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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Em louvor do Tó

Armando Fernandes
O Tó foi alvo de perene e vistosa homenagem em Vinhais. A sua origem, percurso, vicissitudes, acasalamentos e cruzamentos ficaram guardados para memória futura e desfrute de todos quantos queiram perceber e analisar o seu papel na regulação de fronteiras, no sanar penúrias, abrilhantar toda a casta de espécies vegetais e, até afagar a garganta dos gulosos comendo talhadas de toucinho-do-céu. Exactamente, do céu, celestiais excepto para os crentes judeus e muçulmanos impedidos de o fazerem por vigorar o interdito.
O Tó carinhosa designação do estimável porco (abstenho-me de adnumerar os outros chamadoiros do marroncho) em tal matéria consegue bater a larga distância o poeta Fernando Pessoa, passou a deter um espaço científico, cultural, técnico e lúdico onde é objecto de operativa desmancha no sentido de a explicação ser para toda a vida.
As crianças passam a ter ao mexer dos dedos conteúdos lúdicos de alta alacridade onde cada menino assume o papel que entenda, ao invés o adulto pode rememorar imagens de marcos simbólicos da infância e adolescência, caso das matanças. 
Se o menino num ápice recupera o passado dos berrões, o avô recupera o som pouco interessante para os recos do pungente sobiote, flauta, a anunciar a castração, cujos elementos eram posteriormente deglutidos nos meios de chufas e jocosidades de variado tom.
A recuperação de um casarão pertença da Misericórdia de Vinhais deu azo a tão necessário equipamento depositário de saberes estruturantes da herança das gentes simples mas argutas, pobres mas engenhosas, nodosas na casulo envoltório do ser hospitaleiro, habituado a contar com poucos, e possuir pouco, mesmo assim esmoler, pouco atreito a queixas, embora tenha graúdos motivos para isso.
Tão gracioso espaço seria-o menos desprovido da lareira tradicional. Na hagiografia secular, da emigração, circulam numerosos relatos referentes ao regresso de conterrâneos nossos ao fim largas dezenas de anos, não no propósito de regressarem, sim de voltarem a pisar a terra da sagração natal, de reverem parentes, também exibirem ouros e pedrarias, da mulher e os filhos pisarem o sobrado da casa onde viu a luzo do dia.
Conta-se a vinda de um Homem, nado nas cercanias de Vinhais, enriquecido, chega ao terreiro, apontam-lhe empobrecida mansarda, empurra a porta, resoluto grita – o lar – originando gordas lágrimas a escorrerem nas faces dos presentes.
Pois o Lar, ao qual os Romanos concediam forte vínculo original, representa-se soberbamente, quase apete dizer luxuosamente, os artefactos e utensílios salientam as diversas fases de vida do leitão até chegar a cevado, acrescentando valor de vários saberes a este equipamento de valia no quadro das existências deste género em Trás-os-Montes. Agora, importa levá-lo ao estádio de indústria cultural de Âmbito nacional e internacional no pressuposto de ser ponto de referência de cariz económico de criador de emprego.

Por Armando Fernandes
Declaração de interesses: também participei na confabulação e construção de conteúdos.
in:jornalnordeste.com

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