O administrador do Cachão, António Morgado, afirmou hoje à Lusa que as autoridades suspeitam de fogo posto no incêndio que deflagrou, no domingo, em dois armazéns de plástico prensado deste complexo industrial do distrito de Bragança.
Este é o segundo incêndio que em pouco mais de dois anos atinge os armazéns da mesma empresa, a Mirapapel, "só naquele material e sempre no mesmo local", sublinhou o administrador, adiantando que a GNR esteve no local, o caso foi entregue ao Ministério Público e será investigado pela Polícia Judiciária.
O administrador do complexo salientou que desta vez o fogo "foi mais pequeno" que o primeiro e não chegou a atingir outros edifícios contíguos onde estava armazenado mais material do género, mas haverá trabalho para "dois ou três dias" para os bombeiros.
O fogo deflagrou não só nos dois armazéns, mas também no outro que já tinha ardido, em setembro de 2013, e que funcionários que ainda se encontravam no local conseguiram apagar, de acordo com o administrador do complexo que alberga cerca de uma dezena de empresas e emprega permanentemente mais de uma centena de pessoas, chegando às 250 em trabalhos sazonais.
O alerta foi dado por volta das 19:00 de domingo e o fogo controlado três horas depois, ficando confinado aos dois armazéns, embora continue a arder e o trabalho de rescaldo será "prolongado", mobilizando às 10:30 de hoje 29 viaturas e 71 operações, segundo informação fornecida à Lusa pelo Comando Distrital de Operações e Socorro (CDOS).
O antigo Complexo Agroindustrial do Cachão (CAICA) recebeu o nome da aldeia onde está instalado, em Mirandela, e foi durante largos anos o principal empregador da região, mas acabou por falir.
Em 1993, as Câmaras de Mirandela e Vila Flor assumiram a administração do antigo complexo agora denominado AIN - Agro Industrial do Nordeste.
A AIN arrenda ou vende os espaços e quem licencia as atividades económicas são as respetivas entidades oficiais.
No caso dos armazéns afetados pela incêndio deste domingo são propriedade privada da empresa, pelo que a administração do complexo não tem poder para qualquer intervenção, como explicou.
Já no caso do primeiro armazém que ardeu, há mais de dois anos, era um espaço arrendado e as autarquias donas do complexo estão a tentar arranjar uma solução para os resíduos queimados que se mantém no local.
O presidente da Câmara de Mirandela, António Branco, explicou à Lusa que notificaram o proprietário para proceder à remoção, mas como nada foi feito, "as autarquias têm de se substituir à entidade responsável e depois haverá meios de cobrança coerciva".
O problema, continuou, é que aquele material queimado "não é fácil de depositar, é material que ninguém quer" e a única possibilidade parece ser a incineração.
"Estamos a tentar negociar, mas aqui na zona não há solução", afirmou, acrescentando outra dificuldade: a dos custos elevados.
"Em média custa 80 euros por tonelada e estão lá mais de mil toneladas", concretizou.
A Lusa tentou contactar o proprietário da empresa Mirapapel, mas sem sucesso.
Agência Lusa
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