A tradição antiga reflete heranças celtas, cristãs e pagãs. A Festa dos Reis é organizada por um habitante escolhido para usar a coroa enfeitada com objectos de ouro emprestados pela população. Vários são os costumes mantidos nos dois dias, como a autorização para fumar dada aos mais novos.
Às 6 da tarde o som dos gaiteiros marca o início da Festa dos Reis, em Vale de Salgueiro. Este ano Carlos Ferreiro é o mordomo da festa, ou seja, o rei. A coroação foi feita o ano passado e os dois dias de celebração têm vindo a ser preparados desde essa altura. “Agora este ano vou pôr a coroa a outro.
É uma tradição já muito antiga e tem de se manter. É uma festa bonita e convém sempre alguém a fazer”, explicaNesta festa dos reis há uma particularidade controversa: todas as pessoas, incluindo as crianças, são autorizadas a fumar. Permissão que começa com os primeiros sons da gaita-de-foles e dos tambores, até à partida dos gaiteiros. A polémica é desvalorizada pela população.
João Vieira argumenta que “não é aqui que as crianças apanham o vício de fumar, há aí muita gente que já fez a festa e que não fuma”. Eduardo Hermenegildo tem 12 anos e desde os 5 que participa nesta tradição. De cigarro na mão, segue entusiasmado os gaiteiros e o rei. “Como os rapazes achavam que já eram grandes, deixavam-nos fumar. É uma tradição, ninguém leva mal, e que continue porque é uma festa muito bonita”, afirma o rapaz.
A dança celta da murinheira é a altura mais aguardada pelo rapaz, mas o que se segue é a volta à aldeia com a oferta de vinho e tremoços. São 200 quilos distribuídos por todas as casas e o vinho é dado a beber por uma cabaça.
No dia 6, no final da Missa dos Reis é conhecido o sucessor do mordomo em Vale de Salgueiro, para que no próximo ano a festa se repita.
Escrito por Brigantia
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