Terminou ontem o festival L Burro i L Gueiteiro que, durante quatro dias, deu mais vida às aldeias de Paradela e Ifanes, em Miranda do Douro. Este festival de cultura tradicional pretende mostrar o melhor do planalto mirandês e quebrar o estereótipo de uma cultura parada no tempo.
A iniciativa baseia-se, ao mesmo tempo, na valorização de dois elementos chave da cultura mirandesa: o burro de Miranda e o tocador de gaita-de-foles. O festival, acontece há 16 anos e, segundo Miguel Nóvoa, da Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino, tem crescido de forma gradual.
“O pretexto é vir passear para o Nordeste Transmontano com os burros. O passeio com os burros é acompanhado com os gaiteiros e pela música tradicional. Com estas iniciativas damos a conhecer a arquitectura local, a gastronomia, os saberes fazeres. Isto para que as pessoas que vivem cá e os participantes possam usufruir destas actividades. O festival tem crescido de forma gradual e a maioria das pessoas que participam volta a repetir. E mais importante do que isso é que são verdadeiros embaixadores”, referiu Miguel Nóvoa, presidente da direcção.
Na companhia do burro de Miranda, por antigos caminhos rurais, no festival partiu-se à descoberta das paisagens que conduziram ao convívio com as gentes das duas aldeias e de diversas actividades. Paulo Meirinhos, dos Galandum Galundaina, ministrou um dos workshops ao dispor dos participantes e fala de um festival de qualidade.
“O L Burro i L Gueiteiro nunca pretendeu ser um grande festival de massas e tem por isso inscrições muito limitadas para continuar a ser um festival de qualidade. Vem gente que é muito interessada nestas temáticas da natureza. Um exemplo disso é não existirem copos de plástico no chão, toda a gente tem a sua caneca e usa-a. É um ambiente muito tranquilo, limpo em que proporciona o convívio directo com as pessoas das aldeias”, ressalva Paulo Meirinhos.
Partindo à descoberta das tradições e costumes destas duas aldeias, a iniciativa anual, de carácter itinerante, teve mais de três centenas de participantes de todo o país. António da Conceição veio pela décima primeira vez de Braga ao festival e afirma que é necessário haver mais iniciativas que quebrem o isolamento.
“Têm que existir estas e outras iniciativas com ajuda na sua organização das populações e do estado. Quantas mais iniciativas existirem neste sentido, mais se quebra o isolamento. A maior parte das pessoas já se conhecem. É mais fácil organizar um S. João no Porto ou a Semana Santa em Braga. Aqui não há mais nada. Só isto”, opinou António da Conceição.
Passeios com os burros ao som da gaita-de-foles, piqueniques em lameiros, sestas burriqueiras, oficinas criativas, e muita música: foi um pouco disto que o festival, que tem uma componente familiar bem marcada, se fez e anualmente se tem feito.
Escrito por Brigantia
Carina Alves
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