que sabe valorizar o seu património, mas com os olhos postos no futuro, apostando na contemporaneidade e num crescimento sustentável.
in:in-loko.pt
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A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)
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