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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 12 de julho de 2018

Notícias da aldeia

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)
Todas as manhãs vem comer as migalhas de pão que lhe deito no parapeito da janela. Depois, generoso, vai para a oliveira onde permanece o dia todo… cantando… cantando… num repenicado de encantar como quem agradece o parco pequeno-almoço que lhe ofereço.
É este o mais recente presente que a natureza me ofereceu neste meu pacato viver de aldeão. Chama-se porco-pisco. É um passarinho esverdeado. De papo ruivo e que salta de ramo em ramo na leveza da sua existência. É tão pequeno e saltitante que ainda não consegui registar a sua presença em fotografia. Vejo-o fugazmente, mas o seu cantar é permanente e isso me basta.
- Que pássaro é este que está a cantar?!
Perguntei ao meu vizinho, sabedor das coisas da natureza e dos exemplos de vida.
- Pois o senhor não sabe… coisas tristes… e com Deus não se brinca. É o porco-pisco que uma vez quis brincar com Deus dizendo que tinha mais força que o Criador e podia com o mundo nas suas patas!
Aqui o meu vizinho sorriu da ingenuidade e da gabarolice do porco-pisco.
- Mas Deus manda logo uma grande trovoada e o coitado do porco-pisco gritava desalmadamente:
- Ai Jesus Cristo… que é isto… que as patas do porco-pisco partem como cisco!
- E assim o porco pisco ficou a cantar… ou a dizer isto… para todo o sempre para remissão do seu pecado e para que todos saibam que com Deus não se brinca.
- Coitado do porco pisco! 
Disse eu.
O meu vizinho acrescenta abanando solenemente a cabeça: 
- Estas coisas têm que se lhe diga!.. e nós não somos nada!
Anoitecia… o porco-pisco calou-se… eu e o meu vizinho retiramos para casa… em silêncio… ainda assombrados… no respeito por Deus e pelas coisas da natureza.


Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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